Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

「𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒𝑠」


"setembro, 2023"

Lucy tinha sua atenção voltada para a tela do computador enquanto digitava algumas frases com sua mãe. O vento frio passou pela janela a fazendo se levantar em direção a mesma para fecha-la.

- Você deveria aprender a usar a porta da frente, não a temos à toa. - Disse fechando as cortinas.

- E você iria querer que eu matasse seu pai? - A pessoa se apoiou na cômoda olhando o porta retrato com a foto do pai de Lucy.

- Às vezes você até parece estar falando sério. O que faz aqui tão cedo?

- Como está ocorrendo o que planejamos? - Sua voz soou um pouco grossa próxima ao pescoço da menina. - Já que você parece estar demorando.

- É difícil se aproximar do Baldrick. - Olhou para a convidada. - Estou tentando ficar mais próxima dele nas aulas, mas ele esta com um brinquedo novo.

- Não desperdice meu tempo. - Apertou os ombros da garota que se levantou indo a uma gaveta da cômoda. -  Eu não quero ficar esperando por isso.

- Eu já lhe disse, tenho tudo sobre controle! - Levou uma foto do rapaz com seu novo brinquedo para a mulher. - Por favor confie em mim Tayla.

Tayla era um demônio ardiloso que havia recrutado Lucy para um plano suicida utilizando o desejo mais inescrupuloso de sua alma. A vida eterna. Uma promessa de que se a loira atuasse como um peão em seu jogo, lhe daria aquilo que tanto ansiava.

Não era difícil para a Addams mentir, interpretar e fingir. Havia feito isso no acidente de Pipper, ou melhor, falso acidente. Pipper começara a desconfiar dos sumiços repentinos da garota nas reuniões do grupo de amigos e resolvera segui-la numa noite fria de outono, porém não contara que veria sua amiga de infância conjurar o demônio de uma mulher que surgindo das sombras a fizera gritar de horror.

Lucy não a deixaria estragar seu plano, fingiu ser a vítima perfeita, a convencendo a fugir junto a si para longe da criatura, alegando estar sendo obrigada a obedecer suas ordens em troca da segurança daqueles que amava, mas antes de subirem no veículo fora drogada e sem controle dos próprios atos virou o volante na direção errada causando o acidente.

Dissera aos policiais que havia tentando persuadir a amiga a não beber e que ela perdeu o controle, mas tudo fora falso desde o inicio. Havia dado sua amiga de infância de bandeja para o demônio, pelo prazer amargo de poder se tornar uma imortal ao decorrer do tempo. Mas isto custou caro para Lucy, seus pesadelos se tornavam mais frequentes e desta vez sua família corria risco.

O pacto que fizera com Tyla corrompera sua alma e aos poucos o seu desejo pela imortalidade era substituído pelo medo, pelas alucinações, pelos tremores nas mãos e pela constante sensação de perigo.

A loira achava estranho como as vezes se sentia perdida mesmo que tudo em seu caminho fosse apenas uma linha tênue traçada por aquela criatura das trevas. Não se lembrava de caminhar mesmo que fosse uma das suas funções básicas, os primeiros passos pareciam se estender por uma eternidade, com um peso além de sua capacidade de suportar.

Talvez seu destino não fosse tão controlável quanto imaginou.

Entretanto isso só lhe tornava o jogo ainda mais atraente. Nunca pedira pela morte de sua melhor amiga, a servidão a um demônio em formato de mulher e um jogo de conquista mortal. Mas ao ver Josie sentada ao seu lado naquela mesa da biblioteca, isso lhe parecia mais um triunfo do que uma situação lamentável.

- Se não é capaz de chegar até ele, - A criatura se aproximou novamente, movendo-se pelas sombras do quarto até que seu timbre de voz se tornasse uma lembrança distante. - que se aproxime de seu brinquedo. 

Lucy engoliu em seco, adorava fazer parte do jogo, e para ela o jogo era sua vida. 

━━━━━━━━━ 𖤐

"no dia seguinte"

- Você acha que seria relevante comentar sobre a exploração do homem a respeito dos nativos africanos? - Perguntou Maggie.

- Não é possível esconder o passado. Ele sempre vem a tona um dia.

Maggie sentiu um pontada em seu coração ao ouvir aquela frase, por um momento pensou na possibilidade de sua amiga estar diferente, mas o pensamento logo fugiu de sua mente quando uma leve brisa vinda da janela sacudiu os fios dourados de sua franja.

- Você esta bem Lucy? - Perguntou preocupada.

- Desculpe, apenas deixei meus pensamentos irem longe demais... podemos comentar sobre sua ideia mesmo. - Comentou a garota voltando sua atenção para a conversa. - Maggie, se me permite perguntar, por que estava na mesa do Baldrick ontem?

- Ah, é uma história chata na verdade, como você começou um dia depois, minha primeira aula de filosofia foi com ele, então precisei fazer algumas pesquisas com ele e por isso me sentei naquela mesa, apenas para finalizar o projeto.

- Então vocês não são amigos?

- Por que? Se interessou nele? - Perguntou vendo a amiga apenas concordar com a cabeça. - Sou mais próxima de Sebastian na verdade, ele faz mais o meu tipo. 

