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Capítulo 1 - Freedom Day

11 anos depois.

Rio de Janeiro. Complexo Penitenciário.

Maicon, agora com seus 37 anos de idade, aguarda ansioso sua liberdade, sentado sobre o colchão em sua cela. Seus olhos refletem um misto de arrependimento e determinação. Ele pensa nas escolhas erradas que o levaram até ali, nas noites sem dormir, e, acima de tudo, na filha que cresceu sem sua presença. E sussurra para si mesmo: 

— Marina!

Ele se levanta, com as mãos apoiadas nas grades, e fecha os olhos por um momento, tentando conter as lágrimas. Maicon decide que chegou a hora de mudar. Ele quer reconquistar o amor de sua filha, mesmo que isso signifique começar do zero.

Maicon é um homem interessante em sua aparência física e presença. Ele é alto, com um queixo quadrado que realça sua determinação. Seus olhos azuis são penetrantes e expressivos, refletindo sua intensidade. Seu corpo é malhado e atlético.

Seus cabelos crespos, dão a ele uma aura única. Tatuagens proeminentes, se destacam em ambos os braços; marcas que contam uma história pessoal que ele carrega consigo.

Maicon veste-se de forma simples e prática, para o retorno pra casa. Usa uma calça jeans confortável e uma camisa de algodão cinza básica. 

Cristina, a policial, surge pelo corredor com um olhar determinado, sua figura esguia realçada pela calça jeans justa e o colete que abraça suas curvas. Seus cabelos negros e lisos, enrolados num coque perfeito, balançam suavemente com cada passo, criando um ar de mistério e sensualidade enquanto ela se aproxima da cela de Maicon. Prisioneiros gritam e assobiam em suas celas deslumbrados com a linda mulher desfilando diante deles. Ela revira os olhos os ignorando.   

Cristina é uma mulher impressionante, com uma beleza marcante. Sempre vestida adequadamente para sua função policial. 

Sua calça jeans básica e seu colete de proteção realçavam sua figura, destacando seu peito volumoso e seu bumbum. Seu coturno longo refletia a praticidade necessária para os desafios do dia a dia. 

Ela para diante da cela, fitando o Prisioneiro com seus olhos castanhos, com intensidade. Sua voz é firme, mas carregada de um toque sedutor quando diz: 

— Chegou a hora, Maicon Randy. Você está livre! - Seu sorriso se abriu devagar para ele, como um sol de esperança nascendo pela manhã. 

Maicon olha para Cristina, seus olhos encontrando os dela, e a tensão no ar é palpável enquanto a mulher deslizava a chave na fechadura, liberando-a para a liberdade.

Ela olha profundamente nos olhos dele por alguns segundos e lhe surpreende com um beijo apaixonante. Ao se afastarem os lábios ela o fita novamente nos olhos e diz: 

— Meu presente de despedida para você. - Cada palavra saiu carregada de sensualidade. 

— Eu adorei! - Maicon declara com satisfação.

O transe entre eles é interrompido por um pigarro vindo do início do corredor.

— Está tudo bem aí, sargento? - Joe, o guarda rechonchudo e extravagante pergunta os observando do final do corredor, com desconfiança, parado ali com suas mãos para trás, deixando em evidência seus notáveis óculos de grau e sua enorme pança. 

— Sim. Estou preparando o Prisioneiro para conduzi-lo até a saída. - Responde firme e convicta sem levantar suspeitas.

— Pedi para que me esperace. Pode ser perigoso conduzir um prisioneiro sozinha. E além do mais… 

— Está tudo sobre controle, parceiro. Não se preocupe. Eu me garanto. - Ela o interrompe e revira os olhos ao se voltar para o homem ao seu lado. 

Maicon, então, começa sua caminhada pelo longo corredor de cor cinza, escoltado por Cristina. Cada passo que ele dá, parece carregar o peso de anos de erros e arrependimentos.

Maicon desvia o olhar para o chão sujo da prisão enquanto suas lembranças surgem como sombras. 

