Capítulo 6: Onde quer que você olhe, sou eu
| Sana
Arrumada com um casaco preto com uma blusa xadrez por baixo e short também preto, vou para a sala principal, me encontrando com as sete meninas. Dahyun distribuía algumas armas, prontas para serem engatilhadas, assim como luvas de borracha para não deixar digitais. Pego o que preciso e deixo o revólver escondido na minha cintura, assim como as outras meninas fizeram também. Como em todas as missões, repassamos o plano e quando tivemos certeza de que estava tudo certo, Nayeon pega a chave de casa e destrancar a porta, assim podemos finalmente sair.
Fomos para a garagem, pegando os dois carros e também a van que Jeongyeon e Dahyun usariam para se livrarem dos cadáveres. Entro em qualquer dos automóveis, torcendo para conseguirmos passar completamente despercebidas. Estava completamente exausta, o dia no trabalho havia sido tenso e os alunos demoraram a pegar os momentos da luta, fazendo com que eu quase me entregue a tentação de tirar um cochilo no banco de trás, que é onde fiquei sentada durante todo o trajeto, mas resisto ao lembrar do que precisamos fazer.
Nayeon para o carro, avisando que deveríamos ficar naquela rua enquanto Jihyo nos localiza novamente, já que o sinal do GPS não estava pegando bem naquela área, além de testar, juntamente com Jeongyeon, o aparelho que ajudaria a instruir a mais nova das duas enquanto distraía quem quer que estivesse lá. Desço do veículo decidida de que iria treinar um pouco por me sentir um pouco enferrujada das missões.
Testo a arma uma, duas, três vezes, enquanto Momo, Chaeyoung e Mina treinam alguns golpes que as ensinei, Nayeon averiguava o local. Quando tudo está na devida ordem, Jeongyeon vem até mim com uma faca na mão.
— Não fiz nada, sou inocente. — Levantei as mãos em sinal de rendimento e sorrindo, mesmo estando com uma arma de fogo carregada na mão.
— Minha nossa, como você é perigosa. — Disse mexendo as mãos como se estivesse assustada, claramente debochando. — Já estamos indo, precisa de mais tempo ou está tudo certo?
Atirei mais uma vez contra uma sacola com, aparentemente, muito papel, que foi perfurada pela bala. Sorrio, entregando a arma para a menina na minha frente.
— Podemos ir.
Entrei no carro junto com Momo, Mina e Chaeyoung, que estava sendo dirigido por Jeongyeon dessa vez, as outras meninas estavam no outro veículo, indo na nossa frente, enquanto Dahyun dirigia a van. O rádio estava ligado nas notícias, mas não estávamos prestando muita atenção, já que cada uma estava distraída com os próprios pensamentos, e a motorista preocupada em seguir o carro pouco mais a frente.
Conferindo todo o tempo se a arma estava bem escondida no casaco grosso demais para a época mais quente do ano, eu me distraía pensando em como Tzuyu estaria. A nossa mais nova e também estrategista, como Dahyun e Nayeon, e detetive quando precisávamos. Sinto medo do que pode acontecer com ela, além de fazer parte do Twice, a garota é nossa amiga.
Parando bruscamente, Jeongyeon anuncia que deveríamos descer por faltar pouco para chegar até o galpão. Abro a porta, saindo do banco de passageiro e subindo na calçada, assim, ganhando a companhia das outras meninas pouco tempo depois. Jeongyeon estacionou, logo fazendo sinal para irmos junto com Jihyo e Nayeon, assim elas distrairiam quem estivesse lá, deixando uma brecha para entrarmos no lugar.
Observamos Jihyo conversar com um homem alto, vestido completamente de preto, enquanto Dahyun se apoiava na parede, fazendo expressões que deveriam ser sexys para tentar seduzi-lo, o que me fez soltar pequenas e curtas risadas, tentando buscar não chamar a atenção do cara. Dahyun entrou e Jihyo fez sinal para que entrassemos rápido, passando pela porta assim como ela.
Entro primeiro, vendo que Jihyo ficou para fechar a porta enquanto Dahyun e o homem estão subindo os vários degraus da escada. Logo Mina e Momo vêm atrás de mim, fazendo o máximo de silêncio que poderíamos. O lugar é imenso como um casarão, além de estar mais frio do que o lado de fora, mas facilmente encontramos um bom esconderijo: A parte de trás do sofá.
Quando não temos mais ninguém no nosso campo de visão, consigo ver que as câmeras estão desligadas graças à Jeongyeon, que conseguiu entrar no sistema. Passo a mão pela cintura, garantindo que a arma estava bem presa, logo levantando e chamando as três garotas.
— Vejam — digo sussurrando. — vamos em duplas e iremos procurar naquelas portas ali. — Aponto para os lugares. — Caso vejam alguém, se escondam imediatamente.
