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Capítulo 7 - Feira de Artesanato

No domingo.

Na área da piscina, em uma mesa branca com cadeiras de palha sob a sombra de um grande guarda-sol azul, é servido um delicioso café da manhã. Lacerda e Lyara sentam à mesa para comer. Ele toma um copo de suco acompanhado de torradas, enquanto ela pega uma pupunha⁸ e começa a descascar usando os dentes e cuspindo as cascas no chão.

— Lya, coloque as cascas no prato, por favor — sugere o diretor, incomodado com os modos rústicos de sua hóspede.

— Tá! — Ela fala rispidamente, levantando-se da cadeira. Lyara recolhe todas as cascas que havia jogado no chão, coloca no prato e pergunta: — Pronto, está feliz agora?

— Sim, estou muito feliz. Obrigado! — exclama satisfeito, recebendo uma revirada de olhos dela como resposta. A índia senta-se à mesa novamente, serve-se de uma fatia de bolo e Lacerda a questiona: — O seu tornozelo está melhor?

— Tá sim, nem está mais inchado. Aquele gel que você passou ontem é muito bom.

O sobrinho de Lacerda se aproxima, vestindo apenas uma cueca samba-canção.

— Bom dia! — cumprimenta em meio a bocejos.

— Luquinhas, eu não ligo se chegou de madrugada e nem vou reclamar daquele amassado na traseira do meu carro, mas na minha casa existe uma regra: roupas durante as refeições.

— Foi mal, tio — disse, passando geleia em uma torrada. — Acordei brocado — comenta de boca cheia. — E aquele amassado não foi culpa minha, não, foi o manobrista. Eu reclamei com o pai do meu amigo, que é o dono da boate, e ele disse pra mandar a conta do conserto pra ele descontar do salário do cara.

— Esse cara vai precisar trabalhar um ano de graça pra pagar o reparo do meu Porsche.

— Coitadinho do moço! — exclama Lyara, com pena do manobrista.

— É brincadeira, Lya. Eu não vou cobrar nada, já acionei o seguro, o guincho vai vir buscar o carro daqui a pouco às 10h — disse Lacerda, olhando o relógio de ouro em seu pulso.

— Por Tupã! Já são que horas? — pergunta exasperada.

— São 09h30min. Por que tem algum compromisso?

— Tenho. E já tô atrasada. Eu preciso ir dançar — responde, tomando todo o copo de suco.

— Dançar? Aonde vai dançar a essa hora, Lya?

— Será no lugar que eu tô imaginando com palco e poste de poledance? — insinua Lucas.

— Cala a boca — fala o diretor, lançando uma uva na direção do sobrinho.

— Eu vou dançar na Feira de Artesanato, me apresento lá todos os domingos. Dá um bom dinheiro. Tem alguma parada de ônibus aqui perto?

— Eu levo você, Lya.

— Você está sem o carro preto e o outro o guincho está vindo buscar. Como vai me levar?

— Ainda tenho algumas opções.

********************

Na garagem da mansão.

A espaçosa garagem no subsolo da mansão, facilmente confundida com uma feira de automóveis, por abrigar dezenas de carros de várias marcas e cores, modelos clássicos e modelos novos, nacionais e importados.

— Nossa! Todos esses carros são seus?

— São sim. Na verdade foi o meu avô que começou a coleção, o xodó do velho era aquele Jeep da Segunda Guerra Mundial — informa, apontando para um carro verde oliva. — Quer vê-lo?

— Outra hora, agora eu estou atrasada.

— Ok! Você quer escolher o carro?

— Tanto faz. Pode ser esse? — fala tocando no capô de um carro antigo.

— Esse aí? Toyota Bandeirante da década de 60. Não prefere escolher um modelo mais atual e com ar-condicionado?

— Eu não entendo nada de carros, Cael.

— Ei! Posso ir junto? — pergunta Lucas, se aproximando ainda vestindo a camiseta.

— Pode, mas fecha esse zíper primeiro — responde Lacerda observando a calça jeans aberta.

— Lucas, qual carro eu escolho pra gente ir? — questiona Lyara, solicitando auxílio na difícil escolha.

— O carro vermelho cor de sangue, Ferrari Portofino.

********************

Na Feira de Artesanato da Avenida Eduardo Ribeiro.

