07
Amanheço o dia, mas não consigo parar de pensar na conversa que tive com Yeonjun ontem a noite e o quanto ele foi necessário para mim. É estranho pensar em Yeonjun dessa forma, ele era só o garoto encrenqueiro em que eu odiava e agora... as pessoas realmente podem mudar drasticamente ou eu não o entendia o bastante, eu nunca tive uma conversa calma com ele sem brigar e ir embora. Talvez ele sempre foi assim e eu nunca percebi. Mas agora eu o vejo com outros olhos, olhos mais dóceis e compreensíveis.
Vou ao orfanato onde sou recebida por várias crianças me abraçando e perguntando quando darei uma outra aula a elas. Às vezes dá vontade de ficar e me dedicar a elas assim como gosto de me dedicar aos meus onde moro, e mesmo não querendo eu sinto falta de todos eles, até mesmo do Matheus que não parava quieto.
No caminho acabo encontrando Jaemin fazendo seus incríveis desenhos na parede. É um talento que eu sempre admirei em Jaemin.
⎯⎯ Está lindo ⎯⎯ comento e ele me encara.
⎯⎯ Obrigado. O que veio fazer aqui? ⎯⎯ Ele se levanta.
⎯⎯ Ver no que posso ajudar, estou com tempo livre.
⎯⎯ Sempre precisamos de ajuda aqui, que bom que veio. ⎯⎯ Ele sorri e eu sorrio de volta.
Ficamos em silêncio mais uma vez. Não queria mas... às vezes é chato conversar com Jaemin, o que é estranho, pois não era chato. Talvez seja o sentimento. Eu era tão apaixonada por Jaemin que não percebia o quão seco ele é e idealizei algo totalmente invisível sobre sua personalidade. Jaemin é um cara incrível mas... não é o cara incrível.
Avisto Yeonjun ao longe pintando uma parede e sorrio ao lembrar da noite passada. Ele estava tão concentrado, os olhos preocupados em cada linha e os lábios em um pequeno bico. Até concentrado ele é bonito.
⎯⎯ Yeji? Yeji! ⎯⎯ Jaemin me tira de meu transe.
⎯⎯ Sim? ⎯⎯ o encaro de uma vez.
⎯⎯ Você está escutando o que estou falando? ⎯⎯ olho de novo para Yeonjun.
⎯⎯ Sim, estou.
Estava passeando pela ilha e tirando diversas fotos para mandar para a minha mãe. Estava quase no por do sol e tudo aqui ficava extremamente lindo nesse horário.
Escuto o roncar de uma moto e ao olhar para o lado encontro Yeonjun parando ao meu lado.
⎯⎯ É sério? ⎯⎯ começo a rir o vendo descer da moto.
⎯⎯ Ainda mantenho o meu amor por motos.
⎯⎯ E que moto em. ⎯⎯ percebo o quão grande e robusta ela era.
⎯⎯ O que está fazendo sozinha por aqui?
⎯⎯ Tirando algumas fotos para a minha mãe.
⎯⎯ Quer ir ver o por do sol na ponte? Lá você irá conseguir fotos incríveis.
⎯⎯ Terei que andar de moto com você?
⎯⎯ Com toda a certeza. ⎯⎯ Ele dá alguns pequenos tapas no seu capacete.
⎯⎯ Não tenho muito costume com motos então promete ir devagar?
⎯⎯ Vou pensar no seu caso. ⎯⎯ Ele coloca seu capacete.
⎯⎯ Yeonjun!
Ele estende a mão para me ajudar a subir na moto. Seguro sua mão gelada e mesmo desajeitada eu subo me encaixando bem entre o seu corpo. A moto não tinha tanto espaço assim para ficar longe de Yeonjun.
⎯⎯ Se segura bem, infelizmente não tem capacete para você então se segura ⎯⎯ coloco minhas mãos em seus ombros sentindo a musculação dura por baixo de minhas mãos. ⎯⎯ assim não, Yeji.
Ele pega minhas mãos e as entrelaça em sua cintura, consigo sentir toda a ondulação dos músculos de sua barriga. E ali estava eu totalmente abraçada com Yeonjun. Ele tinha um cheiro amadeirado e pinho. Seu corpo estava quente ao contrário de suas mãos que estavam muito frias. Ele liga a moto e logo sai me fazendo ter frios na barriga.
