018
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I heard that you fell in love or near enough
— Nayeon — corri para abraçá-la assim que a vi entrar no meu quarto. — O que aconteceu com você?
— Levei um tiro de raspão, mas não se preocupe! Eu tô muito bem — ela sorriu, caminhando até a poltrona de sempre.
— O que aconteceu na noite passada? Onde vocês foram? — sentei na minha cama, curiosa para saber cada detalhe.
— Fomos atrás de um homem que traiu o pai da senhorita Manobal. Por causa dele, a mãe dela morreu.
— E conseguiram pegar ele? — perguntei, minha voz embargada de ansiedade.
— Sim, ele tá no porão. Provavelmente sendo torturado — Nayeon suspirou, cruzando as pernas com uma expressão de cansaço. — Mas me diz, garota, o que te passou pela cabeça pra achar que era uma boa ideia fugir pela janela do segundo andar dessa mansão?
Eu abaixei a cabeça, sentindo o peso da sua pergunta me atingir em cheio.
— Eu só... eu só queria voltar pra minha casa, rever minha irmã... — minha voz falhou, e as lágrimas começaram a aparecer. — Eu tô me sentindo tão sozinha, Nayeon. Mesmo com você do meu lado...
Ela ficou em silêncio por um momento, observando-me com cuidado.
— Jennie, se quiser, posso tentar conversar com a Lisa. Ver se ela te deixa ver a sua irmã. As chances são quase nulas, mas, olha, não custa tentar.
Balancei a cabeça, sabendo o quanto isso seria inútil.
— Melhor não... você já se arriscou demais por mim — suspirei, enxugando os olhos rapidamente. — Além disso, aquela sem coração jamais deixaria eu sair desse inferno que ela chama de mansão.
— Eu sei que ela não é exatamente... fácil de lidar. Mas... talvez, de alguma forma distorcida, Lisa esteja tentando proteger você. Claro, ela é fria, cruel, e te mantém aqui como refém, mas se você parar pra pensar... ela podia ter te deixado nas mãos do Jongin.
Eu dei uma risada amarga.
— Ela só não me deixou porque me quer aqui como algum tipo de prêmio. Algo pra ela controlar, uma forma de se sentir superior. Lalisa não tem empatia. Ela não sente nada, Nayeon. Eu vejo isso nos olhos dela cada vez que ela me olha. Ela pode ter me salvado, mas isso não significa que eu sou importante pra ela de verdade.
— Talvez você esteja certa, Jennie... ou talvez esteja errada. — Nayeon suspirou, olhando pela janela. — Nunca vi Lalisa ficar tão brava com alguém quanto ficou com Jongin por ele ter machucado seu pescoço. Ela ordenou que Changbin matasse ele, mas parece que o grandalhão fugiu pro Japão.
— Hoje mais cedo... ela estava meio diferente, sabe? — falei, um pouco hesitante.
— Diferente como? — Nayeon perguntou, curiosa.
— Ela tava mais... fraca, talvez? — sugeri, sem ter certeza se essa era a palavra certa.
— Fraca? A Lisa? — Nayeon arqueou uma sobrancelha. Assenti, e ela se inclinou na poltrona. — Me explica isso direito, Jennie.
— Sempre que eu me aproximava, ela se afastava. E, às vezes, até desviava o olhar rápido... como se não quisesse que eu percebesse — expliquei, observando a surpresa tomar conta do rosto de Nayeon.
— Espera aí... a Lisa desviou o olhar? Com você? Só com você? — Nayeon repetiu, pensativa. — Isso é estranho. Eu tô começando a achar que, em vez de ela ter algum poder sobre você, é você que tem algo sobre ela. — Nayeon riu, mas logo seu rosto ficou sério. — Não, pera. A Lisa desviando o olhar só com você... tem algo errado aí. Vou pedir pro Changbin investigar isso e te conto — disse, piscando para mim, o que me fez rir suavemente.
— Boa sorte com isso — respondi, soltando um suspiro, embora por dentro eu me sentisse mais confusa do que nunca.
Um silêncio pesado se instalou entre nós, e eu decidi quebrá-lo, compartilhando com Nayeon algo que vinha me incomodando desde ontem. Por mais que fosse difícil admitir, eu precisava desabafar.
— Ontem... por míseros segundos, eu senti algo estranho — comecei, hesitante. — Quando a Lalisa me salvou do Jongin... eu me senti segura. Como se ela fosse um escudo, entende? Mesmo sabendo que eu odeio ela com todas as minhas forças, naquele momento, parecia que nada podia me atingir enquanto ela estava ali. Eu odeio o fato de que, mesmo sendo ela quem me mantém presa, quem matou o meu namorado, eu ainda vejo a Lalisa como... — suspirei, balançando meus pés e olhando para o teto — ...um escudo. Como se ela fosse a única capaz de me proteger. Como se ela estivesse sempre lá, me salvando de algo pior.
