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Capítulo 44 - Churrasco picante


Passava da meia-noite quando os meninos finalmente foram para a cama e conseguimos nos recolher. Senti um frio na barriga ao entrar no nosso quarto.

— Sabe que eu não durmo aqui desde que você foi embora?

— Sério? Você manteve nosso quarto como uma espécie de santuário imaculado esperando pela minha volta?

— Mais ou menos...

— ???

— Nos primeiros dias eu estava muito deprimida, então ficava no sofá e apagava por lá, mesmo. Depois do acidente, montamos meu quarto na biblioteca, mas meus pais ficaram aqui, porque o Josué estava no de hóspedes. Depois que eles foram embora, acabei continuando por lá.

— Acho que não entendi...

— Meus pais ficaram aqui por meses. Duvido que esteja tão imaculado assim. Escutei movimentos suspeitos em pelo menos duas madrugadas. - ele franziu a testa com cara de nojo.

— Vou ali queimar os lençóis.

— Deixa de exagero, tá tudo trocado.

— Mas... são seus pais, não quero imaginar...

— Por Deus, Jay, nem eu! Dispenso a imagem mental e você agindo feito o Pedro. Eles estão vivos e saudáveis, é bom saber que ainda estão aproveitando a vida, só não quero pensar muito nisso. Vamos dormir que você ainda tem muito o que descansar para se recuperar disso aí.

A madrugada passou numa conversa sussurrada, onde falamos de tudo. Desde as tretas na viagem de divulgação, passando por situações com as crianças, confissões de um sentimento que queimou por tanto tempo: dúvidas, saudade, raiva, mágoa, esperança, porres, o humor intratável que dividimos nos últimos meses, as alfinetadas e perrengues que os amigos precisaram suportar. Ele me contou que nem desconfiou da aproximação de Bela, afinal, os dois se conheciam desde adolescentes e dar a ela, as chaves do apartamento pareceu tão óbvio quanto dá-las a Josué. Ouvia calada, segurando a mão dele no meu peito. Queria apagar tudo aquilo, desejei que aqueles meses não tivessem existido para nenhum de nós dois e esperei ser capaz de amar o suficiente para curar todas as feridas que aquele período trouxe para nós. O sol começava a nascer quando finalmente adormecemos com a certeza que aquela era só a primeira de muitas noites em que tentaríamos recuperar o tempo perdido.

Acordar sentindo o cheiro e o calor dele me fez querer continuar na cama. Foi a voz de Josué do lado de fora do quarto que me obrigou a levantar, deixando meu moreno ainda apagado entre os lençóis.

— Pode ficar tranquila, estou bem recuperado depois de levar uns sopapos defendendo a sua família.

—Eu sei desde ontem de manhã, quando te liguei e você me disse exatamente isso. Ia te ver em casa daqui a pouco. Todo herói ganha um hematoma de vez em quando, meu amor. A dor de cabeça passou, né?

— Passou. Até fiquei parecendo mais perigoso com esse roxinho, acho que vou fazer sucesso na balada.

— Ah vai, com essa cara de fluffle puff contundido, tem um sinal de perigo quando olho para você.

— Bom ver que a comediante de boteco voltou. - ele me abraçou. — Vim para ir com você até a ONG. Ainda não entendi por que não deixou a Leslie cancelar tudo.

—Não entendeu mesmo? Abandonar aquelas crianças seria a atitude mais covarde que eu poderia tomar. Continuar o trabalho é fazer o único bem que aquele maldito trouxe frutificar e, talvez, apagar parte do estrago que ele causou. Se o bem se apaga, o mal venceu. Enquanto houver uma brasa, vou soprar até virar a maior labareda que essa cidade já viu. Não me importa que a ONG fosse só mais um golpe e que ele pretendesse desviar as doações e lavar dinheiro com ela. Aquelas famílias existem de verdade, são pessoas, sonhos, futuro. Eu não vou ser mais uma a cruzar os braços. Eles merecem que o trabalho continue, não importa como ele começou.

