1. formula
não sei quantos caps são ainda, creio que 4 ou 5. um capítulo por dia <3
boa leitura!
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Eu não era o melhor em magia.
Haviam coisas em que eu conseguia me destacar. Sendo realista, em praticamente quase tudo que eu fazia. Eu só precisava me esforçar um pouco e conseguiria chegar no ponto desejado.
Mas não em magia.
Eu nunca entendi a razão, sinceramente. Talvez fosse porque eu já tinha uma irmã mais velha que roubou todos os holofotes para ela - e com razão.
Jeon Meung era simplesmente impressionante com aquelas poções ou com a varinha mágica. Mesmo no uso dos caldeirões, uma forma de fazer encantos mais calculada, ela conseguia ir muito bem. Tinha nascido para ser uma feiticeira.
Já eu, um fracasso total.
É claro que isso não passaria despercebido pela minha comunidade. Os adultos são mais gentis comigo. Mas a galera da minha idade, bem... Eles não são lá muito bonzinhos.
É claro que isso me fez ter duas reações como resposta: a primeira foi me afastar de todo mundo. Eu não conseguia mais me orgulhar de mim mesmo porque até mesmo as magias mais simples eram difíceis para mim. E a segunda: a vontade de me vingar; de simplesmente fazer uma magia grande e impressionante que fizesse todo mundo olhar para mim e pensar "uau, ele é um feiticeiro de verdade!".
É claro, só havia uma que eu estava realmente fazendo bem, e meu quarto sabia bem qual era.
Era frustante para mim. Eu deveria ser um feiticeiro. Com a minha idade, minha irmã Meung já tinha feito magias raras que a maioria das pessoas da nossa idade não conseguiriam. E eu nem sou um invejoso, porque eu a amo mais que tudo. Mas as vezes, eu acho que a Origem simplesmente decidiu que só precisava de um feiticeiro na nossa família, e que não seria eu.
- Jeongguk, você está acordado? Vou ter que sair - era a voz de Meung. Levantei da cama com um bufo, consciente de que ela estava apressada pelo tom da voz. - Bom dia, maninho - ela falou assim que eu abri a porta.
- Bom dia. Aonde você vai? - perguntei, seguindo-a em direção as enormes prateleiras de madeira velha que tínhamos em casa. Ela começou a recolher algumas garrafas pequenas de vidro que continham materiais importantes para fazer magia, enchendo aos poucos os bolsos do casaco que usava.
- Apenas concertar um dos Bonecos de Neve da muralha Norte. As crianças quebraram uma das ligações do encanto enquanto brincavam por perto - ela explicou. Eu fiquei impressionado por alguns segundos que Meung tinha sido convocada para tal tarefa, já que era extremamente detalhada e importante, mas logo passou. Era fácil entender o porquê dela ser chamada para isso. - Não é grande coisa. Devo voltar logo.
Assenti, mesmo sabendo que iria demorar. As magias de concerto e transformação eram as mais fáceis, porém delicadas. Uma única letra escrita errada ou falada erroneamente era capaz de dar um resultado completamente diferente.
- Não esqueça de colocar a ração da Bel - ela avisou, acelerando os passos para a porta. - E já são quase dez horas, sabia? Você precisa tomar o que chamamos de café da manhã.
Revirei os olhos, segurando no batente da porta quando Meung passou por ela.
- Eu como algo no almoço, vou voltar a dormir - murmurei.
- Jeongguk! Prometa que vai ir comer algo agora. Você nem jantou ontem a noite! - ela ameaçou entrar em casa novamente, e eu tive que mentir para me safar, claro.
- Tudo bem, eu vou! - disse, dando de ombros. - Não se preocupe tanto, eu estou legal.
- Eu vou chamar Taehyung para ver você.
Meu coração acelerou só com a menção do nome, e eu olhei abismado para Meung. Que jogo sujo!
- Que injusto! Eu já falei que vou tomar meu café da manhã - senti minhas orelhas quentes. Era normal que ela me "ameaçasse" com o nome do melhor amigo. Isso porque eu era apaixonado pelo cara e ela nem precisou se esforçar para descobrir. Se Meung era boa com magia, Taehyung era simplesmente espetacular. Ele provavelmente estaria lá com ela... Quase todo mundo - menos eu -, achavam que eles formariam um belo casal. Mas havia algo que nem mesmo eu poderia negar: eles combinavam.
- Bem, não me faça mudar de ideia então - ela fingiu um bufo, se afastando. Mas, por alguns segundos, eu a vi olhar para trás, olhos acuados e preocupados. Ela seguiu seu caminho depois disso.
