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TRÊS

– O que isso significa? – Perguntei.

– O seu Pablo é famoso – explicou Raquel com o consenso de todas as outras cinco irmãs. – Ele vem de uma família super tradicional, é conhecido como um garoto genial ou algo assim.

- E é lindo! – Disse a histérica Bianca. – Lindo, lindo, lindo.

            - Não é só isso – continuou a Raquel. – Ele é como um conselheiro do Rei, uma das pessoas mais influentes da burguesia. Super inteligente! – Tudo que era falado era acompanhado pelas outras irmãs que balançavam a cabeça em sinal de convergência.

            Li um trecho do jornal:

O reino de Amberlin festeja hoje com a chegada da família Eax, uma das mais comentadas do momento, conhecida por ser portadora do maior império de plantação de erva energética do mundo - comumente usada para fazer o chá tão popular entre nós.

Mas, de todos os grupos de pessoas, nenhum está mais animado do que as jovens damas da nossa sociedade. Isso se deve ao fato de que o jovem filho do casal (e solteirão), Pablo Eax, também irá fixar moradia por aqui. Pablo faz parte do aeroclube do reino de Sirap e é um notório filantropo, arrancando suspiros sonhadores por onde quer que passe.

Porém, para um homem tão bonito, inteligente e desejado na flor da idade, ainda é extremamente raro o encontrar acompanhado de alguém que possa ser considerada uma namorada. Quando questionado sobre isso, o nosso astro exibe o seu habitual sorriso tímido. "Estou trabalhando demais para ter tempo de pensar nisso", respondeu.

Leve o tempo que precisar, Pablo. Nós temos certeza que as damas não se incomodam em esperar...


O meu minuto de silêncio poderia muito bem ter sido dedicado ao luto do jornalismo de qualidade no nosso reino, pois esse texto digno das colunas de fofoca se encontrava na primeira página da publicação mais respeitada em que era possível colocar as mãos. Mas não. O meu minuto de silêncio foi puramente para colocar os pensamentos em ordem.

Então ele não estava brincando quando pareceu surpreendido por eu não saber quem ele era. Pablo realmente era famoso.

A situação me botou em xeque. Sempre nutri certo asco pela alta burguesia, especialmente por aqueles que navegam em uma vida pública, exibindo suas riquezas enquanto muitos de nós mal têm o que comer. Por outro lado, destratar um garoto perfeitamente simpático com quem eu já havia me entendido bem anteriormente só pelo fato de ele fazer parte desse mundo me parecia uma espécie de preconceito também.

É claro que nenhum desses dilemas morais estaria passando pelas cabeças das minhas irmãs, que pareciam excitadas demais para pensar em qualquer coisa.

Olhei para a sua versão de tinta que me encarou de volta. Era como um misto do Pablo que conheci com outra pessoa. Ele ainda aparentava os olhos sonhadores, mas parecia muito mais confiante do que se mostrara dentro daquele balão, seu sorriso de canto de boca era o mesmo, porém mais certeiro e menos desajeitado. Pergunto-me se a câmera que lhe causa essa sensação de poder ou se sou eu que lhe provoco a vulnerabilidade.

– Você o ama? – Perguntou a demasiadamente animada Anita, como uma porta voz do grupo. – Vocês vão se casar? Eu posso ser a madrinha? –

– Não! – Respondi prontamente, num volume um pouco mais elevado do que pretendia. – Ele é só um garoto que conheci hoje, é impossível sentir algo por alguém que nem ao menos conheço direito.

– Bom, se quiser conhecer o Pablo melhor, é só perguntar para a Bianca – Anita respondeu, apontando para a irmã. – Ela sabe tudo que é possível saber sobre o seu namorado.

*

Amberlin não possui os melhores curandeiros do mundo, mas é possível notar um esforço nos mesmos para continuar se aperfeiçoando. Quando os magos profissionais em cura decidem que não há mais nada o que se fazer para salvar uma vida, eles a deixam repousar no lugar mais confortável que podem propiciar. Normalmente não passa de um cômodo, mas a cama é sempre macia, as cobertas aquecem bem o corpo, e os livros e comidas favoritas da pessoa em questão são postas à sua disposição.

A mensagem por trás de tudo isso é bem clara: nós devemos receber a morte como uma amiga e não o contrário. Devemos aceitar a nossa hora de partir como uma vontade da natureza, que nós sabemos ser a fonte inesgotável de magia.

Minha avó, Marga, encontrava-se em um desses lugares, não muito longe de casa. Eu a visitava todos os dias, muito para preparar a comida e trocar o balde de urina, mas também para conversar e arriscar pedir alguns conselhos. Marga é tão idosa que não sabe quantos anos tem e não lembra quando parou de contar, mas também é a pessoa mais atenciosa e sábia que eu conheci até então.

As visitas também tinham outra vantagem. Quando se tem seis irmãs, o barulho e agitação tornam-se uma parte irritante da dinâmica da sua moradia. Já com a avó Marga posso desfrutar de momentos de silêncio reconfortantes, além de, claro, uma conversa organizada e tranquila, onde uma pessoa espera a outra terminar de falar, elabora um raciocínio lógico e responde da maneira mais equilibrada possível. Ao contrário do que acontece normalmente em casa, onde várias mulheres falam uma por cima das outras tentando fazer a sua voz prevalecer em um diálogo sem pé e nem cabeça.