- Você achou o Sebastian Wayne bonito? - Questionou, pensou em um encontro duplo. Se Maggie levasse Sebastian com toda certeza Cassiel o seguiria, seria mais do fácil para que Lucy convencesse a amiga passar um tempo a dois com seu crush.

- Meio impossível não achar né. - Comentou vendo a outra concordar. - Ele só é fechado, bem mais trancafiado nos próprios pensamentos que Cassiel. Porém algo nele ainda chama bastante minha atenção. 

- Pensei que ele fosse gay. 

- Ele é pansexual, o melhor amigo dele me disse. - Rabiscou algumas linhas no caderno para que a professora de história não percebesse que estavam conversando. - Então ainda estou na fila.

- Acha que pode me levar na próxima vez que for almoçar com ele para o seu trabalho de filosofia? - Maggie Lederman deu um sorriso amarelo.

- Pode ser, ele é muito reservado, não sei se vai gostar, mas podemos tentar.

- Reservado? - Mexeu com a caneta rabiscando a folha de seu caderno.

- Sim, só o vi falar abertamente duas vezes, e as duas foram com o Sebastian. - Disse ela guardando seus materiais ao ouvir o sinal tocar.

- Por falar nele, o melhor amigo a quem se referiu era o Lucas Klein? - Ergueu uma sobrancelha, o sinal do intervalo tocou em seguida.

- Uhum. - Concordou levantando.

- E como eles viraram amigos? Há alguns dias quando cheguei na escola pareciam nem se conhecer. - Tentou reprimir a curiosidade em sua voz, mas era quase impossível disfarçar as pupilas dilatadas ao falar com a outra.

- Para ser sincera não entendi muito bem, não é como se ele fosse me contar... não temos esse tipo de intimidade. 

- Nem imagina o que pode ser?

- Pelo que soube os dois rolaram campo a baixo durante a aula de educação física e isso parece que os fez conversar a primeira vez, de la para ca devem ter descoberto gostos em comum, não sei. - Deu de ombros indo para sua próxima aula, deixando a amiga pensativa no corredor.

- Esse garoto não irá conseguir esconder suas intenções de mim, preciso por ele contra a parede. - Comentou para si mesma indo na direção oposta.

"Mas você parece que escondeu muito bem suas verdadeiras intenções." - Comentou Pipper sentada sobre o carvalho escuro da mesa atrás das garotas as vendo atravessar a porta e sumir, mesmo sabendo que não poderia ser escutada por ninguém.

Pipper não sabia como estava ali ou como havia tornado sua existência a uma fúnebre aparição sobrenatural. Estava fadada a seguir Lucy por todo canto até que deixasse de existir, como se algo na sua ex melhor amiga lhe prendesse a um raio de um quilometro. 

Por um lado sabia que estava viva, mesmo que no plano imaterial, mas não sabia como lidar com esse infortúnio. 

Por um longo tempo achou que Samantha seria a chave para tudo isso, já que julgava que a mesma tivesse descendências mágicas ou algum lance espiritual que resultou em sua "estranha morte", mas isso caia por terra quando notou que ela era apenas uma psicopata que se deitava com uma assassina vinda do inferno.

"Nota mental: pedir a todos os parceiros de Lucy que usem um crucifixo e deixem uma bíblia próxima ao transarem com ela", era o que ela repetia para si mesma tentando aliviar a própria dor.

Se levantou seguindo a amiga pelos corredores da escola em direção a qualquer que fosse o destino. Sua alma divagava por seus passos sempre tão carregada, entretanto algo estava diferente naquele dia. 

Parou ao lado da porta de metal do banheiro feminino no piso térreo da escola enquanto a loira adentrava o banheiro. Até que ouviu duas garotas comentando sobre o show de uma banda que visitaria a cidade, entediada a ruiva resolveu se aproximar para ouvir. 

Um garoto de cabelos escuros saia desajeitado da outra porta limpado seu rosto com as mangas de seu casaco esbarrando nela, Pipper caiu no chão desacreditada. O rapaz lhe estendeu a mão a ajudando a se erguer e lhe pediu desculpas, antes que a menina pudesse reagir ele voltou a caminhar rapidamente por entre as pessoas.

- Ele pode me ver? - Seu semblante confuso pareceu se iluminar notando que finalmente sua busca havia terminado. - Ele pode me ver e me tocar.

Saiu apressada pelos corredores a procura do cachecol vermelho, não se importava mais em se separar de Lucy, seu desejo por respostas parecia começar a se resolver, algo parecia leva-la para aquilo que tanto ansiava.

━━━━━━━━━ 𖤐

Saiu a passos largos em direção a aula da qual já estava atrasada, mas isso não o importava. Um tempo depois estava sentado na sala ao lado de Lucas Klein como sempre fizera, quando o professor chegou, o dia estava nublado e lhe trazia divagações que não condizem com a realidade, seria apenas mais um dia nublado a não ser pelo fato de que teria aula de Física, uma matéria odiada pela garoto. 

Ao contrário de seu quase amigo ou "inimigo" Lucas que sempre tirava ótimas notas.

- O que ele pensa que esta olhando? – perguntou Ângelo o notar que Lucy que tinha seus olhos na direção de sua namorada.

- Uma menina totalmente bonita, que só perde para mim é claro. – respondeu se aproximando e tirando sorrisos de Liz.

- Convencida. – Retrucou Liz surpresa vê-la parecer estar tentando se enturmar. Ângelo por outro lado continuava encarando o menino.

- Como se você fosse realmente bonita. Quer dizer, não é das piores - Comentou Lucas dando uma piscadela para Ângelo ao tentar provocar sua amiga.

- Não tem como ser menos idiota garoto? - Comentou a loira sentando-se novamente.

-Está bom anãzinha de jardim, continuando, Ângelo, e eu iremos passar o fim de semana na cabana da flores com meu pai, provavelmente vamos caçar. E meu pai pediu para chamar você Sebastian.

O jovem de cabelos em tom de mel acabara de adentrar a sala jogando a bolsa por cima da mesa ao lado da janela, repousando a cabeça sobre ela enquanto fechava os olhos com um suspiro.  Cassiel sentara atrás dele como de costume na ultima semana, apesar de ter trocado no máximo meia dúzia de palavras com o grupo, todos pareciam ter se acostumado a sua presença intimidadora. 

- Diga que eu vou - acordou do seu falso sono profundo no qual sentia sua bochecha dolorida devido estar contra o zíper da mochila.

- Posso me juntar a vocês? - Perguntou Cassiel na mesa ao lado sentado com Maggie. - Caçar um dos meus hobbies.

Filosofia era a única aula com a qual o horário do pequeno Wayne não condizia com o do seu novo stalker, aula esta que Rafael havia pedido para trocar afim de estar mais próximo do namorado - ou melhor dizendo, ex. Com o espaço vago de um aluno na lista de chamada, fora fácil para que Cassiel cobrasse um favor da coordenadora e colocasse o garoto próximo, assim o permitindo vigia-lo desde o primeiro momento em que colocasse os pés na escola até o momento em que o deixava na porta de casa.  

Lucas precisou esconder o fato de estar surpreso com o pedido, porém mirou os olhos de Cassiel os vendo cravados em seu melhor amigo que dormia na mesa. Pensando estar fazendo um favor que talvez afastasse Sebastian de seu ex psicótico, concordou com o pedido.

- Oi pessoal. - Lucy saudou os dois se sentando ao lado de Sebastian, o que fez Lucas lhe olhar confuso. 

A dinâmica de assentos já havia sido determinada desde a semana passada, visto que era a única aula que o grupo inteiro possuía em conjunto. Cassiel com Maggie, Angelo com sua namorada, Lucas com Lucy, Sebastian com Arzael e por fim Abigail era a única que sobrava e era obrigada a se sentar com outro estudante no córtex frontal da sala após tirar o professor do sério mais vezes do que gostaria de admitir para qualquer olheiro de faculdade. 

- Hey! - Arzael indagou vendo seu lugar ser tomado a força, porém assim que a porta se fechou com a entrada do professor, se contentou em sentar ao lado de Lucas com um sorriso meio a contra gosto. 

- Sr. Wayne me diga sobre o surgimento da filosofia. - Questionou o velho professor que tinha seu avental sujo de molho, começando a riscar a lousa com alguns garranchos feitos com giz branco.

-... - Sentiu sua cadeira ser chutada, então notou o olhar do professor sobre si. Ponderou antes de dizer algo, sabia que de certa forma aquele professor não gostava dele. - Antes do surgimento da filosofia, os gregos não tinham uma forma racional de explicar o mundo, de modo que os fenômenos da natureza pareciam amedrontadores. Foi nesse sentido que criaram a mitologia cuja finalidade era explicar o mundo por meio da fé utilizando-se a figura de deuses, foi assim que surgiu a filosofia na tentativa de tentar entender o mundo através da racionalidade. – Terminou torcendo para estar certo.

- Certo, continue. - Pediu olhando diretamente para ele. 

A sala de aula estava envolta em um silêncio tenso. As paredes desgastadas, cobertas de pôsteres de filósofos e teorias, pareciam observar a troca acalorada. O relógio de parede ticava em um ritmo lento, quase como se estivesse segurando a respiração, junto com os alunos. O cheiro levemente mofado dos livros e a poeira flutuando nos feixes de luz que entravam pela janela conferiam um ar pesado ao ambiente.

— Com isso, a filosofia começou a tomar forma e as pessoas passaram a utilizá-la para explicar eventos que lendas não conseguiam justificar — disse ao professor, com um olhar de desdém, reorganizando seus papéis como se fossem mais importantes que a classe em si. 

- Incorreto. - Ele lançou um olhar duro a Sebastian, que se encolheu.

Lucy ergueu a mão e, sem esperar permissão, rebateu em voz firme. 

— Desculpe a intromissão, professor, mas ele está certo. Só esqueceu de complementar que, no século VI antes de Cristo, algumas pessoas já não se satisfaziam com explicações míticas e buscaram respostas mais lógicas, mais racionais. Se isso estiver errado, sugiro queimarmos nossos livros da escola, pois essa informação está neles.

A sala prendeu a respiração, um murmúrio de surpresa percorreu a fileira de carteiras ao redor. O professor, um homem de barba espessa e grisalha, apertou os lábios em uma linha fina, o rosto avermelhado de irritação, sua expressão passou de surpresa para raiva em segundos.

— Você acaba de ganhar um passe para a diretoria — ele disse, a voz gélida, mas com uma pontada de satisfação. 

Lucy arregalou os olhos, surpresa e indignada, mas antes que pudesse responder, Sebastian interveio, levantando-se da cadeira com um movimento brusco.

— Pelo quê? — Protestou o menino, o timbre da voz elevado, vibrando com raiva. — Por mostrar que estava errado?

Sebastian sentiu a tensão encher seu corpo, a raiva ferver dentro dele. Seus dedos se apertaram ao redor da caneta que segurava, o plástico fino e frágil pressionado com força contra sua palma. A sala inteira ficou em silêncio, o olhar de cada aluno fixo nele. 

O professor abriu a boca, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, o som de algo se partindo ecoou pela sala — a caneta explodiu em sua mão, espalhando tinta por seus dedos e pingando na mesa.

Com um suspiro anasalado olhou para o estrago em sua mão, respirando pesadamente, ainda tomado pela raiva. A tinta preta escorria por seus dedos, manchando-os como uma sombra persistente. O professor, visivelmente chocado, recuou um passo, o olhar agora com um misto de medo e indignação.

— Sebastian, saia. Agora!

Aquilo não lhes rendeu nada além de uma detenção que duraria até a próxima sexta e um discurso sobre modos com a diretora.

- Obrigado por me defender. – Disse ela.

- Não espere que eu vá ser simpático com você. – Comentou o garoto.

- Não, eu não esperava. Só achei que seria legal fazer amizade com o melhor amigo do meu amigo de infância. - Seguiu ele pelos corredores. - Você esta fazendo parte do mesmo grupo que eu, não vejo por que você não pode ser legal comigo.

"Por que você é psicótica" - respondeu Pipper fazendo Wayne se virar para ver a garota alguns metros a frente.

- O que você disse? - Perguntou o rapaz.

- Você não me ouviu? - Indagou a jovem Addams.

- Não você, ela. - Apontou para a ruiva no corredor.

- Quem? Não tem ninguém ali. - Comentou olhando ao redor, Pipper levou o dedo a boca pedindo que o garoto guardasse segredo.

"Não confie nela."

- Eu preciso ir. - Assustado o moreno apressou os passos sumindo da vista delas.

Lucy o viu virar em direção a quadra e reconsiderou seu plano mais uma vez.. Por mais que fosse difícil precisava se aproximar dele se quisesse sequer cogitar tocar em Cassiel Baldrick. 

━━━━━━━━━ 𖤐

Lucas Klein estava sentado na arquibancada do campo de lacrosse, o sol brilhando intensamente sobre a grama verde. Ao seu lado, Sebastian Wayne observava o treino, seu olhar concentrado nos alunos que corriam de um lado para o outro, as vozes animadas ecoando ao redor.

Wayne não estava confortável com todos os olhares que pairavam sobre ele após o breve show. A presença de Cassiel, sempre cercado por uma aura de confiança, apenas acentuava seu desconforto. Embora ninguém ousasse se aproximar, os sussurros sobre o que aconteceria entre eles pairavam no ar, como uma expectativa palpável.

Ele não estava acostumado a ser o centro das atenções, especialmente ao lado de alguém tão popular quanto seu novo amigo. O jovem astro do lacrosse parecia natural ali, enquanto o menor sentia-se como um intruso em um mundo de fãs e admiradores. Ele desviou o olhar do campo, sentindo o calor da vergonha subir à sua face, enquanto a brisa suave tentava amenizar a tensão.

- Você está bem? - perguntou, seu tom casual contrastando com a intensidade da situação. O outro assentiu, mesmo que a ansiedade ainda o consumisse. O campo estava cheio de vida, mas para ele, a única coisa que realmente importava era aquele momento, lado a lado com alguém que lhe causava tantos questionamentos.

Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, lado a lado na arquibancada, enquanto a agitação do jogo preenchia o ar ao redor. O som dos gritos da torcida, das chuteiras correndo sobre a grama e dos apitos dos árbitros criava um contraste com a calmaria que parecia isolá-los do resto do mundo.

— Não sei por que você quis me trazer aqui para cima — o mais novo murmurou quando se afastaram do restante do grupo ao subir o lance de degraus, ainda com o olhar fixo no campo. Ele tentou parecer desinteressado, mas sua voz trêmula o denunciava.

O jogador de lacrosse soltou uma risada leve, mas sem deboche, apenas um resquício de descontração que contrastava com o nervosismo do outro. Ele virou o rosto para o amigo, seus olhos brilhando sob o sol da tarde. 

— Porque eu queria você aqui. Comigo. Isso não é o bastante?

O menor tentou rir para aliviar a tensão, mas acabou desviando o olhar. Sentia seu coração bater mais rápido, as palavras do outro ecoando em sua mente. 

— Não sei... É estranho. Eu não sou como eles, os seus fãs. Me sinto... deslocado.

O jogador inclinou-se ligeiramente para mais perto, seu ombro quase tocando o do amigo. — Talvez eu precise de alguém assim. Alguém que não só grite meu nome ou me veja como... só o jogador de lacrosse.

Ele o olhou surpreso, as palavras do amigo desarmando as barreiras que sempre mantinha. Havia algo na sinceridade daquele olhar que o deixava sem fala, como se, por um segundo, ele pudesse ver além das camadas de popularidade e imagem.