Suspirei pesadamente, fechando a porta e voltando para o calor do meu quarto. Mesmo que eu sentisse vontade de dormir, minha cabeça estava cheia de vozes agora. Que fracasso, pensei, sentindo aquela angústia conhecida começar a queimar em mim.
Eu não aguentava mais viver com medo de mim mesmo, do Jeongguk que as pessoas tinham criado, o que não conseguia fazer feitiços. Era tão cansativo que as vezes eu preferia simplesmente ficar no quarto, dormindo e sem pensar.
Mas uma hora eu tinha que acordar, não dava para me esconder para sempre. Infelizmente.
Se tivesse alguma poção para me transformar em alguém diferente, bem, eu aceitaria sem pensar duas vezes.
O som esganiçado do miado de Bel foi o que me tirou do transe. Era a gata de Meung. Levantei da cama e fui em direção a cozinha, onde ela já estava sentada olhando para cima, na direção em que a ração estava. Peguei um pouco e me agachei para colocar para ela, sorrindo leve ao passar a mão contra a pelagem macia.
- Deve ser mais fácil ser você - murmurei, olhando-a comer sua ração tranquilamente. A ideia de mudança chegou lentamente na minha mente, me fazendo levantar com a cabeça cheia de ideias. Se ao menos as coisas fossem diferentes...
Fui em direção ao quarto de Meung, procurando entre sua coleção de livros de magia. Havia um que ela sempre mencionava para mim. Um que continha magias de transformação. Como já tinha ouvido falar o suficiente dele, foi fácil para mim achá-lo, e eu saí dali logo em seguida, indo para o meu. Joguei o livro na cama e comecei a tateá-lo, lendo alguns trechos das páginas para ver se encontrava algo interessante e que eu fosse capaz de fazer.
Não demorou para que um surgisse e me chamasse atenção. A transmutação não era muito comum, mas ainda era uma magia. Existiam níveis, e alguns deles eram proibidos por causarem perigos físicos e emocionais. Mas não eram esses que eu queria. Aquele para transformar um ser inanimado para um vivo parecia ser suficiente. Não durava muito, já que o ser vivo não teria alma, era mais como uma ilusão óptica que permanecia vista por alguns minutos antes de desaparecer. Se eu aprendesse como fazer a magia dela, poderia mostrar isso para os outros, e talvez talvez tivesse coragem para encarar todo o resto.
Eu nunca fui realmente capaz de aceitar a ajuda de Meung com magia, mesmo que ela sempre estivesse disposta para isso. O orgulho humano é uma droga as vezes, mas eu me sentia ainda mais humilhado por isso.
Deixei o livro na cama na página marcada enquanto começava a ajeitar meu quarto com os materiais que precisava. Minha ideia para a transmutação não era difícil: de uma pedra para uma borboleta. Daria para usar elementos que já tínhamos em casa. Uma tarefa simples, eu deveria ser capaz de dar conta disso.
Apesar de parte de mim desejar fazer algo grande, impressionante de verdade, eu sabia das minhas limitações. Para melhorar, Meung não estava em casa. Qualquer pequena merda que eu fizesse seria então uma grande merda.
Distribui as esferas de Ônix em seis cantos do quarto, já que elas ajudavam na concentração e no autocontrole e eu precisaria muito desses dois. Recolhi a pedra mais agradável que achei também e uma flor que tinha em frente a nossa casa, rodeando os dois com sílica para intensificar o feitiço.
Tudo pronto, voltei para minha cama e peguei o livro de feitiços em uma mão, com a varinha mágica que eu mal usava para ajudar no processo, na outra. Inspirei fundo, sentindo a ânsia conhecida da fome me deixar meio tonto, mas ignorei. Quando eu ia começar a ler as palavras, levei um susto. Bel tinha acabado de pular contra meus braços, me fazendo derrubar tudo em prol de segurá-la. Foi só com a ardência em meu pulso que eu percebi que ela tinha me arranhado sem querer naquele ato, e a noção me fez colocar a gata novamente no chão. Fiquei um pouco estático ao vê-la parada lá me olhando como se não tivesse acabado de fazer uma bagunça.
- Esse era o seu plano? - reclamei, e por um instante a ideia de que fosse Meung por trás daquilo me passou pela cabeça, mas foi dissipada em seguida. Era absurdo. Olhei novamente para a marca do arranhão, notando uma leve gota de sangue se formar sobre ela. Ela miou alto. - Você está com fome ainda? Tudo bem, eu vou colocar mais comida para você daqui a pouco. Não precisa ser agressiva.
