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Capítulo 33 - Reaprendendo


Cada texto que se revelava, me atingia em cheio. O medo de João se revelar poeta e decepcionar o pai, pedreiro e lutador, um típico macho alfa mexicano. Grace, lutadora de jiu-jitsu, que só queria fazer parte das aulas para melhorar a nota no SAT, obcecada por fazer faculdade longe de Los Angeles. Cada um deles contava seus planos e trajetória com uma sinceridade constrangedora. Depois da vida toda envolvida com quem dissimula e maquia os próprios sentimentos e a própria história, mesmo eu que me esforçava para não ceder à hipocrisia, levava um soco no estômago a cada declaração. nenhum deles pareceu querer chocar, e foi justamente a naturalidade com que encaravam tudo o que a vida vinha oferecendo, o que me convenceu da força daquilo. Terminei a leitura decidida a fazer da próxima aula, dois dias depois, a melhor de todos os tempos.

Era tarde da noite quando Josué entrou no quarto e eu ainda estava relendo os textos, fazendo anotações e pesquisas.

-- Sua mãe disse que você não saiu para jantar.

-- Mal vi que ela entrou aqui. Estou no flow.

-- Você falou uma palavra em inglês?

-- Não se empolgue, estava reassistindo umas aulas de reaprendizagem criativa. Continuo nula na língua local.

-- Que coisa doida! Você fala desde pequena e esquece assim, de uma hora para a outra.

-- Verdade. Mas se precisar aprender de novo, aprendo. Já até comecei. Mas imagino que você não esteja aqui para checar meu progresso.

-- Não esse progresso. Conta da aula e da terapia.

-- Preciso mesmo?

-- Anda logo!

-- Sim, senhor. A terapia foi como o esperado. Paguei 300 dólares para falar por uma hora com uma desconhecida que responde nada ou algo que você faria melhor.

-- Meu amor, se eu te cobrar 300 dólares a cada hora de conversa, essa casa vai ser minha logo, logo. Mas você sabe que ajuda, deve continuar.

-- Se você diz... pelo menos não me cobra por essa porcaria de conselho. - ele fez menção de responder. Levantei as mãos em rendição. - Conselho que prometo seguir. Em algum momento isso tudo deve fazer algum sentido. A aula foi meio estranha. Acho que eles não estavam muito interessados. Era como se eu estivesse falando com as carteiras, até pensei que nem estivessem entendendo, que a minha mistura de espanhol com português estivesse muito confusa. Mas, depois que li os textos, sei que tudo ficou bem claro. Eles amam os livros, alguns escrevem muito bem, mesmo assim, foram indiferentes.

-- Talvez você tenha falado demais. - ele respondeu folheando o volume de Francine Prose sobre a mesa. - Lembra como foi sua primeira oficina, como aluna?

-- Sim. O professor era um fofo, inspirava a gente, fazia rir, a turma toda participava. Ficamos amigos.

-- Lembra daquele que assistiu logo depois dos gêmeos nascerem, anos depois?

-- Argh! O cara era um boçal, arrogante, que adorava mostrar o quanto sabia, desprezava cultura popular e alegava não saber do que se tratava "O Senhor dos Anéis". Desperdício total do meu tempo.

-- Com qual das duas aulas a sua se pareceu mais?

-- Ah, merda!

-- Tá em tempo, querida. Eles só precisam ver o que você viu.

*******

A maior parte de turma chegou junta para a aula. As meninas mais velhas rindo muito e Lucas contando uma história bem difícil de acreditar. Pelo pouco que ouvi da conversa, ele parecia querer convencer as meninas que o pai dele tinha sido o mais jovem diretor da história de uma grande indústria farmacêutica e tinha quebrado todos os recordes de vendas no primeiro ano de contratação. O papo estava chato pra mim, imaginei que elas estivessem rindo de nervoso. Mantive a expressão mais acolhedora que consegui. Todos já estavam sentados quando Leia chegou com as bochechas vermelhas e a respiração ofegante de quem correu para não se atrasar. Assim que todos estavam sentados, tomei fôlego e comecei, finalmente, a falar com eles.

—Oi, pessoal. Hoje eu quero ouvir de vocês o que gostam de ler, o mais faz com que se prendam a uma história; o que marca vocês lá dentro e faz viverem aquilo que estão lendo. - os dez pares de olhos estavam sobre mim. —Para facilitar, tenho aqui, alguns exemplares da minha biblioteca pessoal e quero que escolham aquele com que se identificam mais e depois mostre e conte para a turma o porquê.

