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Capítulo 2

"O tempo pode curar as feridas
As lembranças apenas tornam cicatrizes dolorosas o bastante
Como se elas estivessem abertas novamente. "

— SC Princess.A

22 years before ...

Chuva.

Frio.

Fome.

Palavras significativas para dois garotos com apenas 8 a 9 anos, vivendo do pouco que as ruas poderiam nos oferecer.

— Estou com fome. — Reclamei pela segunda vez. Atravessavamos as ruas da Inglaterra, tomando todo o cuidado com os carros.

— Vamos, de pressa! — Não importava o quanto minhas pernas doíam, ou quando puxar o ar estava sendo até doloroso, precisávamos correr.

Logo atrás de nós, um grande homem barbudo que cheirava a cebolas azedas.

Ele corria e se apoiava nas pernas, puxando o car com força e gritando a todos os pulmões. Ora corria, ora segurava os joelhos e se lameava pisando em poças feitas pela recente chuva.

Peguem esses moleques ladrões! — Passamos no meio de algumas freiras que nos olharam torto, enquanto atrás o homem havia ficado perdido.

Um dia de tempo fechado, onde conseguimos nos esconder dentro de um latão de lixo.

— Comida azeda. — Sussurrei enquanto olhava para o menino a minha frente, seus olhos estavam fundos, os lábios rachados e pálidos.

Mostrava estar exausto pela corrida. Por sorte, havíamos despistado o homem bem a tempo de outra pancada de chuva começar.

— É o que teremos para o menu. — Respondeu debochando da situação em que encontrávamos.

Ri sentindo o mal cheiro arder no nariz. Algumas pessoas e carros passavam ao lado do beco onde estávamos.

— Queria batata frita.

Meu estomago roncou, abracei a cintura aconchegando o corpo no meio do lixo.

— Vem, precisamos sair daqui. Ele pode nos encontrar.

— Prefiro ficar nas ruas à ser pego por ele. — Resmunguei negando a mão que me foi oferecida.

Sua aparência estava mais debilitada do que parecia, me assustei quando o vejo pular e cair ao lado de fora do lixo.

— Ei! A onde você  está indo? — Minha voz sai rouca e baixa.

Senti o corpo tremulo com o esforço de  apoiar o mesmo sobre a borda de ferro, para também pular.

O pouso desastroso quase me custou um nariz quebrado sobre o asfalto.

Zaderzhivayetsya¹. — tomei um pouco de fôlego e antes que pudéssemos nos dar conta, estávamos sendo puxados pela gola da camisa.

Mãos agarraram meu corpo e em seguida sentir algo perfurar a pele do meu pescoço e a visão escurecer.

***

Current time ...


Mayzinho? Acorda bem. — Mãos delicadas e frias tocam a pele quente e suada de meu pescoço.

— Porra! Gelado. — Grito distanciando tal toque enquanto levantei da cama.

Estreitei os olhos para apenas ver um borrão de cabelos castanhos de maquiagem extravagante.

— Selina? — Um estalo foi ouvido e meu pescoço tensionou com a força da mão.

— Sou Odete, coquin! — Acordo com mãos geladas e sou esculachado por algo que nem me lembro o quê.

Isso só pode ser um motim!

Passos de elefante, com saltos agulha ecoam pelo emadeiramento do quarto, a porta se fecha num baque alto me fazendo enterrar a cabeça latejante no travesseiro.

Minutos depois, um bando de barbados, peludos, entram no quarto.

— Vejo que não perdeu o seu tempo ontem. — Cutucaram o meu pé. Cutucaram a porra do meu pé!

— Se teu pau não serve para comer, a culpa não é minha. — Esbanjo todo o mal humor, ressaca é uma merda.

Estresse matinal.

— É ai que está o ponto meu amigo. Precisa parar de bancar o  colecionador barato. — Tornei a virar de barriga para cima, sentei desejando que o teto caísse sobre as cabeças dos infelizes.

Esmagando feito baratas.

Ne interessa conversar. —  coçei os olhos que estavam doloridos ao toque.

Garganta seca e uma imensa vontade de desaguar o dilúvio no vaso sanitário.

A cama afundou com o traseiro do Cassen. Em seguida, o resto da cambada se juntou a ele para me importunar.

— Ivan ligou. — Roman comunica sério.

— Acabou o descanso. Sabem o que deve ser feito. — Com tudo combinado, olhei no relógio de pulso.

Der'mo²! — Praguejei levantando da cama, um grande custo ter que sair nesse estado.

— Desumano. — escuto um dos bundões lamentar.

Peguei meu cuturno preto, sentei-me na cama colocando o sobre os pés.

Cassen fuçava minhas coisas no guarda roupas, tirando de lá alguns pacotes de doces que costumo roer de madrugada.

— Ei! — Tomo-os de suas mãos.

— Você tem a coragem de esconder doces de nós? — Pescot aumenta o tom da voz irritado.

— Não lhe devo satisfação. — Vou ao armário para guardar os doces na minha mala de roupa.

O pouco de dias que passei nas ruas com o meu irmão foi o suficiente para desencadear uma diabetes tipo B.

Ter passado fome e ficado desnutrido de vitaminas, acabou de destruír a minha saúde.

— E estamos atrasados. — Coloco a jaqueta de couro desejando por um bom banho.

Porém, seria quase impossível de se usar o daqui. Banheiros compartilhados, você não sabe se a pessoa que vive junto, usou sua toalha de rosto para limpar a bunda.

— Perdão Boss, foi o único lugar seguro que consegui quartos. — Sabendo, quase que adivinhando o que se passava em meus pensamentos. Roman desculpou-se.

Ajeito a Glock no coldre da cintura, suspirei antes de dizer:

— Chegou a hora.

***

Perdão a todos pela demora, desejei por oferecer a vocês um capítulo de boa qualidade.
Espero que estejam gostando!

😍😍😍

¹Zaderzhivayetsya: Atrasado

Der'mo²: Merda!

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