Eu realmente achava que este dia seria mais um dia qualquer, aqueles em que eu fico sozinha sem fazer nada, mas não, neste dia havia mais uma pessoa em minha casa, o Peter.

A luz do sol daquele dia entrou pela janela de meu quarto. Peter já havia levantado, já que não havia mais o colchão ali.

Ao me levantar, fui em direção ao banheiro e os dois estavam ocupados, provavelmente o dos fundos não estivesse, então fui até ele.

    Eu odiava quando meus pais acordavam mais cedo e eu tinha que tomar banho naquele banheiro, aquele lugar tinha um cheiro péssimo, mas tudo bem, eu precisava, já que Peter também precisava tomar seu banho.

Após terminar de fazer minha higiene, usei a roupa que geralmente usava: um moletom vermelho; uma calça qualquer que via; e meu sapato azul escuro.

Quando terminei de me arrumar, fui em direção a sala, e lá estava todos na mesa, provavelmente me esperando, mas havia mais de um espaço na mesa.

—Cade o Papai? –Perguntei, a me sentar em umas das cadeiras vazias.

—Ele foi mais cedo, como de costume. –Disse minha mãe.

Algumas vezes ele ia para o trabalho mais cedo, algo que eu nunca entendia, mas relevava mesmo assim.

     Após terminar de comer, eu e Peter saímos a andar até a escola, e toda vez que lhe olhava, seus olhos fitavam o chão, como se estivesse a pensar sobre algo sério.

—O que você tanto pensa? –Perguntei a ele, virando a olhar para ele.

—Sobre tudo. –Ele disse em um tom baixo, mas teus olhos não paravam de olhar para o chão.

—Você a viu?

—Vi. –Sua resposta foi seca, provavelmente queria corta o assunto, mas eu realmente queria saber o que estava acontecendo.

—Como ela estava?

—Morta.

Sua resposta foi séria, ele parou e olhou para mim, com um olhar sério.

—Okay, você não quer falar disto, te entendo. –Disse a dar de ombros, voltando a andar, mas ele permanecia parado, então voltei para onde ele estava, e logo vi que seu olhar estava triste.

—Seus olhos estavam revirados, e havia tanta seringas... –Disse ele, então logo ao olhar em teus olhos, eles estavam lacrimejados. —Por que ela fez isso? Por que alguém faria isso? Ela fez isso porquê não queria estar comigo?

—Não se culpe por isso. –segurei em teus braços, lhe olhando nos fundos dos olhos, passando minhas mãos por baixo de teus olhos. —Ela provavelmente estava se sentindo triste.

—Não, ele matou ela, eu tenho certeza. –Ele olhou em meus olhos, e teu olhar era de fúria.

—Ele?

Novamente ele ignorou minha pergunta. Tirou minhas mãos em teu braços e voltou a andar, de cabeça baixa, sem dizer mais nada.

Eu sou uma garota insistente, poderia passar horas perguntando a ele  que é esse "ele" que tanto fala, mas ele parece estar abalado. Não é todos os dias que você acha sua mãe morta.

Nós voltamos a andar. Em pleno silêncio.

Quando chegamos em uma rua próxima a escola, sempre havia um lugar estreito que sempre tentávamos não passar, mas era nescessário, já estavamos um pouco atrasados, e era o lugar mais rápido que ia em direção a escola.

Ao entrar no local, vi algo que não esperava ver: lá estava meu pai e uma moça loira, se beijando.

Sabia que havia algum motivo para sempre ele ir ao trabalho mais cedo, só não esperava que ele fosse isso.

—Piper? O que está fazendo aqui? –Disse ele, ao me ver parada na entrada, com um olhar de desprezo. —Não é isso que você tá pensando.

Eu poderia dizer várias coisas a ele, dizer o quão filho da puta ele era por estar fazendo isso, mas eu só simplesmente sai do caminho, andando pelo outro lado, mas ele logo veio correndo em minha direção a pegar em meu braço, me puxando com força.

—O que você quer para não contar nada? –Disse ele, então logo revirei os olhos e me soltei de você.

—Para de encher a porra do meu saco e vai comer a sua puta. –Disse com um olhar de raiva nos olhos, logo voltando a andar.

Quando viramos a outra esquina e voltamos a andar, Peter logo começou a rir.

—Você viu a cara de desespero dele? E aquela mulher? Caramba que mulher horrível. –Disse ele ainda a rir.

Eu estava um pouco irritada com aquilo. Meu pai traia minha mãe, não é todo dia que se descobre algo assim, mas ao ouvir Peter rir, não me controlei e comecei a rir junto. Era mais importante ver o Peter rir após algo como o que ele viu do que brigar com ele.

Nós passamos o tempo inteiro rindo, até chegar na escola, e poderíamos até passar mais, fazer deboche sobre ele, mas cada um foi para sua sala.

Aquelas aulas foram completamente chatas, mas por fim, havia uma aula naquele dia que salvaria ele todo: a aula de química, a única que eu fazia junto a Peter.

O professor colocou alguns trabalhos para nós fazermos em duplas na sala, então por óbvio, me sentei junto a Peter.

Eu era alguém que sempre se esforçava em fazer as coisas de sala, e Peter também, mas só conseguimos ficar rindo sobre aquilo na aula inteira, até dar o final da aula, então saímos da escola, já que era o último horário.

—Agh, mesmo sendo bastante engraçado meu pai estar traindo minha mãe com uma mulher daquela, é meio triste saber que ele trai ela.

—Realmente, não entendo por quê ele fez isso, mas a pior parte foi ele tentar de comprar. –Disse ele, a me olhar enquanto andava.

—Ele acha que sou frágil, sempre me vendo como uma criança.

—O meu também fazia bastante isso –Provavelmente ele se referia ao seu padrasto. —Lembro de quando ele pagou minha mãe para que ela me mandasse embora, isto foi a gota d'água.

—Eu não entendo, ele te tratava tão mal, e tratava tua mãe mal, por que você ainda morava com ele?

—Eu estava próximo a tira-la de lá, mas... –Antes que ele disse algo, ele ficou em silêncio e voltamos a andar.

Eu realmente havia acabado com a felicidade que ele tinha, e então voltamos a andar, em silêncio.

Ao chegar em casa, pensei se deveria contar a minha mãe, mas ela parecia já estar tão triste pela morte da Mary, então resolvi não a contar, mesmo a mentira sendo algo horrível, as vezes ela ajuda, faz você achar que tem uma vida perfeita.