- Just closer -
Adentrei o saguão da Editora Summer e peguei o elevador. Após ter acordado mais cedo para ir à delegacia dar queixa, meu avô havia me levado até o trabalho. Quando contei à eles o que havia acontecido na noite passada, eles ficaram abalados, mas aliviados por nada ter acontecido à mim. Eles pediram para que eu agradecesse Nicholas, mas eu sequer tinha o telefone dele.
Quando o elevador parou no quinto andar fui recepcionada por alguns olhares. Imediatamente me perguntei "será que elas sabem?", mas logo após esse pensamento surgir em minha mente, Natalie - minha coordenadora - saiu me puxando para minha mesa parecendo muito animada.
Quando cheguei perto de minha mesa, notei que havia um vaso de vidro transparente cheio de girassóis. Olhei para ela, com uma expressão de confusão no rosto, e ela logo sanou toda a minha curiosidade:
— São pra você! Chegaram hoje de manhã. - ela disse, dando pulinhos. — Tem um cartão! Leia para nós! - todas pareciam me olhar, aguardando por aquele momento.
— Quem as trouxe? - eu perguntei, pegando o cartão.
— Um cara de uma floricultura. Ele não disse nada, só que era para ser entregue à Grace Hyland - ela disse, ansiosa.
Um sorriso brotou em meu rosto quando eu li o que continha no cartão. Não havia sido manuscrita, mas aparentemente digitada em uma máquina de escrever, com os seguintes dizeres:
"A moça da floricultura disse que a flor de girassol significa felicidade. Então quero dizer que você é o meu girassol, que irradia luz e alegria por onde passa.
- Loverboy"
Eu não queria que mais ninguém soubesse sobre ele, então apenas desconversei dizendo que era um amigo. Todas pareceram acreditar quando voltaram a atenção para seus respectivos computadores.
Eu confesso que aquelas flores realmente haviam tornado meu dia incrivelmente feliz. Por alguns segundos esqueci o que ocorreu na noite anterior, e o mundo parecia bonito novamente. Coloquei água no vaso e fiquei o dia inteiro admirando as pétalas amarelo-vibrante em frente à mim, e quando chegou a hora de ir para a faculdade, meu coração se entristeceu com a ideia de deixá-las lá, sozinhas. Então peguei-as e fui em direção ao elevador, me despedindo de todas.
Para não estragar minhas flores, acabei pegando um táxi para a Universidade, e cheguei por lá tão cedo que o dia ainda irradiava num céu muito azul. Me sentei debaixo de uma árvore enorme que tinha no campus, peguei meu exemplar de "Orgulho e Preconceito" e dei continuidade à leitura que eu havia abandonado já a algum tempo.
Passados alguns minutos, o entardecer já tornava o céu alaranjado, e comecei a reunir minhas coisas para ir para a sala - quando Nicholas sentou-se ao meu lado.
— Oi - ele disse, com um largo sorriso e eu me contive para não encarar seus dentes perfeitos. — Eu queria saber se você está bem, você sabe...
— Sim, eu estou muito bem, graças à você. Eu realmente não sei como agradecê-lo - eu disse, e seu sorriso aumentou ainda mais.
— Eu sei! - ele exclamou, e minha sobrancelha esquerda se arqueou, em tom de dúvida. — Meu tio tem um estúdio musical e no sábado eu tenho que cuidar do espaço porque ele vai viajar. Você pode me agradecer indo comigo! Músicos são incrivelmente irritantes e eu sempre fico entediado - ele disse, com uma expressão de superioridade, e eu soltei uma gargalhada tão alta que suspeitei que todo o campus tinha ouvido.
— Ué, até onde eu me lembro, VOCÊ é músico! - eu disse, ainda rindo. Ele esboçou uma expressão pensativa e completou:
— Sim, e é por isso mesmo! - eu ri ainda mais. Ele estava se criticando de uma forma muito teatral, o que tornava tudo extremamente engraçado.
— Tudo bem, eu aceito. — eu disse, me recuperando das risadas.
— Então tá, eu passo na sua casa às 09h30, porque o estúdio tem que ser aberto antes das 10h.
— Combinado! - eu disse, animadamente. Os olhos dele saíram do meu rosto para o vaso de flores ao meu lado, e seus olhos demonstravam confusão.
— Que flores são essas? Assaltou um túmulo? - ele perguntou, com um sorriso debochado.
— Ei, não fale assim delas! Eu ganhei hoje e não quis deixá-las desamparadas no meu trabalho. - eu disse, e abracei o vaso de forma desajeitada.
Ele gargalhou e eu achei o som da sua risada contagiante.
— Vamos para a sala então?! - eu disse, me levantando.
— Eu ainda tenho que passar na biblioteca, mas a gente se vê por lá - ele disse, se despedindo. Eu assenti e fui em direção ao prédio de comunicação.
* * * *
A aula havia sido tão complexa que eu mal tive tempo de respirar. Quando o intervalo começou, eu ainda estava fazendo anotações, e corri o máximo que pude para não perder muito tempo. Quando cheguei à mesa, Audrey e Lily já me esperavam.
— Olha, se não é a senhorita Grace que esqueceu das amigas?! Aud disse, brincalhona.
Então eu contei tudo a elas. Sobre o Grêmio, sobre o Baile (era incrível a animação que essa palavra trazia às pessoas), sobre o incidente e sobre Nicholas. Elas se solidarizaram por mim e me abraçaram (leia sufocaram), e repetiram mil vezes para eu nunca mais andar sozinha à noite, e Audrey completou que se soubesse quem era aquele homem, uma hora dessas ele já estava morto. Naquele momento eu só conseguia rir, e já me sentia melhor em relação ao ocorrido.
Foi então que Ethan se aproximou e perguntou se podia se sentar. Nós balançamos a cabeça afirmativamente e eu vi Audrey completamente desconfortável. Ela virou-se para dizer algo à ele, mas Ethan foi mais rápido e começou a falar primeiro:
— Olha, eu sei que você estava irritada pelo seu irmão e eu já me desculpei com ele, e também quero me desculpar com você. A culpa foi toda minha. - ele disse, e Audrey parecia perplexa. Logo após, seus olhos começaram a brilhar e ela o respondeu.
— Eu quem te devo desculpas. Eu não queria realmente fazer aquilo e eu sinto muito - ela disse, com uma expressão arrependida.
— Tudo bem, eu te entendo - ele disse, e logo voltou sua atenção para mim. — Grace, amanhã tem reunião do Grêmio no intervalo. É coisa rápida, só para dividirmos as tarefas, lá na biblioteca. - ele disse, e eu assenti.
Logo ele se despediu e eu e Lily começamos a soltar risadinhas provocativas para Audrey - éramos tão infantis.
— Bom, pelo jeito amanhã não vou poder passar o intervalo com vocês, meninas - eu disse, fazendo beicinho.
Então Cody se aproximou e sentou-se ao meu lado.
— Gente boa aquele Ethan, veio me pedir desculpas e tudo o mais - ele disse, com ar despreocupado.
— Pois é, ele acabou de vir aqui e se desculpar com a Audrey - eu completei, e ele voltou sua atenção para mim.
— Sei não, acho que ele está afim é de você - ele disse, com uma expressão de deboche. Audrey pareceu ficar incomodada e eu tratei de encerrar aquele assunto.
— Nada a ver, ele é só um colega de sala - eu disse, e mudamos de assunto.
* * * *
Cheguei em casa e fui direto para o quarto. Coloquei as flores sob minha escrivaninha e gostei de como elas combinavam com a decoração do meu quarto. Meu celular vibrou e eu já imaginava quem poderia ser.
"Que só quero que você saiba
Encontrei uma razão pra mim
Para mudar quem eu costumava ser
Uma razão pra começar tudo de novo
E a razão é você*
- Loverboy"
* Hoobastank - The reason.
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