☆ I ☆
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Apesar da mão aparentar ser pequena e fraca, Yoongi sentiu o aperto aumentar e em questão de segundos após o seu grito de desespero, sentiu o impulso proporcionado pelo membro alheio a seu corpo, puxando o mesmo direto para baixo, entre as grades de madeira da ponte.
Kim Taehyung arregalou os olhos assim que presenciou a cena e, em questão de segundos, suas mãos tentaram agarrar as vestes de seda do pequeno garoto, mas — inevitavelmente — falhando em sua tentativa, pois o empuxo havia sido forte de mais.
Foram questão de milésimos para ouvir o barulho de corpo do menor cair na água, seu grito sendo freiado para que assim não fosse se afogar na água doce, e logo em seguida sua cabeça voltando a submergir por alguns instantes.
O maior não pensou duas vezes, tratou de deixar os pertences que carregava nas costas junto ao resto da pequena carroça de tecidos e pulou em direção ao lago, na parte onde o mais velho havia sido puxado.
Era um tanto difícil focar sua visão quando se encontrava embaixo d'água, mas aos poucos seus olhos foram se acostumando ao ambiente, e pode ver mais claramente o seu redor. Yoongi estava a poucos metros de si, mas claramente não estava sozinho. Um ser estava consigo, agarrando seu dorso enquanto várias bolhas saíam por seus lábios. Porém, o corpo do garoto de cabelos acastanhados só gelou ao reconhecer a figura, era a sereia da história que acabará de ouvir! Claro que era!
Sua longa cauda tinha um tom arroxeado, juntamente com algumas escamas que se tornavam verdes com a incidência dos poucos raios solares pela água. Entretanto, notou algo de estranho; não era uma linda mulher, como o pequeno conto que o mais velho havia lhe contado dava a entender. Seu dorso, braços e rosto mostravam traços um tanto mais firmes para uma aparência feminina e o Kim apenas teve sua confirmação ao ver o pequeno rosto lhe encarar por alguns instantes.
Mas deixando todos seus pensamentos de lado, o mais novo tratou de seguir para perto do pequeno garoto. Com impulsos de seus braços e pernas, Taehyung se pôs em uma posição favorável para que pudesse agarrar o menino de cabelos curtos. Com certa facilidade retirou ele dos braços alheios, que eram muito rápidos em seus movimentos, e tratou de voltar a superfície, visto que Yoongi já não se encontrava com tanto fôlego. Enquanto isso, sentia o ser aquático tentar agarrar seus pés em um tom desesperado.
— Ele quer me matar! — o garoto mais velho brandiu após uma grande lufada de ar entrar pelos seus pulmões novamente após vários minutos, sua respiração era acelerada, dividida em períodos longos e estava completamente descompassada — Eu só contei uma história!
Taehyung olhou para o menor, o rosto vermelho e completamente encharcado, seus cabelos curtos grudava na testa e as vezes impediam seus olhos de ficarem abertos devido aos movimentos exagerados do garoto para tentar manter–se na superfície. Com um pouco de esforço, voltou a olhar pra água cristalina, a medida que tentava acalmar seu par.
— C–calma, hyung. — o mais novo segurou os braços que esperneavam pelo ambiente — Vamos sair dá água, por isso você precisa manter a calma. — o menor se segurou junto a Taehyung, seguindo a nados rápidos para a margem, que por sorte ficava consideravelmente próxima de onde caíra.
O mais alto olhou novamente para o lago. A água, agora cristalina, mostrava muito bem a visão do ser místico.
Ele parecia preso, sua feição triste era vista em meio ao translúcido do líquido. E, em um ato de piedade, Kim Taehyung voltou a pular no lago, assustando o outro garoto que tentava recobrar seus pensamentos.
O acastanhado foi em direção ao ser aquático, vendo seus olhos o acompanhar assim que percebera a movimentação estranha; viu ele erguer seu braço, os dedos pequenos pareciam querer tocar em si.
