Lar
Pov' Ludmilla
- E desde quando você sabe o que é melhor ou não para mim? - iniciei uma nova briga - Se eu tô aqui, dizendo que quero ficar. É porque eu sei que estar aqui é o melhor para mim. E não age como se isso também não fosse o melhor pra você, Brunna. Para com isso de achar que só você tem razão nas coisas. Não somos mais adolescentes pra ficar discutindo essas coisas.
Ela iria responder. Mas franziu suas belas e finalizadas sobrancelhas, e me olhou com um olhar bravo. Como se fosse me matar, a qualquer momento. Me encostei na batente da porta e fiquei esperando sua resposta. Que só veio depois de longos minutos.
- Ludmilla, vai embora que sua namorada deve tá te esperando. - segurei a risada com a sua fala.
- É sério que você só vai me dizer isso? - a olhei indignada - Eu não estou acreditando nisso.
- E não é pra acreditar. - resmungou - Eu já chorei mais que o suficiente. E aproveita que parou de chover, porque daqui a pouco começa a chover de novo e você vai ter que dormir aqui.
- E você tá doida pra que isso aconteça né? - a desafiei com o olhar. Mas quando ela iria responder, o elevador do corredor abriu as portas e Miriam, Jorge e Brunno adentraram o corredor. Me fazendo ficar imóvel no lugar e dessa vez, Brunna ter um sorriso vitorioso.
- Então esse é o motivo da sua ausência no nosso jantar de família. - meu ex cunhado falou, na tentativa certeira de irritar a irmã - Boa noite, Lud. - ele me abraçou rápido.
- Boa noite, Brunno. - sorri - Quanto tempo, em!
- Bastante! - ele disse gentil - Você sumiu.
- Agora eu tô te volta. - fiz um sinal com as mãos e Brunna faltou alguns passos para voar em meu pescoço - Boa noite, Jorge, Miriam.
- Boa noite, minha querida. - Jorge respondeu simpático - Brunna não lhe convidou para entrar? - questionou olhando pra filha.
- Convidei pai, mas ela já está indo embora, não é Ludmilla? - alfinetou e eu concordei com a cabeça.
- Já estou. - disse simples.
- Porque não entra novamente e toma um suco convosco? Talvez um vinho. - Miriam sugeriu.
- A Ludmilla está dirigindo, mãe. Não pode beber. - a médica caminhou em direção a porta - Vamos, Ludmilla. Eu vou te acompanhar até o elevador.
- Vamos. - sorri - Então até uma próxima oportunidade, família Gonçalves. - falei para os pais da médica, já que seu irmão já havia se retirado.
- Volte sempre, querida. As portas estão abertas para você. - Jorge sorriu e acenou com as mãos, antes que Brunna me puxasse para o corredor e fechasse a porta.
- Eu te odeio, sabia? - resmungou e me deu um tapa no ombro - Na hora que eu entrar, vai ser um questionário.
- Deixa de ser mal humorada. Eu não fiz nada demais. - revirei os olhos - Mas eu tenho mesmo que ir. Vai que daqui a pouco chove e eu seja obrigada a ter que aguentar esse mal humor por mais tempo.
- Agora pouco você tava implorando para ficar. - alfinetei - Mas é melhor você ir mesmo. Antes que eu te bata.
- Adoro apanhar de mulher bonita. - debochei.
- Ótimo, sua namorada está te esperando em casa. - forçou um sorriso e eu levantei minhas sobrancelhas.
- Você disse isso porque está com ciúmes ou porque insinuou que a Rebeca é bonita? - a perguntei e ela gargalhou alto.
- Primeiramente. - ela segurou meu queixo com força - Eu não tenho ciúmes de você. - sacudiu meu rosto - E segundo, eu mal olhei pra cara da Rebeca.
- Dessa vez eu vou acreditar em você. - me afastei dela - Mas é só porquê eu quero ir embora.
- Não era em pra você estar aqui, não é mesmo? - ergueu as sobrancelhas - Mas veio e conseguiu tudo o que queria. Então pode ir com a consciência tranquila.
- Eu sabia que pessoalmente você não iria negar que me ama. - a puxei para mais perto de mim - Desculpa ter te feito chorar, Bu. Eu não queria que tudo isso tivesse acontecido. Se você souber como eu estou...
- Lud, a culpa não foi só sua. - ela aceitou a nossa aproximação - Se eu tivesse permitido ter essa conversa antes, tudo isso não havia acontecido. E bem, eu estou cansada e mais esses problemas, resultou nisso. - ela sorriu - Mas está tudo bem. Eu espero que fique tudo bem aqui. - ela tocou minha cabeça e eu pude sentir as pontas dos seus dedos fazer um carinho em meus cabelos.
- Vai ficar, Bru. - sorri - Daqui um tempo, vai ficar. - falei sincera - Será que a sua mãe já contou para a minha mãe que eu estava aqui? - mudei de assunto.
- Ah, com certeza. Não duvido nada dela estar atrás da porta escutando a nossa conversa. - foi só a Brunna terminar de falar e escutamos passos dentro de casa, denunciando que Miriam realmente estava escutando nossa conversa. Isso fez com que a gente gargalhasse alto - Por isso você tem que ir embora, antes que ela faça um fã clube pra gente.
- Amanhã tenho uma sessão de fotos e uma gravação pra um programa da globo. Vai ser um dia corrido. - contei - Você tem plantão amanhã?
