Almoços e conversas
Pov' Ludmilla
Conseguimos terminar a gravação da minha música ainda pela manhã. Depois disso ficou restando apenas as conversas com o restante da equipe e enviar o arquivo para que o meu coreógrafo faça a dança e comece os ensaios com as bailarinas. O Dj Will fez questão de deixar todos os direitos autorais para mim e só pediu uma pequena contribuição em cachê. Depois de fazer todos os acertos parti em direção a Duque de Caxias, onde ainda fica a casa da minha melhor amiga Daiane que marcou uma pequena resenha de almoço para os amigos mais próximos. Isso não inclui apenas eu, Marcos ou talvez a Patty, isso inclui quase metade de Duque de Caxias e ela ao menos está se importando com isso.
Marcos dirigiu tranquilamente pelas ruas da minha antiga cidade e por fim chegamos na casa da minha amiga. Eu fui a primeira a sair do carro, deixando meu irmão fazendo a baliza. Adentrei a casa e percebi a presença de umas pessoas que eu se quer conhecia e por fim, encontrei minha irmã e Patrícia em um canto da casa, conversando sobre algo que parecia ser engraçado, já que elas estavam gargalhando. Puxei uma cadeira vazia e me sentei na mesma mesa em que elas estavam. Minutos depois Marcos chegou e fez o mesmo que eu, deixando aquela mesa com quatro presenças.
- Qual foi essa da Daiane fazer uma resenha em plena luz do sol?! E em uma quarta feira, ela só pode ser doida. - Marcos comentou.
- Ela deve estar triste pelo término daquele namoro dela e estar arrumando motivos pra não ficar sozinha. - dei de ombros.
- Não sabia que ela tinha terminado. - Luane comentou com a sobrancelha franzida - Bem, por isso que eu percebi que ela está com os olhos um pouco inchados.
- Eu só sei, que vou encher a minha barriga até não aguentar mais. - Patrícia se encostou na cadeira de madeira - Como está a sua nova música, amiga?
- Terminei hoje. - falei animada - Talvez a noite eu mande uma prévia pra vocês. Mas ficou incrível, do jeito que eu queria, vocês vão amar.
- Não duvido disso. - Patty sorriu e quando iria voltar a falar, fomos surpreendida pela presença da Daiane e uma mulher morena. Que estava tímida, mas ainda com um longo sorriso nos lábios. Encarei as duas por um bom tempo, até minha amiga resolver falar.
- Estou feliz que você veio, Lud. Pensei que estaria ocupada com suas coisas. - ela me abraçou apertado - Essa sua vida é muito corrida, nunca sei quando você vai estar aqui no Rio ou lá em Santa Catarina.
- É uma correria boa. - suspirei.
- Imagino. - ela sorriu - Daqui uns anos é a Rebeca que vai estar nessa vida. - ela abraçou de lado, a morena que estava ao seu lado.
- Você canta? - questionei e a mulher concordou com a cabeça - Qual estilo?
- Funk também. - falou tímida - Tenho umas músicas prontas, falta só a oportunidade de poder gravar.
- Jura?! - falei sem acreditar e escutei a Daí, falar que ela estava conversando com a pessoa certa sobre isso - Senta aí, vamos conversar, uai.
Ela rapidamente buscou por uma cadeira e se sentou ao meu lado. Rebeca me contou que veio de São Paulo, depois da separação da sua mãe e que seus irmãos ficaram lá nas terras paulistas. A funkeira cantou algumas prévias das suas músicas e por fim eu me comprometi a dar uma chance de gravar um feat com ela, pelo menos para ajudar no início da sua carreira. Até porque eu nunca tive alguém que fizesse isso por mim. Peguei o seu contato e salvei em meu celular para a gente ir conversando e firmando esse compromisso.
- Mas então, Rebeca. Você tem quantos anos mesmo? - perguntei depois que nossos assuntos de trabalho acabou.
- Vinte e cinco. - deu de ombros - A mesma idade que você. - ela sorriu.
- Está sabendo muito de mim. - dei um gole na cerveja gelada que Daiane me entregou a pouco tempo - Você parece ter bem mais do que aparenta.
- Está me chamando de acabada? - questionou com a sobrancelha erguida e eu fui rápida em responder.
- Não, não foi isso. Eu quis dizer de maturidade sabe? - expliquei - Talvez seja por tudo que você passou.
- É, provavelmente. - brincou com os próprios dedos.
- Você não me é estranha. - Patrícia se meteu no nosso assunto - Parece que te conheço de algum lugar, e não estou lembrando.
- Talvez seja por causa dos amigos em comum. Eu já te vi em algumas festas e uns eventos. - a morena explicou tranquila e minha amiga concordou com a cabeça.
- Nossa, estou morrendo de fome. - resmunguei pressionando meu estômago pra tentar me livrar da pequena dor que eu estava sentindo.
- Se a gente tivesse em casa, Tia Sil já teria feito aquela macarronesse perfeita. - Marcos passou a língua pelos lábios.