A feira tradicional na região é realizada nas manhãs de domingo no Centro Histórico de Manaus, com centenas de barracas expostas ao longo da avenida com os mais variados produtos artesanais, plantas típicas da região, produtos medicinais, vestuário e alimentos. A feira além de ser reconhecida pelo artesanato e gastronomia, também vem expressar a cultura local, dando espaço as mais diversas apresentações artísticas, com música ao vivo, rodas de capoeira e apresentações de dança.

Chegando à feira, Lyara vai às pressas ao encontro de um grupo de indígenas que está se apresentando. Cerca de seis índios homens realizam uma dança, enquanto um índio mais velho narra à história e os costumes da tribo, ao mesmo tempo em que uma índia com uma criança de colo passa com uma cesta na mão arrecadando dinheiro das pessoas que fazem uma meia roda para assisti-los.

A índia corpulenta de traje típico e adornos, com os seios expostos e a criança nua em seu colo, aproxima-se de Lucas, balançando o pequeno cesto de palha, onde ele observa muitas moedas e poucas notas de baixo valor amassadas.

— Tem troco pra cinquenta, tio? — pergunta Lucas, abrindo a carteira.

— Deixa de ser miserável e coloca essa nota logo aí — disse Lacerda, tirando uma nota de cem reais do bolso e colocando no cesto.

Com a doação de ambos totalizando R$150,00 (cento e cinquenta reais) a índia arregala os olhos surpresa e agradece, balbuciando em tupi algo que eles não compreendem.

A dança dos homens encerra e o índio mais velho anuncia a última apresentação. Ele inicia a narrativa contando sobre a lenda da deusa Yara.

Neste momento, Lyara aparece vestindo uma saia de palha, adornos de sementes e penas, os seios cobertos apenas pelos longos cabelos pretos e o rosto pintado com tinta de jenipapo e urucum⁹. Ela inicia uma performance de dança e canta uma ritmada música em tupi. O público ao redor aumenta consideravelmente para assistir a apresentação de Lyara, a índia branca de olhos verdes, filha da deusa das águas.

Encerrada a apresentação, a filha de Yara é ovacionada pela plateia. O índio mais velho agradece e a público se dispersa. Lyara vai em direção aos amigos e pergunta:

— E aí vocês gostaram?

— Foi show, Lya! Deveria usar esse visual em casa — comenta o rapaz, com olhares indiscretos.

Lacerda acerta uma cotovelada na barriga de Lucas.

— Ai! Tô só brincando, tio — fala esfregando o local da pancada.

— Você estava magnífica, Lya.

— Obrigada, Cael! Eu vou me trocar e daqui a pouco encontro com vocês.

Lyara volta para junto dos índios que se reúnem no canto da calçada.

— Eu ouvi direito, tio? A Lya chamou o senhor de Cael? — indaga com surpresa.

— Sim, ela chamou.

— Mas o senhor odeia esse nome, não permite que ninguém o chame assim desde que o seu pai que tinha o mesmo nome se suicidou e...

— Eu conheço muito bem a história da minha vida, Luquinhas, não precisa me lembrar. Se a Lya me chama assim é porque eu permiti.

— A Lya mexeu mesmo com o senhor, né tio?

— Ela tá fazendo uma confusão na minha cabeça — comenta o diretor, passando a mão nos cabelos caracolados. — Vem! Vamos tomar uma água de coco pra curar essa sua ressaca — fala, colocando o braço por cima dos ombros do sobrinho.

— Não tô de ressaca, tio, nem bebi nada ontem à noite.

— Guarde as mentiras pra sua mãe, sabe que pra mim pode falar a verdade.

— Bebi pra porra, tio. Baldes e mais baldes de vodca com energético. Eu até dancei no palco.

— Manobrista é o cacete! — exclama o diretor, rindo.

*********************

Depois de alguns minutos, Lacerda e Lucas estão sentados numa mesa de plástico com guarda-sol alaranjado, Lyara senta à mesa junto deles.

— Você está com uma carinha muito feliz — comenta o diretor, observando a felicidade estampada no rosto da jovem. — Qual é o motivo desse sorriso lindo?

— Eu ganhei vinte e cinco reais na apresentação de hoje — fala contente, mostrando o dinheiro amassado. — Ainda bem que cheguei a tempo.

— Pois é já ia perder essa fortuna — disse Lacerda, contendo o riso.

— Deveríamos ter dado o dinheiro para a Lya, ao invés de colocar naquela cesta — sussurra Lucas, recebendo um aceno de cabeça do tio em concordância.

— Você quer comer algo? Comeu apenas uma pupunha no café, deve estar com fome.

— Eu quero um x-caboquinho¹⁰.