"Tantas escolhas erradas... Tantas vidas que magoei. Mas hoje é o dia... o dia em que posso começar a mudar tudo."

Ele olha para frente, imaginando o rosto de Marina, seu sorriso que não via há anos. A ideia de reencontrá-la o enche de esperança e ansiedade.

" Filha, espero que você possa me perdoar. Eu não mereço, mas quero ser um pai melhor, estar presente na sua vida." 

Ele está decidido a surpreender Marina com sua liberdade, esperando que ela possa encontrar um lugar em seu coração para ele, apesar de todas as faltas do passado.

" Minha liberdade será o presente mais valioso que darei a você, Marina. Espero que possamos começar de novo." 

Eles atravessam a sala da recepção onde outros policiais faziam seus trabalhos corriqueiros. Maicon continua seguindo os guardas com o coração acelerado e finalmente chegam ao portão de saída. Ele é aberto e Maicon dá um passo hesitante para fora da prisão, sentindo o calor do sol em seu rosto e o ar fresco da liberdade em seus pulmões. Um sorriso cauteloso brota em seu rosto, uma expressão de comemoração contida.

Ele fecha os olhos por um momento, saboreando a sensação de liberdade que tanto ansiou. Com uma mochila pendurada nas costas, ele olha para o horizonte, determinado a recomeçar sua vida.

"A partir de agora, tudo será diferente!"

— Você merece! - Cristina, interrompe seus pensamentos. Sorri contente pela conquista do homem que sempre admirou e admira. 

Maicon, não consegue segurar a emoção e abraça forte a mulher a sua frente, que solta um grito histérico e de surpresa quando ele a gira no ar e a coloca de volta ao chão. 

Joe, ali próximo, parece enciumado. Balança a cabeça em negativo assistindo a cena. 

— Posso imaginar o que está sentindo agora! - Cristina comenta, hesitante. 

— Jamais voltarei para esse lugar... - Maicon, agora mais sério, dá uma panorâmica no prédio onde ficou 11 longos anos de sua vida, com desprezo. 

— Qual o seu destino? - Cristina pergunta, curiosa. 

— Zona Sul. "Bar da Briana". - Responde descansando as mãos nas alças da mochila. 

— Que sorte a sua, tenho que entregar um relatório justamente naquela região. Espere aqui, vou buscar o documento e já volto. Eu te dou uma carona. 

— Nem sei como lhe agradecer? - Maicon comenta constrangido com tanta gentileza da policial. 

— Não se preocupe, pensarei em algo muito criativo. - Ela ironiza entrando para dentro. 

Os olhares dos homens se cruzam. Maicon lhe dá um amistoso balançar de cabeça e ele corresponde automaticamente. Joe encara o homem e decide ir até ele. 

— Percebo que está muito feliz seu Maicon. - Joe comenta descansando as mãos na farda. 

— Sim. Realmente. Você nem imagina o quanto. - Maicon responde amistosamente. 

— Acredito que 11 anos de prisão foram tempo suficiente para se lembrar de tudo que aconteceu naquela fábrica no dia daquela indesejada missão. - Maicon estreita os olhos curiosos no assunto que Joe abordava. 

— Você já deve ter se lembrado que sua esposa morreu pelas lâminas da sua própria espada. 

— O quê?! - Maicon se mostra incrédulo. 

— Sim. Você matou sua própria esposa, Maicon Randy! - Joe enfatiza com satisfação. Parece gostar de ver o semblante de espanto e surpresa que dominam no rosto do homem à sua frente. 

— Não! Isso não é verdade! - Maicon exclama num desespero evidente. 

— Você matou a mãe de sua filha, Maicon! - Joe mantém suas acusações. 

— Cale essa sua boca, eu não a matei! - Joe definitivamente o tira do sério. Maicon avança sobre ele o pegando pelo colarinho da camisa e o pressiona contra o muro ali próximo. Maicon o ordena a retirar o que disse. Joe se faz de vítima e grita desesperado por socorro. 

Cristina, que estava no meio do caminho de volta, corre para a cena, surpreendida pelo que estava acontecendo. Ela segura Maicon pela cintura, tentando afastá-lo de Joe, pedindo uma explicação.

