007
Não se esqueçam de comentar o que estão achando!
I'm just fucking lucky I was born with it
— Fala, Yoo Jeongyeon — mandei, assim que vi a mulher parar em minha frente.
— Jennie está com febre. Receio que sua imunidade esteja baixa por conta de seu jejum. Ela não come nada desde que Im Nayeon foi para o porão. No máximo mexe um pouco na comida, mas nada que possa matar sua fome.
Suspirei, removendo meus óculos e deixando os papéis que estava lendo sobre mesa. Foquei meu olhar em Yoo Jeongyeon, que manteve seus olhos fixos em mim, sem desviar.
Já faz dias que Jennie deve estar sem comer, desde que coloquei a Nayeon no porão há cinco dias. Eu pretendia deixá-la lá por uma semana, mas parece que terei que antecipar sua saída.
— Mandem levar a Im Nayeon de volta para o quarto de Kim Jennie. Não tô com cabeça pra lidar com a birra dela, então é melhor acabar logo com isso de uma vez — falei, voltando a atenção para os papéis em minha mesa. — Pode sair!
— Ok — se curvou levemente e saiu da minha sala, deixando-me sozinha novamente.
Coloquei meus óculos novamente e voltei a ler os documentos que Jungkook trouxe para mim hoje mais cedo. O rapaz realmente era bom. Desde que pedi para ele descobrir tudo sobre a Jennie, não houve nenhuma falha, ele descobriu tudo mesmo. Já descobriu quem são os pais, os irmãos, as relações entre eles, o endereço da casa deles, os negócios deles, descobriu até quem eram seus avós.
Peguei um dos papéis que eu ainda não havia lido e relaxei minha coluna na cadeira.
— "Kim Yeongsu, 64 anos, dono da Solvion, uma empresa de desenvolvimento urbano que se especializa na criação e gerenciamento de complexos comerciais, incluindo shoppings, centros de entretenimento e espaços de convivência. Além de projetar ambientes que promovem a interação social e o lazer, a Solvion investe em soluções sustentáveis e tecnológicas para melhorar a experiência do consumidor e a eficiência energética dos seus empreendimentos." — li o papel em minha mão, atentamente, percebendo que o shopping Solvion era muito famoso, eu mesma sempre fui nele.
— Senhorita Manobal — Changbin me chamou, batendo na porta duas vezes.
— Entre!
Ele entrou, com alguns envelopes em mãos. Sem interesse, pedi para que colocasse em qualquer lugar da sala, mas minha curiosidade apareceu quando Seo Changbin falou de quem eram aqueles envelopes. Quem havia me mandado eles.
— Me dê — estiquei meu braço e logo os envelopes estavam em minhas mãos. Encarei-os por um tempo até que rasguei a embalagem de um deles, pegando a carta que estava dentro. — "Olá, Manobal, lembra de mim? Acho que não, né. Já te mandei uma carta antes, mas você ignorou. Agora, preste bem atenção: estou em Seul, apenas aguardando o momento certo para me vingar de tudo o que o seu pai fez ao meu pai. Todos os danos, todos os machucados, todos os capangas que ele matou. Eu vou te fazer pagar o dobro. Eu vou vingar a morte do meu pai e da minha mãe, que o seu pai matou." — li em voz alta para Changbin escutar também.
Bufei e amassei a carta, não acreditando que Kim Jongin achou mesmo que uma simples ameaça escrita em um papel iria me assustar. Olhei para Changbin, que aguardava minhas ordens. O rapaz vestia uma camiseta justa e preta — que ressaltava seus músculos — por dentro de uma calça jeans larga e preta preta, um cinto e um coturno, deixando-o um pouco mais alto.
— Seo Changbin — chamei-o, observando-o endireitar a postura e se aproximar. — Reforce a segurança da mansão — ordenei, focando no que estava em minha mesa.
— Claro. Deseja mais alguma coisa? Não é a primeira vez que recebe esse tipo de ameaça vindo da máfia japonesa. Temo que desta vez algo pode acontecer.
— Não vai acontecer — tirei meus óculos e fixei um olhar frio nele, esboçando um sorriso de canto. — Mas se acontecer, estou preparada pra matá-lo, assim como meu pai matou o Kim Heon — levantei-me e caminhei até ele lentamente.
— Com todo respeito, senhorita Manobal, mas pelo o que fiquei sabendo, a máfia japonesa está bem mais evoluída do que antigamente. Hoje em dia, eles estão praticamente no mesmo nível que nós — disse, acompanhando meus passos com o olhar até eu ficar diante dele.
— Seo Changbin — coloquei minha mão sobre seu ombro, com um pequeno sorriso. — Quando foi que eu perdi pra alguém? Quando foi que algum Manobal perdeu pra um Kim?
— Nunca, senhorita Manobal — afirmou, com a voz firme e o semblante neutro.
— Exatamente. Nunca — afastei-me, andando pelo escritório. — E não vai ser agora que eu vou perder! Se eles vierem atrás de luta, lutaremos! — caminhei até minha gaveta, pegando um maço de cigarro e um isqueiro. — Se ele vier em busca de guerra... — ri suavemente, olhando para Changbin. — Nós o mataremos — murmurei com a voz frieza.
