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I

Era uma manhã nublada em Distopya, seus habitantes matinais se preparavam para o dia, levantando-se preguiçosamente enquanto preparavam seus cafés da manhã. Porém, para a população que trabalhava basicamente a noite, era hora de se retirarem para suas casas e dormir o sono dos justos, ou quase. Charlotte Page-Bolton piscava letargicamente, esticando os braços acima do corpo e abrindo a boca em um longo bocejo enquanto terminava de mapear os últimos vilões com quem haviam lutado. Em um pouco mais de duas horas estaria pegando um voo para Swelville, onde passaria o recesso de fim de ano e retornaria para o último ano de sua faculdade em Boston. Distopya era realmente o celeiro do crime e a jovem mulher retornava apenas durante parte de suas férias, se certificando de que seus melhores amigos estavam bem e os enchendo de sermões necessários antes de voltar para a sua nova casa.

Suspirou profundamente quando notou a imagem de Katia Kossova brilhando no canto da tela, a Mulher das sombras, título a quem mesmo se dava, era uma serial killer que estava tirando o sono de todos na cidade. Surgindo durante a noite, ela invocava um ser feito de ossos aparentes e pele em decomposição, parte zumbi parte demônio, para coletar as almas de pessoas em situação de rua e transeuntes que estivessem passando no momento. De forma brutal, a mulher já havia matado quase quinze habitantes, sendo dez apenas no tempo em que Charlotte estava na cidade. Henry não sabia mais o que fazer, nunca conseguiam encontrar a vilã, pois a mesma se escondia em algum lugar de difícil localização, tornando impossível sua captura.

Pelas imagens que havia conseguido, Charlotte descobriu que a mulher utilizava uma espécie de cajado para invocar seu zumbi/demônio pessoal, bastaria apenas quebrar o objeto ou aprisioná-lo na cápsula que ela tinha desenvolvido e pronto, voalá, ela poderia ir para casa sem se preocupar com a assassina em série e suas horríveis mortes. A Page se encontrava tão cansada e frustrada, tanto ela quanto seus amigos precisavam daquele encerramento para conseguirem seguir em frente. Uma futura carreira a esperava em Boston, Jasper voltaria para terminar a faculdade que havia largado após dois semestres e Henry iria fazer... o que Henry faria realmente? Ela precisava ter essa conversa com ele.

Olhou para o lado encontrando seu amigo enrolado em cima de um sofá velho, ele dormia de boca aberta e roncava audivelmente, o que só acontecia quando ele estava extremamente cansado. O Hart passara a noite e a madrugada patrulhando os possíveis locais em que a Mulher das Sombras poderia aparecer, mas não houve sinal de atentado algum, então ele ficou responsável por prender alguns delinquentes e frustrar alguns planos de roubo pelo caminho. Um suspiro profundo saiu por seus lábios ao observar a maneira como Henry se encolhia durante o sono, o franzido de sua testa revelava sua falta de descanso até em meio aos sonhos. Levantou-se da cadeira e se ajoelhou em frente ao amigo, levando uma mão aos fios enrolados em um carinho que suavisou suas marcas de expressões.

Gostaria de poder deixá-lo continuar a dormir, porém, eles teriam um voo para pegar em menos de duas horas e ainda não haviam terminado de fazer as malas. Levantando-se preguiçosamente, Charlotte caminhou até o painel da sala de controle e olhou a hora, eram apenas 6:20 da manhã e... calculou rapidamente, 15 h da tarde do dia anterior no horário do México. Riu levemente quando a informação passou por sua mente, não sabia o motivo, mas logo o riso deu lugar a um ofego e correu para pesquisar uma dúvida que se espalhava como lava por sua mente, despertando seu corpo e restaurando sua energia. Riu alto quando comprovou sua intuição, batendo palmas animadas em meio às gargalhadas.

- Oi? Hum, parabéns pra quem? - Henry acordou atordoado, batendo palminhas enquanto sentava-se em um sobressaltado.

- Parabéns para mim, senhor Hart, que acabei de descobrir onde nossa vilã está! - girou para encará-lo, um sorriso brilhante estampado no rosto apesar de todo o cansaço aparente.

Henry bocejou, esticando o corpo e coçando o olho com o punho, mas logo a informação assentou em sua mente e o fez acordar.

- Como assim? Você encontrou a mulher demônio?!

- Sim, olha. - o chamou, sendo prontamente atendida quando ele correu para ficar ao seu lado. Charlotte então puxou todas as informações das vítimas e começou sua explicação. - Ela ataca em determinado horário, porém, ela é guiada pelo fuso horário do México, ou seja, as mortes seguem um padrão de quinze em quinze horas. O último ataque foi às 17 h de ontem, por isso ela não atacou durante a madrugada. Ela está planejando atacar agora às 8 horas.