Na mesa, atrás de mim, empilhavam-se os volumes de Harry Potter, Trilogia Thrawn, Divergente, Jogos Vorazes, Percy Jackson, O mundo de Sofia, A história sem fim, As crônicas de Nárnia, A Cabana, O monge e o executivo, Dom Quixote, O morro dos ventos uivantes, Uma breve história do tempo, Fahrenheit 451, biografias de músicos, homens de negócios e grandes figuras históricas, mitologias, alguns romances de Nicholas Sparks e Danielle Steel, Carina Rissi, Jonh Green, Arthur Conan Doyle, George Orwell, clássicos brasileiros, As crônicas de gelo e fogo e a Bíblia. Abri espaço para se aproximarem, observando a turma se acotovelar para escolher seus prediletos.

Depois de vários minutos, estavam todos sentados, comentando e comparando as próprias escolhas e as dos colegas, contando o enredo das histórias e brigando por causa de spoilers não solicitados.

—Todo mundo já escolheu. Alguém quer mudar? - a resposta foi um zumzum em negativo. — Pois bem, então quem vai ser o primeiro voluntário a contar a mim e aos colegas sobre a obra escolhida e o porquê dela.

A mão gorducha e morena de João foi a primeira a se erguer. Pedi que tomasse o meu lugar, e eu tomei o dele.

— Escolhi Dom Quixote de La Mancha porque era um livro que meu abuelo contava que o abuelo espanhol dele, lia para ele. Ele me contou sobre a história, que é um cara que lia tanto, mas tanto que acabou ficando maluco e caiu no mundo pensando que fosse cavaleiro.

— E por que você gosta tanto dessa história a ponto de escolher essa e não outra?

— Porque Quixote, mesmo maluco, era um cara corajoso. Não teve medo de ser quem ele acreditava que era, mesmo que o mundo todo dissesse o contrário.

— Isso é muito bonito João, quem é o próximo? - Leia ergueu a mão, ainda insegura.

— O meu favorito na pilha, foi o Morro dos Ventos Uivantes. Acho que as duas Catherines eram mulheres corajosas e, mesmo quando precisaram aceitar o que foi mandado, sempre souberam o que queriam de verdade. Acho que elas foram fortes, mesmo não conseguindo lutar. - analisou de uma vez e voltou a olhar os pés.

Dali seguiram, um a um. Ana amou Jogos Vorazes por mostrar que sempre existe um alguém por trás da miséria; Grace disse que sempre quis ler "a Revolução dos Bichos" para conferir se o porco era mesmo tão mau quanto pintam; Marcos deixou transparecer um brilho que ainda não tinha notado, ao mostrar o volume completo de Sherlock Holmes. Ele sorriu cúmplice quando contei que era um dos meus favoritos na adolescência, até acrescentou que o poder da observação seria o mais importante dos poderes; Diego se agarrou ao volume único das Crônicas de Nárnia, dando de ombros ao dizer que adorou os filmes e que acha a Rainha Branca uma gata, Marta escolheu "Uma breve história do tempo" e Maria um romance de Nicholas Sparks. Julia escolheu Harry Potter "porque é o melhor livro do mundo" e Lucas justificou sua escolha pelo romance de negócios "O Monge e o Executivo", dizendo que o pai sempre dissera encontrar ali tudo o que precisava para ter o sucesso que almejava.

Assim que todos falaram, voltei à frente da sala.

— Muito bacana isso, gente. Agora acho que conheço cada um, muito melhor que no começo da aula. Vocês perceberam o que quase todos falaram em comum sobre o livro que escolheram?

— A gente se identifica com a história? - Grace respondeu mordendo a caneta.

— Sim. Mas o que os fez se identificarem?

— A história, oras! - Diego deu de ombros.

— E como a gente conhece a história? Pelos olhos de quem?

— Dos protagonistas. - Ana respondeu baixo. — E de todos os personagens.

— Exatamente. E é isso que vamos estudar hoje. Como construir bons personagens, que fazem o leitor amar ou odiar com tanta intensidade, que pense neles mesmo depois de muitos anos. Mas antes de começar a teoria, algum de vocês já tem em casa o livro que escolheu? - Só Lucas levantou a mão. — Então troque por outro da pilha. O volume que escolheram, é um presente.

***********

Cheguei em casa tirando os sapatos e deixando jogados na sala. Saber que meus pais tinham levado os meninos ao cinema me deu uma liberdade que não tinha há semanas. Ria sozinha lembrando das provocações de João e Diego sobre Grace, a quem precisei conter para não bater na dupla. Meninos sempre serão assim. Preparei um sanduíche e fui procurar uma série para assistir enquanto comia. Ainda estava vasculhando a Netflix quando a campainha tocou e a porta se abriu antes que eu chegasse lá. Jay, ofegante e molhado da chuva fina que começava a cair.

— A gente precisa conversar. - ele devia estar muito alterado, por que não conseguiu falar português. E eu entendi.

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