Uma mancha de mofo se formou nos fundos do armário da cozinha de Marga. Quando abri a porta para pegar um copo, reparei que a mancha tinha um formato parecido com a cabeça de um homem adulto. Fechei a porta, guardando assim a cabeça de homem adulto na escuridão.

Enchi o copo de água e entreguei nas mãos de Marga, que bebeu com as mãos trêmulas e certa dificuldade. Sentei-me ao lado da sua cama e permanecemos em silêncio durante alguns minutos.

— Marga — disse. — Posso te perguntar uma coisa?

— Sim, meu amor. É claro.

— Como a gente sabe se é amor?

— Quando começamos a questionar se é amor ou não.