— A senhorita tem razão! Deseja que eu faça mais alguma coisa?
— Não. Apenas confira se Jennie comeu. Caso ela não tenha se alimentado ainda, deixe bem claro que ela terá consequências por isso. E eu mesma vou cuidar pra que ela coma, por bem ou por mal. Ela não pode morrer agora, será útil no futuro — caminhei até o lado de fora da minha sala, sendo seguida pelo rapaz.
— O que quer dizer com isso?
— Jennie tem conhecidos que podem me ajudar futuramente. Preciso que ela permaneça viva e saudável. Então, trate de garantir sua segurança e saúde — parei de andar e me virei, olhando diretamente para ele.
— Sim, senhora!
— Pode se retirar! Estaria na sacada do andar de cima, veja como está Jennie e venha me informar — ordenei, e ele assentiu, se curvando antes de caminhar para longe.
Seo Changbin é o meu braço direito. Confio mais nele do que em qualquer outra pessoa.
Subi as escadas, indo em direção a sacada da sala de estar do segundo andar. Ao abri a porta de vidro, senti o ar fresco bater em todo meu corpo. Saí para fora e fechei a porta.
O vento batia contra meu corpo, fazendo meus fios voarem suavemente, o som passando como um ruído em meus ouvidos, o frio arrepiando-me inteira. Sem dúvidas, aquele clima era o melhor que existia.
Peguei um cigarro, coloquei-o em minha boca e logo o acendi. Guardei o isqueiro no bolso da minha calça. Inclinei um pouco meu tronco, apoiando no parapeito e admirando a bela vista de alguns prédios após um extenso rio.
Meu corpo vestia uma camisa branca de botão por dentro de uma calça social preta. Confesso que às vezes sinto atração por mim mesma. Se eu já sinto isso, consigo até imaginar o que os outros sentem. Sempre quis saber o que as pessoas pensam de mim, e principalmente, o que pensam quando descobrem que sou intersexual.
Escutei o som da porta deslizar, e de repente, o Jungkook estava ao meu lado, com um semblante preocupado.
Ofereci um cigarro para o rapaz, que meio receoso, aceitou. Emprestei meu isqueiro para que ele acendesse, e logo ele devolveu o objeto, olhando para mesma direção que eu.
Não sou muito de demonstrar sentimentos. Mas, de vez em quando, trato meus capangas mais íntimos — Changbin, Bangchan, Jimin, Jungkook, Nayeon e Jeongyeon — como meus melhores. Odeio admitir isso, mas, na verdade, eles são meus melhores amigos. Dependendo do meu humor, os trato até como irmãos.
— Por que parece nervoso? — perguntei, sem olhar para ele.
O silêncio reinou entre nós, e então, apenas o som de seu suspiro pôde ser escutado.
— Tenho péssimas notícias — senti seu olhar em mim, mas eu apenas me concentrava na vista.
Observei as fumaças que saiam de minhas narinas e da minha boca, esperando que o rapaz continuasse. Já me acostumei com más notícias.
— Kim Jennie não está nada bem, senhorita. Im Nayeon foi te procurar no escritório, mas não te encontrou. Então ela pediu para que eu chamasse um médico. Parece que além de febre, Jennie está pálida, sem forças nem pra levantar da cama.
— Já tentaram dar comida a ela?
— Sim. Tentamos. Mas ela não come. Seria mais fácil alimentar uma criança do que alimentar ela — acabei rindo suavemente de sua fala, mas minha risada pareceu mais com um suspiro cansado.
— Essa garota tá me dando trabalho demais. Será que vale mesmo a pena manter ela viva? — questionei, não querendo que ele respondesse. — Quando ela ficou assim? Faz muito tempo?
— Segundo Jeongyeon, Jennie ficou assim após seu namorado ter sido assassinado em sua frente, senhorita Manobal. Provavelmente ela está com depressão pós-luto.
— E o que os sintomas dela tem haver com isso?
— Os sintomas podem ser por conta do estresse emocional. Se parar pra pensar, aconteceu coisas demais na vida dela. Fora isso, Jennie perdeu o apetite, está com tristeza intensa, está com sono excessivo, ou seja, dormindo mais do que deveria. Jeongyeon foi que nesses últimos dias, o que ela mais fez foi se culpar pela morte de Kim Taehyung.
Suspirei, observando as fumaças voarem por aí.
— Conversarei com ela depois. Chame um médico. Eu não acho que seja necessário, mas do jeito que você disse, parece que Kim Jennie está prestes a morrer. Depressão pós-luto? — ri. — Ela só está fazendo drama.
— Não sei se realmente é drama. Mas se você diz... — apagou seu cigarro. — Quem sou para discordar. Com licença! — curvou-se e entrou na mansão.
Depressão pós-luto... Quando meu pai morreu, parecia que meu mundo havia desmoronado, e tudo o que eu queria era vê-lo de novo. Jennie deve estar se sentindo assim. Mas é diferente. Eu não fiquei dias me culpando por algo que não foi minha culpa, pelo contrário, eu trabalhei duro para continuar fazendo o que o meu pai fazia de melhor: matar, torturar e matar.
N revisei, qualquer erro me avisem!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro