☴ Outro lado da moeda.
Não era a primeira vez que me metia em uma situação, digamos, "difícil" e não seria a ultima.
A calda preênsil do ser que me tinha como cativa era, alem de resistente, muito forte e versátil; não possuía meios de me livrar daquele cárcere e ele se aproveitava deste fato para terminar por me desarmar.
---- Jade... Eu sou o monstro não é mesmo? ---- ele sussurra aos pés de meu ouvido com aquela voz firme e áspera e logo me arrepio. Era algo estranho e perturbador telo assim tão próximo.
Mas novamente algo estava estranho em suas atitudes. Por que eu ainda estava viva?
---- O que foi Drago? Gostou do meu perfume? Me solta coisa feita! ---- espurrinho e ele ri, um riso frouxo de completo deboche.
---- Olha só. Me parece que a Jade esta agoniada... ---- minhas pernas estavam livres então o acerto a onde sabia que iria doer. ---- Gwpt! ---- exclama um ruído impronunciável e cai al chão. Estava livre novamente. ---- Sua... Isso foi sujo.
---- Sujo? ---- murmuro ao recolher os destroços das minhas armas. ---- No amor e na guerra vale tudo. ---- sorrio de soslaio e ele me encara com ódio ainda caído ao chão. ---- Não me olhe assim. Jurava que não iria funcionar... ---- debocho mais um pouco piorando sua carranca azeda. Era engraçado, mas eu me sentia muito mais à-vontade entre os demônios que combatia ao invés dos meus amigos humanos.
Os primeiros raios de sol vinham de encontro a minha face dispersando o frio da madrugada e me fazendo lembrar o quão estava tarde.
Mais uma vez havia varado a noite atrás de algo para me distrair de meus problemas, e mais uma vez o encontrei em combates e aventuras que para qualquer outro seria estressante.
A criatura a meu lado se levantava ainda a cambalear pelo golpe inoportuno e eu sorria como uma criança que tinha acabado de fazer uma gloriosa travessura. ---- Ta dodói? Machuco?
---- Desgraçada... ---- ele murmura e logo vejo que em suas vestes se escondia um objeto de rocha com formato pentagonal. Um talismã.
Invisto para o recuperar, mas ele se reteem. Acabamos por pegar ao mesmo tempo e...
Nos assibilamos.
=~^~ ºº~^~=
Foi algo inacreditável e indescritível.
Der repente me vi dentro de sua mente, de sua vida; e tinha plena consciência de que ele estava na minha.
Me vejo pequena novamente, tudo ao meu redor era enorme e construído a mão em traços firmes em mogno entre outras peças caras e bem requintadas. Um glorioso dormitório forjado em ouro, prata e diamantes; tudo da mais fina classe em um ar antigo da era victoriana com um tom de descendências chinesas, asiáticas e japonesas todas misturadas em um timbre perfeito.
Uma moça alva de longos cabelos negros e ondulados vinha a meu encontro com um sorriso tristonho, punha a mão sobre minha face e sorria. ---- Meu bebe. ---- sua voz entona tristonha em muxoxo, e por algum motivo que não controlava sinto vontade de chorar.
Mas ela não demora e se vai.
Me deixando sozinha em um local que não sabia a onde era, minha própria mãe.
Mãe?
Era não era minha mãe. Por que me sentia assim?
Ah! Claro era a mãe de Drago, estava vendo o que ele viveu, estava dentro dele e ele de mim.
Tento sair da vasta cama e me olhar em um imponente espelho que me trazia medo e angustia, não por seu porte mas pelo que estava prestes a refletir. Sabia que não veria a mim mesma, possuía plena noção do que encontraria refletido ali e por conta disso meu estomago se embrulha. Mas estava curiosa. Como seria um filhote de demônio? Eles cresciam? Nasciam de um ato carnal... sempre imaginei que brotavam do nada como... Na verdade nunca cheguei a concluir este pensamento.
