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I'm right here, here
Encontrei um papel sobre a cama dela. Li as palavras rapidamente, e elas se cravaram na minha mente. Sem pensar duas vezes, ignorei tudo ao meu redor — minha dor, o caos na mansão — e fui atrás de Jennie. Na sala, o tumulto continuava; pessoas tentavam me atacar, mas eu agia por impulso, defendendo-me enquanto as palavras que Jennie deixara na carta ecoavam em minha mente.
"Obrigada por ter me protegido sempre que eu fugia e era pega por alguma máfia. Sempre serei grata por você não ter me deixado morrer e por me dar um cachorro. Mas não pense que isso significa que eu goste de você, até porque nada disso teria acontecido se você não tivesse me sequestrado. Se o passado fosse diferente, tenho certeza que, a essa hora, eu estaria dormindo no meu apartamento. Espero que algum dia você consiga se libertar dessa vida e pare de uma vez por todas de matar pessoas, Lalisa. Seria tão mais simples se você não fosse uma assassina. Quem sabe eu conseguiria aceitar que me apaixonei por você..."
Sem perceber, já estava dirigindo há algum tempo. Um grito distante me trouxe de volta, e vi um homem à frente, apontando uma arma para...
— Jennie... — sussurrei, sentindo um alívio ao encontrá-la, mas também ódio.
Apertei os dedos no volante e acelerei, o sangue fervendo em meu corpo. Em um segundo, o corpo do homem que a ameaçava foi lançado ao ar quando o atropelei. Olhares se voltaram para mim, mas tudo o que importava naquele momento era tirá-la dali.
Peguei minha arma e saí do carro, sentindo o corpo fraco — já havia perdido muito sangue, mas precisava matá-los. Disparei contra os homens que avançavam para me atacar, vendo-os caírem no chão, sangrando.
— NÃO SE APROXIMA, LISA! — Jennie gritou, chorando, e de repente senti várias armas apontadas para minha cabeça.
Parei de andar. Sozinha e machucada, não conseguiria lutar contra todos. Se eu estivesse em melhor estado, sem machucados, eles já estariam mortos, mas me faltava até força para me manter em pé.
— Soltem a Jennie agora, ou vou matar cada um de vocês lentamente — ameacei, esperando a chance certa para agir.
— Ficamos sabendo que você matou nosso chefe, Manobal — gritou o homem ao lado de Jennie. — Você tirou de nós a pessoa mais importante das nossas vidas. Nada mais justo do que tirarmos a sua também. Não aprendeu a lição quando perdeu sua mãe?
Eu não respondi, apenas o encarei com o ódio queimando em meus olhos.
— Antes de matar a Jennie, vamos te fazer sofrer. Minho também fazia parte da nossa máfia, e você o torturou até a morte. Tá preparada pra pagar pelos próprios pecados? — Ele sorriu, olhando para Jennie. — Você vai assistir a mulher que arruinou sua vida morrer lentamente, princesa — sussurrou o apelido no ouvido de Jennie, que recuou, desconfortável.
Dei um passo à frente, pronta para acabar com aquele canalha, mas fui derrubada, caindo sobre o braço machucado. Senti uma dor aguda no estômago quando fui chutada. Logo todos começaram a me chutar, e, por mais que eu tentasse, não conseguia me levantar. Apenas protegi a cabeça, enquanto a dor tomava conta de todo o meu corpo.
Os gritos de Jennie, implorando para que parassem, me machucavam ainda mais. Sabia que, desta vez, eu não conseguiria protegê-la. Estava completamente imersa na decepção de não salvá-la e na certeza de que morreria ali, diante dela.
Não soltei nenhum gemido, nenhuma lágrima. Apenas aceitei a derrota, algo que nunca fizera antes. Mas, afinal, cercada por homens enormes, como poderia lutar no estado em que estava? Não tinha outra escolha, a não ser desistir.
