CAPÍTULO 18
— A-alô? - Gaguejo não entendendo nada.
— Com quem eu falo? - A voz pergunta do outro lado da linha.
— Lily, eu gostaria de falar com Ayden por favor. - Murmuro e escuto um resmungo. Mas o que está acontecendo afinal?
— Ah, é você. - Como assim, sou eu? — Ayden, sua namoradinha está te ligando.
De repente escuto uma comoção além de uma série de xingamentos.
— Lily? - A voz do garoto entra pelos meus ouvidos e fecho os olhos por alguns segundos.
— Oi Ayden, eu liguei para saber se estava tudo bem.
Ele fica em silêncio por alguns minutos antes de responder.
— Mas que droga! Linda eu sinto muito, tive um problema que resolver e acabei encontrando com a Karen no meio do caminho... - Okay, então a voz feminina é a amiga dele.
Eu pude perceber que ela não estava muito feliz com a minha ligação e isso me deixa desconfortável. Desde o nosso encontro no shopping eu sei que ela não gostou de mim.
Mas eu não a julgo, tinha o mesmo sentimento com a Kat, achava que ela me tiraria meu melhor amigo... e de fato ela o fez.
— Lily? Está aí? - Volto para o mundo real e engulo seco.
— Estou. Hum, então se está tudo bem eu vou te deixar tranquilo. Só fiquei um pouco preocupada, vi suas mensagens agora pouco. Te ligo mais tarde, se divirta com a Karen. - Solto sem pensar encerrando a ligação e depois de alguns segundos percebo que agi como uma maldita namorada ciumenta.
Eu não exijo nenhuma explicação dele, porque não temos nada oficial e não me sinto no direito de invadir sua privacidade, no entanto, fico triste ao perceber que ele não confia em mim o bastante para dizer o que está acontecendo. Talvez eu possa ajudá-lo.
Ayden me liga mais algumas vezes, mas estou tão envergonhada que não atendo nenhuma delas.
O que deu na minha cabeça ruiva?
Minhas amigas me observam caladas e me surpreendo pelo fato de que não fazem nenhum comentário durante todo o caminho até meu dormitório.
Elas escutaram toda a ligação e pelos olhares que lançavam entre si, eu vi que não estavam contentes com o desenrolar da situação.
Entramos no meu quarto e vou direto para o banheiro. Preciso de um banho urgente.
As três malucas já estão acostumadas e ficam à vontade enquanto eu demoro o tempo necessário debaixo do chuveiro, aproveitando para relaxar debaixo do jato de água quente.
Vinte minutos depois e de banho tomado, me seco, coloco o roupão e saio do banheiro para pegar algo para vestir.
As meninas estão vendo algo no computador e de repente Rachel solta um resmungo irritado.
— Não gosto dela! Definitivamente. Essa garota gosta do Ayden.
— Sim! Olha as fotos dela... - Tamara continua e me aproximo para ver o que essas malucas estão fazendo.
Quando chego bem perto, noto que elas estão fuçando no Facebook da amiga de Ayden, olhando suas fotos, postagens entre outras coisas.
— O que deu na cabeça de vocês? - Ralho fechando o notebook com certa rispidez.
— Estamos vendo o que essa vaca está tramando. Você tem que ter cuidado com ela, Lily. - Tamara me observa com o cenho franzido.
— Karen é a melhor amiga de Ayden e não vou me intrometer nessa amizade. Não gostaria de agir como Kat agiu comigo, seria hipócrita da minha parte. - Me jogo na cama fechando os olhos apenas para que a imagem dos dois rindo e se abraçando no shopping.
Sinto um peso em cima de mim e sou abraçada pelas três que me sem dizer uma só palavra, expressam que estarão para mim não importa o que aconteça.
Vemos um filme de terror escolhido por Lucy e comemos besteiras até que a clareza do dia dá lugar à escuridão da noite.
— Bom gatas, eu preciso ir embora, senão minha mãe vai me comer viva. - Tamara solta se levantando e limpando os restos de batata frita da calça.
Rachel e Lucy aproveitam a carona e fico sozinha novamente.
Durante todo o tempo em que elas ficaram comigo, quase nem peguei no celular e fui obrigada a colocá-lo no silencioso.
Levei um susto quando peguei o aparelho e vi uma dúzia de ligações e mensagens de Ayden.
Droga!
Resolvo criar coragem e ligar para o garoto. Agora quem deve estar preocupado é ele.
A ligação acaba caindo na caixa postal várias vezes, então acabo desistindo depois de um tempo.
Dou uma limpada no quarto antes de colocar um pijama e escovar os dentes, pronta para dormir.
Pego no sono com certa dificuldade e quando estou no melhor do meu sonho, sou acordada pelo toque insistente do meu celular.
