Inimigo ou Amigo?
Pov' Brunna
Não demorei muito para adormecer na noite anterior. O conforto de estar novamente em casa me trouxe o descanso imediato. Saber que não será necessário utilizar toda aquela roupa de inverno, me fez acordar ainda mais disposta nessa manhã de domingo. Troquei o pijama, por um short jeans e uma camisa da Gucci, que trouxe de Londres e calcei o par de chinelos para descer em direção a sala de estar, já encontrando meu amigo Mário, que enviei mensagem pedindo por sua amizade e companhia nesse dia. Ele me abraçou com vontade e só então falou:
- Brunna, você está muito mais linda do que quando saiu daqui. - colocou as mãos sobre a boca e eu girei, mostrando o meu corpo - Eu jurava que você iria voltar com um inglês de cabelos loiros, agarrado em seu pescoço.
- Deixe de ser bobo. Eu fui lá apenas para estudar. - sorri negando com a cabeça - Mas você também está muito mais bonito que da última vez que te vi.
- Minha querida, isso aqui é culpa de um bom exercício na academia. - mostrou os músculos do braço - Por falar em academia, eu estou conhecendo um crossfiteiro.
- Faz quanto tempo isso? - questionei me sentando com as pernas cruzadas, sobre o sofá branco do meu apartamento.
- Acho que três meses. - mordeu o canto dos lábios, tentando se lembrar - Mas isso não vêm ao caso. O importante, é que ele é muito bonito. - sorriu apaixonado.
- Qual o nome? - perguntei curiosa.
- Ygor. Ele é amigo da Lud. - contou.
Um suspiro escapou dos meus lábios. E isso não passou despercebido pelo moreno que me olhou, como se se pedisse desculpas por tocar no nome dela. Neguei com a cabeça tentando me livrar da súbita lembrança que tive dela, mas foi em vão.
Início do Flashback
O som do cavaquinho ecoava pela praça de Duque de Caxias, enquanto uma voz feminina cantava uma canção da Alcione. Caminhei até aquela roda de samba e me sentei na única cadeira livre, de frente para o palco. Observei o rosto da morena, e dentro de mim, tive a impressão que a conheço, nem que seja de uma outra vida. Nossos olhos se encontraram e sua voz aos poucos foi ficando mais baixa, deixando audível apenas o som do tantã. Um sorriso nasceu em seus lábios e foi impossível não retribuir.
A noite caiu e todos os instrumentistas foram embora, restando apenas ela e o público que a aplaudia pelo talento. A observei caminhar até o bar e pedir uma cerveja, logo em seguida veio me minha direção e se sentou ao meu lado, no chão. Ela não disse nada, apenas suspirou, como se dependesse disso para sobreviver naquele instante. Aproveitei a oportunidade e a elogiei.
- Você canta bem. - falei simples.
- Eu tento. - deu de ombros - Qual o seu nome?
- Brunna. - respondi - E o seu?
- Ludmilla. - me olhou, ainda sorrindo - Você é muito bonita.
- Eu ficaria assutada se isso viesse de outra pessoa, mas sendo de você, posso te garantir que fiquei feliz. - falei sentindo minhas bochechas corarem.
- Acho que me sinto orgulhosa por isso. - disse divertida - Voce mora por aqui?
- Quer me sequestrar? - questionei e ela pareceu analisar a situação.
- De todo, não seria ruim. - deu um gole na cerveja - Mas eu só preciso ir embora, minha mãe vai ficar puta se eu chegar atrasada. Mas também queria conversar com você.
- Podemos ir andando. - ajudei ela a levantar do chão - você me acompanha até na minha casa e eu te acompanho até na sua.
- Onde você mora? - questionou enquanto encaminhamos pela calçada movimentada.
- São Conrado. - respondi e só então me dei conta de que ficava muito longe de sua casa e nesse momento a melhor opção seria apenas a acompanhar, já que ela provavelmente morava por ali.
- O que está fazendo tão longe, pra esses lados de cá? - perguntou curiosa.
- Vim te ver cantar. - menti e ela gargalhou - Passei esse fim de semana na casa de um amigo meu.
- Sorte dele. - suspirou - Semana que vem terá outra roda de samba.
- E com certeza semana que vem farei questão de dormir na casa do meu amigo. - dei de ombros.
Caminhei com ela até chegar enfrente a sua casa e me despedi com um abraço. Ela pediu o meu número, e eu relutei para não dar. Mas ela foi capaz de me convencer, com a desculpa de que seria para me enviar o horário dos seus shows. Suspirei pesadamente quando a vi entrar na pequena casa e fiz todo o caminho de volta para a minha casa. Chegando lá só no final do dia.
E foi assim todos os finais de semana, até que acabou.
Fim do Flashback
- Porque você não procura ela? - escutei a voz do meu amigo e me assustei, ao me lembrar que ele ainda estava por ali.
- Do que está falando, maluco? - perguntei confusa.
