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DEZESSETE

Continuamos a aproveitar a sensação dos nossos corpos semivestidos em êxtase por alguns minutos, até a fome começar a martelar nossos estômagos e decidirmos que era uma boa hora para um lanche.

No meio do caminho entre o jardim e a cozinha, uma coisa chamou a minha atenção. A Águia de Rapina estava exatamente como nos desenhos de Pablo, pousada de forma gloriosa bem na minha frente. De certa forma, parecia um pouco com um pássaro: havia asas paralelas ao corpo, inúmeras cordas de todos os lados, uma hélice na frente, um assento para o piloto e outro para a carona. Acima de tudo, parecia leve, como se realmente fosse voar a qualquer momento. A única parte que não entendi foram as rodas presentes.

Ainda abraçada com Pablo, falei:

- Parabéns, amor. Você fez algo realmente belo aqui.

Ele olhou para mim, meio temeroso, apresentando aquele sorriso de canto de boca:

- A chamo de Águia de Rapina.

- Belo nome.

- Bom... Agora, sabemos que ele voa. Você não gostaria de talvez... Andar um pouco nele?

Olhei maravilhada para Pablo.

- Eu posso?

- Claro! - ele pareceu terminantemente excitado por eu aceitar o seu convite. - Você tem que experimentar essa sensação. É simplesmente... Mágico! Vem comigo, vem.

Ele me ajudou a subir. Eu estava tão ansiosa pela possibilidade de sair voando como um pássaro que a minha fome passou magicamente. Pablo deu um puxão nas hélices o mais forte que pode, o motor trabalhou para mantê-las girando. Subiu na Águia de Rapina com um aparente sorriso no rosto:

- Está segura? - perguntou enquanto verificava o meu assento e cinto.

- Acho que estou - respondi sem saber ao certo que tipo de precauções me tornariam segura em uma máquina inédita como essa.

- Prepare-se - ele disse - você vai amar isso. - E me deu longo beijo antes de endireitar-se em seu banco logo à frente do meu.

Tudo na Águia de Rapina parecia leve, antes mesmo de subir era possível sentir uma leve influência do vento nela. Não pude deixar de comparar a invenção com alguns aspectos da magia, afinal, nela eu me sentia realmente parte da natureza.

Não voamos de imediato. A Águia de Rapina começou a andar em terra, usando as rodinhas, primeiro lentamente, depois acelerando, como se fosse um ser vivo e estivesse acordando aos poucos. O vento no meu rosto me fazia bem. Eu estava feliz.

Cada vez mais rápido.

Cada vez mais leve.

Até começarmos a subir.

Primeiro seu bico esgueirou-se para o céu, depois o resto do corpo pareceu disposto a acompanhar o ritmo, foi possível sentir a roda da Águia se descolando do chão e voltando para ele segundos depois, e descolando novamente, até que ficou claro que não tínhamos mais nenhum contato com a terra.

A partir desse momento, pertencíamos ao ar.

- Olha isso! - ele gritou. - Olha isso!

Eu gritei de volta sem formar nenhuma palavra em específico, apenas expressando o som da minha excitação. Estávamos voando, como pássaros.

- Olha para baixo! - ele disse, em meio ao barulho da máquina. - Todas aquelas pessoas!

Percebi sobre o que ele estava falando. Todos os seres humanos pareciam formiguinhas do nosso ponto de vista. Mas o que me impressionava mesmo era em volta, o sol estava se pondo de forma que pintava cores impressionantes ao nosso redor. Não acima de nós, ao nosso redor, pois estávamos no céu! Não como balões, mas como águias! Em movimento! Movimento controlado! Cortando o céu.

Um solavanco forte me tirou do transe. Por um segundo, pensei que a máquina havia perdido o controle:

- Está tudo bem - ele disse. - Está tudo bem.

- O que aconteceu? - perguntei.

- Isso é normal.

Uma ave passou a voar do nosso lado, sem nos temer, como se pertencêssemos à sua espécie. Dediquei-me a observar essa ave. Ela parecia voar mais alto do que nós à medida que avançávamos. Percebi que estávamos perdendo altitude, lentamente. Algo parecia estranho.

- Vamos pousar? - perguntei.

- Olha o sol - Ele disse. - Como isso é lindo!

De fato, parecíamos voar em uma pintura, tamanha era a variedade de tons diferentes à nossa volta, provocadas pelo sol que estava indo embora. Ele parecia descer para dormir por detrás das montanhas, mas na verdade estava indo visitar o outro lado do mundo. Logo estaria amanhecendo em algum outro reino.

Continuávamos a perder altitude.

- Você está firme em seu assento? - Pablo perguntou, gritando para poder ser ouvido por cima do barulho do vento.

- Sim - gritei de volta.

- Acho que teremos um pouso um pouco brusco - disse estendendo a mão para trás para segurar a minha. Ele apertou forte e pude sentir tudo.

A mão de Pablo suava frio.

Ela tremia forte.