Ela miava constantemente agora, como se tentasse dizer que aquele não era o problema, mas eu não poderia realmente entender qual era.
Peguei-a nas mãos e a coloquei para fora do quarto, fazendo carinho contra seu corpo peludo.
- Agora apenas espere um pouquinho bem aí - com isso, eu fechei a porta. É claro que ela não parou de fazer barulho, chegando ao ponto de arranhar a porta, mas ignorei. Peguei o livro e a varinha nas mãos novamente, escolhendo a página de novo e inspirei fundo. - Lá vamos nós.
Puxei o ar, soltando-o junto com as primeiras palavras do feitiço. Eram mais complicadas do que eu me lembrava, mas eu só tinha lido por cima sobre a transmutação. Não passava pela minha cabeça que Bel faria tudo aquilo quando eu estava tão concentrado. Quando terminei, aguardei alguns segundos pela reação da pedra e da flor.
O fato de que nada mudou não me surpreendeu de verdade.
Apertei a varinha com mais força, tentando parecer concentrado - tentando enganar a mim e a Origem. Repeti as mesmas palavras novamente, com uma entonação mais forte.
Mesmo assim, nada aconteceu.
A frustração começou a tomar conta de mim sem eu nem mesmo perceber. Era por isso que todos continuariam a me julgar. No fim, não estavam errados. Eu não conseguia nem mesmo fazer uma magia sem ler o livro.
Ler o livro...
A lâmpada brilhante em cima da minha cabeça pareceu incrível realista. E se fosse esse o problema? Quer dizer, eu nunca recitei uma magia sem o livro, enquanto todos os outros faziam isso com segurança. Eles me irritavam por ler as magias. Talvez essa fosse a solução.
Li a magia no livro três vezes, tentando memorizar na cabeça. Coloquei o livro na cama e me voltei para os objetos organizados na minha frente. Apertei a varinha com mais força e fechei os olhos, recitando o feitiço de uma só vez, com todas as palavras que vinham em minha mente pela lembrança.
Quando eu acabei e tudo que restou foi o silêncio, eu senti uma dor de cabeça aguda me atingir e tudo começou a girar; não bastasse, também tive uma breve falta de ar. Foram segundos horríveis antes que tudo passasse de repente.
Meu coração estava a mil. Eu nunca tinha sentido nada assim antes. Não com aquele combo. Mas eu nunca tinha tentado recitar uma magia sem o livro também, então eu não tinha certeza se isso era ou não algo para se preocupar.
Mas quando eu olhei de novo para os objetos, só consegui suspirar, cansado. Eles continuavam do mesmo modo.
- Por que eu ainda insisto nisso - murmurei para mim mesmo com tristeza, olhando para a varinha. Pressionei os lábios com força ao perceber que a mancha de sangue no meu pulso tinha sumido, assim com o arranhado. Estranho. - Bel, você ainda está com fome? - perguntei mansamente para a gata que esteve completamente silenciosa desde que terminei minhas ministrações. Pelo menos ela esperou.
Assim que abri a porta, pude vê-la parada no mesmo lugar, observando a porta e agora eu. Ela pareceu manhosa de repente, entrosando entre minhas pernas, mas eu apenas passei por ela em direção a cozinha, e ela me seguiu, voltando a miar.
- Pelo menos Meung não vai ter que concertar algo que fiz de errado. De novo - disse para mim mesmo, parando em frente ao armário da cozinha, levantando a mão para pegar o pote de ração. Só que... Eu não consegui alcançar.
Abaixei a mão e olhei para o armário novamente. Desde quando ele tinha ficado tão alto? Quer dizer, eu tinha colocado a ração com facilidade bem ali não fazia nem meia hora.
Ignorei, levantando o braço novamente em direção ao pote de ração, ficando na ponta dos pés para finalmente conseguir alcançar. Quando eu consegui pegar, senti a maldita dor de cabeça de novo, me fazendo quase derrubar tudo.
- Que droga! - falei alto pelo incômodo, me abaixando apenas para colocar a ração da gata. Depois disso, eu nem tentei colocar no mesmo local de antes. A mesa parecia ser suficiente.
Voltei para o meu quarto, disposto a tomar um banho para aliviar a tensão que eu mesmo tinha me colocado naquela manhã. Mas foi só eu entrar no banheiro e me olhar no espelho que meu coração simplesmente ameaçou parar.
- Mas o que foi que eu fiz???! - falei abismado enquanto me olhava no espelho.
Porque o que eu via lá não era a minha imagem comum, mas sim a de Meung, minha irmã mais velha.
Eu estava tão ferrado.
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