Olhos tintos me encaram de volta, uma pele esverdeada entretanto livre de escamas me cobriam por inteira, cabelos negros e lisos traziam confusão a minha mente. Sempre o vi livre destas madeixas, por que motivos na infância ele se assemelharia mais a um... humano. Sentia me um tanto quanto... decepcionada?
Saio pelas enormes portas de meus aposentos em busca de algo, não podia me controlar agia por instinto do que esta lembrança me levava e logo cheguei a um opulento saguão.
As patas que agora nomeava de pés eram hábeis mesmo para um ser que parecia menor que qualquer mobília daquele corredor farto de ostentações. Empregados assustados se dobravam em mesura ao simples alarde de minha presença, e estranhamente isso não me trazia o mínimo de estranhamento, seguia como se fosse algo costumeiro e normal. Estava mesmo dentro de seu mundo.
Com pequenos passos apresados vejo quando os invasores iniciam o ataque. Se tratava de "eu mesma e meu tio", mas por algum motivo sinto medo e me escondo. Presencio a mim mesma passar a poucos centímetros sem me perceber, estava apressada.
E como um salto de sonho em sonho...
...aquele doce momento tem um fim.
Sinto meu corpo rasgar como se fosse morrer.
E de fato estava.
A realidade de onde nasci estava sendo desfeita e junto dela minha existência.
Era como ser alçada ao nada ao vácuo infinito e desta mesma forma se tornar parte dele; um limbo infinito de existência. Não havia luz, nem escuridão.
Não havia som, nem o silencio.
Eu não pensava, não existia.
A pior sensação da minha vida.
A sensação de não existir.
Perdi a noção de quanto tempo fiquei lá. Talvez por toda uma existência, mais do que uma vida. Tanto que voltei a me lembrar.
Meu pai me contava nossa origem.
Os humanos mortais nos chamavam de demônios, mas nos auto nomeamos de Silurians e . E logo algo queimou dentro de mim. O poder.
O mesmo que queimava em meu pai e seus irmãos.
E logo estava sobre a luz da luz.
A sensação de liberdade me inundou em uma alegria contagiante. Sorria e corria pelas colinas abandonadas de onde surgi, estava finalmente livre. Mas exausto, então logo adormeci.
E foi a ultima vez que senti alegria.
Emergi de um limbo eterno com a mesma tenra idade em que havia ido parar naquele local inóspito, apenas para me deparar com um mundo sujo cruel e derradeiro.
Dia apos dia a recepção do universo ao meu redor era o mesmo. ---- Criatura do inferno! ---- todos aqueles que me viam só pensavam em uma coisa. Me machucar.
Coisa feia, criatura, fera, aberração, monstro... Era como me nomeavam.
Comer era uma batalha diária, a simples idéia de existir se tornava um fardo sofrido.
Crescia rodeado pela raça mais repugnante que podia conhecer, os seres humanos; e aos poucos criava uma repulsa que se convertia em ódio. Tentava desfazer do que me assemelhava a um deles, os longos cabelos negros de minha mãe humana me traziam anciã de vomito. Não queria ser comparado a seres tão vis e nojentos. E enquanto crescia as escamas surgiam juntamente com os chifres e garras; ficava mais parecido com meu pai e me orgulhava.
Aprendia sozinho a como forjar chamas entre outros dons.
Tudo para poder me defender das coisas que haviam tomado o mundo, os seres que presenciava dia a dia irem destruindo o próprio planeta em que viviam, tudo pelo maior conforto. Tudo em nome de riquezas, trazendo espécies inteiras a completa extinção. Os verdadeiros monstros.
~~ºº~~
Desperto no mesmo segundo em que toquei a runa, mas com a sensação de ter se passado dias, meses e anos.
Agora o conhecia por toda uma vida; o conhecia mais que conhecia a qualquer outro e via em seus olhos que ele sentia o mesmo com relação a mim.
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