Um tiro ecoou repentinamente. Levantei o olhar e vi Changbin, Bangchan, Jimin, Jungkook, Nayeon e Jeongyeon, todos com armas apontadas para meus agressores. Desviaram a atenção de mim, dando-me uma chance de escapar.
Olhei para Jennie, sendo arrastada para longe. Juntei as forças que me restavam para me erguer e ir atrás deles, mesmo sentindo que desmaiaria a qualquer momento. Tentei correr, apesar da fraqueza, focada em alcançá-los. Quando finalmente consegui, percebi que tinha apenas uma bala na arma.
— Você nunca é derrotada, Lalisa, entenda isso! Desistir não existe no seu vocabulário — murmurei para mim mesma, ignorando que minutos antes já havia aceitado a derrota.
Apontei a arma, mirando-a firmemente na cabeça dele. Meu braço tremia, mas eu sabia que não podia errar. Respirei fundo e puxei o gatilho, sentindo meu coração palpitar forte, tentando ignorar o medo de falhar. Mas eu sou Lalisa Manobal, nunca erro um tiro certeiro, a não ser que a pessoa desvie. E ele não desviou.
Jennie olhou para o corpo no chão e então para mim, com um olhar de alívio e tristeza. Em um instante, ela correu na minha direção, jogando-se em meus braços enquanto chorava alto. Sentia seus braços ao redor do meu pescoço, o aperto desesperado de alguém que temia me perder. Mesmo sentindo bastante dor, envolvi sua cintura com força, deixando que sua presença aliviasse minha dor.
— Desculpa... Eu não devia ter te deixado sozinha — sussurrei, sentindo, pela primeira vez em muito tempo, lágrimas nos olhos.
A última vez que chorei foi quando meu pai morreu. Desde então, parecia que não havia mais lágrimas em mim.
— A culpa não foi sua, fui eu quem saí — sua voz soou distante, enquanto minha visão escurecia e meu corpo cedia. — Lalisa! Lalisa! LISA! — seu grito foi a última coisa que ouvi antes de desmaiar.
Senti o peso do corpo de Lisa sobre o meu e, instintivamente, me agachei, segurando-a com cuidado para não deixá-la cair. Ajoelhada, eu a abraçava, o cheiro forte de sangue misturado ao perfume dela preenchendo o ar. Meu coração estava apertado, uma sensação de pânico me consumindo diante da possibilidade de perdê-la.
— Merda! — ouvi Changbin gritar, ofegante. — Bangchan, me ajuda aqui! — Ele se aproximou rapidamente.
— Lisa! — Bangchan chamou com urgência, agachando-se ao lado dela e verificando sua respiração. — Vamos levar ela pra base secreta! Vou chamar o Dr. Kang pra nos encontrar lá.
Nayeon apareceu ao meu lado enquanto eu observava os meninos tirarem Lisa dos meus braços. Sua mão pousou no meu ombro e, em silêncio, me ajudou a levantar. Eu me mantinha em pé, mas as lágrimas corriam sem parar, enquanto via Lisa desacordada, com a pele pálida, o corpo mole.
— Ela vai ficar bem — Nayeon sussurrou, tentando me acalmar, forçando um sorriso.
— JUNGKOOK, JIMIN, LEVEM O CARRO DA LISA ATÉ A BS! — Changbin gritou, carregando Lisa com cuidado até a van.
Os outros se moviam ao redor, preparando-se para partir. A dor de vê-la naquele estado era insuportável, e eu sentia um vazio enorme crescendo dentro de mim.
Nayeon me guiou até a van, mas, ao entrar, tudo o que eu conseguia fazer era olhar para Lisa, imóvel. A cada solavanco do carro, parecia que ela ficava ainda mais pálida, cada respiração dela tão lenta que eu temia que parasse de vez.
Depois do que pareceram horas, chegamos à base. Dr. Kang já estava à nossa espera.
— Leve ela pro quarto. Vou precisar de ajuda! Im Nayeon, pode me dar uma mão? As duas de preferência — o Dr. Kang pediu, olhando para Nayeon, que assentiu.
