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Não se esqueçam de comentar! Capítulo novo sábado
Girl, you know the story
— Kim Jongin voltou para Seul? — perguntei ao escutar meu capanga de Busan falar. Ele assentiu, sem desviar o olhar. Suspirei, andando pela sala. — Não é possível!
— Senhorita, deseja que reforcemos a segurança da mansão? — Changbin perguntou, sua voz grave e calma.
— Sim. Alguns capangas de Busan poderão ficar aqui esta noite. Não sei por quê, mas tenho um pressentimento muito ruim — afirmei, cruzando os braços e parando de andar. — Jung, onde você viu o Jongin?
— Perto da base de Busan. Ele estava com Shin Donghee, aparentemente avaliando a segurança da base. Escutei que planejavam atacá-la ainda esta noite, pois sabiam que você estava lá.
— Mas eles estavam conversando em um lugar aberto sobre isso? — ele assentiu. — Tem algo de errado aí.
— Acha que eles falaram aquilo com um propósito? — Bangchan perguntou.
— Talvez. Só sei que nem a base de Busan, nem a de Seul está segura. Quero que todos vocês fiquem aqui esta noite — todos assentiram. — Park e Yoo, preparem rotas de fuga e verifiquem se meu carro tem gasolina.
— Sim, senhora! — ambos responderam.
Meus olhos se focaram em um capanga que mexia no celular enquanto eu falava, o que chamou minha atenção. Ele tentava parecer discreto, o que me fez ficar ainda mais atenta. Aproximei-me lentamente, vendo-o guardar o celular rapidamente.
— Sabe que eu odeio quando estou falando e alguém não está prestando atenção, senhor Yoon — parei em sua frente. — Me dê o celular!
Ele me entregou o aparelho com tranquilidade. Desbloqueei e percebi que ele conversava com sua mãe... Mas em japonês!? Aquilo parecia estranho.
— Não sabia que sua mãe era japonesa, senhor Yoon.
— Minha mãe é japonesa e meu pai é coreano, senhorita Manobal — afirmou, encarando-me nos olhos profundamente.
— Ah é? — ele assentiu. — Não interessa se é sua mãe, só saiba que, da próxima vez, você vai ficar sem esse celular — entreguei o aparelho, e ele o pegou sem agradecer nem nada.
Caminhei até meus capangas e sussurrei:
— Fiquem de olho nele! Não confio em nenhum capanga meu que não sejam vocês — eles assentiram. — Podem ir descansar, mas sempre de olhos abertos — falei para todos. — Vou para o meu quarto. Só me procurem se for caso de vida ou morte.
Antes de subir as escadas, fui até meu escritório e peguei uma arma. Não estou com um pressentimento bom sobre o resto desta noite. O senhor Yoon achou que passou despercebido por mim, mas a verdade é que não sou idiota. Tenho tudo calculado na cabeça. Tenho rotas de fuga que apenas eu conheço, e, caso algo aconteça, preciso garantir que Jennie não se fira.
Eu disse que iria para o meu quarto para o caso de o senhor Yoon estar falando com Kim Jongin. Assim, ele provavelmente dirá que estou dormindo no meu quarto, mas, na verdade, estarei no quarto de Jennie, como ela pediu.
Ao abrir a porta do quarto dela, encontrei-a deitada na cama, usando um pijama branco com bolinhas azuis claras. Jennie estava fazendo carinho em Kuma, que repousava ao seu lado, enquanto assistia a um dorama na TV.
Fechei a porta e a tranquei por precaução, recebendo um olhar sonolento dela. Já era tarde; a reunião durou mais do que o esperado. Aproximei-me da cama e deixei a arma na mesa de cabeceira. Vi Jennie apertar Kuma e me olhar com um pouco de receio. Suspirei e me sentei na cama, vendo-a se afastar um pouco.
— Ei, calma! Essa arma é só por segurança. Aqui é uma máfia, uma máfia com muitos inimigos. Tenho sempre que andar armada. Não se preocupe, eu não vou te machucar — falei, tentando me aproximar dela, que apenas assentiu.
— Posso dormir tranquila ao seu lado?
— Claro que pode! Estou aqui pra te proteger, e não pra te matar — ofereci um sorriso gentil, vendo-a relaxar e se aproximar.
Deitei-me na cama, e logo ela se deitou sobre meu braço, usando-o como travesseiro. Sorri com isso, aproveitando aquele toque. Jennie acariciava o pelo de Kuma, que estava deitado em sua barriga, e comecei a fazer o mesmo, acariciando o pequeno.
— Por que ainda tá acordada? Já tá tarde — falei, acariciando suavemente seu braço.
— Estou sem sono... — suspirou, mantendo os olhos na TV. — Lisa...
— Hum?
— Se algo acontecer esta noite, você promete que vai me proteger? — perguntou, fazendo-me encará-la.
— Claro que eu prometo, Jennie. Mas por que tá perguntando isso? Você ouviu a minha conversa com meus capangas? — perguntei, e ela assentiu.
— Eu ia pegar água e acabei escutando...
— Olha, não se preocupe. Se alguma coisa acontecer, você vai ser a primeira a sair dessa mansão, ok? — ela assentiu, me olhando, e aproveitei para roubar um selinho. — O que foi? — perguntei ao perceber que ela tentava se aconchegar mais nos meus braços.
— Só estou com medo... Vejo você como um escudo que me protege de todo mal — senti meu coração saltar com sua afirmação. — Às vezes, posso ser fria e grossa, posso te xingar e te chamar de assassina, mas, quando algo ruim acontece, é você quem eu procuro pra me proteger.
— Nem parece que, alguns dias atrás, você tava dizendo que me odeia.
— Eu ainda te odeio!
Sorri para Jennie enquanto ela tentava manter uma expressão durona. Mas, mesmo com seu olhar frio, percebi uma vulnerabilidade escondida ali. Ela dizia me odiar, mas suas ações, seu jeito de buscar refúgio em mim, contavam outra história. Sem pressa, passei o braço ao redor de sua cintura, sentindo-a se aconchegar um pouco mais perto, e aproveitei aquele silêncio confortável. Kuma acabou saindo de cima de Jennie e foi beber água.
A TV continuava transmitindo o dorama que ela assistia, mas notei que seu foco estava mais em mim do que na tela. A cada cena que passava, eu sentia seu olhar vagando pelo meu rosto, estudando cada detalhe como se estivesse gravando na memória. Resolvi brincar com isso, mantendo o tom leve:
— Tá se apaixonando por mim, Jennie? — murmurei, arqueando uma sobrancelha com um sorriso provocador.
Ela revirou os olhos, mas uma leve cor avermelhada coloriu suas bochechas.
— Nem nos seus sonhos, Manobal.
Soltei uma risada suave, mas logo voltei ao modo sério, acariciando seu braço com calma.
— Ei... sério agora — minha voz saiu mais baixa, como se confessasse um segredo. — Sei que eu não sou exatamente a pessoa mais confiável, e que temos muita coisa mal resolvida entre nós. Mas enquanto eu estiver aqui, ninguém vai te machucar. Isso é uma promessa.
Jennie desviou o olhar para o dorama, mas percebi que sua respiração ficou um pouco mais lenta, como se minhas palavras tivessem lhe dado algum conforto.
— Às vezes, eu odeio precisar de você… e odeio ainda mais quando percebo que você sempre está lá, do jeito que prometeu.
Aquelas palavras tocaram fundo, mas tentei esconder o efeito que causaram em mim, mantendo um sorriso leve.
— Talvez seja porque, no fundo, você sabe que eu sou a sua protetora. Por mais que queira me odiar, não consegue me afastar — brinquei, piscando para ela.
Jennie soltou um suspiro pesado, mas dessa vez um sorriso leve surgiu no canto de seus lábios. Ela se ajeitou melhor ao meu lado, seus olhos voltando para a tela enquanto uma cena intensa do dorama passava, os personagens trocando olhares profundos, percebendo que estão apaixonados um pelo outro.
— Nossa, quanta troca de olhares. Esse dorama tá começando a me deixar emotiva, hein? — comentei, sendo irônica.
— Cala a boca e assiste, Lalisa.
[...]