Como quem sente medo.

Como quem sente medo pela primeira vez na vida.

Medo.

Como quem não quer contar.

Estávamos perdendo o controle da Águia de Rapina.

A velocidade só aumentava, assim como os solavancos. Em alguns momentos ele puxava a frente da nave para cima com força para uma leve subida antes de voltar a descer. Aproximávamos-nos do chão em círculos. Longos círculos. Passamos por outras duas aves que ficaram agitadas com a nossa presença meteórica. Sobrevoávamos um campo aberto, seria mais fácil de pousar lá do que em algum lugar onde houvesse casas. Cada vez mais as árvores pareciam maiores e o chão mais próximo. Em determinado momento, planávamos em círculos com tanta precisão que a situação pareceu sob controle e pude me acalmar um pouco mais.

Então duas cordas da asa da Águia de Rapina se soltaram.

Só pude fechar os olhos e sentir medo. Todo o meu corpo estava rígido, como se isso fosse ajudar em alguma coisa. Quicamos com força no solo, três vezes e a nave passou a derrapar no chão por dois metros. Pude ver uma das asas se descolando e voando na direção oposta. Havíamos finalmente parado. Estávamos em solo.

Sorri ofegante em alívio.

Quando abri os olhos, percebi que a parte da frente da Águia de Rapina estava muito mais danificada do que imaginei, fazendo a parte de trás parecer nova em comparação.

Pablo estava parado. Não entendi porque ele não se virou para verificar se eu estava bem.

Pablo estava parado.

Sua cabeça, pendendo para o lado.

Pablo estava parado.

Soltei-me do cinto e encontrei dificuldades para sair da nave, com todos aqueles pedaços danificados à minha volta. A hélice ainda girava lentamente, copiosamente. Cambaleando consegui me posicionar à sua frente.

Pablo estava parado.

Pablo estava de olhos fechados, da mesma forma que eu sempre gostava de observá-lo enquanto dormia. Parecia sereno.

- Pablo. - falei. - Pablo... Pablo.

Não.

Toquei o seu corpo. Segurei a sua cabeça e tentei fazê-lo acordar, mas ele não se mexeu.

Não.

- Pablo. - falei. - Pablo, olha para mim.

Não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não, não...

- Por favor, Pablo - supliquei. - Olha para mim.

Minha visão começou a ficar turva. Finos traços de lágrimas começaram a correr pelo meu rosto, morbidamente semelhante ao fino traço de sangue que passou a escorrer de uma das narinas de Pablo.

- PABLO! POR FAVOR! Não, não, não, não, não... Pablo, por favor!

Tirei o seu cinto e seu corpo pendeu para frente, eu o abracei com força.

Não foi um abraço como os outros. Era possível sentir o seu corpo, mas não sua forma singular de respirar, pude sentir o seu cabelo quando passei meus dedos nele, em contraponto, não senti o pulsar do seu corpo.

Não pude sentir vida.

- PABLO! POR FAVOR, NÃO!

O único homem que eu já havia amado.

- FICA AQUI COMIGO!

Tínhamos planos para os próximos cinquenta anos.

- POR FAVOR!

Eu não posso fazer isso sem ele.

Gritei forte, como se fosse possível expulsar a dor do meu corpo através da minha garganta. Não era.

Olhei em volta e não encontrei ninguém. Ninguém para pedir ajuda. Ninguém.

Apenas eu e Pablo.

Apenas eu.

Não queria soltá-lo nunca mais. Como se ao soltar eu pudesse concretizar o momento e torná-lo verdadeiro.

Eu não tinha poder sobre a realidade, isso já era real, eu querendo ou não.

- Pablo... Por favor, Pablo.

Ele sempre fez tudo por mim, por que não atendia a mais esse pedido?

- Eu não posso continuar sem você... Por favor, não.

Por favor.


Simplesmente permaneci agarrada a ele, por horas. Não existia mundo além disso.

Senti uma mão quente em meu obro, me puxando delicadamente, me deixei levar até perceber que fui abraçada pela minha mãe. Não sei como ela chegou ali. Permanecemos abraçadas enquanto ela acariciava meu cabelo. Tudo que eu queria era voltar para o Pablo, pois ele poderia voltar a respirar a qualquer momento e poderia precisar da minha ajuda, mas estava sem forças para fazer qualquer movimento. Esperei ouvir o som da voz da minha mãe, mas o silêncio permaneceu, ela apenas me acariciava.

Depois de um tempo, passamos a caminhar em alguma direção e novamente me deixei levar por ela. Percebi que estávamos cercados de pessoas, inúmeros olhares voltados para nós, nenhum deles importava.

Eu queria olhar para trás, conferir como Pablo estava, mas não consegui, minha presença de espírito permitia apenas me deixar levar.

Alguém me sentou em uma cadeira, onde voltei a chorar. Chorar muito.

Não era possível imaginar isso. Não era possível imaginar o resto da minha vida... sem o resto da dele.

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