Esse mesmo grupo de mulheres custou a dormir na noite anterior, vítimas de uma agitação exacerbada provocada pela minha rápida aventura romântica. Passaram horas fabulando sobre a personalidade do Pablo, que elas pareciam conhecer mais do que eu, mesmo que eu tenha notado algumas ilusões na fala apaixonada delas. Por exemplo, por mais corajoso que ele possa ser, não penso que teria sido possível que ele tenha voado montado em um dragão.

Ainda com elas no quarto fazendo seus comentários animados, me virei para dormir e puxei o cobertor para cima da minha cabeça. Fingi que tinha caído no sono e não pude evitar ouvir tudo que elas diziam. Eu que sempre fui invisível no meio de tantas personalidades diferentes, acabei de me tornando o centro das atenções por mais tempo do que o desejado.

No dia seguinte, acordei antes de todos e fui até o repouso da avó Marga. Ela acorda cedo por reflexo, passou tantos anos obrigada a madrugar para trabalhar na lavoura que agora o seu corpo não consegue descansar, mesmo quando tem um dia inteiro para não fazer nada.

Entrei com a minha cópia da chave e a encontrei usando todas as suas energias para forçar a vista o suficiente para conseguir ler as palavras do livro que se encontrava em suas mãos:

– Oi, amor – exclamou com a sua fraca e vacilante voz quando me avistou. – Como você está?

– Eu estou bem, vó – respondi enquanto me aproximava para dar um beijo em sua testa. – E como andam as coisas por aqui? – Perguntei enquanto comecei a fazer a checagem habitual das condições de moradia, a comida estava fresca, os móveis estavam limpos, nada estava alto demais de forma que ela não pudesse alcançar...

– Está tudo bem, meu amor – respondeu calmamente enquanto me observava caminhar de um lado para o outro verificando toda a minha lista mental. Mirava a minha movimentação quase como se achasse graça. – Não há muito o que administrar quando a única coisa no ambiente que se move está esperando a morte chegar. –

– Isso não é verdade – respondi prontamente. As flores que conjurei há dias atrás se encontravam em perfeito estado, dentro de um vaso com terra, o que era um claro sinal de que Marga fez um trajeto de encher um copo de água e caminhar até o vaso para regar seu conteúdo todos os dias, um ato penoso demais para as suas condições.

– Vó, eu já te disse! – Exclamei. – Você não precisa se preocupar em cuidar das flores, eu posso conjurar outras sempre que vier te visitar. –

– Você pode criar outras, mas não pode substituir as que já morreram. Nada é infinito.

Olhei para trás e encarei aquela senhora sentada confortavelmente em sua cama. Nós não podemos substituir o que já morreu. Nunca havia realmente parado para pensar nisso. Em como nunca irei substituir ela mesma.

Caminhei para mais perto e sentei-me em uma cadeira à sua frente, a nossa franqueza nos permitia engrenar em qualquer tipo de conversa.

– E como é? – Perguntei.

– Como é esperar a morte?

Assenti.

– É um tanto curioso – ela respondeu tranquilamente. – Não saber o que tem do outro lado é quase excitante.

– Você tem medo?

– Não.

– Não?

– Não. Medo, frustração, pânico... São reações naturais dos nossos corpos, como um sistema de defesa. Quando não há nada que se possa fazer para mudar uma situação, o único caminho é aceitar. E assim tudo se torna mais leve. Nada é mais libertador do que a impotência.

            – Alguns magos conseguem enganar a morte.

            – Tornando-se fantasmas, vagando sem rumo pelo mundo. Nunca vale a pena. Depois que uma vida se torna eterna, passam a não dar mais valor, assim como você faz com as flores. – Senti-me ofendida.

            – Eu dou valor às minhas flores!

            – Então prove para mim. Pegue um copo de água e regue as que estão no vaso, por que eu ainda não fiz isso hoje, por gentileza.

            Eu a obedeci. Pinguei um pouco de água no copo e, sob o olhar de Marga, fui até o vaso das flores conjuradas e molhei a terra que ficou mais escura, absorvendo o líquido.

            – E mais alguma coisa te aborrece hoje? – Perguntou minha avó quando me sentei à sua frente novamente.

            – Não. – Respondi. – Quer dizer... Minhas irmãs estão bem chatas ultimamente, por conta de um menino que beijei ontem.

            – Você anda beijando rapazes? Isso sim é uma grande novidade – até minha avó...

            – Sim – eu ri. – Elas têm dado uma especial atenção a esse rapaz, aparentemente porque ele é famoso. Pablo é o nome dele.

            – Ah sim, conheço Pablo – Marga me interrompeu. – Garoto famoso... – Apesar de também o conhecer, Marga não expressou nenhum sentimento de ânimo, excitação ou admiração. Apenas o conhecia, um ser humano como os outros bilhões espalhados pelo mundo.

            – Ele é... Estranho... Mas ainda assim legal. –

            Marga riu.

            – O que foi?

            – Já vi pessoas te descreverem com essas mesmas palavras, mais de uma vez.

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