Meus olhos se abriram rapidamente ao ouvir uma troca de tiros e alguém tentando abrir a porta do quarto. O choro de Kuma invadiu meus ouvidos, seguido pela voz suave e cansada de Jennie:
— O que tá acontecendo? — perguntou, acendendo a luz do abajur.
Olhei para o lado e a vi completamente confusa, abraçando o cachorro. Levantei da cama num pulo e peguei minha arma, sentindo meu coração pulsar e o sangue ferver. Minhas mãos tremiam, mas não por causa da invasão à minha casa, e sim pelo medo de não conseguir tirar Jennie daquele quarto; o corredor estava ecoando com passos, tiros e gritos.
— Jennie, você confia em mim? — olhei fundo em seus olhos e vi-a assentir. — Perfeito! Fique aqui e espere por mim, tá ouvindo? Não saia daqui! É perigoso lá fora.
Comecei a caminhar em direção à porta, com a arma em mãos, até ouvir ela me chamar com a voz embargada. Olhei para trás e vi uma lágrima escorrendo pelo seu rosto, enquanto abraçava Kuma com força.
— Não me deixa aqui sozinha... — implorou.
Meu coração se partiu ao ouvir seu pedido. Caminhei rapidamente até ela, encarando seus olhos antes de selar meus lábios nos dela por um momento.
— Vai ficar tudo bem. Eu não vou deixar nada acontecer com você e nem com o Kuma — deixei outro selinho em seus lábios e depois fiz o mesmo com Kuma, que já havia conquistado meu coração.
Afastei-me deles e abri a porta devagar, o coração martelando enquanto verificava o corredor. Ao sair do quarto, tranquei a porta rapidamente, meus olhos se fixando na cena de horror ao redor. Corpos, alguns familiares e outros desconhecidos, espalhavam-se pelo chão. O sangue cobria cada centímetro dos azulejos, transformando o piso branco em um mar vermelho.
Respirei fundo e desci as escadas, absorvendo o caos que tomava conta da mansão. Tiros eram disparados por todos os lados, meus capangas lutando desesperadamente para manter o controle. Então o vi Kim Jongin, do outro lado da sala, seu olhar fixo no meu, e aquele sorriso cínico me fez querer atravessá-lo com o olhar.
— Filho da puta... — murmurei entre dentes, sentindo uma presença se aproximando por trás.
Virei-me rapidamente e deparei com um homem enorme, uma faca em mãos, pronto para me atacar. Me movi por impulso, socando-o com toda a força no rosto, antes de agarrar sua cabeça e bater contra a quina do corrimão. Ele soltou a faca, desabando ao chão, mas eu não tive tempo de respirar.
Meus passos se direcionaram a Jongin, mas a cada metro, parecia que o inferno se tornava mais próximo. Outros capangas surgiram, disparando em minha direção. Alguns dos meus homens tentavam me proteger, mas era impossível conter todos. Foi quando uma nova onda de inimigos invadiu o local, desta vez vestindo uniformes da máfia italiana.
Alguém me agarrou por trás, o braço esmagando meu pescoço. Lutei contra o aperto, ergui o cotovelo e o acertei com força no ponto mais vulnerável — seu pênis. — Ele se desfez, caindo ao chão, e aproveitei o momento para atirar em sua cabeça. Mas, antes que pudesse reagir, senti uma dor forte no meu braço — uma faca foi cravada, e o corte queimava enquanto o Jongin a puxava para fora, manchada de sangue. Gemi, ofegante, e voltei meu olhar para ele, que sorria como um louco.
— Esse é o seu fim, Lalisa! — ele ergueu a faca para me esfaquear, mas não teve tempo. Um tiro certeiro o interrompeu, e logo seu corpo caiu morto no chão, com uma bala cravada na testa.
Olhei para o lado e vi Changbin, que me mandou sair dali. Sem pensar duas vezes, corri para o quarto de Jennie, ignorando completamente a dor lancinante no meu braço. Assim que abri a porta, meu coração disparou — não encontrei nem a mulher, nem o cachorro. Fui até o banheiro, mas ela também não estava lá.
— Merda, Jennie! Cadê você?
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