— Eu não fiz nada. Apenas troquei três palavrinhas com ele, e daí ele veio para cima de mim feito um animal! - Joe, afirma em sua defesa. 

— Maicon, é melhor se acalmar, Não complique as coisas! Você acabou de receber sua liberdade, quer ser preso novamente antes mesmo de deixar o presídio?! Isso seria o cúmulo! - Cristina realmente não deseja ver o amigo ao qual tem tanto apreço, voltar para a prisão. 

— Lembre-se, você tem uma filha te esperando, ansiosa pelo seu retorno!

— Ele me provocou! Disse que matei minha esposa, e isso não é verdade! - Se volta para o guarda: — Retire o que disse, vamos! - Maicon irado e fora de controle levanta o punho ameaçando golpeá-lo. 

Cristina olha desapontada para Joe e o ordena que desfaça a mentira para acalmar a situação. Mesmo que talvez Joe acreditasse em suas acusações, ele decide dizer o que é mais conveniente para evitar mais confrontos.

— Tudo bem, Maicon. Eu retiro o que disse. Foi brincadeirinha minha. Não esperava essa sua reação. Vamos todos se acalmar. - Joe declara resignado. 

Maicon, ainda com raiva fervendo, solta-o abruptamente, ao chão, fazendo seus óculos caírem do rosto. Ele segura firmemente o seu queixo e olha profundamente em seus olhos.

— Você não sabe com quem está lidando! Nunca mais fale da minha esposa! Ouviu bem?! Ela está morta e merece descansar em paz! - Cospe com voz de trovão todas aquelas palavras em direção a Joe que engole em seco e diante da intensidade do momento, balbucia a sua promessa. 

— Sim,sim eu entendi, eu entendi. Nunca mais mencionarei sua esposa! Agora, por favor, me deixa em paz! - Temeroso, pede calma com as mãos à frente do corpo. 

Maicon, satisfeito por ter deixado clara a sua mensagem, solta Joe e dá um passo para trás, permitindo ao guarda se recompor e se afastar visivelmente abalado pela ameaça do homem. 

Maicon, ainda irredutível dá as costas para ambos e começa sua caminhada de volta para casa, determinado a se afastar da situação.

Cristina, visivelmente magoada com a atitude do homem, explode de frustração. 

— Hei, Maicon, onde pensa que vai? Está recusando a minha carona, é isso?! - Exclama apoiando as mãos nos quadris. 

Ele a ignora e continua determinado a sua marcha. 

— Realmente eu entendo que esteja revoltado, mas sinceramente eu não mereço que dê as costas para mim! Quer parar por favor e entrar naquele carro?! As coisas não se resolvem assim, nós precisamos conversar! 

Ao ouvir as palavras de Cristina, ele hesita por um momento, mas então decide interromper seus passos e se dirigir ao carro dela.

Antes de entrar no veículo, Cristina olha fixamente para Joe, transmitindo uma mensagem clara de que ele terá que lidar com as consequências de suas ações.

— Depois você vai se ver comigo! - Bate a porta do carro demonstrando sua frustração. 

Joe, ainda se recuperando do confronto, engole em seco e assente nervosamente. Ele tenta fechar a camisa, agora com dois botões a menos devido à confusão. 

Percorreram alguns quilômetros do trajeto em completo silêncio. Cristina ao volante do veículo, concentrada na estrada, puxa conversa, preocupada:

— Está mais calmo agora?

— Estou bem. Não se preocupe. - Responde seco, também de olho na estrada. 

Cristina tenta amenizar o clima tenso:

— Joe se declarou para mim uma vez, com certeza quis te provocar movido a ciúmes.

Maicon se vira para ela buscando apoio:

— Eu refleti a viagem toda... e se derrepente ele estiver certo? - Se vira para a mulher esperando sua opinião e se mostra cética:

— Não. Claro que não. Ele está blefando com certeza! 

Maicon desabafa sua frustração:

— Se pelo menos eu me lembrasse de alguma coisa... droga de amnésia! - Ele bate a mão aberta sobre o painel do carro.