- Coitado de você. Ela está bem de boa lá no Paris 6, almoçando com a Brunna.
Pov' Brunna
- Ah, Brunninha. Quanta saudades que eu estava de você, minha flor. - Silvana me abraço apertado, e eu pude sentir todos os meus órgãos se contrariem - Como você está diferente. Londres te fez muito bem!
- Ah, Tia Sil, eu também estava morrendo de saudades! - me afastei do abraço para poder olha-la - E a senhora está ainda mais bonita, hein! - elogiei.
- São seus olhos, querida! - ela sorriu envergonhada e deu um abraço em minha mãe, que também a elogiou - Vamos nos sentar. - apontou pra mesa que ela havia reservado para o nosso almoço.
- Esse restaurante mudou muito. - comentei me sentando e analisando o lugar em minha volta - Ficou mais aconchegante.
- Isso eu não posso dizer. Não tinha condições de vim nesses lugares antigamente. - Silvana falou divertida e eu acabei sorrindo - Me conta, como foi em Londres?!
- Ah, Tia Sil... - suspirei - No início foi muito difícil, todos os dias eu tinha vontade de largar tudo e voltar. Mas com o tempo eu me acostumei, conheci pessoas muito boas, aprendi bastante e no fim, realizei um sonho. Então acho que tudo de ruim que me aconteceu, foi para me amadurecer e para melhorar a minha vida. - contei pausadamente.
- Foi difícil aqui pra gente, se acostumar com a sua ausência. - ela suspirou - Todos os dias eu fazia sua comida preferida. Pensando que era tudo um sonho e que você iria matar aula pra ir visitar a gente. - ela sorriu - Mas com o tempo, a gente também se acostumou com a saudade.
- No fundo, eu acho que fez bem pra Brunna ir embora e conhecer novos ares, novas pessoas. - minha mãe comentou - E também fez bem para ela, voltar a estar entre nós.
- E me diz, como a senhora está lidando com toda essa fama. - sorri - Já me contaram que além da Ludmilla, você também é famosa.
- É uma loucura, Brunninha. As vezes eu paro pra refletir em quão difícil era a nossa vida e quanto melhorou. Tenho muito orgulho da Lud, ela lutou tanto pra estar onde ela chegou. - sorriu - Tudo que tenho hoje é graças a ela.
- Eu fico muito feliz por vocês, sabe? - a olhei - Mesmo depois de tudo o que aconteceu entre eu e a Ludmilla, eu não consigo olhar pra senhora e não sentir aquele carinho de mãe. - falei.
- É que você ainda é minha filha. Todos os dias eu oro, pra que você e Ludmilla voltem a ser como antes. - ela falou e minha mãe fechou a expressão.
- Nem que a Brunna esteja ficando doida. A sua filha fez muito mal pra ela. - falou com o seu jeito protetor - Hoje em dia, a Brunna sabe muito bem que não merece mais passar por tudo aquilo de novo.
- Mãe... Também não é assim. - me ajeitei na cadeira - Eu sempre fui muito feliz ao lado da Ludmilla. Ela sempre me tratou da melhor forma possível. E mesmo não tendo muitas condições, ela sempre me dava o que eu pedia ou o que eu queria. - fiz uma pausa - O único problema foi a forma como tudo terminou.
- Minha filha não é santa. E eu sempre soube disso. Mas ela também estava chateada com a sua partida. - disse calma - Não que isso justifique toda a briga de vocês. Mas é uma explicação, entende?! Sua mãe está com razão de não querer ver você com ela novamente, é proteção de mãe.
- Está tudo bem. Até porque eu a Ludmilla não temos chances de voltar. - sorri - Vamos pedir o almoço? - mudei de assunto.
- Vamos. - minha mãe se animou - O que vocês vão pedir?
- Spaghetti a Carbonara. - falei olhando o cardápio - E uma dessas saladas mais leves.
- Eu vou querer esse Picadinho Carioca. - Sil falou deixando o cardápio sobre a mesa e nós encaramos minha mãe, para saber o que ela irá pedir.
- Risoto. Risoto Gorgonzola. - sorriu em nossa direção.
Fizemos o pedido para o garçom que estava mais próximos e esperamos ficar pronto. Como eu estava dirigindo e Silvana também, pedimos um suco natural de manga, para acompanhar a refeição que chegou em nossa mesa em menos de trinta minutos. Comemos entre conversas e lembranças e quando terminamos, pedimos as sobremesas. Minha mãe escolheu Creme brulee, Silvana um brigadeiro brulee e eu um cheesecake de frutas vermelhas. Demoramos para poder pagar a conta e como não queríamos nos despedir, minha mãe sugeriu um rápido rolê no shopping da Ilha do Governador, perto de onde Silvana mora. Todas nós aceitamos e por fim saímos do shopping ao anoitecer, cheias de bolsas de lojas. Nós despedimos com um abraço apertado e prometemos fazer esse encontro por mais vezes, até a saudade chegar ao fim.
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