- Surprise -
* Na mídia: Ethan Evans (à esquerda) e Dylan Becker (à direita).
Meus olhos piscaram mais algumas vezes antes que eu me virasse e me deparasse com a cena que embrulhou meu estômago de imediato: Dylan, com quem eu havia terminado um relacionamento de pouco mais de 1 ano há cerca de 24 horas, estava beijando uma garota no Burn's.
Eu poderia ser hipócrita e dizer para mim mesma que aquilo não significava nada - ele era uma pessoa livre agora e podia beijar quem quisesse. Mas a rapidez com que ele o fez me deixou muito surpresa - não de um jeito bom.
Fiquei paralisada por alguns segundos observando aquela cena. Em minha mente surgiu uma vontade súbita de chegar nível música sertaneja dizendo "que cena mais linda, será que eu estou atrapalhando o casalzinho aí?!" Mas eu não gostava de sertanejo, e não gostava ainda mais de chamar atenção. Além disso, ele estava solteiro e eu não tinha o direito de cobrar nada dele.
Mas meu coração não parecia pensar da mesma maneira. Olhei de relance e percebi que Audrey também observava a cena. Seus olhos corriam de Dylan até mim e de mim até ele, e pude perceber quando ela levou as duas mãos à boca: não era só eu quem estava chocada.
— Você está bem?! - Só então me lembrei que aquele cara estava ao meu lado.
— Estou sim, obrigada. - Forcei um sorriso, mas o máximo que consegui esboçar foi uma careta. Me levantei rapidamente, dando um tchau apressado para o rapaz, paguei a comanda do pub e me dirigi para fora daquele lugar. Era muita coisa para assimilar.
Nesse momento agradeci pelo fato de o Burn's ficar de frente para a praia de Pacific Beach. E agradeci ainda mais por não estar usando salto alto - benefício de ter 1,73m de altura - e corri o máximo que pude, pois não queria que Audrey viesse atrás de mim - eu só queria ficar sozinha e colocar meus pensamentos no lugar.
Me sentei na areia, perto do mar, e tirei meus oxfords dos pés. Comecei a observar as ondas que quebravam com violência em função do forte vento que as impulsionava, e percebi que somos como as ondas: nos erguemos, quebramos e nos erguemos novamente. E assim eu faria.
Meu telefone começou a tocar e a foto de Audrey fazendo uma careta engraçada brilhou na tela do celular. Coloquei-o no silencioso, eu não seria uma boa companhia naquele momento. E ela sempre entendia isso.
Peguei meus sapatos na areia e comecei a andar pela praia. Já eram mais de 23h e só o que se via era a iluminação forte dos hotéis e restaurantes que ficavam próximos à orla. Andei por mais alguns minutos - eu gostava de caminhar para espairecer -, e decidi que devia voltar para casa quando já haviam mais de 5 ligações perdidas de Audrey.
Peguei um táxi e fui direto para casa. Quando cheguei, meus avós já dormiam e só a luz da varanda estava acesa. Sob a luz incandescente o jardim que minha avó cultivava no quintal ficava ainda mais bonito. Eu admirava o talento que ela tinha para a jardinagem.
Não sei se o álcool ou o fato de ter andado por um tempo ocasionaram o cansaço que eu me encontrava, mas quando deitei em minha cama, não vi mais nada.
* * * *
Acordei pela manhã com a luz do sol direcionada em meu rosto. Levantei e fechei a cortina, eu queria dormir muito mais, mas algo me chamou a atenção - várias mensagens e ligações em meu celular de uma Audrey desesperada. Peguei o telefone e disquei seu número, com a certeza de que ela atravessaria o telefone e me daria um soco.
— VOCÊ TÁ QUERENDO ME MATAR???!!! - Audrey gritou com toda a ignorância que conseguia reunir.
— Oi vó, liguei errado! - brinquei, tentando amenizar a situação.
— Você está encrencada! Você some, não atende as minhas ligações e ainda faz piadinha?! Eu e Cody te procuramos a noite inteira! Você podia ter morrido!
— Nossa, quanto drama! Eu tô bem. Me desculpe se fui irresponsável, você sabe que não me torno uma boa companhia quando estou irritada. Eu caminhei um pouco pela praia e voltei de táxi. - falei, atropelando algumas palavras.
— Tudo bem, só podia ter avisado. Eu vi o que aquele babaca fez e me segurei muito para não ir lá e quebrar a cara dele. - ela disse, já com a voz serena de sempre.
— Mudando de assunto, acho que alguém tem um boy novo! - Falei, de forma sarcástica.
— Um boy que eu não beijei, só sei o primeiro nome e que não peguei o telefone porque saí correndo atrás de você?! Aé, tenho sim. - Ela disse, rindo.
* * * *
Passei o resto da tarde fazendo trabalhos da faculdade - mal podia esperar por férias. Dei uma pausa de alguns minutos e de forma furtiva fui até o Facebook de Dylan para stalkeá-lo. Notei uma foto adicionada recentemente por um de seus amigos, onde tinham 3 caras, Dylan e a garota que ele havia beijado. Fiquei mais alguns segundos observando a foto e parece que ele sentiu, pois rapidamente surgiu uma janela de bate-papo com sua foto.
— Oi Grace, tudo bem? - revirei os olhos. Sério que ele era tão falso assim?! Preferi não responder, pois eu sabia que dependendo do rumo que aquela conversa teria, eu ia acabar jogando o tal beijo na cara dele. Fechei a janela e voltei para meus trabalhos.
Quando anoiteceu, tomei um banho, vesti um pijama confortável e deitei em minha cama pronta para assistir Netflix. Meu celular apitou e eu vi uma nova mensagem na tela - automaticamente estranhei, pois em terra de Whatsapp quem manda mensagem de texto? - e estranhei ainda mais quando notei que não continha um número, somente a identificação de "Desconhecido". Abri a mensagem e meu coração instantaneamente disparou com o conteúdo:
"Como é que eu pude assim gostar de alguém, que só vejo de longe e nunca beijei?
Eu não sei como, mas eu prometo que vou descobrir.
- Loverboy"
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