Mal entendido e solidão
21 dias depois...
Pov' Ludmilla
- Ludmilla, por Deus, eu não aguento mais ver você errar essa coreografia. - Edson, o meu coreógrafo falou, assim que a música chegou ao fim - Você precisa se concentrar mais. Desse jeito não dá.
- Desculpa, amigo, eu realmente estou um pouco aérea. - falei com um sorriso de canto, sem jeito, pela correção dele.
- Não é pra ficar triste, Lud. - ele tocou o meu rosto - Mas é um show muito importante, e você sonhou muito por esse dia. Não pode só esperar com que as coisas aconteçam. Você precisa se dedicar, dar o seu melhor. Faz quanto tempo que estamos ensaiando? Dois meses? E até hoje você não consegui acertar um passo. Sou eu quem estou ensinando errado, ou você que não está conseguindo se manter focada?
- Sou eu quem não estou conseguindo me manter focada, Bibiu. - suspirei - Eu sei que é um show muito importante e que tudo precisa dar certo. Prometo que vou praticar mais e no próximo ensaio, estarei melhor.
- Essa é a Ludmilla que eu conheço. - sorriu e se sentou no chão da sala de dança, e eu logo fiz o mesmo - Quer me dizer o que está acontecendo com você?
- Não está acontecendo nada, amigo. - falei o olhando - Só estou pensando em outras coisas. Nada além disso.
- E eu posso saber quais são essas outras coisas que estão te fazendo pensar assim? - ele sorriu de lado e eu pensei por alguns segundos, se contaria ou não. Mas por fim, decidi falar a verdade.
- É a Rebeca. - falei e desviei o meu olhar.
- Não me diga que você está apaixonada pela Rê! - o homem falou em voz alta, por devida empolgação, mas para o meu azar, Marcos e Ygor estavam adentrando a sala, e escutaram a última parte da conversa.
- É isso mesmo que eu escutei? - meu irmão, perguntou com as sobrancelhas levantadas e uma feição de surpresa.
- Não, Marcos. - me apressei para falar, mas foi em vão, já que para o Edson, isso era uma verdade. Só para ele.
- Claro que está. Você tinha que ver como ela estava perdida no ensaio. - ele se levantou para se aproximar do Marcos - E quando eu fui perguntar, ela disse que é por causa da Rebeca.
- Eu estava esperando por esse momento. - Ygor bateu palmas - E quando você vai assumir isso pra ela?
- Nunca! Porquê isso não existe. - falei séria, mas eles não acreditaram, o que me deixou ainda mais brava - É sério.
- Amiga, você não precisa esconder o que sente por ela. A Rê é uma pessoa muito boa e tenho certeza que sente o mesmo por você. Se eu fosse você contava e aproveitava muito esse momento de amor. - Edson me abraçou de lado.
- Vocês estão ficando malucos. - me afastei para pegar minhas coisas que estavam espalhadas pelas salas - Eu vou ir embora que ganho mais.
- Mas ainda faltam meia hora pro ensino acabar, Lud. - Ygor fez a observação mas eu revirei os olhos.
- Não estou mais com vontade de dançar, quero ir embora e descansar. - falei e peguei as chaves do carro que Marcos veio dirigindo - Podemos ir?
- Sim. - ele disse calmo - Bibiu, não se preocupe que amanhã ela estará aqui antes do horário combinado. - escutei ele falar com o coreógrafo que reclamava sobre a minha saída antes de horário.
Caminhei tranquila em direção ao carro do meu irmão, que estava parado enfrente ao local em que estávamos. Depois que Marcos o destravou, eu me sentei no banco do passageiro, ao seu lado e não demorou muito para que ele desse partida na Ranger Houver, em direção a nossa casa que fica um pouco longe de onde estamos. Em certa parte o trajeto foi tranquilo, até pararmos em um sinal vermelho e o Marcos começar a me questionar.
- É sério aquilo que ele estava falando? - ele perguntou e eu decidi me fazer de boba.
- Aquilo? Quem estava falando? - perguntei e ele me olhou com um olhar ameaçador.
- Não se faça de idiota, Lud. Odeio quando você faz isso. - franziu as sobrancelhas - Você sabe que estou falando do Bibiu dizer que você está apaixonada pela Rebeca.
- Ah, é sobre isso. - sorri forçado - Não é verdade, irmão. Você sabe como ele é um pouco exagerado e interpreta as coisas de qualquer jeito.
- Será mesmo? - ele perguntou e voltou a prestar atenção no trânsito, já que o sinal abriu - Eu senti verdade no que ele disse. E não precisa sentir vergonha, todo mundo um dia já se apaixonou e eu fico feliz por você estar bem com ela.
- Marcos, não... - tentei falar mas ele me cortou.
- Não, Lud. Eu estou falando pro seu bem. Já te vi sofrer muito pela Brunna, mesmo agora que ela voltou, eu não acho que ela seja uma boa companhia pra você. Quem foi uma vez pode ir outra, sem pensar em você. - ele suspirou - E bom, a Rebeca já está na sua vida a uns meses e eu vejo o quanto você sorri com ela. Ela é carinhosa e te admirar muito. Sua profissão não seria um problema para ela.