Dou as mãos com Momo e vamos até uma porta marrom pequena no fundo da escada, encontrando um quartinho de bagunça empoeirado e com caixas amontodas encostadas nas paredes e um cheiro de guardado quase insuportável. Claramente era um local inútil de esconder uma pessoa, então fecho a porta novamente e com cuidado, fazendo pouco barulho.
Virando para o outro lado, podemos ver dia portas, com pouca distância entre elas. A da esquerda, também a maior, estava entreaberta, então puxo Momo até lá. Encosto o rosto um pouco de lado no batente para conseguir ver do lado de dentro, encontrando um quarto, com cama e armário de cor branca, então deixo a porta do jeito que estava, passando para a da direita e a abro devagar, torcendo para não fazer o típico barulho de porta abrindo. Ao ver uma escada, como a do nosso porão, fiquei animada e aflita, puxando novamente Momo até ela conseguir ver o mesmo que eu.
— Vamos descer? — Perguntou sussurrando perto da minha orelha.
— Porões escondem segredos, segredos que precisamos descobrir. — Sussurro também.
Desço para o primeiro degrau, reparando ser de mármore e bem firme, assim como Momo também desceu, fechando a porta. Vou na frente, sempre com uma mão na cintura e outra junta com a de Momo. A iluminação é fraca, já que a única lâmpada presente era no próprio cômodo, então estávamos com medo de tropeçar. Quando chegamos até a parte final da parede, apenas vou um pouco para frente, ainda no penúltimo degrau, olhando para o resto do lugar.
Com o susto, vou um degrau para cima, ficando junto de Momo. Estico meu corpo até ficar da altura de sua orelha, contando o que vi para ela. Sacando as armas, descemos o último degrau, finalmente estando no cômodo verdadeiramente.
Aponto a arma em minha mão para o homem que estava sentado em uma cadeira e mexendo no celular, ao lado dele, Tzuyu estava desacordada. Momo aponta o revólver para o outro, que estava no lado contrário, enquanto se encosta em mim.
— Soltem a garota, ou eu atiro. — Engatilho a arma, deixando-a ainda apontada para ele, mirando bem na cabeça.
— Não se eu atirar primeiro. — Ele puxa a arma da estante ao lado, apontando para mim.
Inevitavelmente estou sorrindo, ele realmente acha que tem alguma chance contra Sana Minatozaki.
— Afinal, você sabe atirar? — Debocha cruzando os braços, ainda segurando a arma, porém não mais apontando para mim.
— Claro. E com certeza tenho uma mira bem melhor. — Provoco enquanto passo o dedo indicador da mão esquerda pelo desenho da arma.
Posso ouvir passos atrás de mim, imagino que o outro esteja andando até Momo. Afasto-me da garota e vou para perto da escada, mas ainda com a arma apontada para ele. Novamente, a mira dele está em mim. Logo ele já está na minha frente, com uma mão levantada ameaçando me bater, mas a seguro e torço o braço dele para trás, pegando a arma da mão dele, depois bato a cabeça dele na parede, mas não foi suficiente para fazê-lo parar, já que ele tentou me chutar.
— Sana, me passa a arma! — Momo grita e eu jogo a do cara, mas foi uma brecha suficiente para fazer com que ele se soltasse.
Ele tenta me acertar um soco, mas eu desvio e fico surpresa por ele aparentar conhecer pouquíssimo de luta, dando golpes previsíveis demais. Dou dois chutes: um no meio de suas pernas e o outro na barriga, fazendo com que ele caísse no chão. Aponto a arma para a cabeça dele, sem me aproximar muito já que poderia ser facilmente puxada para o chão.
— A chave. — Estendo a minha mão esquerda para a frente. — Não vai me dar? — Ele faz que não e eu sorrio. — Eu não estou pedindo, estou ordenando que me dê as malditas chaves da porta!
— Não seguimos suas ordens. — Ele levanta com um pouco de dificuldade, sendo amparado pelo amigo.
A minha atenção é tomada por um som repentino, fazendo com que me virasse para ver o que aconteceu. Tzuyu acordou e estava tentando se levantar. Momo vai até ela na intenção de ajudar, e é nesse momento de distração que eles aproveitam para fugir.
— Merda! — Grito enquanto começo a correr na direção da escada.
Subo os degraus da forma mais rápida que consegui, mas eles trancaram a porta quando cheguei perto deles. Fico sentada no primeiro degrau, encostando a cabeça na parede e passando a mão pelo cabelo. Até penso em derrubar a porta, mas posso ouvir um choro do cômodo, então desço as escadas.
— O que aconteceu? — Pergunto me sentando na cama.
— Sonífero. Provavelmente colocaram no meu suco quando eu não estava olhando. — Ela dá um tapa na testa, não foi tão forte já que não fez muito barulho. — Foi idiotice, eu sabia que isso poderia acontecer.
— Espera, onde você estava?
— Na delegacia esperando Nayeon.
— Isso prova mais ainda que a polícia está do lado de quem te sequestrou e de Chung-Ho. — Puxo o celular do bolso, vendo que estava com mais um trincado na película. — Vou mandar mensagem para Jeongyeon e enquanto ela não vem, nós tentamos arrombar a porta.