— Você realmente se sente assim? — ele perguntou baixinho, a voz embargada pela emoção inesperada.

O outro assentiu, um leve sorriso melancólico surgindo em seus lábios. 

— Acho que todo mundo se sente perdido às vezes, não é? Mas é mais fácil com você aqui. Porque com você... posso ser só eu.

Eles ficaram em silêncio novamente, mas, desta vez, era um silêncio confortável, cheio de palavras não ditas. Enquanto o jogo continuava a todo vapor, o menor se deu conta de que, naquele instante, ele também encontrara algo especial ali, ao lado de alguém que parecia enxergá-lo além das aparências, que o fazia sentir que talvez, só talvez, ele também pudesse pertencer àquele lugar.

Sebastian respirou fundo, hesitando antes de perguntar. Ele olhou para Cassiel, que parecia estar completamente à vontade, observando o jogo com aquele ar relaxado e confiante. Aquilo só aumentava a sensação de desconforto e insegurança que sentia, como se ele fosse o único deslocado ali.

— Posso te fazer uma pergunta? — disse ele, quase num sussurro, lutando contra o calor que subia à sua face.

Cassiel ergueu uma sobrancelha e sorriu de lado. — Claro, manda.

Sebastian desviou o olhar para o campo, as palavras pesando em sua boca antes de sair.

— Por que... você tá sendo tão legal comigo? — Ele fez uma pausa, e acrescentou, quase num murmúrio. — Não faz muito sentido.

O mais velho de cabelos negros como carvão virou-se para ele, o sorriso diminuindo enquanto a expressão ficava séria, mas ainda suave. Ele pareceu ponderar por um momento, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.

— É difícil de explicar, sabe? — ele começou, olhando para Sebastian com uma expressão que misturava curiosidade e leve desconforto. — Só... sinto que estou sendo condicionado a gostar de você. Como se fosse algo que já estava meio que definido. Como se... fosse natural.

Omitiu a frase que estava na ponta de sua língua. 

"O fio do destino nos uniu."

Sebastian franziu o cenho, tentando entender. 

— Condicionado? Como assim? — Ele perguntou, sentindo a confusão aumentar junto com uma estranha expectativa.

Cassiel riu, um riso sem graça, enquanto olhava para o campo e depois de volta para ele. 

— Não sei explicar melhor que isso. Não parece algo que eu possa controlar, e, pra ser sincero, eu nem quero lutar contra isso. — Ele parou por um instante, os olhos dele fixos nos de Sebastian, a intensidade das palavras criando uma conexão ali, algo que parecia tangível. — Quer dizer, não vou lutar contra esse sentimento... a menos que, sei lá, você prove que é uma pessoa horrível.

A sinceridade de Cassiel pegou Sebastian de surpresa, ele sentiu um aperto no peito, como se aquele instante fosse frágil demais para ser rompido. Mas ele também sentiu um calor reconfortante — um sentimento que, ao mesmo tempo em que trazia ansiedade, o preenchia com uma sensação de pertencimento.

— Eu... acho que nunca me senti assim com ninguém — Sebastian disse, quase sem pensar, deixando as palavras escaparem antes que pudesse se conter. - Nem por Rafael, tudo com ele era rápido, violento, frigido. Não sei se realmente sou um pessoa como as outras.

Cassiel  estalou a língua e travou o maxilar, Sabia que sentiria ciúmes devido ao fio vermelho em seu dedo, então apenas disfarçou e sorriu de leve, os olhos brilhando com uma gentileza incomum. 

— Não ouse dizer esse nome novamente quando estivermos juntos. — Ele deu um leve olhar sob o ombro de Sebastian. — E não se preocupe. Vou te dar o benefício da dúvida até você fazer algo que prove o contrário.

Sebastian baixou o olhar, brincando com o próprio casaco, puxando um fio solto enquanto procurava as palavras certas. Sentia um peso no peito, algo que parecia sempre estar lá, mas que ele geralmente mantinha escondido. Mas, com Cassiel ao seu lado, a presença dele parecia tornar esse peso quase leve o suficiente para dividir e mesmo lutando contra seu instinto, sua boca não parou de tagarelar sobre seus problemas.

— Não sei se sou uma boa pessoa, pra falar a verdade — ele disse, a voz saindo mais baixa do que pretendia. O olhar dele era tão atento que parecia perfurá-lo, mas não de forma invasiva, e sim como se estivesse lhe dando espaço para se abrir.

Cassiel inclinou-se ligeiramente, mostrando uma preocupação silenciosa.Sebastian respirou fundo e continuou, tentando manter o tom controlado. 

— Tenho problemas... com raiva. É como se eu carregasse algo, e às vezes, sem querer, isso explode. É algo que eu odeio em mim, mas que parece sempre estar lá. — Ele fez uma pausa, sentindo a dor da lembrança surgir. — E meu último relacionamento... foi péssimo. Abusivo. Acho que a raiva dele só piorava a minha. Foi um ciclo terrível, me pego pensando em como me deixei ser arrastado por isso.

— Eu imagino como isso deve ser difícil — ele começou, a voz baixa e gentil. — Mas, sabe, a forma como você fala sobre isso... mostra que você não é só o que aconteceu antes, ou o que você sente com essa raiva. Você é alguém que está tentando se conter, a prova disso é essa enorme mancha preta de caneta em sua mão, e isso já conta muito.