Nayeon me olhou, surpresa.
— Tá falando sério? Você se sentiu protegida por ela? — perguntou, um pouco confusa.
— Sim, mas foi por segundos, até ela voltar a ser a desgraçada que sempre foi — suspirei, frustrada. — Não sei se é o choque de tudo que aconteceu, ou se é porque no fundo, por mais que eu odeie admitir, parte de mim se sente ligada a ela, como se... eu dependesse dela pra sobreviver nesse inferno.
Nayeon cruzou os braços, me observando calmamente.
— Eu sei que é estúpido. Sei que eu deveria odiar ela completamente, mas... cada vez que ela me protege, me salva, é como se ela reforçasse essa ideia de que só ela pode me manter viva. E eu odeio isso.
— Isso é complicado, Jennie. Porque, apesar de tudo, talvez essa sensação de segurança venha justamente da posição de poder que ela tem. Mas, se te faz sentir assim, tem algo mais aí, algo que você talvez ainda não tenha entendido.
— Não. Não tem mais nada. Eu não quero que tenha mais nada — falei, tentando soar firme, mas minha mente estava uma bagunça. Fiquei em silêncio por alguns segundos, refletindo. — É insuportável, sabe? Porque eu não quero precisar dela. Quero ser forte o suficiente pra me defender, mas sempre acabo dependendo dela. Sempre ela. Sempre a assassina que tirou meu namorado de mim, mas que também parece ser a única que não me deixaria cair.
Minha voz vacilou na última frase, e Nayeon percebeu a confusão e a vulnerabilidade que eu tentava esconder.
— E se você estiver começando a achar a Lisa legal? — me provocou, levantando uma sobrancelha com um sorriso de canto. — Olha, por incrível que pareça, ela não tem um coração de pedra.
— Não começa, Nayeon — suspirei, cansada. — Eu não posso, e nem quero, achar ela legal. Ela é responsável por tudo de ruim que tá acontecendo comigo. Ela matou meu namorado. Eu não vou esquecer isso.
— Não acha que tá na hora de deixar o Kim Taehyung no passado? Isso só te machuca mais, Jennie. Desse jeito, você nunca vai conseguir seguir em frente.
— Você já amou alguém, por acaso? — perguntei, sentindo meus olhos encherem de lágrimas de novo. A menção do nome dele ainda era um gatilho impossível de ignorar.
Nayeon ficou em silêncio por um segundo, antes de responder, o olhar fixo em mim.
— Já. Não só amei, como ainda amo — ela confessou, sua expressão séria. — Mas se ela morrer, eu vou seguir em frente. O que mais machuca uma pessoa que perdeu quem ama, é ficar em um luto eterno pra sempre.
Suas palavras me atingiram com força. Eu sabia que ela estava certa, mas era difícil aceitar. Taehyung não era apenas uma lembrança dolorosa; ele era uma parte de mim. Como deixar isso ir?
— Não é tão simples, Nayeon... — minha voz saiu baixa, quase um sussurro. — Eu sinto que se eu deixar ele no passado, é como se estivesse abandonando tudo o que vivemos juntos. Como se eu estivesse desistindo dele.
Nayeon se levantou da poltrona e caminhou até mim, se sentando ao meu lado na cama. Com um gesto suave, ela me puxou para deitar a cabeça em seu ombro. Seus dedos começaram um lento e reconfortante cafuné, algo que imediatamente me fez relaxar um pouco, apesar do turbilhão de emoções.
— Isso não é desistir dele, Jennie — ela disse, sua voz baixa e tranquila, quase um sussurro. — Isso é viver por você. Você tem o direito de ser feliz de novo, de encontrar um novo propósito, sem carregar esse peso o tempo todo.
Fechei os olhos por um momento, tentando absorver o que ela estava dizendo. As palavras dela eram como um bálsamo, mas ao mesmo tempo, cada uma delas trazia uma dor que eu ainda não estava pronta para enfrentar.
— Eu... não sei se consigo — murmurei, minha voz fraca. — Sempre que tento pensar no futuro, ele ainda tá lá, preso em mim, como se... como se eu não conseguisse soltar ele.
Nayeon suspirou, continuando a passar os dedos pelo meu cabelo.
— Você não precisa soltar tudo de uma vez. Apenas permita-se viver um dia de cada vez, sem pensar que está deixando Taehyung pra trás.
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