- Dois dias de folga. - fez o sinal com os dedos, como uma demonstração que ela estava precisando de descanso - Provavelmente vou fazer algo com as meninas e o Mário. Quando você tocou a campainha pensei que fossem eles. Estão com saudades e vivem dizendo que eu não tenho tempo para eles.
- Dramáticos. - sorri - Qualquer coisa a gente marca algo depois de amanhã, pra fazer. Ou não sei, você vai lá em casa comer seu frango com quiabo.
- Convite tentador. - ela sorriu - Mas como eu disse, o fato de eu ter dito aquelas três palavras com sete letras, não muda nada entre a gente. Então não abuse da minha boa vontade de ter uma boa convivência com você.
- Tudo bem, senhora da razão. - levantei minhas mãos e desencostei da parede - Não está mais aqui quem te fez um convite.
Pov' Brunna
Observei o rosto da cantora por um longo tempo e nem me dei conta de quanto eu já estava suspirando alto. Ela sorriu delicada e me puxou para um abraço apertado. O meu rosto ficou repousado em seu peito, enquanto suas mãos acariciavam minhas costas. Meu lar. É como se eu estivesse em paz. De volta a minha casa, não completamente, mas ainda assim, em meu lar.
Pensei que nada poderia atrapalhar o nosso momento. Mas infelizmente seu celular, que estava em seu bolso, começou a tocar e fomos obrigada a nos separar para que ela pudesse atender. Um suspiro escapou da sua boca, quando ela se certificou de quem era a ligação. E como se me devesse alguma satisfação, ela virou a tela do seu celular em minha direção e eu pude ver o nome "Rê❤️". Ignorei esse grande fato e me afastei ainda mais, para que ela pudesse atender, mas não longe o suficiente para que eu não escutasse sua conversa. Que por sinal, foi rápida.
- Oi, Rê. - ela atendeu a ligação - Eu já estou voltando. - suspirou - É que eu me pedi no tempo conversando com o Ygor. - mentiu - Já estou a caminho. - voltou a suspirar - Não precisa ficar brava. - pediu - Quando eu chegar a gente pode pedir algo pra comer, não se preocupe com isso. - sorriu - Tudo bem. Até daqui a pouco. - ela desligou a ligação e me olhou.
- Vai lá, já passou do seu horário. - forcei um sorriso, porque no fim das contas eu não queria que ela fosse embora. Mas jamais iria a dizer isso - A gente se fala em qualquer outro dia.
- Tem certeza? - perguntou culpada - Se quiser eu fico mais um pouco.
- Não precisa, Ludmilla. Tem a minha mãe. - apontei para dentro do apartamento - E a sua namorada te esperando.
- Eu vou resolver essa situação. - voltou a me puxar para mais perto - Eu só preciso de um tempo, para que ela não ache que eu estava a usando.
- Ludmilla, eu já disse que nossa conversa não muda nada. - sorri - O que importa é você estar bem.
- Nós estarmos bem. - ela beijou minha testa - Ate qualquer dia, tá bom? Pode me mandar mensagem sempre que quiser.
- Isso serve pra você também. - me afastei para ver seu rosto - Até qualquer dia.
Fiquei por ali, vendo ela chamar o elevador e em seguida entrar pelas portas de aço. Só então abri a porta do apartamento e voltei a adentra-lo, encontrando minha mãe com uma taça de vinho tinto na mão e um sorriso de lado no rosto. Como se tivesse tirado suas próprias conclusões com tudo isso que ela viu. Tentei evitar uma conversa, mas foi em vão, já que assim que me sentei no sofá ela se aproximou lentamente e ficou encostada no corrimão de vidro da escada, de frente para mim.
- Desde que horas ela está aqui? - ergueu as sobrancelhas.
- Mãe. - suspirei - Alguns minutos antes de vocês chegarem, ok?! - falei a verdade - E antes que você pergunte: não. Nós não estamos juntas.
- Eu não iria perguntar isso. - ela deu um gole na bebida - Só gostaria de saber qual o motivo do seu choro. - se aproximou, ficando ao meu lado - Seus olhos e seu nariz estão avermelhados.
- Isso é coisa minha. - resmunguei quando ela tocou meu rosto - Minha e da Ludmilla. A senhora não precisa saber de tudo que acontece na minha vida. - percebi que havia sido grossa - Não que a senhora não mereça saber, mas é que eu não estou preparada pra falar, tá bom? Eu amo a senhora, mas por hoje já deu de todo esse assunto.
- Eu entendi, Bru. - ela sorriu carinhosa - Eu só quero que você fique bem. Não gosto de te ver assim tristinha.
- Eu não estou triste, mãe. - sorri com sua preocupação - Só estou cansada. Estou com muitos trabalhos essa semana e cheguei ao meu limite.
- Tudo bem, filha. - ela beijou minha testa - Vá descansar. Podemos conversar em um outro dia, caso você queira.
- Obrigada por me entender. - falei baixo e a abracei apertado - Vou subir pra dormir um pouco. Amanhã não tenho plantão e provavelmente irei fazer algo com o Mário, então cedinho ele vai estar por aqui.
- Te amo, filha. - ela disse me olhando com admiração - E amo quando você fica feliz ao lado dela. - alfinetou e eu revirei os olhos, enquanto subia a escada.
Adentrei meu quarto, vendo que estava do mesmo jeito que havia deixado antes da Lud chegar, e me deitei sobre a cama, depois de apagar as luzes. Me enfiei debaixo das cobertas e nem fiz questão de responder as outras mensagens que haviam chegado. Com certeza deixarei isso para amanhã.
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