— Depois de tantos anos, você ainda me surpreende.

— Eles salvaram a minha vida, qualquer coisa que eu fizer não vai chegar nem perto do que eles fizeram por mim. Todo mundo merece uma chance, foi você quem me ensinou isso.

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Os contatos de última hora renderam mais do que eu esperei. Amigos empresários, artistas e jornalistas (esses, assanhadíssimos pelas poucas informações do ocorrido no apartamento). As doações bateram a meta logo na primeira hora, pelo menos três promessas de financiadores a longo prazo e muita publicidade para o projeto. O nome de Leonardo mal foi citado. O meu nome ficava muito melhor que o de um desconhecido com ficha na polícia, nas manchetes. Não era a verdade, mas ninguém pareceu se importar com isso. Ainda assim, pairava no ar a questão: quem assumiria a direção da ONG dali em diante? Seria impraticável para mim e não via nenhum voluntário disposto. Uma coisa seria receber recursos dessa turma, outra seria esperar algum compromisso dali.

Os endinheirados do showbusiness estavam em êxtase, fotografados num evento de caridade da periferia, experimentando o churrasco brasileiro servido pelos voluntários (inclusive os meus gêmeos), fazendo contatos. Time is money, eles dizem. Definitivamente, nessa cidade ninguém desperdiça tempo. Começava a me despedir dos convidados quando ouvi meu pai pigarrear atrás de mim. Ele e minha mãe estavam de mãos dadas, me olhando com aquela calma que só eles sabiam trazer.

— Filha, nós conversamos muito e tomamos uma decisão. - ele tinha aquela voz solene que eu vi poucas vezes na vida. — Sua mãe e eu não temos planos imediatos de voltar ao Brasil. Ela consegue perfeitamente ser importunada pelas suas tias via Skype. - fingi que não vi o beliscão. — O trabalho aqui é importante para nós e acho que somos importantes para ele, experiência em gestão não nos falta e ficou claro hoje que você está disposta a continuar colaborando. O que decidimos é que vamos assumir a direção da ONG. Leslie vai nos atualizar de tudo amanhã.

Sabe aquele sorriso involuntário que substitui qualquer comentário? Foi a resposta que eles receberam. Aqueles garotos não poderiam estar em melhores mãos.

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Entrei no quarto sem acender a luz para não acordar Jay, que ainda se recuperava no ferimento, embora jurasse já estar muito bem. Foi uma luta convencê-lo a ficar quietinho por pelo menos mais alguns dias. Faltava um passo para o banheiro quando pisei em Snow na escuridão e ele soltou um miado que acordaria até os mortos.

— Meu bem, é você? - a voz cheia de sono ficou ainda mais grave que o normal.

— Desculpa! Não queria te acordar. - respondi sussurrando e me inclinei para um beijo.

— Problema nenhum. Agora que me acordou, vai ter que me ajudar a dormir de novo.

— Adoraria, amor. Mas isso vai implicar em um chá e uma conversa. Você ainda está convalescendo, nada de exercícios.

— Eu estou bem. O que vai me matar é a saudade. - respondeu enterrando o nariz no meu cabelo. — Você está com cheiro de churrasco.

— Muito romântico, Jeremiah. Estou sim, vou tomar banho e, quando voltar, a gente conversa. Isso, se você estiver acordado o suficiente.

— Cheiro de churrasco é uma delícia, vem cá.

— Jay é sério. Estou morrendo de saudade também, mas não quero te machucar.

— Eu vou ficar bem. - ele respondeu passando a mão embaixo da minha blusa. — Embora você possa ter que fazer o maior esforço, prometo fazer bem a minha parte.

— Está brincando com fogo... - respondi suspirando e tirando a camisa dele. Ouvi Snow fugindo do quarto antes de mergulhar na boca dele de novo e sentir todo aquele calor tão intenso quanto familiar. Era bom estar de volta.

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