Cristina tenta acalmá-lo mais uma vez: 

— Hei, acalme-se! Você vai conseguir se lembrar. - Cristina reduz a velocidade e coloca sua mão sobre seu braço, procurando o aquietar. O fita por alguns segundos, e volta-se para a estrada.

Maicon insinua: 

— Você estava lá, acho que sabe o que aconteceu e não quer me contar.

Cristina se defende:

— Tudo que sei, você já sabe. Não iria esconder detalhes de um assunto tão importante pra você e sua filha.

Maicon decide tomar medidas drásticas:

— Com certeza Joe sabe de alguma coisa. Ele deve ter registrado toda a cena da morte de Helena. Ainda vou questioná-lo a respeito disso.

Cristina tenta dissuadi-lo:

— Acho que vai ser perda de tempo. Todas as imagens estão incluídas naquele documentário que você já assistiu, lembra?

Maicon continua desconfiado:

— Ele fez recortes e com certeza está escondendo partes comprometedoras. Vou forçá-lo a me entregar o material, na íntegra! - Declara decidido. 

Cristina faz um apelo emocional:

— Não faça isso. Viu como você ficou abalado apenas com as insinuações dele? Talvez seja melhor não saber a verdade ou se lembrar do que aconteceu.

O homem revela seus sentimentos:

— Nunca amei tanto uma mulher, como amei Helena! A única mulher por quem me apaixonei de verdade. A mãe da minha filha. Talvez eu não tenha dado o valor que ela mereça. E pensar na possibilidade de ter morrido pelas minhas mãos, é inconcebível. Talvez quem sabe ela tenha sobrevivido!

Cristina fecha os olhos e aperta as mãos no volante explodindo em seguida:

— NÃO! CLARO QUE NÃO! ELA ESTÁ MORTA SIM! ENTERRE ESSE ASSUNTO DE UMA VEZ POR TODAS, CARAMBA! - Cristina deixa transparecer todo o seu ciúmes e abalo emocional, brecando bruscamente o veículo. 

Maicon se assusta e de antemão fica confuso diante da crise repentina da motorista ao seu lado. 

Cristina baixa a cabeça com as mãos firmes no volante, abalada e frustrada, e Maicon exige urgentemente uma explicação. 

— O- o que aconteceu, Cristina? - Fita assustado e ainda confuso. O silêncio toma conta do interior do veículo, apenas o som do motor em ponto morto é ouvido.

— Eu disse algo que você não gostou? - Maicon busca consertar as coisas:

— Você sabe o quanto eu te amo e de tudo que fiz por você nesses 11 anos... evitei que Charles fosse para o mesmo presídio que você, você não tinha praticamente ninguém ao seu lado e fui sua amiga, sua companheira, sua única família naquele lugar, e agora me faz ouvir uma declaração dessas, Maicon?! - Fita o homem, desolada. 

— Desculpa... Não precisava ficar assim, Helena... está morta. Não foi minha intenção te magoar. - Maicon sente-se culpado. 

— Você fez com que 11 anos passassem tão rápidos que pareceram 5... acho que nunca lhe agradeci decentemente. Obrigado por tudo, Cristina. - Força um sorriso e coloca uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha, descobrindo o seu rosto. 

Cristina, com lágrimas nos olhos, afasta sua mão e o confronta: 

— Acha que estou lhe cobrando gratidão?!

— Cristina... eu... - Maicon não sabe como reagir, nem o que dizer. 

— Desça do meu carro, por favor. De acordo com o GPS, faltam apenas alguns quilômetros para chegar ao seu destino. Dá pra terminar o trajeto a pé.

Maicon aceita sua decisão:

— Sem problemas. Eu fico por aqui. - Sorri amistosamente. 

Maicon abre a porta e antes de descer tenta dizer mais algumas palavras: 

— Cristina... eu... sinto muito. 

Maicon sai do veículo e Cristina dando meia volta, parte, olhando-o pelo retrovisor, desabando em lágrimas enquanto se afasta.

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