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Meeting

Seria estranho dizer que com a iluminação e o capuz preto cobrindo boa parte do seu corpo esguio ele parecia... Dono de uma gangue jovem altamente perigosa?

Jungkook se dirige a uma mesa perto da janela e lá se acomoda. Olhava o movimento da rua fixamente. Pessoas andavam para fazer seus afazeres, crianças entrando e saindo da sorveteria e um grupo de jovens do outro lado da rua. O garoto me parece... Atordoado.

— Ei! — Patrick estala os dedos na frente do meu rosto, tentando chamar minha atenção. — O que está olhando? Porque está tão distraída?

O mais velho olha em volta, e percebe a presença de Jungkook.

— Ah, entendi. Achou o garoto bonito, não foi? — ele sorri e eu reviro os olhos.

— Não seja bobo, é que eu conheço ele.

— Estudam juntos? — meu irmão questiona curioso.

— Não é isso... — hesito por um segundo pensando se devo contar ou não o que aconteceu.

— Então o que é? — ele gesticula as mãos para eu falar.

— É que... — engulo seco percebendo que o garoto machucado olhava em minha direção.

Abaixo a cabeça tentando esconder meu rosto. Olho de soslaio para Jungkook e vejo que não me fitava mais, provavelmente se fingiu de demente ou realmente não lembrava de mim.

— Fala logo Mel! Que suspense, credo. — reclama. Respiro fundo e decido falar somente ao meu irmão, logo mais ele estaria de volta a Seul, não seria de total problema.

— Não estudamos juntos, é que ontem... — tento disfarçar o fato de estar falando de um garoto que estava a poucos metros de mim. — ontem o padrasto dele estava o batendo muito, eu atordoada liguei a polícia e prenderam o tal cara. O oficial disse que talvez entraria em contato já que eu era a única testemunha.

Patrick era meu confidente, tínhamos uma relação muito boa entre irmãos, por ele ser mais velho e ter vivido muitas coisas. Sempre fiz questão de o contar meus problemas internos e receber um conselho, ou tentar amenizar a minha culpa por algo para que assim não carregasse um fardo sozinha. Era assim que estava me sentindo naquele momento, carregando um fardo, só que esse fardo não era meu.

— Entendi... — ele parece pensativo. — Como o garoto reagiu a você denunciando o pai dele?

— Padrasto. — corrijo.

— Isso, padrastro.

— Ficou uma fera, mas o que eu deveria fazer? Aquele homem estava cometendo um crime.

— Você fez bem, sabe-se lá o que poderia ter acontecido com ele caso você não tivesse interferido. — meu irmão diz e eu concordo com a cabeça. — Já contou pra mamãe?

— Não, eu cheguei em casa poucos minutos antes de você ontem. — explico.

— Pretende contar? — o mais velho pergunta e eu solto um suspiro.

— Não tenho certeza...

— Por que não? Não vejo nenhum mal nisso, você presenciou um crime e então denunciou.

Eu estava prestes a responder, quando percebi que Jungkook me encarava. Seu olhar era profundo e indecifrável, tudo que eu conseguia fazer era encara-lo de volta.

— Melissa! Você está fazendo de novo! — Patrick sacode a mão na frente do meu rosto.

— Ah, desculpe.

— Ele ameaçou você? Parece assustada. — ele me olha preocupado.

— Não, não se preocupe. Ele ficou zangado, mas não fez nada desse tipo.

— Acho bom mesmo, ele não parece um mau menino, é até bonito. — meu irmão olha pra ele e diz baixo.

— Sua bissexualidade está batendo na porta? — digo puxando os lábios para um sorriso.

— Não, muito novo pra mim, não quero ser conhecido como pedófilo. — meu sorriso aumenta já que ele teria entrado na brincadeira.

Aviso ao meu irmão que vou ao banheiro lavar as minhas mãos que estavam sujas de sorvete e peço pra ele pagar a conta. Com muita luta e relutância, ele cedeu e disse que pagaria pelo meu sorvete.

Entro no banheiro e reconheço que realmente aquilo tinha mudado demais. Até ele estava diferente, antes era algo pequeno, tinha cheiro de xixi e frauda descartável. Agora, era maior que o meu quarto, tinha cabines novas e o mármore era negro, seu cheiro era de produto de limpeza caro e algum outro que eu não conseguia reconhecer.

Termino de lavar minhas mãos e volto para a central da sorveteria. Pronta para deixar aquele sentimento estranho junto ao garoto estranho.

Só que... Patrick não estava na mesa, não estava pagando os sorvetes e muito menos lá fora. O miserável do meu irmão estava mais a frente, aproveitando um papo que parecia bem agradável com o garoto machucado.

Fico petrificada no meu lugar, pensei em voltar para o banheiro e me afogar no vaso, isso se meu irmão não tivesse me avistado.

— Mel! Venha cá falar com seu amigo.

Amigo?

Sorrio falsamente e dou passos devagar até a mesa onde os dois estavam.

— Oi Jungkook. — tento parecer simpática, e me sento na mesa. — Do que estavam falando?

Sorrio para o Patrick, e faço uma ameaça de morte com o olhar.