O vento forte jogava meus cabelos para longe e eu abraçava Yeonjun cada vez mais sentindo seu grande corpo sobre o meu e aquilo era tão confortável que chegava a assustar. Deito meu rosto em suas costas olhando a vista a minha frente. O grande lençol feito de água, tão azul como o céu.
O sol estava quase se pondo então Yeonjun acelera fazendo minha barriga esfriar e eu aperto mais ainda o abraço. Fecho os olhos somente sentindo a brisa e o seu cheiro com o calor confortante de seu corpo.
Infelizmente tivemos que parar, pois já havíamos chegado e eu admito querer passar mais tempo abraçada daquela forma com Yeonjun.
Desço da moto com as pernas um pouco trêmulas. Eu não tenho costume algum com motos. Fomos até a ponta da ponte e encaramos o sol já se pondo. Pego meu celular e retiro inúmeras fotos para a minha mãe.
⎯⎯ Falei que as fotos aqui seriam melhores ⎯⎯ Ele fala.
⎯⎯ Sim, você estava certo.
Ele se senta no chão e eu faço o mesmo, deixando meu celular de lado.
⎯⎯ O que você mais gosta aqui? ⎯⎯ Ele puxa assunto.
⎯⎯ Com certeza o clima, o mar e as estrelas. E você?
⎯⎯ As pessoas e o clima.
⎯⎯ Como vai a sua clínica? ⎯⎯ Ele suspira, mas sorri logo após.
⎯⎯ Eu queria um emprego que pudesse manter uma boa vida a minha avó então escolhi a odontologia e consegui uma bolsa em uma cidade próxima. Me formei e montei uma clínica, mas não queria ficar lá, eu quis voltar para ficar com minha avó e assim o fiz. A dois anos atrás voltei, abri minha clínica aqui e está indo bem.
⎯⎯ Isso é bom, não é? Você me parece... triste.
⎯⎯ Não é tristeza é que... eu sinto que falta algo, Yeji. Eu não sei o que é, eu só sinto um vazio que ainda não foi preenchido. Eu já tenho uma boa carreira, muito dinheiro, consigo cuidar da minha avó, mas ainda falta alguma coisa.
⎯⎯ Ou alguém. ⎯⎯ sugiro e ele me encara.
⎯⎯ Alguém?
⎯⎯ Você já namorou alguém a não ser a Sowon a dezenas de anos atrás?
⎯⎯ Já, umas duas vezes na faculdade mas... era cansativo e nunca dava certo.
⎯⎯ Como sua avó disse, se não for predestinado não acontece. Quando chegar o momento certo uma mulher incrível vai entrar na sua vida e irá preencher esse vazio estranho que sente. ⎯⎯ Ele encara o mar abaixo de seus pés e sorri, logo voltando a me olhar.
⎯⎯ Você está certa, um dia acontecerá.
Sorrio de volta para ele e ele me empurra me fazendo cair no mar. Volto para a superfície e o encaro rindo.
⎯⎯ É sério Yeonjun!? ⎯⎯ Grito com ele, mas eu não estava irritada.
⎯⎯ Você estava melosa demais ⎯⎯ Ele pula na água também.
Jogo a água em sua cara e ele faz o mesmo, assim ficamos brincando como duas crianças novamente. Quando éramos mais novos eu não brincava muito com Yeonjun, mas às vezes ele estava nas mesmas brincadeiras que eu e sempre ganhava, era divertido, mas não tanto como agora.
O empurro e tento nadar para longe, nossas gargalhadas em sintonia como melodias. Ele consegue agarrar minha cintura me puxando para perto virando meu corpo para o encarar. E ali ficamos, seus braços abraçando minha cintura enquanto minhas mãos agarravam seus ombros.
Encaro o rosto molhado de Yeonjun, os cabelos caindo sobre os olhos escuros. Não tinha percebido antes, mas amo os olhos de Yeonjun, a quentura e conforto que eles me trazem. Encaro os lábios carnudos e vermelhos de Yeonjun e vejo que ele também encarava os meus e mesmo estando na água sinto uma secura em minha garganta.