O loiro mel assentiu, ainda com um leve sorriso tímido, um pouco mais leve por poder compartilhar isso, mesmo que fosse uma pequena parte da tempestade dentro dele.

- Você leu minha ficha, em outro dia eu possivelmente teria o socado por me desafiar em publico, mas deste vez foi apenas mentalmente. 

Cassiel permaneceu em silêncio, absorvendo as palavras de Sebastian. Ele parecia refletir, o olhar fixo no campo, mas com a mente muito longe dali, nas confissões que acabara de ouvir. A brisa leve fazia seu cabelo balançar, e ele virou-se para Sebastian com uma expressão intensa, quase como se algo finalmente tivesse clareado para ele.

— ... — começou, a voz firme e cheia de uma honestidade quase brutal. — Você sabe que não é só a raiva ou o passado que te definem, certo?

Ele abriu a boca para responder, mas Cassiel continuou, a intensidade de suas palavras aumentando.

— O que aconteceu com Rafael... e toda essa coisa com a raiva, tudo isso... não faz de você uma má pessoa. Todo mundo tem partes escuras, mas o que importa é o que fazemos com elas, o que estamos dispostos a melhorar. E eu... — Fez uma pausa, olhando para ele com uma vulnerabilidade incomum. — Eu realmente acredito que você é alguém que merece ser visto. Mesmo que às vezes você ache que não.

Sentiu um nó na garganta, as palavras de Cassiel cortando fundo, atingindo um lugar que ele geralmente mantinha trancado. Não estava acostumado a ouvir algo tão direto e genuíno sobre si mesmo.

— Ninguém merece ficar preso ao que alguém como Rafael fez você sentir — Cassiel completou, o tom de voz suave, mas firme. — E eu estou aqui pra te ajudar a lembrar disso, se precisar. Prometo que lhe direi o por que gosto de você no momento adequado, mas até la por favor, saiba que não precisa aguentar toda essa onda de negatividade sozinho. 

As palavras do outro ficaram suspensas no ar, reverberando como ecos que lentamente se dissipavam, mas que deixavam uma marca profunda. O garoto inquieto sentiu o peso da promessa e do apoio genuíno que o amigo lhe oferecia, algo que ele raramente, ou talvez nunca, ouvira antes. Ele engoliu em seco, olhando para as próprias mãos, como se tentasse encontrar nelas algum vestígio de força, algum resquício de resposta que pudesse ser digna daquele momento.

Ao seu lado, o jovem atleta manteve-se em silêncio, seu olhar fixo no horizonte, numa tranquilidade que o outro invejava e admirava ao mesmo tempo. As palavras de ambos já haviam sido ditas, e qualquer tentativa de quebrar o silêncio pareceria insuficiente ou irrelevante. As vozes e gritos ao redor, os sons abafados da torcida e o jogo se desenrolando no campo, tudo parecia pertencer a outro mundo, um que os dois, naquele instante, não faziam parte.

O garoto abatido soltou um suspiro longo, como se estivesse libertando um peso que carregava há muito tempo. A brisa fria da tarde roçava seu rosto, e ele fechou os olhos por um breve segundo, sentindo o conforto da presença ao seu lado, uma espécie de tranquilidade que ele raramente encontrava.

 Ainda era estranho para ele aceitar que alguém pudesse se importar sem querer nada em troca. E mesmo que ele ainda não soubesse como corresponder a esse sentimento, ali, ao lado de alguém que parecia enxergar através de suas sombras, ele se permitiu apenas... existir.

— Vamos? — o atleta finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa, gentil, como se respeitasse o peso de cada pensamento não dito. Ao ver o aceno silencioso do outro, ele se levantou, estendendo uma mão, um gesto discreto, mas carregado de significado.

Eles deixaram a arquibancada juntos, descendo os degraus lado a lado, mas não mais como dois estranhos, talvez se considerassem quase amigos. Enquanto caminhavam em direção à saída, o rapaz de temperamento melancólico percebeu que, talvez, tivesse encontrado ali uma luz tênue em meio ao peso de suas próprias tempestades. 

Talvez houvesse mesmo alguém disposto a suportar as sombras que ele trazia consigo.

E, naquele instante, esse pensamento lhe trouxe uma paz inesperada.

━━━━━━━━━ 𖤐

Enquanto Cassiel meditava sobre essa conexão, algo no canto de seu campo de visão chamou sua atenção. Uma jovem ruiva, com um brilho peculiar nos olhos, o encarava de maneira intensa. Havia algo etéreo nela, como se não pertencesse a este mundo, sentiu uma onda de reconhecimento, como se seu interesse estivesse em Wayne.

Assim que seus olhares se encontraram, a jovem fantasma hesitou por um segundo, antes de dar um passo para trás, desaparecendo rapidamente entre as sombras que cercavam o campo. Sem pensar duas vezes, ele se levantou.

Cassiel não olhou para trás; sua mente estava focada na figura que fugia. Ele não podia deixar que ela escapasse. Começou a correr para o outro lado do campo, os pés batendo contra a grama, ignorando os olhares perplexos dos colegas adentrou o edifico do colégio.