— Nada de mais, só chamei ele pra sair com a gente hoje. — o mais velho sorri cínico. Eu vou matá-lo.

— Ah, que legal. Você aceitou? — me viro para o garoto, tentando não deixar transparecer o meu desejo de ouvir um "não".

— Sim, por que não? — ele lança um sorriso ao meu irmão.

— E onde nós vamos? — pergunto tentando soar empolgada, e não como se estivesse prestes a ouvir minha sentença.

— Parque de diversões. A princípio a idéia era cinema, mas aí nós não iríamos conseguir aproveitar a companhia um do outro. — Patrick não tira aquele sorriso enorme do rosto por um segundo sequer. Sacana.

— Ah... Parque? Eeeeee — tento soar alegre, mas tava difícil na situação.

— Você ainda tem medo de altura maninha? — olho para o mais velho e pisco os olhos várias vezes.

— Um pouquinho. — faço um gesto com o polegar e o indicador.

— E você, tem medo de altura? — meu irmão se direciona ao mais novo.

— Eu? Não, de jeito algum.

— Que bom, então... Vamos? — meu irmão pergunta e Jungkook balança a cabeça afirmando. — Vou só pagar a conta e já saímos.

Patrick foi em direção da garçonete que o secava com os olhos mais cedo e um silêncio invadiu o espaço em que estávamos. O garoto me encarava com os braços cruzados, estava constrangida com aquele momento, mas não poderia passar o resto do día inteiro com aquela sensação. Decido abrir espaço para uma conversa.

— É... Que bom encontrar você aqui.

— Está mentindo, você é péssima nisso, não faça mais. — tento falar que ele estava errado, mas já passei vergonha demais nessa situação.

— Me chamo Melissa. — despisto da pior forma do assunto.

— Eu sei, você disse para o policial que prendeu o meu padrasto. — percebo um certo rancor nas suas palavras.

— Ah, verdade. — limpo a garganta. — E como seu padrasto está?

— Preso. — resolvo calar a minha boca, visto que só estava piorando tudo.

Mesmo ainda estando brava, não pude conter um sorriso quando Patrick terminou de pagar e veio em nossa direção.

— Vamos? — ele chama e nós levantamos.

Nos dirigimos até o carro, eu e meu irmão nos sentamos na frente, e Jungkook no banco de trás.

— E então garoto, você tem namorada? — meu irmão pergunta e eu arregalo os olhos, lançando um olhar matador a ele.

— Não... — o menor parece constrangido.

— Não ligue pro Patrick, ele pode ser bem inconveniente as vezes. — digo sem tirar os olhos do mais velho.

— Inconveniente tipo... se meter onde não é chamado? Se envolver nos problemas dos outros? Não, ele não parece ser desse tipo. Ele não. — o mais novo bota ênfase no último "ele", e eu viro para trás com uma expressão de misto indignada e ofendida.

Abro a boca para responder, mas meu irmão solta uma risada sem graça forçada, me interrompendo.

— Vamos escutar música, que tal? — o garoto ao meu lado pergunta tentando aliviar o clima. — Escolhe alguma e conecta o seu celular na caixa de som, Mel.

Eu concordo com a cabeça, e seleciono Somebody To Love, do Queen. A música começa a tocar e meu irmão canta a primeira frase sozinho, eu não estava no clima.

— Você gosta Jungkook? — o mais velho pergunta sem se deixar abalar pela tensão no ar.

— Existe alguém que não goste de Queen? — ele pergunta como resposta.

— Com certeza não. — meu irmão diz entre risada.

Ficamos quietos apreciando a música, até chegar na sua finalização que repete várias vezes: Find me somebody to love, naquele momento, me peguei perguntando se realmente era importante ter alguém para amar, como se minha vida dependesse daquilo.

— Você tem quantos anos? — me desvio dos meus pensamentos com a pergunta aleatória do meu irmão.

— Eu sou de 2003, tenho 18 anos. — Jungkook diz tirando o capuz e deixando amostra seus cabelos pretos que ressaltava sua pele branca.

— A Mel é um ano mais velha, chame ela de nonna. — fecho os olhos e respiro fundo. Ele tá passando da linha.

— Claro — olho para trás com a confirmação do mais novo. Antes de poder dizer algo, meu irmão abre a boca e pergunta:

— Aliás, vocês não estudam na mesma escola?

— Eu estudava em um colégio só para garotos, mas esse ano estudarei em um colégio misto.

— Olha irmãzinha, que legal. Você terá um amigo que vai ser popular, com certeza você não será mais a estranha do colégio. — estou começando a achar que meu irmão está se divertindo com a situação.

— Ei! Eu tenho amigos. — digo brava.

— O babaca do seu ex namorado não conta. – ele ri.

— Acha mesmo que eu só tenho ele de amigo!?

— E não?

— Não! — escuto risadas no banco detrás, olho pelo espelho retrovisor e Jungkook tinha um lindo sorriso no rosto.

• • •

Hello guys!

O que será desse passeio com nosso pequeno Jungkook em?
Aguardem os próximos capítulos de Make It Right!

Deixem sua ⭐, não custa nada e nem cai dedo algum.

Até o próximo capítulo pessoal. Adoro vocês S2.

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