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- Here we go again -

  — Nick, eu... - parei e olhei para ele. Suas sobrancelhas estavam arqueadas e seus olhos brilhavam.

— Tudo bem! Mas por favor, me prometa que nunca mais vai deixar de me contar algo assim, e principalmente escalar a minha casa desse jeito! 

— Eu prometo - ele disse, levantando as palmas das mãos, num sinal de rendição.

Então ele me abraçou e me beijou de uma forma tão intensa que parecia que havíamos ficado anos sem nos falar. Cada célula do meu corpo  parecia aliviada por estar em seus braços novamente.

  — Agora sim posso colocar isso no seu pescoço - ele tirou o colar da pequena caixa, e eu afastei meus cabelos da nuca para que ele pudesse prender o colar.

— Prometo nunca mais tirá-lo - eu disse rindo, e ele riu também. 

— Bom, como eu não sabia se nossa conversa iria demorar, acabei liberando Ethan. Acho que ele foi embora, então... - sua feição mudou para um sorriso malicioso que eu já conhecia.

— Então você pode dormir aqui, mas vai ficar quietinho a noite toda porque meus avós estão dormindo no quarto ao lado, sr. Nick! - eu disse rindo, e ele esboçou uma expressão de ofensa.

— Nossa, como você é maldosa! Nem de longe isso passou pela minha cabeça - e ele fingia uma expressão de inocência, que me causou mais algumas risadas. 

— Vem cá, seu tosco - eu o puxei pela camisa, e ele tirou os tênis e deitou ao meu lado. 

— Sabe Grace, eu imaginei momentos assim muitas vezes. Mas nunca pensei que seriam tão perfeitos.

— Nossa, que brega! - eu disse rindo, e ele fez beicinho. — Tô brincando meu breguinha, vem cá - eu disse, enquanto distribuía beijos em seu rosto. 

Não sei quanto tempo ficamos conversando e rindo, mas não demorou muito para que eu adormecesse. 

* * * * 

Acordei com o barulho do carro do meu avô saindo da garagem. Era sábado de manhã e provavelmente eles estavam indo à missa, como faziam em todos os fins de semana. Fizesse chuva ou sol, no sábado ou no domingo eles iam à pequena capela que ficava perto do condomínio, religiosamente. 

Olhei para o lado e Nick dormia tranquilamente. Sua respiração era compassada e ele tinha a expressão quase como se sorrisse. Minha cabeça estava apoiada em seu braço, e eu lentamente  coloquei seu braço para baixo, antes que eu causasse um aperto nível gangrena à ele. 

Fui até o banheiro e escovei os dentes fazendo o mínimo de barulho possível. Calcei meus chinelos e abri a porta lentamente. Nick mexeu-se na cama, mas permaneceu dormindo. Desci as escadas e preparei um pequeno café da manhã: torradas, panquecas, café (eu não gostava, mas Nick sim), e suco. 

Coloquei tudo numa bandeja e fui rezando e torcendo para não derrubar nada. A julgar pela minha falta de coordenação motora eu até me saí bem. 

Abri a porta com o pé e Nick ainda estava dormindo. Me aproximei lentamente e coloquei a bandeja em cima da cama. Eu jamais cogitaria fazer isso, mas Nick era diferente. Ele tinha a capacidade de despertar o melhor em mim - coisas que eu jamais imaginaria. 

  — Nick! -eu falei, sacudindo-o. Ok, não era um jeito muito romântico de acordá-lo, mas eu estava tentando. 

— Hum? - ele resmungou, enquanto esfregava os olhos.

Acho que ele não se lembrava que havia dormido na minha cama, porque quando olhou pra mim, seus olhos brilharam.

— Bom dia, princesa! - ele disse, parecendo mais acordado.

— Bom dia! Eu fiz café pra você. Quer dizer, a cafeteira fez, sabe... - eu disse, e ele riu.

— Você é linda, sabia? - ele disse surpreso com a bandeja, e eu apenas corei. 

Tomamos café conversando sobre amanhã: era meu aniversário. Eu geralmente não gostava de comemorar, nunca dei muita importância para aniversários. Normalmente meus avós faziam um almoço especial e Audrey e Lily iam até minha casa, mas nada demais. 