Taehyung, que já estava a uma distância aceitável, fez o mesmo e, assim que sentiu a pele um tanto áspera do ser, uma corrente passou por sua pele, alastrando–se por todo seu corpo.
Eu quero ser livre
A voz doce ecoou pelos pensamentos do acastanhado, não era sua voz, era mais graciosa e aguda, carregada de um desejo verdadeiro.
Os atos seguintes não podiam ser explicados em palavras pelo garoto, era apenas algo parecido com extinto lhe guiando, mostrando tudo que necessitava fazer. Ele fechou os olhos com força, os dedos ainda encostando na pele do tritão, focou na voz que parecia repetir insistentemente em sua mente.
Ser livre. Libertar–se das correntes. Ser livre. Esse é seu desejo. Libertar–se.
Todas as memórias vieram a tona. Depois da praga que o tritão lançou na aldeia que o maltratou, seus poderes acabaram por saírem do controle, aprisionando o ser místico naquele mesmo lugar, eternamente fadado ao confinado ambiente.
O sorriso surgiu nos lábios do ser aquático ao sentir a mágica fluindo por suas veias, possibilitando o ser de voltar a sua forma humana quando quisesse. Sua expressão mostrava ser um pedido mudo de gratidão.
Logo bolhas começaram a surgir da cintura do menor. Elas rodavam ao redor de seu corpo, cobrindo as escamas espalhadas por sua pele e em poucos segundos se estourando. As guelras em seu pescoço sumiram, dando lugar apenas aos pulmões no trabalho da respiração, não tão resistentes no momento. Mas a maior transformação ocorreu em sua cauda, onde as escamas verde–arroxeadas deram lugar a pele levemente bronzeada e amarela, junto as duas pernas que lhe faziam um ser bípede.
Foram poucos segundos até que tudo ocorresse e logo em seguida os dois garotos precisaram urgentemente submergir para obter oxigênio, algo que a várias décadas já não afetava o mais baixo.
— Tae! Eu já estava quase pulando de volta! — o garoto de cabelos curtos pôs sua voz a todos pulmões, mostrando o claro alívio por ver o mais alto são e salvo; os minutos passaram lentamente para si enquanto esperava o retorno do Kim de debaixo das águas do lago, e isso foi de certa maneira torturante para o mais velho, chegando a fazer com que inúmeros pensamentos passassem por sua mente naqueles instantes — Voc– Tae! Ele está te seguindo!
O corpo do pequeno travou naquele momento, o arrepio passou da parte inferior da sua espinha até perto da nuca, o ser que quase havia lhe afogado estava voltando e, em sua mente, a intenção dele era inteiramente de puxar o garoto de cabelos longos e acastanhados de volta para o fundo do lago.
Mas algo lhe surpreendeu no momento, a longa cauda que havia vislumbrado outrora não estava mais presente, podia apenas ver duas pernas grossas e curtas, com tom natural da pele do então ser aquático. Sabia que algo havia ocorrido nos poucos segundos em que seu companheiro havia mergulhado, as bolhas em grande quantidade que surgiram pouco tempo depois eram a prova mais clara disso. A pele do ser parecia lisa agora, diferente do toque áspero e escamoso que sentira com o puxão brusco e repentino. E, entre todas as surpresas, aquilo que mais lhe chamou atenção era que de fato não era uma sereia, apesar das lendas lhe falarem sobre isso; era um tritão, pequeno se comparada a estatura média dos homens naquela época, mas ainda assim possuindo traços masculinos, o que tornava algo totalmente ilógico de se confundir como havia visto durante o conto.
— Hyung, eu gostaria de lhe apresentar alguém. — o mais alto finalmente havia chegado a beira do lago, suas roupas e cabelos colando, como uma certa consequência de seu estado ensopado — Este é o tritão da lenda que você me contou, Park Jimin.
E nesse momento, os olhos do Min sentiram a profundidade do olhar violeta do garoto do lago.
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