- Para onde você vai? - Sebastian perguntou, confuso, tentando entender o que estava acontecendo. Mas ele não parou para responder.

Correu pela escola, seu coração ainda preocupado pela adrenalina da busca. Ele conhecia cada corredor, cada esquina, mas naquele momento, tudo parecia um borrão, não sabia se a ligação do fio o fazia se preocupar excessivamente com o bem estar do parceiro ou se seu lado ciumento era uma característica comum em relacionamentos. Finalmente, avistou uma porta entreaberta, uma sala de aula vazia. Sem hesitar, ele a empurrou, adentrando o espaço silencioso.

As luzes fluorescentes piscavam suavemente, e o cheiro do chão encerado misturava-se ao pó no ar. Fechou a porta atrás de si, seu olhar rapidamente se ajustando ao ambiente, sabia que a jovem ruiva não poderia estar muito longe. Com um foco intenso, ele concentrou seu poder, sentindo a energia vibrar ao seu redor.

- Revele-se! - Ordenou, sua voz firme ecoando nas paredes.

O ar na sala parecia mudar, e, com um brilho suave, a figura da garota começou a se materializar diante dele. Seus cabelos ruivos dançavam como se uma brisa invisível os tocasse, e os olhos dela eram como chamas, intensos e cheios de emoção.

A encarou, avançando em sua direção e a encostando contra a parede.

- Por que você está perseguindo Sebastian Wayne? - perguntou, sua voz carregada de uma mistura de frustração e preocupação. - O que você quer dele?

- O que é você?! - Indagou admirada ao mesmo tempo que o medo a consumia. - Não é o que você pensa. - Ela respondeu, sua voz suave, quase um sussurro. - Ele não pode saber...

Cassiel franziu a testa, a tensão no ar crescendo.

- Não pode saber o quê? - Estralou o maxilar se aproximando dela, sua mão rodeou a garganta da ruiva apertando o suficiente para que ela abrisse a boca.

Ela hesitou, como se pesasse suas palavras, antes de finalmente dizer.

- Você também pode me tocar... o que é você?!

- Um demônio que não reconhece um anjo caído, isto é uma novidade.

Com um movimento rápido, ele a soltou, ela caiu suavemente contra o chão, ainda pairando a alguns centímetros acima dele. Cassiel cruzou os braços, esperando uma reação dela, mas em vez disso, a garota o encarou com olhos intrigados.

— Não sou um demônio — ela afirmou, sua voz tremendo ligeiramente. — Sou uma alma perdida, sem saber onde meu corpo está. Estou tentando entender por que Sebastian pode me ver e tocar em mim. É como se uma parte de mim estivesse presa aqui, enquanto outra permanece em algum lugar distante.

— E você acha que ele pode ajudá-la a encontrar esse lugar? — questionou, ainda cético, mas sua curiosidade aumentava.

A expressão da jovem se tornava mais grave.

— Eu não sei... mas há algo mais importante que você precisa saber. Vocês devem ter cuidado com Lucy Addams. Eu suspeito que ela seja a razão pela qual me transformei nisto.

Cassiel franziu a testa, o nome ecoando em sua mente. Ele conhecia Lucy, sua presença sempre carregava um ar de perigo.

— O que ela fez com você? — perguntou, agora atento.

— Lucy... ela é poderosa, eu fui ingênua. Algo que ela fez me prendeu aqui. Eu não consigo lembrar de tudo, mas eu sinto que ela tem um plano, e Sebastian pode estar no meio disso. Você precisa protegê-lo.

A urgência nas palavras dela fazia o outro sentir um peso maior em seus ombros. Ele não podia ignorar essa advertência, ao mesmo tempo, sentia que havia algo mais a ser descoberto.

— O que você sabe sobre o plano dela? — A pressionou, a determinação crescendo dentro dele.

— Eu não sei todos os detalhes, mas algo sombrio está se aproximando. E se você não agir rápido, pode ser tarde demais para salvar Sebastian — ela disse com a voz embargada.

Cassiel olhou nos olhos dela, percebendo a verdade em suas palavras. Sabia que precisava agir, não apenas por Sebastian, mas também por si mesmo. Se Wayne morresse enquanto o fio do destino estava entrelaçado com o seu, ele também morreria. O destino estava mais entrelaçado do que ele poderia imaginar as consequências para um anjo caído eram ainda maiores.

— A única coisa que lembro é de ver minha amiga, Lucy, conjurando uma demônia chamada Tayla — começou, sua voz carregada de um misto de nostalgia e medo. — Ela prometeu a Lucy a eternidade, depois disso, tudo ficou confuso. Eu acordei no meu quarto, mas não era mais eu. Era apenas... uma sombra, um eco do que eu costumava ser. Ninguém podia me ver, ninguém podia me ouvir.

A história dela estava começando a se encaixar, mas as peças ainda não formavam um todo claro.

— Você não se lembra de como isso aconteceu? O que Lucy fez antes de você se tornar... isso? — ele perguntou, tentando entender como tudo se ligava.

— Não, é como se uma neblina cobrisse minhas memórias — ela respondeu, seus olhos se perdendo na distância. — Tudo que sei é que, de repente, eu estava presa entre este mundo e o outro. Eu não queria isso, não pedi por isso.

