- The Game -
* Na mídia: Lily Brooke
Tudo bem, aquilo estava começando a me intrigar.
Respondi de imediato, lutando contra meus dedos trêmulos em razão da surpresa causada por toda aquela situação.
"É algum tipo de pegadinha ou você só quer tirar sarro da minha cara?", digitei o mais rápido que pude e apertei o botão de enviar. Como uma jornalista devotada, eu era extremamente curiosa e detestava ser a última a saber ou pior: não saber o que estava acontecendo.
Cerca de 5 minutos após eu enviar a mensagem para o tal desconhecido, meu celular apitou novamente e eu automaticamente fiquei gelada - odiava a sensação que vinha antes de descobrir algo que eu queria muito saber - era um misto de ansiedade e medo.
"Não é nenhum tipo de pegadinha, Grace. Eu gosto do jeito que você sorri e das caras e bocas que você faz, e por isso vou te mandar mensagens todos os dias para tornar seus dias melhores, assim como você torna os meus.
- Loverboy"
Eu não pude acreditar quando eu li aquilo. Não era um engano - ele escreveu meu nome. Mas quem faria isso?! Eu costumava criticar o jeito alienado como as pessoas se relacionavam: se viam em um bar ou em outro lugar qualquer, se beijavam como se quisessem provar algo para si mesmas e logo após partiam para outra - sem conversas profundas, sem elogios, sem sentimentos. Quem em sã consciência me mandaria mensagens anônimas para 'tornar meu dia melhor?' Se antes eu estava curiosa, agora eu estava confusa e três vezes mais curiosa.
Eu sabia que a pessoa estava brincando ou algo do tipo - se realmente quisesse tornar meu dia melhor, porque não se identificava?! Então, ao invés de seguir minha curiosidade e mandar uma mensagem perguntando quem era, optei por contar tudo aquilo à Audrey e Lily para saber o que elas achavam.
— Amigas, estão aí? Preciso contar uma coisa e é urgente! - digitei, no grupo que eu, Lily e Audrey costumávamos falar abobrinhas.
— Falaaaa! - Audrey digitou primeiro - eu conhecia ela, e no mínimo já estava se revirando de curiosidade.
— Também estou aqui :) - Lily digitou, de imediato.
— Tá bem, lá vai: no domingo, quando eu estava indo dormir, recebi uma mensagem falando que alguém estava apaixonado sem nunca ter me beijado e só me via de longe. Eu estranhei, achei que fosse engano. Mas agora recebi outra falando que quando me vê perde a fala e sente calafrios... Eu imediatamente respondi perguntando se era uma pegadinha ou algo do tipo, mas ele respondeu dizendo meu nome e que iria me mandar mensagens todos os dias!! Os prints estão indo, eu estou confusa - mandei em áudio, porque estava ansiosa demais para digitar.
— Isso tá parecendo -A de Pretty Little Liars amiga, corre! kkkkkk - Audrey era o alívio cômico de todas as situações tensas da minha vida, e já estava fazendo piada.
— Ai meu Deus, você tem um admirador secreto! Que fofo s2 - Às vezes, só às vezes, eu admirava a capacidade de Lily em ser tão sonhadora e procurar ver o lado bom em tudo.
— Gente, é sério, o que eu faço? Vou ligar na operadora e bloquear, eu hein! Povo doido! - Mandei, ao ver que ambas não haviam me ajudado em nada até agora.
— Não vai bloquear nada! Continua recebendo as mensagens, afinal não há nada demais nelas - Audrey digitou. Eu sabia que ela também estava curiosa.
— É, Grace! Vai vendo onde isso dá. No filme "A nova cinderela" é assim que a personagem principal encontra o príncipe, sabia?! - Lily e seus romances. Revirei os olhos e voltei minha atenção para a Netflix.
* * * *
No dia seguinte acordei pela manhã e executei minha rotina diária: me levantei como um zumbi de The Walking Dead, tomei banho, me arrumei e fui para o estágio. O dia estava radiante e eu sempre me sentia revigorada com a luz do sol - San Diego ficava na Califórnia, então constantemente fazia calor e o tempo era seco -, mas naquele dia em especial, tudo parecia estar perfeito.
Peguei o ônibus e fui para o prédio da Editora Summer ouvindo a playlist de Audrey no ipod: AC/DC, Beatles, Ramones, The Police e alguns outros. Eu era bem eclética e gostava da batida daquelas bandas. Não demorou muito até que eu chegasse na Editora e tivesse um dia extremamente cheio - era dia de fechamento da edição 670 e todos pareciam tensos para que tudo saísse perfeito.