— Júnior, faz um x-caboquinho no capricho — grita Lacerda, chamando atenção do rapaz atrás do balcão.

— É pra já, meu diretor — responde o atendente, mostrando o polegar.

— O pessoal daqui conhece você? — pergunta, admirada com a intimidade do pedido.

— Antigamente eu frequentava muito essa feira, trazia grupos grandes de turistas todos os domingos. Agora eu tenho uma equipe pra fazer esses passeios por mim.

— Cansou dessa vida de guia turístico, né tio?

— Até que eu gostava, era divertido e foi assim que eu comecei a erguer o Grupo Lacerda.

— Pensei que você trabalhasse apenas com hotéis.

— Hotéis e turismo. Além dos hotéis eu tenho uma agência que faz pacotes de passeios, ecoturismo, turismo de pesca, essas coisas. E pela minha experiência, eu posso dizer com propriedade que a sua apresentação foi espetacular. É sério! Eu já vi muitas danças indígenas e no geral é basicamente a mesma coisa, mas a sua música e a sua dança foi algo singular, eu nunca havia visto e olha que eu já vi rituais indígenas pelo mundo afora.

— Foi o meu pai que fez essa canção pra mim, ela conta a minha história. Papai pajé disse que eu seria uma espécie de lenda amazônica um dia.

— Talvez se levar sua apresentação para outros lugares que possibilitem maior notoriedade. Em um dos meus hotéis eu faço o "Jantar Noite Amazônida" aos sábados, com música ao vivo tocando toadas de boi¹¹, apresentações de dança e rituais indígenas. Se você tiver interesse, pode faturar bem mais que vinte e cinco reais por apresentação.

— Mais? Tipo cinquenta reais?

— Eu não sei exatamente quanto está custando o cachê de cada artista, mas com certeza é um bom dinheiro.

— Acho que está numa faixa de dois mil reais por mês. Eu estava junto do meu pai na última contratação, tio.

— Nossa! Tudo isso? — indaga com os olhos arregalados. — Eu vou ficar rica.

— Vai sim, com certeza — disse Lacerda, sorrindo.

O garçom traz o pedido. Enquanto Lyara degusta seu sanduíche, o diretor sugere:

— Depois que terminar de comer, o que você acha de aproveitar e fazer umas compras?

— O que você precisa comprar? — pergunta a índia de boca cheia.

— O tio está falando de fazer compras pra você — explica Lucas, piscando para ela.

— Eu não posso gastar com compras, só tenho esses vinte e cinco reais e preciso juntar dinheiro pra reconstruir a minha casinha... — Ela dá mais uma abocanhada no sanduíche e continua: — A índia Tainara disse que estão distribuindo roupas e sapatos usados na igreja católica para as vítimas do incêndio, a gente podia passar lá depois pra eu pegar algumas coisas.

— Ou a gente pode comprar roupas e sapatos novos pra você. Eu pago. Que tal?

— Não precisa se incomodar, Cael. Eu me viro com essas roupas que você me deu.

— Por mais que você fique sexy com esse moletom e essas pantufas, não dá pra ficar usando as roupas do meu tio pra sempre.

— Lya, eu não me incomodo de emprestar as minhas roupas pra você, mas não gostaria de ter as suas próprias?

— Na verdade eu não sei, eu nunca comprei nada novo pra mim, sempre usei as roupas usadas que me doavam ou o que eu achava em alguma lixeira — disse, encolhendo os ombros.

— Ai caramba! Acho que caiu um cisco no meu olho — fala Lucas, enxugando as lágrimas que insistiam em cair, após ouvir o relato da índia.

— Lya, eu não tenho nem palavras pra dizer o quanto eu sinto por tudo que passou, mas de hoje em diante, no que depender de mim, você nunca mais vai precisar de doações ou de lixões. O que precisar pode contar comigo, independente de qualquer coisa, tá bom?

— Tá! — exclama com um sorriso.

***

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8_Pupunha é um fruto nativo da região amazônica, saboroso e nutritivo, consumido após cozimento.

9_Na pintura corporal os indígenas utilizam o jenipapo e o urucum como matéria-prima para as tintas.

10_X-caboquinho é um sanduíche muito popular no estado do Amazonas. Consiste em um pão francês recheado com lascas de tucumã, banana pacovã madura frita, queijo coalho e manteiga.

11_Toada é um tipo de canção que narra lendas e mitos amazônicos e embala a festa dos bois Garantido e Caprichoso. 

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