- Você acha que minha profissão seria um problema para a Brunna? - ignorei tudo o que ele havia falado.
- Ah, Ludmilla. Você se lembra das crises de ciúmes que ela tinha, só de te ver olhando pro lado ou quando alguém te seguida. O que te faz pensar que ela não se incomodaria com todo esse público em cima de você?! - falou e eu suspirei sabendo que aquilo é uma verdade.
- Tem razão. - disse simples - E você acha mesmo que eu seria um bom casal com a Rebeca?
- Acho, irmã. - ele sorriu - Não vejo a hora de chegar em casa e contar pra nossa mãe.
- Não, Marcos. Não faz isso, por favor.
Toda a minha súplica foi em vão, porque a primeira coisa que ele fez assim que colocamos o pé dentro de casa, foi contar pra minha mãe, o que ele havia escutado da boca de outras pessoas e não havia confirmado comigo. Pensei que minha mãe teria uma reação pior, mas a única coisa que ela disse foi:
- Nossa. - Silvana me olhou sem reação.
- Pois é, Sil. Diz o Bibiu que ela estava até desconcentra no ensaio. - Marcos colocou mais lenha na fogueira - Tudo isso porque estava pensando na Rebequinha.
- Isso é mentira. - tentei argumentar mais a essa altura, todos já estavam acreditando nesse mal entendido - Eu ia dizer pro Bibiu que não sabia como "terminar" esse rolo com a Rebeca.
- Lud, não precisa mentir. Eu vi a sua cara de boba quando falou o nome dela. - o moreno me abraçou e eu fiquei remoendo a sua mentira, até porquê ele nem estava lá pra ver a minha cara. Apenas ouviu.
- Ela sabe disso? - minha mãe interrompeu nossa conversa - A Rebeca, sabe que você está apaixonada por ela? - corrigiu a sua fala e eu escutei passos vindo do segundo andar.
- Como assim apaixonada na Rebeca? - Luane questionou confusa e Marcos logo correu pra propagar sua mentira - Ludmilla, eu vou ter uma cunhada nova, não via a hora disso acontecer. Tudo bem que eu amo a Bru, mas ela se foi e agora eu vou ter uma nova amiga. - a mais nova me abraçou tão apertado que eu desisti de explicar que tudo isso é uma confusão.
- Vocês são tudo malucos. - falei depois que ela me soltou - Espero que não seja contagioso. - resmunguei subindo as escadas em direção a meu quarto.
Pov' Brunna
- Me empresta essa sua blusa rosa pra mim sair com o Brunno? - escutei Ju perguntar ao olhar cabide por cabide dentro do meu guarda roupa.
- Empresto. Na verdade por ficar pra você. Eu comprei em Londres, mas não gostei. - falei a olhando - Mas me conta, qual é essa de você e o Brunno?
- Não tem essa de "eu e o Brunno". A gente só vai dar uma volta de moto. - ela deu de ombros e eu a olhei confusa.
- Como assim vocês vão dar volta de moto se ele não tem moto e você muito menos? - perguntei.
- Ele me disse que tem uma Pcx, parada a dias lá no estacionamento. - sorriu maliciosa e eu tive vontade de a jogar pela janela.
- Pois eu vou dizer logo de uma vez. Se por um acaso vocês estragaram a minha moto, vão ter que comprar outra. - falei brava e ela soltou uma gargalhada.
- Por isso você está solteira, ama mais essa moto do que uma mulher. - me mostrou a língua - Posso tomar banho do seu banheiro? Da última vez que eu usei o social a Miriam quase me bateu.
- Eu poderia dizer que não e fazer você levar um esporro da minha mãe. Mas sou uma boa amiga e vou deixar você usar. - me joguei sobre a cama - Só não use o meu sabonete, por favor.
- Nem se eu quisesse. Imaginar ficar fedendo esse cheiro de lavanda. - ela abusou - Prefiro não cheirar nada.
Antes que eu conseguisse levantar da cama pra alcançar-la e bate-la, ela conseguiu entrar no banheiro e trancar a porta. Escutei sua risada alta e não consegui me conter e fiz o mesmo do lado de fora. Enquanto ela tomava banho, consegui arrumar a bagunça que fizemos durante o dia e ainda resolvi as coisas do meu próximo plantão. Quando ela saiu do banho, já estava pronta, usando uma calça de ceda e a blusa que eu a dei. Por fim ela fez uma maquiagem e secou os cabelos. Não demorou muito para que o meu irmão viesse a buscar, usando uma bermuda jeans e uma camisa preta. Emprestei as chaves da minha moto para ele, mas antes lhe dei um sermão sobre como deveria usa-la.
Quando os dois saíram, eu tomei o meu banho e vesti meu pijama. Pensei em descer para jantar junto com meus pais mas de última hora, resolvi pedir uma pizza e aproveitar a minha própria companhia, já que todos os meus amigos estão namorando e esqueceram a minha presença. Tirei uma foto desse momento e postei no meu Instagram, confesso que pensei que receberia uma mensagem da Ludmilla me chamando para ir em um lugar aleatório, mas ela apenas visualizou. Decidi encarar isso como que ela teve um dia cansativo ou que apenas abriu meu story por acidente e acabou não vendo. Mas no fundo eu queria ter conversado com ela hoje.
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