Passei o dia compenetrada à fazer um bom trabalho (eu odiava não atender às expectativas), e mal notei quando a hora de ir para a Universidade chegou. Me despedi e fui em direção à UCSD.
Quando cheguei na sala de aula, haviam poucos alunos e um deles me disse que a professora havia sentido-se mal e não tinha condições de dar aula, mas havia deixado um trabalho para ser entregue na próxima aula - nada muito elaborado, mas tomaria o tempo que seria dedicado à aula para ser executado - agradeci, peguei o tal trabalho e fui em direção à biblioteca.
Somente com o conteúdo que eu tinha em meu caderno eu conseguia fazer o exercício, mas gostava da calmaria e o silêncio que a biblioteca proporcionava. Terminei o trabalho rapidamente e notei que ainda levaria pouco mais de 20 minutos para o intervalo, e por estar extremamente cansada pelo dia atarefado, me permiti cochilar um pouco.
Acordei com Audrey mandando mensagens me perguntando onde eu estava - o intervalo havia começado há cerca de 5 minutos e rapidamente juntei minhas coisas e corri em direção ao refeitório. Quando cheguei, cumprimentei Audrey, Lily e Cody, que também estava sentado em nossa mesa.
— Hoje depois da aula tem jogo dos Tritons contra um time visitante, vamos assistir? - Cody perguntou. Ele costumava ir de carro todos os dias para a Universidade, então eu, Lily e Audrey sempre voltávamos com ele.
— Nós temos alguma escolha? - Eu ri, de forma sarcástica. Eu não era muito fã de futebol americano, mas sempre que havia jogos depois da aula Cody ficava para assistir, e eu e as meninas automaticamente também ficávamos para não perder a carona.
Parei de rir quando meu celular vibrou em cima da mesa e pude ler "Desconhecido" na tela. Peguei o celular de forma abrupta e Audrey e Lily pareceram perceber, pois ambas me olharam com expressões curiosas. Apertei o botão para ler e fiquei envergonhada quando li:
"Eu achei que já tinha visto muitas coisas belas na vida, mas te ver dormindo na biblioteca superou todas elas. Boa noite, Bela Adormecida.
- Loverboy"
* * * *
A última aula havia passado devagar. Eu não conseguia parar de pensar no quão envergonhada estava por ter sido pega no flagra dormindo na biblioteca pelo tal Loverboy. Pelo menos eu havia descobrido uma coisa a seu respeito: ele estudava na UCSD.
Quando fomos finalmente liberados, encontrei com Lily, Audrey e Cody no portão da ala sul e fomos andando animadamente para o ginásio. Os Tritons eram bons, e as líderes de torcida tinham diversos prêmios Estaduais - não que eu ligasse para isso, mas todos na Universidade eram dedicados à seus futuros.
O jogo começou e eu belisquei Audrey ao ver que Ethan era quarterback. Ela revirou os olhos e fez uma cara de quem não estava interessada. Lily riu e Cody estava concentrado no jogo. Disparei mais algumas provocações para Audrey sobre Ethan e ria vez ou outras de suas respostas ácidas.
Mas algo chamou minha atenção: em um dos primeiros degraus da arquibancada, um garoto lia um livro parecendo bem interessado. Fiquei surpresa pois todos gritavam e ovacionavam os jogadores, mas ele não parecia se importar. A iluminação do campo era forte e ele seguia concentrado em seu livro, e eu me vi, inevitavelmente, esboçando um leve sorriso e pensando no que ele poderia estar lendo. Saí de meus devaneios quando Audrey gritou, xingando algum palavrão para o time adversário.
* * * *
Quando o jogo acabou, esperamos até que o fluxo de pessoas diminuísse um pouco para que pudéssemos ir embora. Já passava da meia noite, mas todos ainda pareciam animados com o jogo. Notei que Ethan chegou próximo dos primeiros degraus da arquibancada e cumprimentou o cara que estava lendo. Parei de observar a cena quando percebi que o tal cara que lia era Nicholas, e não estava afim de parecer uma louca perseguidora encarando-os.
Quando restavam poucas pessoas nas arquibancadas, fomos para casa. Nossas residências ficavam a poucos metros uma da outra, então ríamos e gritávamos idiotices pelo condomínio enquanto nos despedíamos.
Quando estava quase dormindo, meu subconsciente ainda esperava mais alguma mensagem, talvez dizendo quem estava fazendo aquilo - mas não recebi mais nada.
*UCSD: Universidade da Califórnia em San Diego.
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