O escuro do mundo
Segurando suas luzes com a firmeza que o medo trazia, uma figura caminha pela vastidão escura do mundo. Estava cansada de vagar sozinha, mas quase ninguém tinha coragem de sair da segurança de seus lares. Todos temiam se ferir do lado de fora. Tudo ao redor estava mergulhado no escuro desconhecido e não era possível enxergar. Estar seguro parecia incerto demais para arriscar suas luzes. O medo delas serem engolidas pela escuridão dominava qualquer alma viva.
Sussurrando pra si palavras de coragem, a figura passeia pelas estradas terrosas vazias na floresta. Deixando a sensação de salvação da sua vila, em busca de algo que lhe desperte o interesse. Sua luz formava sombras nas árvores e nos arbustos ao seu redor, criando imagens que fazia seu coração acelerar de medo. O arrepio do terror de ser algo atrás de si, buscando sua destruição, fazia com que apertasse o passo.
Queria acreditar que o mundo ainda possuía qualquer luz própria, mesmo que pouca.
Uma sensação diferente toma conta do seu peito assim que avista o fim da floresta. A velocidade do seu passo aumenta ao perceber que se livraria das grandes árvores e arbustos densos. Nos últimos segundos antes de sair daquele ambiente sufocante parecia que o oxigênio era cada vez mais escasso. O ar, rarefeito. A ansiedade e a correria pra alcançar o fim daquele matagal consumiam sua energia, mas a vontade de continuar o caminho não cessava.
O silêncio da campina que a figura adentra é quebrado pelo som dos seus passos. O desespero na sua corrida facilita sua distração e acarreta em sua queda, rolando pela grama daquela planície. Seu corpo vai perdendo velocidade e para de barriga pra cima, encarando no meio do nada, as estrelas. Depois de se sentir aterrorizada na floresta, ouvindo o som de galhos e folhas batendo contra o seu corpo enquanto corria de medo, a figura respira pesado observando a imensidão limpa do céu escuro da noite. Cansada e, ao mesmo tempo, abismada e maravilhada com o céu aberto que nunca viu antes. Depois de viver anos sob as nuvens escuras que cobriam o céu da sua vila, era absurdo imaginar que realmente existia um céu tão belo e brilhante quanto aquele.
No canto da sua visão: A lua. O enorme e belo círculo branco e brilhante. Nunca vista antes, assim como as minúsculas bilhões de estrelas. Seu corpo se ergue e a figura olha ao redor. Metros à frente, um belo Rio límpido se estendia. Um horizonte de terra e água além das árvores se mostra. Uma vastidão de verde e azul, abaixo do belo céu negro.
Ao observar de ponta à ponta a visão, percebe uma luz saltitante que se aproximava. A figura dá alguns passos à frente, curiosa e medrosa. Será que é amigo? Será que quer me machucar?
Ela arrisca, confiando no desconhecido. No incerto. E assumindo que seja lá o que for, não vai ter coragem de atravessar o rio.
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