— Então, você acredita que Lucy ainda pode estar envolvida? O que ela pretende fazer agora?

— Eu sinto que ela tem um plano maior, ouvi ela comentar algo que envolve mais do que só mim. E Sebastian... ele está no meio disso. Pode ser que ele tenha uma conexão com Tayla que eu não consigo entender completamente — ela disse, sua voz agora cheia de preocupação.

Ele balançou a cabeça, absorvendo tudo.

— Precisamos descobrir mais sobre Lucy e o que ela realmente quer. Se Tayla é um demônio e está envolvida, então as coisas podem ficar ainda mais complicadas. — Ele fez uma pausa, pensando em Sebastian e o perigo que o cercava.

A jovem fantasma olhou para ele, a esperança brilhando em seus olhos.

— Você precisa proteger Sebastian. Ele pode ser a chave para eu voltar a ser quem eu era... e talvez até para derrotar Lucy e Tayla. — O tom dela agora era de urgência.

Cassiel sentiu o peso da responsabilidade crescer em seus ombros. Ele sabia que essa não seria uma tarefa fácil, mas a necessidade de agir se tornava cada vez mais clara.

— Então vamos descobrir a verdade, juntos — ele declarou, decidindo que não apenas Sebastian, mas também a alma perdida merecia a chance de se libertar.

Após o intenso diálogo, Cassiel e a jovem fantasma saíram da sala de aula, avançando em direção ao campo de lacrosse. Eles se moveram com cautela, evitando os olhares dos alunos que continuavam a treinar. Encontraram um canto mais isolado, onde podiam conversar sem serem interrompidos.

— Eu preciso te contar uma coisa — a jovem começou, olhando nos olhos de Cassiel. — Enquanto você emanava uma aura branca e pura, como a de um anjo, eu percebi que Sebastian possui uma aura vermelha, muito mais poderosa. É como se ele estivesse envolto em chamas, e isso me fez sentir algo... diferente..

— O que você quer dizer com "diferente"?

— Quando esbarrei nele sem querer, algo aconteceu. Eu consegui recuperar algumas memórias, flashes de quem eu era antes. Mas, além disso, senti um desejo estranho, um anseio por vingança — ela disse, sua expressão sombria. — Era como se eu quisesse acertar contas com alguém, mas não conseguia lembrar de quem ou por quê.

— Vingança? Contra quem? — ele perguntou, tentando entender a profundidade do que ela estava sentindo.

— Eu não sei ao certo. São apenas fragmentos de memória, sombras que dançam em minha mente — ela explicou, a frustração evidente em sua voz. — Mas a aura de Sebastian me afetou de alguma forma. Eu sinto que há algo nele que me liga ao meu passado e ao que aconteceu.

— Então, você acha que precisamos descobrir mais sobre essa conexão? Não apenas para proteger Sebastian, mas também para entender o que aconteceu com você?

— Sim, exatamente. — Ela acenou com a cabeça, a determinação voltando ao seu olhar. — Se eu puder entender o que está acontecendo, talvez consiga recuperar minha verdadeira essência e descobrir por que estou presa entre os mundos.

Cassiel respirou fundo, a missão se tornando mais clara. Ele sabia que tinha que encontrar uma maneira de ajudar a jovem e proteger Sebastian, mesmo que isso significasse enfrentar a escuridão que cercava a todos eles.

— Vamos trabalhar nisso. Juntos, vamos desvendar esse mistério e encontrar as respostas que precisamos — ele disse, sua determinação renovada.

A atmosfera ao redor deles estava carregada de tensão e expectativa. A jovem fantasma olhou para Cassiel com uma expressão de seriedade.

— Há algo mais que eu preciso te mostrar — disse ela, estendendo a mão. Um leve brilho emanou do seu dedo, e Cassiel notou um fio branco que se estendia dele, ligando-se a algo que estava além do alcance da visão.

— O que é isso? — ele perguntou, intrigado.

— Eu vi um fio vermelho que une você e Sebastian — ela explicou, seu olhar fixo na conexão. — Mas não é só isso. Quando esbarrei nele, outro fio apareceu no meu dedo, conectando-me a Sebastian também, mas este é branco.

Cassiel franziu a testa, tentando entender a profundidade daquela revelação, somente então ele percebeu que haviam mais fios, Lucas, Lucy, Ângelo, todos aqueles jovens com quem conversava e o restante dos alunos, todos possuíam um fio branco que ligava a Sebastian. O fio vermelho pulsava com uma energia intensa, enquanto o fio branco parecia irradiar uma luz suave e etérea.

— Então, isso significa que estamos todos interligados de alguma forma? — ele perguntou, a ideia de um destino compartilhado fazendo sua mente girar.

Ela assentiu, a expressão dela se tornando mais grave.

— Sim, e isso é preocupante. O fio que une você a Sebastian parece emanar uma energia poderosa, enquanto o que me conecta a ele é diferente.

- É quase como se estivesse ligada a uma parte dele que eu não conheço, e isso pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição. - Pipper sentiu um frio na espinha com suas palavras.

A jovem fantasma olhou para ele.

— Se pudermos entender a natureza desses fios e a conexão entre nós, talvez possamos encontrar uma maneira de lidar com isso antes que seja tarde demais.

━━━━━━━━━ 𖤐

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro