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IV

Prometo acalmar...

Henry sorriu da tentativa de Charlotte de fingir indiferença à atenção que recebeu assim que pisaram na delegacia, porém, se manteve em silêncio para evitar a prisão de sua melhor amiga por tentativa de homicídio. Os olhares curiosos que receberam ao longo do caminho se intensificaram assim que ele apoiou a mão esquerda em suas costas e a guiou em direção à mesa de Kevin. Charlotte o olhou de soslaio, apenas um parco olhar que quase o fez afastar a mão, mas resolveu ignorar e permanecer por perto. A mulher bufou sutilmente, o acotovelando para que ficasse longe, porém, o Hart se manteve impassível com um inabalável sorriso no rosto. Acreditava que ela o teria dado um saco naquele instante se não estivessem sendo alvos da atenção da delegacia, o que piorava quando ele parava para cumprimentar algum antigo colega de trabalho. Henry gostava de algumas daquelas pessoas, sempre sentiu simpatia por elas e sabia que era recíproco, o único de quem mantia distância era do superintendente Rick, o qual fazia questão de comprovar em cada interação que aquele também era seu desejo.

- Ora, ora, ora. Se não é o meu casal favorito! - Kevin exclamou animado, pulando da cadeira para encontrá-los no meio do caminho.

Henry riu um tanto envergonhado pela atenção intensificada que seu amigo provocou e Charlotte travou em seus passos.

- C-como assim casal?! - girou o pescoço para encarar Henry, que logo iria acalmá-la, mas rapidamente voltou a atenção para Kevin e sussurrou furiosa. - Fale baixo porque ninguém sabe.

Kevin abriu um sorriso ainda maior, encarando o Hart que suspirou frustrado e retornando para Charlotte antes de puxá-la para um rápido abraço emocionado. A Page deu tapinhas desajeitados nas costas do homem, ela quase sumia entre os braços de Kevin e, quando ele a soltou, encarou Henry em confusão.

- Ele não sabia de nada, linda. - esclareceu, coçando a sobrancelha quando sentiu as pontadas em prelúdio à uma dor de cabeça leve.

Charlotte fechou os olhos como se para se impedir de ver o sorriso satisfeito do homem à sua frente, que faltava pular em alegria, e girou em seus pés começando a caminhar para longe deles. Henry riu, ela era realmente péssima em guardar um segredo. Em menos de doze horas duas pessoas de seu círculo já sabiam que eles estavam "juntos", não queria nem imaginar como esconderiam do resto de sua família.

- Ela realmente não é boa em guardar segredos. - Kevin expressou seus pensamentos, rindo quando viu Charlotte quase esbarrar em alguém ao praticamente sair correndo para a saída do prédio.

- Ela fica envergonhada quando deixa escapar algo. - na verdade ela detestava quando ele estava certo, mas resolveu não comentar. Assim que se virou para o amigo, torceu os lábios em seriedade, Kevin notou sua postura e indicou com a cabeça para sentarem à sua mesa. - Então, como anda a compra do carro novo?

- Bem, encontrei um no norte da cidade. - contou lentamente, se recostando na cadeira como se estivessem tendo uma conversa normal.

O Hart se forçou a ficar o mais confortável possível, Rick tinha olhos em todos os lugares e ouvidos altamente potentes. Não duvidava de seu ex chefe aparecer a qualquer momento assim que soubesse de sua presença. Sentiu o pé de seu amigo bater na ponta de seu sapato, esticou uma perna para mais baixo da cadeira e continuou o diálogo.

- E como era? Não, por favor, só não me diga que ainda está fissurado em comprar um carro antigo.

Kevin riu junto com ele, dando dois toques em seu sapato para que Henry levantasse o pé.

- Não, cara, encontrei um modelo mais novo, parece ter sido fabricado por volta dos anos 20.

- Desse século ou do passado? - indagou em ironia, sentindo algo ser arrastado para debaixo de sua sola e logo o escondendo ao abaixar o pé.

- Desse século, eu juro! - prometeu, fazendo uma cruz no peito com o dedo indicador.

Ele rapidamente juntou as peças, rindo enquanto inclinava o corpo e fingia coçar o tornozelo, aproveitando para resgatar o chip longe dos olhares indiscretos. Quando encontrou os olhos de Kevin, soube que era hora de ir.

- Da próxima vez pode me chamar, posso estar te ajudando a não ser enrolado.

Levantaram-se juntos, as risadas leves o suficiente para que ninguém desconfiasse.

- Há, me lembre de novo quem é o policial aqui? - Kevin o empurrou com o ombro, começando a caminhar com ele em direção à saída.

Algumas cabeças se viraram ao andarem para a saída, Henry sabia que sua rápida visita seria um assunto bastante comentando entre alguns círculos daquela delegacia. Porém, Kevin estava atolado de trabalho e Rick o estava sobrecarregando ainda mais com casos e mais casos a fim de impedi-lo de ao menos ir para casa por bastante tempo. Era uma sorte seu amigo ter conseguido mais informações para compartilhar e Henry sabia que não poderia contar com essa boa maré como garantida por mais tempo.

- Boa sorte, cara. - desejou, trocando um aperto de mão elaborado com Kevin.

- Aparece mais e traz a Charlotte também.

Riu verdadeiramente, era arriscado ela nunca mais pisar naquela delegacia ou no mesmo ambiente que Kevin por um tempo.

- Acho bem difícil, ela só conseguiu tirar uns dias de licença, precisa voltar pra Boston no final da outra semana.

- Que merda, Hen. - ele parecia verdadeiramente triste por seu amigo. - Deve ser difícil ficar longe da es...

O interrompeu antes que ele pudesse completar a palavra, o puxando para um abraço apertado antes de sussurrar apressado um "Como você soube?". Kevin se afastou sorrindo de verdade e o deu o dedo anelar, Henry riu e iria falar algo antes de ser interrompido.

- Se comporte de acordo com o seu trabalho, Goldberg. - o ex-chefe de Henry se materializou ao seu lado, o fazendo dar um passo para longe e ser notado antes de conseguir fugir. - Ah, Hart, vejo que os negócios estão indo bem já que está passeando à essa hora.

Henry se forçou a permanecer calmo, encarando o homem mais velho com um leve aceno de reconhecimento.

- Rick, como está indo o processo de aposentadoria?

Quis sorrir quando viu a pálpebra dele tremer, podia apostar que era tanto pelo fato dele o ter chamado pelo primeiro nome quanto por ter mencionado sua eminente aposentadoria para todos escutarem. O que, ah, era segredo, pensou sarcasticamente. Antes que o homem mais velho pudesse falar algo, Charlotte adentrou o local, o som dos saltos de sua bota ecoando e fazendo Henry perceber o quão silenciosa estava a delegacia. A Page parou em seus passos, mas logo começou a caminhar devagar quando reconheceu com quem eles conversavam.

- Olá, superintendente Rick. - o cumprimentou de maneira educada, se colocando ao lado do Hart.

Rick a encarou de maneira crítica, Henry iria se posicionar a frente de Charlotte, mas ela cruzou os braços e ficou a sua frente quando o homem mais velho olhou de maneira desdenhosa para ele. Rick então observou a interação em óbvia surpresa, mas logo a deu um aceno respeitoso e se retirou sem prolongar o contato. Kevin arqueou as sobrancelhas impressionado enquanto seguia Rick com os olhos até ele adentrar a sua sala, então retornou a atenção para Charlotte, rindo levemente histérico antes de indagar:

- Como você fez isso? - gesticulou para trás de si.

Charlotte franziu a testa confusa, apoiando a lateral do corpo contra a de Henry.

- O quê?

- Não recebeu uma palavra envenenada ou uma crítica ácida. - o Hart esclareceu, passando um braço pela cintura dela.

- Ele é assim com todas as pessoas com quem encontra? - perguntou em um tom de julgamento, Henry não poderia culpá-la.

- Ele só gosta do papagaio dele. - Kevin informou, rindo da careta que seu amigo fez.

- Mas ele não fala muito.

- Até porque não tem com quem conversar.

Kevin e Henry riram em diversão enquanto Charlotte os encarava nada impressionada.

- Temos que ir, Hart. - declarou, indicando com a cabeça o interior da delegacia. - Vá trabalhar, Kevin.

- Sim, senhora.

Os dois responderam ao mesmo tempo, mas Kevin bateu continência antes de girar em seus pés e marchar até sua mesa. Henry riu baixinho, sendo arrastado por uma Charlotte divertidamente incrédula para o lado de fora. Assim que colocaram os pés para fora da delegacia, a Page soltou sua mão e sincronizou seus passos enquanto caminhavam para longe. Henry se aproximou um pouco, a empurrando suavemente com o ombro antes de bambear para o outro lado quando ela imitou seu gesto. Charlotte sorriu balançando a cabeça, cruzando os braços em frente ao corpo e diminuindo a velocidade de seus passos. Henry a puxou para mais perto da parede de um prédio, a tirando do caminho dos pedestres quando notou sua inquietação. Conhecia sua melhor amiga há anos para saber que algo a preocupava e que não era apenas a preocupação em encontrar Katia. Com o ombro apoiado contra a parede fria, esperou pelo tempo dela. Mas não demorou muito para ele mesmo se perder.

À luz do sol forte, Henry se pegou observando Charlotte com cuidado e atenção. Ela estava vestida com uma calça jeans levemente folgada, mas que mostrava seu corpo de uma maneira linda. A blusa listrada em laranja e preto realçava o tom de sua pele trazendo a atenção para seus olhos brilhantes, os quais o encaravam em questionamento. A puxou pela mão para mais perto, não encontrando resistência antes de circundar a cintura dela com o braço livre e entrelaçar seus dedos. Charlotte franziu a testa em indagação, olhando em seguida ao redor para as pessoas que passavam, como se a procura de uma saída, mas quando percebeu que ele não a soltaria, relaxou minimamente em seus braços. Apesar de tudo, ela sorria pelos olhos, mesmo sem seus lábios se movimentarem. Henry não sabia como ela conseguia ser tão expressiva, porém, poderia notar a diversão brilhando nos olhos castanhos de sua esposa há quilômetros de distância. Diversão e um carinho que aqueceram seu coração.

- Vamos ficar muito tempo assim ou você está planejando me contar o que temos até agora?

O tom claramente irônico o fez rir, a puxando para ainda mais perto e obtendo um bufo bem-humorado em resposta.

- O que temos é o início de algo.

Não teve como não rir do revirar exagerado de olhos dela.

- Sério? E o que seria esse algo?

- Você revelou para duas pessoas hoje, querida. - respondeu, rindo ainda mais quando ela abriu a boca em indignação.

- Não, senhor. - negava com a cabeça, cutucando seu peito levemente com a unha do dedo indicador. - Eu deixei sua irmã pensar o que ela quiser e o Kevin é só um bom detetive, apesar de tudo.

- Ele já sabia. - disse, correndo para se defender quando viu a sobrancelha arqueada. - Não contei, juro. Mas é só olhar com cuidado. - virou a mão esquerda, movimentando seu dedo anelar.

Charlotte torceu a boca, pegando sua mão e passando o polegar por cima da meia lua. Henry a observou hipnotizado, desde a suave ruga em sua testa, sinal de que ela estava imersa em um dilema ou problema sem solução aparente, aos lábios entreabertos por onde sua respiração saia em lufadas mornas de ar. Podia jurar que seu coração batia tal qual um tambor em seus ouvidos, um som alto e imponente que chamaria a atenção de Charlotte a qualquer instante. Arrepios se espalharam por sua mão, subindo por seus braços e despertando cada nervo de seu corpo ao simples toque dela. Seus cílios tremeluziram, se movimentando ao rápido piscar dos olhos escuros antes desses mesmos olhos subirem para encontrarem seu rosto.

Henry esperou, o brilho indecifrável nos olhos castanhos o sugava como uma mariposa em direção à luz, o convidando a chegar cada vez mais perto antes de ter sua existência tomada por uma supernova de sensações. Charlotte soltou a respiração suavemente, seu corpo se inclinando em direção ao dele, a cabeça tombando para frente, apenas o suficiente para apoiar a testa em sua bochecha. Surpreso com o gesto, demorou alguns segundos para reagir, mas prontamente a envolveu mais forte em um abraço. Com o queixo dela apoiado em seu ombro, sentiu a respiração de Charlotte envolver sua orelha, sentindo os lábios tão perto de sua pele, provocando ainda mais arrepios de antecipação em seu corpo.

- Não sei o que fazer, Hen.

A confissão veio carregada de angústia. Ele não a culpava, nunca a julgaria por não saber como conciliar seus sentimentos. Ela havia o apoiado tanto durante tantos anos, em meio a suas dúvidas e receios, era a sua vez de permanecer ao lado dela enquanto ela o permitisse ficar. A abraçou mais forte, murmurando uma proposta enquanto fechava fortemente os olhos para se impedir de ter um vislumbre do mundo à sua volta.

- E se... apenas formos nós por alguns dias?

Não queria pensar no momento em que teria que dar adeus à Charlotte por mais tempo. Naquele instante ele a tinha em seus braços, sentindo seu corpo quente e vivo contra o seu e era tudo o que importava.

- Eu não posso ficar. - afirmou em frustração. - E você não pode ir.

- Não estou te pedindo para largar tudo, Char. - quis deixar claro, ele nunca a faria escolher entre ele e seus sonhos.

- Mas como isso pode funcionar? Não posso pedir para que você largue tudo. - declarou, se afastando para que pudesse olhá-lo. - Seu emprego... caramba, Henry! Você começou agora, está construindo uma carreira, um futuro incrível e não posso simplesmente te pedir para largar tudo e ir para Boston comigo. - seus olhos brilhavam pelas lágrimas não derramadas e ele sentiu seu nariz pinicar e sua garganta dar um nó em prelúdio ao seu proprio choro. - E-e se você não gostar de lá? E se perceber que nosso o que seja não vale a pena? E se...

- Ei, ei, ei. - a puxou novamente para os seus braços, beijando sua bochecha antes de aperta-la fortemente. - Está tudo bem. - a sentiu negar contra si, piscou rapidamente para espantar as lágrimas que queriam cair e declarou firmemente. - Char, está tudo bem, amor. Nada precisa ser decidido agora. Nada.

- Mas precisa sim, sempre irá precisar.

- Não agora. - repetiu, beijando seu pescoço antes de se afastar e observar a expressão preocupada adornando seu rosto. - Não nesse exato momento. Vamos ser apenas nós e pensar no futuro depois, tudo bem?

Charlotte sustentou seu olhar, um brilho de descrença passou rapidamente por seus olhos, mas logo ela inspirou profundamente e soltou o ar devagar.

- Certo. Tudo bem. - cedeu a contragosto, levar a vida sem um plano era quase incompreensível para ela. Se retirou de seus braços e chacoalhou o corpo antes de afirmar. - Vamos acabar com aquela mulher primeiro, mas depois conversaremos sobre isso.

Sorriu do dedo apontado para ele, o pegando entre o indicador e polegar, inclinando-se para frente ao declarar orgulhoso:

- Essa é a minha esposa.

- Calado. - retirou sua mão da dele, franzindo o nariz e retornando a caminhada.

Ele a viu tentar esconder um sorriso, o que fez rir suavemente. Charlotte o encarou de soslaio, o acotovelou, rindo quando o escutou resmungar em falsa dor, e correu para longe quando ele tentou agarrá-la. Henry prontamente a perseguiu, conseguindo alcançá-la em poucos passos, envolvendo a cintura dela com seus braços enquanto caminhavam em direção ao ponto de ônibus.

□ □ □ □ □

Charlotte franziu a testa enquanto tentava descobrir uma conexão nos pontos de ataque de Katia. Nada fazia sentido, a mulher parecia estar atacando de forma aleatória, sem escolher um perfil para suas vítimas ou um horário que batesse com o calendário Maia. Ela havia mudado seu modus operandi e a Bolton lutava para conseguir encontrar algo que ligasse todas as vítimas e os permitisse chegar mais perto de encontrar o paradeiro dela e acabar de uma vez por todas com aquele jogo idiota. Sua última vítima era uma criança de treze anos. Era sádico e cruel tirar a vida de qualquer pessoa em qualquer idade, mas em uma idade tão nova era arrancar tanto de alguém que ainda não tinha noção do quanto poderia fazer e ser.

- Nada ainda? - Henry sentou ao seu lado no sofá da sala, colocando uma caneca de chá quente em suas mãos quando ela se recostou no móvel.

Charlotte cantarolou contente quando sentiu o gosto doce da hortelã em sua língua. O calor do chá se espalhou por seu corpo, a envolvendo como um suave cobertor de lã em um dia frio. Virou o corpo para ficar de frente para Henry, que bebia contente uma caneca de chocolate quente com mini marshmallows.

- Ela está diferente, Hen. Todo o seu método, esse sadismo cruel. - voltou a atenção para a foto que preenchia a tela do notebook.

A imagem da cena do crime fazia seu estômago embrulhar e um frio incômodo se espalhar por seu corpo. Levou a caneca novamente à boca, esperando que o calor do chá a fizesse se sentir melhor.

- A raiva.

O sussurro de Henry a fez virar a caneca, encontrando seu melhor amigo observando a imagem com um olhar perdido.

- Sim. Dá para ver que ela fez eles implorarem antes de retirar sua vida... sua alma.

A raiva que sentia por ela ainda borbulhava como lava em seu peito. Katia se sentia no direito de tirar a vida em um estalar de dedos. Ela reinava em seu próprio reino de medo e miséria, tomando forças do desespero alheio e se divertindo as custas do sofrimento dos mais fracos. Se Charlotte pudesse, não, quando ela colocasse as mãos naquela mulher...

- Nós vamos conseguir detê-la novamente. - Henry interrompeu sua linha de pensamento, apertando seu joelho de maneira carinhosa.

A Page respirou fundo, resmungando contra o líquido morno.

- Espero que sim. Espero muito que você tenha razão. - tomou um gole, piscando lentamente na direção dele. - Só quero que tudo isso acabe.

Henry assentiu, bebendo sua própria bebida, esticando o braço para apoiar a mão em seu outro joelho. Charlotte encarou a cena familiar com surpresa, era tão fácil apenas sentar ao lado dele, cada qual com sua caneca, e receber um carinho recíproco enquanto olhavam para a tela desligada da televisão.

- Hum, você recebeu uma mensagem do Jasper?

Franziu a testa quando tentou lembrar da última vez que havia falado com seu outro melhor amigo. Jasper estava viajando para uma ilha paradisíaca rumo a uma convenção de amantes de caracóis, mas ele já deveria ter retornado.

- Não. - respondeu receosa.

- Já faz alguns dias que ele me enviou algo.

Tentou não se preocupar, Jasper deveria estar bem, mas logo lembrou que:

- Ele parou de me mandar os vídeos de gatinhos...

- E dos bebês gordinhos caindo.

- Isso é estranho.

- Vou tentar falar com ele. - avisou, pegando o celular da mesa de centro, porém, congelou assim que ligou a tela. - Hum, isso não é um bom sinal.

Charlotte se inclinou curiosa sobre ele, arqueando as sobrancelhas em descrença e se sentindo ligeiramente envergonhada quando observou o aparelho.

- Eu sou seu plano de fundo? Por que diabos você me colocaria como seu plano de fundo?

Henry riu, se inclinando para beijar sua testa.

- Bem, porque um, você é linda. - seu sorriso aumentou quando ela franziu o nariz. - E dois, você é minha esposa.

- Você é terrivelmente brega, Henry Hart. - resmungou após o tom enjoativamente doce que ele usou.

- Só por você, Charlotte Page-Bolton. - murmurou alegre, porém, logo sua preocupação retornou. - Mas a Piper me mandou uma mensagem pedindo para não surtar, o que significava que ela aprontou algo.

Comentou enquanto clicava na notificação. Assim que a janela de mensagem abriu, os dois se viram de boca aberta em descrença quando a foto que Piper havia enviado carregou completamente. Charlotte retirou a caneca da mão de Henry com cuidado, colocando ao lado da sua em cima da mesa enquanto tentava processar o que sua melhor amiga havia acabado de fazer. Nem Bysh poderia tê-la surpreendido daquela maneira, e olha que já tinha presenciado a mulher fazer coisas inominaveis em um curto período de tempo.

- E-ela... - gaguejou, entregando o celular para Charlotte antes de cobrir o rosto com as mãos e soltar um grito abafado. - Que merda ela tem na cabeça?! - perguntou descrente, levantando-se em um pulo e começando a caminhar ao redor da sala, os braços e movimentando completamente em agitação. - Ela não pode fazer isso, Char! Não pode simplesmente casar com a porcaria desse cara e me enviar uma foto pedindo pra eu não surtar! Como é que eu não surto?!

- Hen. - tentou chamá-lo, mas o Hart estava em seu próprio looping de raiva. Girou o corpo, se ajoelhando no sofá para vê-lo melhor. Cruzou os braços acima do encosto e esperou que ele descarregasse toda a sua frustração.

Andando de um lado para o outro, Henry torcia as mãos, as levando em direção aos fios enrolados, os puxando em nervosismo antes de passar uma mão pelo rosto.

- Ela não podia ter feito isso. - afirmou, parando um segundo para olhá-la antes de retornar em seus passos. - Como assim ela resolveu simplesmente casar e não me falar nada? Ela teria mantido isso em segredo e só contado quando fosse comemorar as bodas de ouro ou quando tivesse um bebê?! - parando abruptamente, levou uma mão ao coração. A cor sumindo de seu rosto em uma velocidade que a preocupou. - Caramba, Charlotte. E se ela estiver grávida desse babaca?

Se aproximou aterrorizado, o que quase a deu pena, mas ela apenas o encarou de olhos cerrados, ele não possuía moral alguma para ficar com raiva da irmã.

- Estamos casados, Hart. - o lembrou, o tom seco de sua voz o fez encará-la levemente indignado. - Há dois anos. - completou, levantando-se para dar a volta no sofá. - Se recomponha e ligue para ela.

- Mas, Char...

- Sem mas, agora.

Henry soltou a respiração em um suspiro, o que a fez torcer os lábios para impedir o sorriso divertido que queria escapar de seu corpo. Ele era tão infantil às vezes, mas mesmo assim a obedeceu e ligou para Piper. Balançando a cabeça com um olhar que dizia "Satisfeita?", virou as costas antes que ela pudesse reagir e caminhou em direção ao seu quarto. Charlotte riu levemente, desviando a atenção para seu celular que vibrava em cima do sofá. Pegou o aparelho e xingou baixinho quando leu a mensagem.

"JAS-LOVE

Estou indo ver o Hen
Alguma chance de conseguir uma folga e nos encontrar lá? ; )"

Eles deviam ter falado o que estava acontecendo para ele, tinham feito uma promessa enquanto crianças de que nunca mais esconderiam nada um do outro. Charlotte prontamente se sentou péssima, os segredos que guardavam do seu melhor amigo o fariam chorar, tanto de felicidade, porque o conhecia muito bem para saber que ele iria surtar, quanto de decepção, porque Jasper tinha um dos corações mais moles e amorosos que ela conhecia. Quando Henry parasse de gritar com Piper e escutasse o sermão de sua irmã mais nova, que com toda a certeza viria em algum momento, ela sentaria com eles e discutiria como contar para Jasper o que já deveriam ter dito há dois anos. Por enquanto tentaria retornar a sua investigação e descobrir uma forma de impedir o próximo ataque de Katia.

~♡~

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