A avó de Cassia sempre dizia para sua neta que não deveria olhar frestas de portas e nem se inclinar em observar os buracos no meio de arvores. Além de ser algo estranho, trazia para si um azar profundo. Porém como uma neta adolescente faz de praxe, ignorou os conselhos de sua vozinha.

E então começou a observar as conversas dos adultos pelas frestas das portas. Se inclinava para escutar cada detalhe.

Era furtiva.

Até que em um dia, nada especial, sem gatos miando, sem neblina ou ventos fortes assobiando nos ouvidos. Cassia estava em uma floresta com alguns amigos. "Aqui a gente pode fazer o que quiser" a sensação de liberdade absoluta a impressionava. Se sentia livre como nunca se sentiu. E ao caminhar mais fundo entre os galhos e arvores. Uma macieira pulou em seu campo de visão. Havia um buraco em seu tronco. A curiosidade foi mais forte e a tomou. Ao se aproximar. Sentiu um cheiro forte de enxofre e ao abrir sem perceber os seus lábio sentiu algo entrar e cravar em sua garganta, tentou pedir socorro, mas enquanto balbuciava coisas sem sentidos, ergueu a sua visão e se deparou com dois grandes olhos encarando da maneira intensa. A agonia se decretou em seu estomago ao ver que a pupila dos olhos da coisa se dilatara se tornando imensa e o bafo quente e fétido do ser vinha de encontro com a pobre moça. Que nem teve a chance de escapar. A língua inchou com o puxão egoísta do monstro que em poucos segundos a tirou do chão e a trouxe para dentro do buraco no tronco daquela arvore.

Nem lembrança Cassia se transformou pois todos instantaneamente se esqueceram de sua existência.