- Você ir atrás da Ludmilla. Com certeza você estava pensando nela, porque estava com os mesmos brilhos no olhar, de quando estava com ela. - suspirou - Amiga, eu sei que você ainda ama ela.
- Não viaja, Mário. Já se passaram quase dez anos. - suspirei - Eu só não me conformo de como tudo acabou. Só isso.
- Amiga, esse tempo que passou só serviu pra provar que vocês nasceram pra se amar. - tocou minhas mãos - É sério, eu conheço a Lud, tanto quanto você conhecia, ela nunca mais amou alguém como te amou.
- Você está sonhando. - revirei os olhos.
- Não estou! - deu um tapa na própria perna, como se estivesse animado com a conversa - Olha, eu tive uma idéia... Hoje a noite a gente tinha marcado um rolê, em uma casa noturna, no Leblon. Porque você não vai com a gente?
- Você está ficando louco, só pode. - me levantei de uma só vez - Invés de estar preocupado em me ajudar a trabalhar, não.
- Então vamos fazer um combinado. - também se levantou - Você vai com a gente hoje a noite, e amanhã pela manhã, eu te ajudo com tudo que você precisa pra montar o consultório.
- Deixa de ser maluco. - antes que ele pudesse responder, seu celular tocou, mostrando o nome do "Ygor", um sorriso nasceu em seu rosto e ele atendeu a ligação, confirmando a presença no rolê e dizendo que levaria uma amiga, logo em seguida ele desligou e sorriu vitorioso - Eu te odeio, sabia?
- Você me ama que eu sei. - piscou um dos olhos.
- Você é meu inimigo ou meu amigo?
Pov' Ludmilla
Uma das coisas que mais odeio, em ser uma pessoa famosa, é não poder usar qualquer roupa que tem em meu closet. Sempre têm a necessidade de alguém escolher por mim ou eu precisar da aprovação do estilista. Hoje a noite, meus amigos marcaram um rolê em uma boate no Leblon, graças a Deus é um lugar tranquilo e não terei muitas pessoas em cima de mim, pedindo fotos. Mas ainda assim preciso que alguém escolha a minha roupa. Nunca sei se é porque não confiam no meu gosto ou se porque querem que eu acompanhe a moda do momento.
Todos os meus amigos já estão aqui por casa desde a tarde, para poder ir todos juntos. E Marcos foi o único que escolheu a melhor roupa que eu poderia usar essa noite. Um vestido preto, que vai até as minhas coxas e tem transparência em lugares específicos do meu corpo. Tomei um banho longo e vesti o que ele separou. Coloquei uma lace morena e fiz uma maquiagem em tons escuros. Para combinar com o vestido, Marcos escolheu uma bota cano alto, que vai até os meus joelhos.
Quando desci as escadas e encontrei todos reunidos na sala, conversando sobre algo aleatório. Recebi diversos elogios, inclusive da minha mãe, que dessa vez ficaria em casa com Yuri, que está resfriado. Quando relógio marcou onze horas da noite, saímos em direção a balada. Me misturei com a galera para passar imperceptível e chegamos até a área vip do lugar. Sentei em um dos sofás e pedi uma dose de whisky para começar a noite. Hoje não estou me importando para beber.
- Lud! - escutei Ygor, um dos meus amigos mais recentes me chamar e levantei o meu olhar, vendo ele sorrir envergonhado - É que eu esqueci de te contar uma coisa...
- O que foi? - perguntei confusa e um pouco apreensiva - Você não está com drogas aí, né?
- Não! - gargalhou baixo - É só que... Bom, você se lembra daquele meu amigo que eu estou ficando?
- Sim, o Mário. - dei de ombros - Conheço ele a bastante tempo.
- Então, ele virá passar a noite com a gente. - contou e eu suspirei aliviada, sabendo que seria apenas isso.
- Não tem problema, amigo. Ele é uma pessoa boa, fica relaxado. - o tranquilizei, mas ele fez uma careta - Tem mais alguma coisa?
- Sim. - fez uma pausa antes de contar - Ele vai trazer uma amiga. Desculpa, eu não consegui negar ele. - falou ao não obter a minha resposta.
- Está tudo bem, Ygor. Mas qualquer problema que ela causar, irá embora, ok?
- Ok! - sorriu aliviado.
Uma sensação boa e ruim, ao mesmo tempo, invadiu o meu corpo. Deixei aquele única dose de bebida sobre a pequena mesa e fui até a barra de grade que divide as áreas vip. Logo em seguida Marcos se aproximou fazendo uma dança estranha e eu o acompanhei, fazendo nossos amigos gargalharem.
Em certo momento da noite, escutei todos cumprimentarem Mário e me virei para olhar o homem, vendo além dele, a Brunna. O sorriso que estava em meus lábios aos poucos foi sumindo e um clima desconfortável preencheu o ambiente. Ela percebendo isso, tentou sair dali, sendo impedida por Marcos que a abraçou apertado, obrigando ela a permanecer entre nós.
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