Ainda meio sonolenta, desbloqueio a tela e atendo a ligação sem nem ver quem ousa me ligar uma hora dessas.
— Alô? - Murmuro em um bocejo.
— Lily... - Oh oh. Apenas essa palavra foi suficiente para me deixar bem acordada. — Te liguei a tarde inteira, mandei mensagem e você não me respondeu. Por favor me diz o que está acontecendo. - Posso sentir o desespero na sua voz e isso me deixa com um peso na consciência enorme.
— Ayden e-eu estava com as meninas, coloquei o celular no mudo enquanto víamos um filme e acabei esquecendo.
Ouço apenas a sua respiração compassada durante alguns minutos até que ele resolve falar novamente.
— Olha, nós precisamos conversar. - Oh não. Isso não é um bom sinal. — Eu tenho que te explicar algumas coisas. Não quero que tire conclusões equivocadas sobre mim.
— Podemos conversar amanhã Ayden. São quase três da manhã.
— Por favor Lily... estou aqui na frente e está frio para caralho. - Confessa e engasgo me levantando em um supetão.
— Você o quê? Por acaso ficou louco? - Tento não gritar para não acordar alguém. Procuro minhas pantufas e um roupão para ir até ele.
— Fiquei sim... louco por você Lily.
Praticamente derrapo ao ouvir essas palavras. Esse garoto só pode estar bêbado.
Balanço a cabeça e volto a correr até o portão.
Ayden está encostado na sua moto, vestido todo de preto e com uma tristeza no olhar que não me passa desapercebida.
Abro o portão fazendo o mínimo que barulho que posso e ele caminha até ficar de frente para mim.
— O que deu na sua cabeça em vir uma hora dessas? - Sussurro obtendo apenas o silêncio como resposta. — Vamos antes que alguém nos veja. - Puxo seu braço ele me segue até meu dormitório.
Entramos ainda em silêncio e quando fecho a porta, Ayden segura minha mão e me aperta em um abraço. Ficamos assim por alguns minutos até que ele se separa e segura meu rosto com as duas mãos.
— Não faz mais isso por favor. - Solta enigmático.
— Isso o quê?
— Não desapareça, não fuja de mim.
Não sei o que responder. Posso ver que ele ficou triste com minha atitude.
— Eu não fugi de você Ayden, apenas não quis interferir na sua privacidade.
Abaixo o olhar para que ele não perceba como me afeta o fato de não sabe o que causa essa tristeza nele.
— Linda, eu... - Começa e para de repente, como se não tivesse coragem de continuar.
Isso me faz pensar que o que quer que esteja acontecendo, é algo que o afeta e muito, mas sinto medo de pressioná-lo e fazer com que ele acabe se afastando de mim. Por outro lado, já estou cansada de ficar na incerteza. Nós até podemos não ser namorados nem nada disso, mas além disso eu o considero um amigo e me preocupa vê-lo sofrendo.
— Ayden no final das contas, quem está fugindo aqui não sou eu. - Me desvencilho do seu toque e me sento na cama sem sequer olhar para o garoto.
Me controlo para não chorar. Odeio o fato de ser tão sentimental.
Ouço um suspiro pesado e minutos depois sinto o colchão se afundar do meu lado e seus braços me aproximam para perto do seu corpo.
— O meu pai é um idiota. - Começa e engulo seco. — Ele abandonou minha mãe quando ela engravidou de Angel. Sua desculpa foi "não consigo lidar com isso", como se eu e ele fossemos duas "coisas".
Mamãe lutou durante anos para nos dar uma vida decente e o idiota apenas sumiu. Desapareceu das nossas vidas como se nunca tivéssemos existido. - Sinto seus braços me apertarem mais forte, mas não vou interrompê-lo. Ayden precisa se libertar. — No começo eu fiquei mal, chorava todos os dias me culpando pelo seu abandono, até que um dia simplesmente percebi que o babaca era o culpado, não eu.
No entanto, Angel não entende isso e sempre pergunta pelo pai e o que você acha? Anos depois ele resolveu voltar para a cidade e querer reconstruir a relação de merda que ele teve com a gente. Angel ficou extasiado com a ideia de que finalmente teria o pai por perto, mas como era de se esperar, ele apenas voltou para nos decepcionar uma e outra vez.
— Oh Ayden, eu sinto muito... - Murmuro limpando uma lágrima que escorreu no seu rosto sem ele perceber.
— Sabe o motivo de eu ter que ir embora hoje? O maldito prometeu que iria ver uma partida de futebol de Angel e depois o levaria para comer algo, mas ele não apareceu e Angel esperou por quase uma hora antes de me ligar pedindo para buscá-lo. Mamãe estava trabalhando e meu irmão não quis colocá-la em problemas.
— Pobre Angel. - Sussurro surpresa.
— Você não sabe como eu fiquei ao vê-lo Lily, ele sempre é tão alegre, mas hoje ele era outra pessoa. Meu pai conseguiu apagar a luz de um garotinho de dez anos. Minha vontade era de procurá-lo e bater tanto nele até ele entender todo o dano que nos fez, mas sei que minha mãe ficaria furiosa se eu fizesse isso.
— Não valeria a pena, Ayden. - Seguro seu rosto com as duas mãos e beijo suavemente sua boca.
— Eu sei disso. Por favor me desculpe por não te contar antes, eu realmente estava envergonhado. - Confessa e sorrio com carinho.
— Você não tem que ter vergonha disso, como você mesmo disse: não foi sua culpa. Além do mais quem perde é o seu pai, Angel é uma criança maravilhosa e sua mãe parece ser alguém muito especial também.
— E eu? - Um sorriso brota no seu rosto depois de tanto tempo.
— Bom... você é... interessante. - Brinco e Ayden me empurra na cama ficando em cima de mim.
— Interessante é? Só isso? - Exige e balanço a cabeça. Leva suas mãos até os meus lábios e coloca um dedo dentro da minha boca. — Tem certeza?
— Okay, você venceu. Você é gato e fofo e é o único que direi. - Sorrio e ele me beija com vontade.
— Obrigado por me ouvir, Lily. - Sussurra me encarando. — E obrigado por não me julgar. - Continua e me sento de repente.
— Eu jamais faria isso. - Digo com certa rispidez e Ayden suspira.
— Eu sei... me desculpa, não deveria ter dito isso. - Passa as mãos pelo rosto cansado. — Posso usar o seu banheiro? - Pede de repente.
— Claro.
Dito isso, Ayden vai até o banheiro e fecha a porta.
Fico mais tranquila por saber que ele confia em mim para contar seus problemas e frustrações, mas ao mesmo tempo percebo que ele não tocou em um tema.
Escuto a descarga e depois de segundos Ayden volta para o meu lado.
— Posso te fazer uma pergunta? - Engulo seco sentindo minhas mãos tremerem com medo da resposta.
Ayden balança a cabeça sem dizer nada e respiro profundamente tentando organizar as palavras na minha cabeça enquanto ele me observa com uma sobrancelha levantada. — Quando eu te liguei mais cedo, hum, quem me atendeu foi a sua amiga... - Não preciso nem continuar, já que sei que ele entendeu muito bem onde quero chegar.
— Droga. Não é o que está pensando. - Solto uma risadinha nervosa.
— Geralmente quando dizem isso, significa totalmente o que estamos pensando. - Brinco.
— É sério Lily. Depois de pegar Angel, resolvi levá-lo para comer algo, assim talvez ele ficasse mais feliz ou algo do tipo e quando estávamos no restaurante, Karen me ligou dizendo que estava de volta na cidade e assim acabamos nos encontrando. Quando você ligou, eu estava pagando a conta e deixei o celular em cima da mesa. - Posso ver que ele está dizendo a verdade, mas isso não me deixa mais tranquila. O que diabos está acontecendo comigo?
— Então ela vai morar aqui outra vez? - Pergunto curiosa.
— Sim, aconteceram algumas coisas que a obrigaram a voltar para casa e vai continuar sua faculdade à distância.
— Oh, que... ótimo. - Forço um sorriso e pelo visto não adiantou de nada, pois Ayden parece perceber que não gostei dessa informação.
— Espera um momento. Você por acaso está com ciúmes, gata? - Pergunta com um enorme sorriso no rosto.
— O-o quê? Claro que não. - Solto em uma voz aguda.
— De todas formas, não precisa ficar porque já disse que estou louco por você. - Responde com sua maldita voz rouca e sensual e como se não bastasse, se aproxima e me abraça novamente, distribuindo beijos no meu pescoço, ombros e descendo cada vez mais.
Eu sei muito bem onde isso vai acabar.
— Tudo bem, acredito em você. Mas saiba que não estou com ciúmes. - Insisto.
— Arram. - Zomba sem deixar de beijar meu corpo que se incendeia e em questão de segundos, estamos sem roupa, adorando o corpo um do outro, aproveitando o resto de noite para fazer algo muito mais prazeroso do que dormir.
NOTA DO AUTOR
Olá amores! Capítulo demorou, mas chegou kkkk estava com problemas no meu computador, mas ainda bem que consegui arrumar.
Então aqui está capítulo fresquinho pra vcs, espero que gostem ;) e não se esqueçam de votar e comentar sobre o que estão achando 😊
Amo vcs, bjinhosss
BF ❤️
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