Quando Nicholas parou de cantar, minhas mãos ainda encontravam-se em minha boca, ainda sem acreditar em tudo aquilo. Ele então desceu do palco e veio em minha direção, e um pequeno circulo de pessoas se fez ao nosso redor.

Ele se aproximou e ficou em frente à mim. Ele não estava usando o microfone mais, porém quando ele falou, todos pareciam ouvir.

  — Eu sei que tudo parece meio confuso, e sei que temos muito para conversar. Mas eu esperei tanto por esse momento, e espero que todos os meus esforços tenham te mostrado o quanto eu lhe quero bem, Grace - Nicholas disse de forma clara, e todo o meu corpo tremia.

Então ele se ajoelhou lentamente, olhou em meus olhos e disse:

  — Grace Hyland Cooper, você quer namorar comigo?! - seus olhos transpareciam emoção, e naquele momento eu não tive nenhuma dúvida quanto à resposta.

— Sim! - eu disse rindo, e o puxei para que ele ficasse de pé.

Então nossos olhares se cruzaram, e instintivamente fomos nos aproximando. Eu sentia todo o meu corpo formigar e quando ele envolveu seus braços em minha cintura, por um instante eram somente ele e eu. Pousei minhas mãos sobre seus cabelos e quando nossos lábios se encontraram, pude ouvir gritos e assovios ao fundo.

O beijo começou terno e doce, os lábios de Nicholas eram macios e ele parecia tentar dizer tudo o que não havia dito antes através daquele beijo, que foi se intensificando e se transformou em algo urgente, emergente, preciso. 

Eu não sabia que um beijo poderia me fazer sentir tantas coisas, mas agora eu entendia. Eu entendia a força de gostar de alguém daquela maneira, e nada mais importava. 

Quando nos afastamos, diversas pessoas ainda tinham a atenção voltada para nós, e alguns amigos até nos deram bençãos e fizeram piadas. Saímos em direção ao jardim do centro de eventos e então eu pedi para que ele me explicasse tudo, com detalhes. 

Eu não me importei em perder todo o baile, eu só queria estar perto dele e ouvir o som de sua voz.

* * * * 

Já eram quase 2h da manhã quando Nick estacionou em frente à minha casa. Depois de ouvir tudo o que ele tinha a dizer e assistir aos tradicionais fogos de artifício do Baile de Primavera em meio aos seus abraços, eu me senti muito feliz em poder estar com ele agora. 

  — Eu mal posso acreditar que agora você é minha namorada. N-a-m-o-r-a-d-a. Isso soa tão bonito! - ele disse divertido, e eu apenas gargalhei.

— Você é mais do que um dia eu poderia ter imaginado, Nick. Eu só não sei porque demorou tanto - eu disse rindo, enquanto ele depositava diversos beijos em meu rosto.

— Como eu disse, nada que é bom vem fácil. Eu mesmo demorei 9 meses para vir ao mundo - e então eu gargalhei de novo. Estar ao lado dele era tão leve, tão divertido.

— Ah tá, e a autoestima nas alturas vem de brinde?! - eu ri, e ele apenas assentiu.

— Amanhã, para comemorar, vamos ao Belmont Park? - ele sugeriu.

— Contanto que você não me obrigue à ir na montanha russa, eu topo! 

— Olha, temos uma medrosinha! Pode deixar, ao meu lado você vai superar todos os seus medos - ele disse rindo, e eu apenas concordei, debochando. 

— Acho melhor eu entrar, antes que a ronda do condomínio pense que estamos aprontando algo - eu disse rindo enquanto o beijava.

— Tudo bem. Boa noite, Grace. - e novamente, um beijo de tirar o fôlego.

— Boa noite, Loverboy - eu disse, fazendo uma careta. 

 Saí do carro e abri a porta de casa, dando um leve tchau enquanto ele sumia pela rua do condomínio. 

Quando cheguei ao quarto, vi a bagunça de maquiagens e produtos de beleza que estavam em cima de minha cama. Tirei tudo de qualquer jeito e me deitei, exausta. 

Eu ainda tinha muito para assimilar, muito para entender. 

Mas se o amor realmente existia, acho que ele estava finalmente se mostrando para mim.

* * * * 

Eu havia acabado de acordar e ao pegar meu celular, notei que haviam mais de 10 mensagens de Audrey e 8 de Lily. Ambas queriam saber tudo sobre o que havia acontecido depois do pedido, e eu sugeri para as duas que viessem buscar seus pertences que eu contaria tudo.

Mas a mensagem que realmente mexeu comigo foi a de Nick, que dizia "Bom dia, minha princesa. Agora posso mandar mensagens sendo eu mesmo. Que seu dia seja perfeito como você (e ele vai ser, porque passará comigo, hehehe). Beijos s2".

Eu achava graça do quanto ele tinha uma personalidade tão dualística - ele era doce e era extremamente engraçado - uma mistura que poderia ser perigosa demais, até pra mim.

Mas dessa vez eu não tive medo. Não iria me privar mais de sentir algo intenso, e no fundo eu sabia que Nick era a pessoa certa. 

Depois que eu tomei café da manhã, a campainha tocou e quando abri dois furacões quase passaram em cima de mim: Audrey e Lily não paravam de falar e eu tive que esperar elas se acalmarem para sugerir que fossemos lá para cima para que eu explicasse tudo.

Meus avós saíram bem cedo para ir à missa, então eles ainda não sabiam da novidade.

Subimos e nos deitamos na cama, e fui bombardeada com diversas perguntas.

  — Ele beija bem? - claro que foi Audrey quem fez essa.

— O que ele te disse? Como ele sabia de tudo e era anônimo - Lily era mais delicada, sempre.

Contei tudo o que Nick havia me explicado: a perda da mãe, a transferência para San Diego, o primeiro dia em que me viu, sobre as ajudas de Ethan (Audrey ficou tensa nessa parte!) - e vi cada uma esboçar surpresas assim como eu.

— Nossa, a história de vocês é digna de um conto de fadas meio psicótico - Audrey falou rindo, e eu e Lily rimos também.

— Eu sei que parece meio doido, mas vai, foi original. 

Passamos a manhã rindo e brincando e quando eu me lembrei que mais tarde iríamos para o Belmont Park, tratei de enviar uma mensagem para Nick.

Peguei o celular e digitei rapidamente: "Nick, o que você acha de levarmos Ethan e Audrey junto? Eu sei que deveria ser algo para nós dois, mas não custa nada darmos uma força pra eles, que tal?"

A resposta não demorou muito. "Ele topou! Passo aí às 18h. Você é incrível."

Bom, um já havia sido convencido - faltava a rainha do gelo.

  — Meninas, eu e Nick vamos no Belmont hoje, porque vocês não vão com a gente? Acho que Ethan também vai. 

— Eu adoraria amiga, mas preciso fazer um trabalho enorme para amanhã - Lily respondeu primeiro.

— Por favor, Aud! É nossa primeira saída juntos, não quero que o pobre do Ethan segure vela. Você vai e faz companhia pra ele, que tal? - eu disse, fazendo uma cara de piedade exagerada.

  — Tudo bem, eu topo! - ela disse, à contragosto.

Se Ethan havia ajudado Nick, estava na hora de eu fazer o mesmo por ele - e por Aud.