Eu: Jeongyeon
Eu: Rápido, venha nos buscar
Eu: Estamos trancadas aqui
Eu: Porta pequena, na frente da porta que fica embaixo da escada
Estava me sentindo absolutamente derrotada, rendida aos pés de pessoas que eu sentia nojo das ações e palavras. De qualquer jeito, eu estava no nível deles, me achando certa e com a ideia de justiça, talvez realmente a faça, tiro vidas de pessoas que deveriam ter sofrido um pouco mais, porém, de uma certa forma, isso impedia que outras pessoas tivessem suas vidas tocadas pelos acontecimentos infelizes desencadeados por eles. Tento afastar tais pensamentos da mente antes de me sentar com minhas amigas, torcendo para Jeongyeon logo aparecer.
— Conte melhor a história, como tudo aconteceu, Tzuyu? — Perguntei após me deitar na cama.
— O chefe estava prendendo Nayeon no trabalho, disse que ia falar com ela depois, como vamos para casa juntas eu falei que a esperaria. Passei na cantina para comer alguma coisa já que estava com muita fome e pedi um suco também, nisso acabou tendo um problema com o forno e ajudei a cozinheira. Acredito que nesse meio tempo alguém colocou sonífero, ou outro remédio, no suco.
Batuquei os dedos contra minha perna, tentando criar hipóteses sobre quem faria tal coisa. Talvez a própria cozinheira, ou um policial aliado de Chung-Ho, essas seriam as duas opções mais prováveis. Quem suspeitaria de uma pobre cozinheira, fazendo suas receitas deliciosas para policiais, afinal? Ou de pessoas que deveriam proteger outras, ao invés de transformarem a vida delas em um inferno? Além disso, lembro de avisar Jihyo sobre a localização das menores de idade que estavam sendo forçadas a prostituir.
Momo ainda conversava com Tzuyu quando ouvimos um tiro vindo da parte de cima da casa, seguido por vários outros. Não poderíamos fazer nada presas aqui, era agonizante e horrível, não estava acostumada a sentir isso. Até, finalmente, ouvirmos um barulho na porta.
— Venham, precisamos de vocês! — Jeongyeon gritou e mais um tiro foi audível.
Pego Momo pelo braço e corro até a escada, mandando Tzuyu ficar escondida no lugar que achar melhor. Subimos a escada rápido, vendo que Jeongyeon havia fechado a porta, mas abriu quando chegamos no topo. Saindo do porão, a situação era consideravelmente preocupante, havia dois corpos sangrando em algumas áreas da sala. Jihyo e Dahyun não estavam presentes, assim como Mina, o que me deixou mais preocupada ainda, mas Chaeyoung, Nayeon e Jeongyeon estavam lidando com a situação.
Assim que encostei na arma que já estava novamente escondida em minha cintura, percebi que virei o alvo de um deles. Deveria ter mais uns três na sala apenas, nem todos da delegacia como eu imaginava, seria fácil de lidar, mas não sabíamos se teriam mais capangas que estavam prontos para atacar. Atiro naquele que estava mirando em mim, acertando em cheio no braço direito, o mesmo que segurava a arma, o deixando impossibilitado de se mover. Momo, mais próxima dele, fez questão de terminar meu serviço atirando em sua cabeça, cena que teria sido perturbadora se não estivéssemos acostumadas.
Percebo que Nayeon está um pouco perdida na situação por não ter participado de muitas missões assim durante o tempo no Twice, sempre ficava na organização. Quando vejo que um deles mirou na garota, não hesito em atirar nele, dessa vez acertando em cheio no peito. A garota se assustou um pouco, mas logo voltou ao normal, defendendo Momo do último cara sobrevivente na sala, que estava agarrando ela. Logo ele não era mais nada, apenas um corpo sangrando junto dos outros quatro.
— Onde Mina está? — Chaeyoung perguntou para Jeongyeon, mas conseguimos ouvi-la.
— Você estava junto dela, como não sabe? — Dahyun diz cruzando os braços.
— Olha, ela pode estar em perigo! Eu não sei em qual porta ela está, isso pode ser pior.
Passo a mão enluvada pelo meu rosto tentando pensar. Ficarmos separadas novamente não era indicado, mas não seria melhor todas juntas. Vejo Jihyo descendo com Dahyun, ambas já segurando as armas, o que era bom para termos mais reforço.
Ouvimos um barulho de tiro vindo do corredor e Chaeyoung logo me puxou até lá, vendo o lugar completamente vazio. Passando por ele, consigo ouvir vozes vindas de um dos cômodos, indicando claramente de onde tinha vindo o som anterior, então tento abrir a porta, mas está trancada, o que era previsível. Jihyo logo me ajudou, entregando uma chave que estava do lado de fora, algo completamente estranho, mas não penso nisso no momento. Deixo Chaeyoung abrir a porta, vendo a garota sorrir após ver quem havia tomado o tiro que ouvimos segundos antes.
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