- Mas não já vamos ter decolado nesse horário? - indagou confuso, olhando a hora em seu relógio de pulso.

- Por isso procurei por lugares em que talvez ela possa estar e descobri esse templo com arquitetura Maia na saída da cidade. - ampliou a imagem da construção, enviando as informações do local, assim como o endereço, para seus comunicadores. - Eles possuem proteção governamental, não podem ser rastreados ou vigiados. É parte de uma religião que mistura aspectos de várias crenças, mas que segue um fuso horário diferente do de Distopya. Provavelmente ela está lá nesse momento.

Henry a encarou um tanto cético, alternando o olhar entre ela e o monitor à sua frente.

- Então é só chegar lá e tirar aquela mulher lá de dentro? Simples assim?

- É para ser. - deu de ombros, não deveria ser tão difícil agora que sabiam onde ela estava. - Vamos! Não quero perder esse voo.

- Mas e o Jasper? - ele o parou em meio ao início de uma corrida, a segurando pelo braço e a virando para ele.

- Pedimos para ele nos encontrar lá. - respondeu, se soltando de seu aperto e começando a caminhar de costas, a atenção fixa no Hart enquanto continuava a fala. - Minhas malas já estão prontas e as suas é só jogar tudo dentro como você sempre faz.

Henry abriu um sorriso levemente incrédulo, apressando o passo para ficar mais perto dela.

- Que atencioso da sua parte, querida.

- Eu tento, meu bem. - piscou um olho para ele, sorrindo agitadamente ao declarar. - Agora vamos acabar com aquela vadia.

Henry riu alto quando Charlotte praticamente pulou para fora da sala, correndo animada para finalmente se verem livres da vilã. Não a culpava, tudo o que queria era livrar Distopya de um ser como aquele e voltar para casa para desfrutar de um merecido descanso antes do mais novo capítulo de sua vida começar.

°°°°°

Parados em frente a um imenso templo, o Vigilante e a Mecânica observavam com cautela o local. A construção ficava afastada dos prédios e pequenas casas que faziam parte daquela rua, com a grande área verde ao redor do templo, quase parecia que eles estavam em outra dimensão. A paisagem era tão diferente do resto da cidade, árvores frondosas davam a volta no templo, quase como se servissem de muro, vasos de flores ladeavam os dois lados da escadaria, a dando um ar acolhedor e ao mesmo tempo imponente. Era lindo e inacessível, Charlotte estremeceu levemente, tanto por conta da brisa fria que atravessou seu corpo quanto pela sensação de que algo estava errado. Henry empurrou seu ombro levemente, puxando sua atenção e indicando a construção com um aceno de cabeça, ela estalou o pescoço e disse decidida:

- Bom, vamos lá.

Correram em direção à entrada, subindo a escadaria rapidamente e com determinação, mas, antes de chegaram às portas da frente, um campo de força os jogou para longe, os arremessando com força suficiente para acionar o próprio campo de força de Henry. Ele caiu de costas contra o concreto ao pé da escadaria, rolando o corpo para à esquerda e servindo de apoio para Charlotte antes que ela atingisse o chão. Com um gemido alto, o Hart se encolheu quando o cotovelo da mulher atingiu seu estômago, a Page prontamente rolou para longe dele, levantando-se em um salto e olhando irritada para o templo.

- O que foi isso?

Henry respirou fundo, sentando-se enquanto esfregava o estômago dolorido. Charlotte gesticulou para ele se levantar rápido, o que ele fez, mas resmungando inconformado com a falta de preocupação por parte dela. Com um único arquear de sobrancelha ela o calou, mas com a boca torcida ficou ao seu lado, dando leve tapinhas em seu braço em um consolo que o fez revirar os olhos.

- Eu não faço a mínima ideia do que aconteceu. - Henry falou, inclinando-se em direção à ela.

Antes de Charlotte abrir a boca para tecer suas considerações, um homem alto e careca surgiu em sua linha de visão. Ele caminhava despreocupado em direção à eles, sua túnica de veludo vermelho arrastando contra a calçada, as mãos cruzadas em frente ao corpo e os olhos escuros atentos à eles.

- Vocês não possuem autorização para entrarem aqui. - apontou para o templo assim que se aproximou, porém, mantendo uma distância segura dos dois. - Apenas pessoas unidas em matrimônio podem ter acesso ao templo.

- Quem é a pessoa louca que resolveu casar com a Katia demônio? - Henry deixou escapar, notando a contração de desgosto no rosto do senhor estranho.

Charlotte respirou alto, lançando um olhar de advertência para o amigo que balançou os ombros em pouco caso. A Page se segurou para não bater no homem naquele instante e voltou sua atenção para o provável morador do templo.

- A senhora Kossova é viúva, nosso templo sempre vem ao auxílio de quem precisa.

A Page estreitou os olhos para o homem, dando um passos a frente quando o confrontou.

- Ela é uma assassina, matou muitas pessoas que precisavam de ajuda, pessoas que poderiam ter tido um futuro melhor.

- Seres humanos são perenes, não podemos esperar por uma vida eterna. - declarou calmamente, a observando atentamente.

- Então ela possui a liberdade de tirar a vida de quem quiser, mas nós não podemos detê-la? - gesticulou para os dois, balançando a cabeça em incredulidade quando percebeu que estava correta.

- O mundo é injusto.

- Assim como a sua religião!

- Charlotte. - Henry interviu, a puxando pela mão para longe do homem, os dois estavam cansados, mas iniciar uma discussão em frente ao templo não os ajudaria em nada.

- Não, Henry! Ele está protegendo uma assassina.

- Ele está protegendo o templo. - queria que ela entendesse aquilo e sabia que ela possuía noção disso.

Charlotte puxou sua mão da dele, o dando as costas e começando a caminhar para longe. Henry a observou preocupado, a tensão em seu corpo era perceptível à distância, eles precisavam parar aquela mulher e logo, sua amiga estava se perdendo em meio aquela missão. Olhou de volta para o homem estranho que permanecia no mesmo local, ele os observava com uma certa distância, seus olhos eram atentos e velhos, pareciam ter visto muito, mas ao mesmo tempo preparados para continuar a ver. Balançou a cabeça para clarear seus pensamentos, dando alguns passos para ficar mais perto dele.

- Não há maneira alguma dela sair?

- Ela sabe que estão aqui. - informou, desviando o olhar levemente para a imponente construção. - As proteções avisaram.

- Precisamos tirar o cajado dela.

- Eu sei. - confessou, o surpreendendo antes de continuar. - Mas ele a escolheu.

Agora aquela era uma informação que pelo visto o mago estranho não sabia. Se inclinou para mais perto, mantendo o tom da voz baixo quando perguntou:

- Tem certeza? Você possui a total certeza de que ele não foi roubado? - notou uma sombra de dúvida passar pelo rosto dele e viu ali a sua oportunidade. - Olha, aquele cajado estava em um museu, muito bem protegido e selado em uma caixa com proteções contra pessoas como ela. - apontou para o local, se sentindo ser analisado pelo senhor a sua frente.

- O templo não os deixará entrar.

Henry respirou fundo, é claro que ele não deixaria. Levou as mãos ao rosto, se escondendo brevemente do olhar sábio do estranho quando o deu as costas, não havia muito mais o que eles pudessem fazer. O que era injusto com todos a quem jurou proteger durante seu tempo em Distopya. Aquele mulher iria matar e iria adorar cada segundo da liberdade para fazer aquilo. Ela não apenas coletava almas, mas também sangue, no momento em pequenas quantidades, porém, não pagaria para ver se ela seguiria nesse rumo ou não. E, para constar, ele teria que cancelar outra viagem para casa, passar mais um ano longe de sua família. Ficaria sozinho novamente, pois mandaria Charlotte e Jasper embora, eles mereciam aproveitar as festas com suas famílias. Porém, sabia que seria uma luta e teria que pedir para seu melhor amigo arrastar Charlotte para dentro daquele avião.

Que grande merda! Xingou mentalmente, não havia solução, não conseguia encontrar uma saída! Só poderiam entrar no templo se...

- E se...

Parou sua fala, girando em seus pés para encontrar o senhor estranho com um pequeno sorriso nos lábios. Era isso, essa era a solução! Correu animado até Charlotte, notando o quão irritada ela estava apenas pelo sons que fazia, algo entre resmungos e grunhidos de insatisfação que o fizeram hesitar momentaneamente, mas eles não possuíam tempo para hesitações, a contagem regressiva estava quase no fim.

- Char, precisamos entrar. - chamou a atenção dela, levantando as duas mãos em frente ao corpo em um sinal de calma.

A Page franziu a testa, o encarando como se ele tivesse dito algo ridículo.

- É claro que precisamos. Estou tentando buscar uma solução. - balançou o celular em sua mão, parando o momento para encará-lo desconfiada quando Henry começou a dar passos lentos e comedidos em sua direção.

- Existe apenas um meio. - falou calmamente, baixando sua mão que segurava o celular e envolvendo seu pulso delicadamente.

A mulher estreitou os olhos para ele, os lábios apertados em uma linha fina e a cabeça começando a balançar em recusa.

- Até onde eu sei você não está planejando se casar nesse momento e muito menos eu.

- Bem...

- Henry Prudence Hart, não! - se desvencilhou dele, dando alguns passos para trás, o celular fortemente apertando em sua mão. - Não!

- Charlotte.... - tentou novamente, se aproximando enquanto ela dava passos para longe dele.

- Sem Charlotte para cima de mim, eu não vou me casar com você.

- Ei! - gritou magoado, mas logo retornou seu foco. - Nós precisamos tirar ela de lá! Não podemos sair e deixar a cidade nas mãos dela e você sabe muito bem disso. - apontou com raiva, eles não tinham muito tempo. - Aquela mulher é perigosa e vai ficar ainda mais confiante com o tempo.

Charlotte fechou os olhos fortemente, forçando sua respiração a regular. Era a porcaria de um casamento que Henry estava propondo, mas sabia que ele estava certo. Porém, ainda sim...

- Mas... mas... é a porra de um casamento, Hart!

Henry esfregou o rosto com as duas mãos, inspirou fundo e soltou o ar lentamente, um deles precisava manter a calma.

- Prometo que ninguém vai saber. - garantiu, fazendo o sinal de cruz acima do coração. Sorriu minimamente quando ela o encarou desconfiada. - Apenas nós e aquele senhor estranho.

Charlotte respirava com dificuldade, o que a fez levar uma mão ao coração, sentindo as batidas descontroladas tal qual sua mente. O pior de tudo era que Henry estava certo, eles não poderiam partir e deixar Katia com um banquete em mãos. Ela era má e sádica, um dos piores vilões que eles já tiveram o desprazer de conhecer. Ela iria torturar e matar quem estivesse ao seu alcance e aquela era a sua única chance de para-lá de uma vez por todas. Olhou para o enorme templo feito em pedra clara, a construção se destacava contra o céu nublado e carregado, era imponente e fazia seu peito apertar em angústia. O senhor mais velho esperava pacientemente ao pé da escadaria, os observando com tranquilidade e com uma calma que a enervava. Voltou a atenção para Henry, seu melhor amigo que a encarava em claro desespero. Eles possuíam pouco tempo, Katia poderia estar fugindo a qualquer instante, logo seu senso de preservação apitaria e ela não confiaria na segurança daquele lugar.

Fechou os olhos fortemente, não era tão complicado, apenas dizer sim e eles poderiam ir embora. Apenas diga sim, Charlotte, diga sim e esqueça toda essa loucura quando voltar para casa. Ninguém precisaria saber, eles se casariam apenas na palavra. Porém, as palavras possuíam poder e parte dela acreditava que seu sim mudaria tudo por completo. Abriu os olhos com cuidado quando sentiu uma mão quente e calejada envolver a sua livre, encontrou os olhos castanhos de Henry, olhos que refletiam seu medo e receio. Não estava só, era o que a confortava. Eles estavam fazendo isso juntos e era apenas mais uma parte do plano. Diga sim e se livre de uma assassina demônio. Simples assim. Simples de mais para o gosto da Page.

- Argh, tudo bem. - concordou, o cortando antes dele começar a comemorar. - Mas esse assunto morre aqui.

- Prometo. - beijou as costas da mão dela, logo a puxando em direção ao senhor estranho. - Estamos prontos.

- Tudo bem. Se aproximem. - os incentivou a chegarem mais perto, então os posicionou um de frente para o outro. - Deem as mãos, isso. - antes de fechar os olhos os encarou com um ar risonho. - Respirem fundo, vocês estão muito nervosos.

- Há, por que será? - Charlotte resmungou irritada, provocando uma pequena risada de Henry.

Logo suas mãos entrelaçadas foram envolvidas por uma linha dourada, Charlotte abriu os lábios em surpresa e Henry arregalou os olhos em animação. Aquilo era incrível! Pensou o Hart, se forçando a concentrar-se nas palavras incompreensíveis do ministrante. A linha se enrolava ao redor de seus pulsos, dando voltas intermináveis, dançado em meio às palavras do mais velho.

- Agora, seu votos. - declarou, ainda de olhos fechados e com as mãos abertas estendidas sobre as deles.

- Meu o quê?

- Hum?

Os dois encararam o homem em uma confusão beirando ao pânico.

- Seu votos. - repetiu tranquilamente. - E aconselho a irem rápido.

- Hum, bem, você começa? - Henry encarou a amiga que com apenas um olhar expressou sua opinião. - Certo... eu começo. - resmungou, mas logo arranhou a garganta e falou em voz alta. - Charlotte Page-Bolton, prometo respeitá-la, acalmá-la, apoiá-la e... Hum, já vai.

- Henry. - chamou sua atenção de forma irritadiça quando o silêncio dele durou mais do que o desejado.

- Certo, tudo bem, lá vai. - riu suavemente quando notou o quão tensão ela estava. - E protegê-la durante os meus dias e além.

Charlotte se viu sorrindo incrédula antes de começar seus votos, mal conseguia acreditar no que estava fazendo naquele instante. Inspirou fundo quando sentiu dois apertos seguidos em suas mãos, relaxando minimamente ao toque do Hart.

- Henry Prudence Hart, prometo respeitá-lo, acalmá-lo, apoiá-lo e orientá-lo durante os meus dias e além.

A luz emitida pelo fio dourado se intensificou, parecia pulsar em vida, como se imitasse as batidas de seus corações. Mal escutavam o homem enquanto observavam fascinados o movimento contínuo da linha.

- Henry e Charlotte, aceitam ao outro como seu companheiro a partir de hoje e enquanto seus corações baterem?

Era hora do sim, Charlotte levantou o olhar para encontrar o de Henry. Os olhos castanhos brilhantes fizeram seu coração parar uma batida, o mundo ao seu redor desapareceu por completo e apenas a presença de Henry a manteve no presente. Abriu levemente os lábios, mas as palavras não saíram. Parecia que assim que abrisse a boca e proferisse sua resposta, tudo mudaria e não sabia se estava preparada para isso. O Hart apertou novamente suas mãos unidas, dando um passo para mais perto dela, sentindo seu coração acelerar e se acalmar perante o simples olhar de Charlotte Page. Os dois se encararam por mais alguns longos segundos, a respiração presa na garganta e o corpo coberto por arrepios de antecipação, a palavra saiu simples por seus lábios, sincronizadas tal como as batidas de seus corações.

- Sim.

Henry riu apesar do nervosismo enquanto Charlotte o observava com a boca aberta em surpresa.

- Jinx! Você me deve um coco!

Gritaram ao mesmo tempo, soltando pequenas risadas, mas sendo interrompidos por um arranhar de garganta. Voltaram a atenção para o morador do templo que se encontrava de olhos abertos e com a expressão sempre solene.

- Pelo poder que possuo, os declaro unidos em matrimônio.

A linha foi dissolvida, uma suave queimação se espalhou desde seus dedos anelares, subindo por seus braços esquerdos e terminando em uma suave palpitação. Charlotte soltou rapidamente as mãos de Henry, torcendo as suas próprias enquanto evitava o olhar do melhor amigo. Focou sua atenção no homem mais velho, mal notando o quão desconfortável o Hart estava ao seu lado.

- Pronto? - perguntou desconfiada, dando um passo em direção à escadaria.

O homem misterioso apenas deu um breve aceno de cabeça e respondeu solenemente:

- Pronto.

- Não precisamos fazer mais nada, certo? - Charlotte precisava ter certeza.

Henry passou à sua frente, começando a subir os degraus.

- E se corrermos até lá vamos passar? - ele perguntou alto quando estava quase na metade do caminho.

- Certamente. - declarou o senhor.

- Sem quicar de volta?

Henry quis ter certeza, recebendo um suave aceno em reposta, o que pareceu ser o suficiente para Charlotte, a qual retirou uma adaga do bolso interno do casaco e se pôs a subir os degraus rapidamente.

- Ótimo. Vamos acabar com aquela cobra.

Henry a observou correr em direção à entrada, adaga em punho e um olhar assassino no rosto. Não teve como conter a risada quando trocou um olhar com o velho senhor. A indicou com a cabeça ao declarar alegremente:

- Essa é a minha esposa.

- Henry!

Um pequeno sorriso surgiu no rosto do homem mais velho quando viu o Hart correr apressado em diração à Charlotte. Em seus quase duzentos anos de vida nunca havia realizado um casamento tão diferente, mas possuía um bom instinto em relação aos dois. Talvez demorasse um pouco para que eles mesmos percebessem, mas as promessas estavam lá, atreladas aos seus destinos e crescendo aos poucos em seus corações. Dando meia volta, começou a sua caminhada matinal, eles lidariam bem com Katia, livrando o templo de sua presença obscura e o dando um pouco de calma ao fim de tudo.

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