— Jennie, fique calma, ok? Eu prometo que vou fazer o meu melhor pra que a Lisa fique bem — Nayeon murmurou ao meu lado, mas seu tom parecia mais uma tentativa de se convencer do que uma garantia para mim.
Em silêncio, cruzei os braços sobre o peito, sentindo a dor apertar ainda mais no meu coração. Jeongyeon, Changbin e Bangchan se aproximaram, com expressões preocupadas.
— Nós também estamos preocupados com a Lisa, mas saiba que não é a primeira vez que ela passa por algo assim. Tanto que a Nayeon já tá até acostumada em ajudar o Dr. Kang nesses casos — disse Changbin, tentando me tranquilizar.
— A Lisa vai ficar bem, ela sempre fica. Daqui a alguns dias já vai estar planejando uma vingança contra eles, você vai ver — completou Bangchan, com um meio sorriso.
— Eu tô assim porque minha tentativa de fugir falhou de novo, como todas as outras — tentei convencê-los.
— Vai mentir pra outro, Jennie. Tá achando a gente com cara de trouxa? Todo mundo já sabe que vocês tão juntas — Jeongyeon disse, jogando-se no sofá, aparentemente relaxada.
— Como? — perguntei, quase num sussurro, vendo-os rirem suavemente enquanto se acomodavam no sofá ao lado de Jeongyeon.
Sentei em uma poltrona de frente para eles, aguardando uma resposta.
— Antes de você aparecer na vida da Lisa, ela nem protegia a si mesma, até o momento em que você surgiu. Agora, a primeira coisa que a Lisa manda a gente fazer quando alguma coisa acontece é te proteger. E isso desde que você chegou na mansão — disse Bangchan, com os outros concordando.
— Você deve saber melhor que ninguém que a Lisa só aparenta ser durona. Lá no fundo, bem lá no fundo mesmo, mas bem lá no fundão... — Jeongyeon brincou, arrancando risadas de nós. — Ela é uma fofa.
— A Lisa só se importa com quem ama, Jennie. Ela se importa com a gente, e somos os únicos capangas por quem ela se importa. Ou melhor, as únicas pessoas. Claro, agora tem você também — Changbin sorriu, como se estivesse orgulhoso de dizer isso. — Ela precisava de alguém que a fizesse enxergar que também pode ser feliz sem precisar matar, e acredito que essa pessoa seja você.
— Eu?
— Se tiver dúvidas de que ela realmente te ama, deixa eu te contar uma coisa. Lembra quando a Lisa apareceu com um monte de remédios e absorventes pra você? — assenti. — Ela foi me tirar do meu sossego, da minha folga, pra me fazer levar ela até a farmácia e comprar remédio pra você. Aquela mulher me deixou louca por causa de você, Jennie — Jeongyeon choramingou, irritada.
— Ela me fez andar por todas as lojas de eletrônicos pra encontrar uma televisão de boa qualidade pra você — Changbin riu.
— Sem contar que a Lisa nunca dorme com ninguém. Ela odeia dividir a cama. Quando fui alertá-la de que a mansão estava sendo invadida, não a encontrei no quarto dela, mas, ao verificar o seu quarto, vi que a porta estava trancada, e só a Lisa tem a chave do seu quarto. Vocês dormiram juntas, não dormiram?
— A gente? — tentei me fazer de desentendida, mas eu não tinha mais o que esconder. — Sim, a gente dormiu juntas.
— Sabia! — Jeongyeon gritou. — Eu sabia que vocês tinham transado — sorriu.
— Ei! Eu não disse isso! — arremessei uma almofada que estava na poltrona, acertando seu rosto e fazendo-a rir.
Logo todos estávamos rindo, e senti que eles estavam apenas tentando me distrair para eu não pensar no pior. Mas mesmo com o ambiente mais leve, a angústia não me deixava. Olhei para o corredor onde Dr. Kang e Nayeon haviam levado Lisa e fechei os olhos, fazendo uma promessa silenciosa para mim mesma: se Lisa saísse bem dessa, eu não hesitaria mais...
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