Não conseguia tirar meus olhos de Yeonjun e uma ideia louca não saia de minha cabeça, sentia o ar sair de meus pulmões aos poucos e não voltar mais. Estava hipnotizada e eu queria... Nossa como eu quero beijar Yeonjun.
⎯⎯ Eu vou beijá-la em um segundo então se não quiser é melhor sair de meus braços ⎯⎯ Ele avisa e eu estava tão hipnotizada que não contestei, estava querendo tanto quanto ele.
Yeonjun me beijou, com os lábios doces, quentes e molhados. Abraço seu pescoço querendo aprofundar mais o beijo e assim ele o faz, nossos lábios se esfregando um no outro enquanto flutuávamos na água.
Agarro os fios molhados do cabelo de Yeonjun enquanto sua língua quente aprofundava e explorava minha boca em cada cantinho. Nossos lábios grudavam e sugavam um ao outro com força e rapidez, mas infelizmente a falta de ar se fez presente nos fazendo parar.
Ao parar nos encaramos cansados, com a respiração falha e pesada, o peito subindo e descendo com uma certa rapidez.
Anoiteceu e ali ainda estava com Yeonjun, deitados na ponte encarando o céu estrelado, as roupas já meio secas pelo tempo fora da água. Depois do nosso beijo subimos de volta para a ponte e nos deitamos, sem falar nada.
Sei que não foi certo, mas eu quis tanto que não me importei no momento, mas agora a ficha caiu, e caiu com força em minha cara. Eu beijei Yeonjun, Yeonjun e eu nos beijamos e não foi um beijo qualquer.
Afasto a vontade de o encarar, ainda não estou pronta. O que vamos fazer agora? O que devo dizer para ele? Meu corpo estava pegando fogo em uma dúvida intensa. Suspiro sentindo o frio da noite abraçar meu corpo e assim me lembro de seus braços sobre mim.
Yeonjun mexe comigo e não é pouco, esse tempo todo, tudo o que senti foi os sentimentos que Yeonjun me causava. Agora não sei como continuar.
⎯⎯ Você está certa, as estrelas aqui são as mais belas ⎯⎯ Ele finalmente quebra o gelo do silêncio.
⎯⎯ Sim, são as minhas preferidas.
⎯⎯ E a lua está linda ⎯⎯ Ele me encara, seus olhos olhando fundo nos meus.
⎯⎯ As estrelas sempre tiveram lindas.
Ele sorri e eu me impressiono por ele saber disso. Sinto seus dedos gelados caminharem por minha mão os entrelaçando com os meus. Eu beijei Yeonjun e agora estamos de mãos dadas... meu coração começa a bater rápido como das outras vezes em que me encontrava com Yeonjun e eu sinto um borbulhar em meu estômago. Eu não sei o que é essa ansiedade, mas ela me despertava uma adrenalina gostosa de sentir e eu afasto a vontade de aninhar meu corpo com o de Yeonjun.
Eu nunca senti algo tão forte assim antes e minha cabeça latejava por tanto pensar. E eu só queria saber de uma coisa: o que faremos agora?
Meu celular toca me tirando de minha linha de raciocínio e eu vejo ser minha avó, ela estava me chamando de volta para casa, pois estava muito tarde e ela estava preocupada.
Yeonjun me leva de volta em sua moto, meu corpo abraçando o seu que mesmo com as roupas um pouco molhadas estava quente. Descanso minha cabeça em suas costas e fecho os olhos, aproveitando o momento com meus novos sentimentos em que a tanto tempo não sentia. E me deixava tão bem.
Despeço-me de Yeonjun como uma adolescente se despedindo de seu primeiro amor da escola.
⎯⎯ Nos vemos de novo amanhã, Coelhinha ⎯⎯ logo esse apelido não me incomodava mais.
Depois de uma longo banho me deito em minha cama por baixo de meus cobertores pensando em Yeonjun. Pareço que tenho 8 anos novamente, mas dessa vez com outra pessoa. Logo já estava dormindo pensando em seus olhos quentes e acabo sonhando também com seus olhos quentes.
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