11☠ Perdida
Mharessa
Meu coração veste luto e minha alma chora sua ausência.
Eu perdi todos. Perdi minha mãe, matei o meu pai e agora, o meu irmão.
Era tudo minha culpa. Sim, era.
Eu queria gritar, mas já não tinha mas voz. Senti-me incapaz de fazer qualquer coisa.
Thulio estava morto, e agora, enterrado.
E se não fosse a Júlia, eu não teria forças para enfrentar tudo que enfrentei. Ela estava cuidando do Juquinha, que agora, considerava seu.
Eu não tinha mais forças para nada.
Eu o vi indo embora. Ele morreu nos meus braços.
O que me prendia aqui ainda?
Emília me procurou algumas vezes, mas pedi que fosse embora. Embora esteja sozinha, não aceitei ficar na casa da Júlia. Eu não podia. E agora não sabia que direção seguir.
O assassino do meu irmão havia sido preso, nas últimas semanas eu havia unido todas as minhas forças para isso. Júlia e sua família me deram o total apoio, mas mesmo sabendo que ele estava preso, nada cessava a minha dor.
O que restou de mim, afinal?
Por que um dia acreditei que poderia ser realmente feliz?
A felicidade não me conhecia. E naquele momento não encontrei nenhum motivo para viver.
Naquela tarde ensolarada e quente eu perambulei pelas ruas sem rumo, como sempre fazia, mas dessa vez, sentia como se uma nuvem escura estivesse sobre mim. O sol parecia inexistente, mesmo que estive queimando minha cabeça.
Era uma sensação horrível.
Fui ao viaduto onde costumava sentar para refletir e subi no parapeito de concreto, admirando a vista lá de cima. Poucos carros passavam lá embaixo e naquele momento, a morte me pareceu agradável.
Fechei os olhos e senti o vento tocar meu rosto, quase como se fosse palpável. E então o impulso veio, até que uma voz me despertou do transe.
- O que faz aí, menina?
Abri os olhos sem acreditar quem estava ali.
- Essa não é a menina que eu conheço.
- Como você me encontrou?
- Tenho meus meios.
Eu não sabia como ele havia aparecido ali, do nada, mas eu senti uma felicidade repentina. Logo em seguida, caí de joelhos no chão, em prantos.
A dor era angustiante e parecia que nunca iria cessar.
- Por favor, faz parar. - dizia, as lágrimas caiam sem que eu fizesse o mínimo de esforço.
Seu Luís me abraçou e permaneceu ao meu lado, sem pronunciar uma única palavra. Eu me senti um pouco mais confortável.
- Chore, menina, chorar faz bem.
- Por que eu, vô Luís? - Falei, sem pensar em como o havia chamado, de repente.
- A gente nunca sabe o porquê. - Ele falou, olhando em meus olhos. - Mas se isso está acontecendo com você, é porque você pode suportar.
Então eu lembrei que o mesmo havia acontecido àquele homem. Ele era sozinho. Um velho sozinho e invisível diante à sociedade.
- Você tem pessoas que te amam, menina. Você não está só.
E eu chorei. Chorei porque a dor se fazia presente, mas agora eu parecia completamente egoísta.
Chorei porque realmente tinha pessoas que queriam me ajudar, que se importavam comigo, e parecia não está dando importância ao esforço delas.
Chorei porque fui egoísta e porquê talvez, se eu não tivesse ído até a casa da Emília, meu irmão ainda poderia estar vivo.
Chorei porque ainda a amava e não queria que tudo tivesse acabado dessa forma.
Chorei porque eu não tinha mais o meu irmão comigo, me protegendo, e porque eu sabia que ele não iria gostar de me ver chorar e tentando tirar minha própria vida.
E enquanto eu permanecia ali, em prantos, vi quando Júlia se aproximou e me abraçou junto à seu Luís.
Seu Luís e Júlia também choravam, ao mesmo tempo que tentavam me dar conforto. Naquele momento, a dor que eu sentia era maior que tudo, mas tornou-se pelo menos um pouco, nem que fosse bem pouco mesmo, suportável.
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