A miséria dos Petrov
Yuri Vasilievich Durov era um homem amargurado e rancoroso. Seu amigo Liev Ivanovich Petrov teve tudo que ele sonhou conquistar, mas não conseguiu: uma mulher boa, bonita e honesta; um trabalho fixo; e muitos amigos. Liev era um homem respeitado. Essa admiração permaneceu viva na comunidade de Cteha, mesmo após a sua morte.
O súbito falecimento de Liev pegou a todos desprevenidos. Ele deixou esposa e um filho recém nascido. Nastya, a viúva, estava com a saúde frágil na ocasião e não conseguia trabalhar... A família Petrov, que já era pobre, mergulhou na miséria.
Yuri começou a cortejar a viúva, que, sentindo-se desamparada e doente, sucumbiu aos seus falsos encantos. Logo no início do casamento, contudo, o temperamento violento do segundo marido veio à tona. Começou a torturar a jovem esposa com o seu ciúme doentio. Nastya fugiu duas vezes para Teheb-rpahb, aonde vagou durante dias - vivendo nas ruas com o seu bebê de colo, pois todos davam as costas para quem vinha de Cteha.
Nas duas vezes, Yuri foi buscá-la... E em cada uma dessas ocasiões, ele lhe deu uma surra de arrancar o couro. Mas, Nastya só deixou de tentar fugir quando ele ameaçou a vida do filho, Alexei. A partir daí, ela decidiu suportar a provação que o seu segundo casamento se tornou.
As bebedeiras de Yuri consumiam todo o dinheiro que ele ganhava, quando lhe aparecia trabalho, deixando nada para a mulher e a criança de Liev (pela qual, ele nutria um ódio profundo)... Imaginava se a esposa nunca lhe daria filhos do seu próprio sangue.
Nastya passou a lavar roupa para fora. O pouco dinheiro que conseguia, procurava esconder de Yuri; porém, ele estava sempre de olho. Costumava revirar o pequeno cortiço até encontrar os seus esconderijos. Ou espancava a esposa até que ela lhe contasse onde estava.
No dia em que o bebê Alexei flutuou no ar, Yuri sentiu medo, mas também começou a imaginar como poderia ganhar dinheiro com ele. Precisava se livrar dele. Isso era fato.
Aquelas manifestações inexplicáveis estavam se multiplicando a medida que a criança crescia... Num dia em que Yuri discutia com a esposa, o bebê engatinhou até a parede e colocou o dedo na tomada. A cafeteira começou a funcionar sozinha e Yuri, que estava apoiado na pia de fórmica, se viu eletrocutado - foi ao chão e desmaiou.
Acordou minutos depois com o bebê montado em seu peito, olhando fixo para ele. Como pode? Alexei era apenas um bebê!
Não... Yuri concluiu que Alexei era a cria do demônio - alguns acreditavam que os Mactep nasciam com um pé no inferno. Os velhos de Cteha falavam deles com temor e respeito.
Mactep significava "mestre", em russo antigo. Mas havia várias denominações e diferentes significados para as mesmas crianças: índigo, predestinadas, superdotadas, mutantes, saltos evolutivos... Uns diziam que eles nasciam para ajudar os seres humanos a evoluir. Outros, que nasciam para conquistar. Os homens com bom senso deveriam temê-los.
Yuri manteve-se afastado do menino e da mãe, embora co-habitassem o mesmo cortiço. Os anos se passaram... Alexei completou dez anos. Yuri já não tolerava mais se sentir afrontado e acuado dentro da própria casa. A mulher se comportava como se não mais o temesse... (De um jeito ousado e corajoso). Ele precisava fazer algo a respeito. Então, procurou os olheiros da Interlace. Mas não foi fácil localizá-los. Ele soube de sua existência por meio dos "soldados" da Máfia. Para falar com os olheiros, era necessário mandar um recado às pessoas certas. Chamar a atenção da Máfia para si era uma atitude temerária e perigosa, mas ele achava que o risco valeria à pena.
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