— Já pensou no que quer fazer? - Nick perguntou.

— Nada. Podíamos ir ao cinema, algo assim. Não dou muita importância pra isso.

— Mas deveria! Afinal não é todo dia que se faz 20 anos - ele disse rindo, e eu apenas concordei. 

Depois de tomarmos café, sugeri que eu o levasse até a casa dele para que não fosse preciso ele pegar um táxi, já que Ethan tinha ido embora de madrugada.

Tirei o carro da garagem e quando Nick entrou no carro, juntou as mãos e começou a fingir que estava orando.

— Seu idiota! Sou uma ótima motorista - falei rindo, e ele apenas fez uma careta.

Dei a partida e quando passei na porta da casa de Audrey, me surpreendi ao ver o carro de Ethan parado em sua porta. E o pior nem era isso! O pior era que ele estava saindo de lá agora.

— Tô vendo como Ethan foi embora! Safadinhos - eu disse rindo, enquanto Nick também ria.

— Ele tá com a mesma roupa de ontem! Ele dormiu na casa da Audrey? - ele disse rindo, e eu buzinei quando passamos para que ambos pudessem ver que nós sabíamos.

— Não gênio, ele veio agora cedo só pra dar um oi - falei rindo, e Nick gargalhou ainda mais.

Peguei a estrada para a casa de Nick e quando estacionei em sua rua, meu coração gelou em lembrar da última vez que estive aqui.

— Vamos entrar? Prometo que minha avó vai ser mais solícita dessa vez - ele disse em expectativa.

— Não sei Nick, ela não pareceu gostar muito de mim da última vez - falei em dúvida, mas ele insistiu e eu acabei cedendo. — Tudo bem, só um pouco. Depois vou embora! - falei, saindo do carro. 

Entramos em sua casa e Ian estava na sala de estar. Quando me viu, ele abriu um largo sorriso e veio de prontidão me cumprimentar.

— Bom dia, Grace! Como vai? 

— Bem, e você? - eu notei que Nick parecia muito com Ian.

— Estou ótimo!

E então, quando me virei, a avó de Nick estava encostada em uma das pilastras da entrada.

—  Olá Grace, podemos conversar? - todo o meu corpo tremeu, e eu olhei para Nick, em expectativa. Ele assentiu e eu concordei, indo na direção de Margareth.

Ela caminhou até a cozinha e eu fui atrás. Olhei para ver se Nick havia nos acompanhado para me dar algum apoio, mas estávamos sozinhas. Era agora que ela ia acabar com a minha raça, pensei. 

  — Bom, primeiramente gostaria de saber como estão os seus avós. Nicholas me contou o que houve no dia que você esteve aqui. - sua voz era fria como gelo. Senhor, ela me dava arrepios.

— Eles estão bem, muito obrigada. Meu avô está tomando uma dosagem maior de remédios para a hipertensão, mas está tudo bem. O pior já passou.

— Que bom. Bem, o motivo pelo qual eu chamei você aqui foi para pedir-lhe desculpas. Eu julguei-a mal depois de tudo o que Nicholas passou, e ele me contou o que Lydia fez. Me desculpe por não ter tratado-a bem aquele dia, mas eu só quero o bem do Nick. - ela tentava soar educada, mas eu ainda estava desconfiada.

— Não tem porque desculpar-se, eu entendo perfeitamente. - forcei um sorriso. 

Ela sorriu de volta e completou: — Quero que venha para cá mais vezes, se não se importar. É sempre muito solitário conviver com dois homens, gostaria de poder te conhecer melhor. - ela parecia sincera, e resolvi dar uma chance.

— Claro, será um prazer. - eu disse, enquanto Nick entrou na cozinha.

— O que será um prazer? - ele perguntou de maneira sarcástica.

— Grace passar mais tempo conosco, querido - Margareth disse, e o rosto de Nick se iluminou.

— Concordo plenamente - ele disse, e logo após deu-me um beijo no rosto.  

Passei a manhã inteira lá, e finalmente senti-me como se estivesse em uma segunda família. 

 

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