1 • quem será?
b-side de "será que" (capítulo 6 da obra "sol").
Dedicado a OrbitoPlanetas.
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Música: beautiful stranger// Finally, Halsey
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quem será?
"A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo."
(Mário Quintana)
As memórias são graves. Profundas e belas como o mar. São como as sombras das nuvens que se confundem com o azul escuro quando em alto mar. Hoje estou como se à deriva neste oceano, mas sem jamais mergulhar. Confuso entre o que é sombra e mar, devaneio e realidade.
Meu corpo cansado escorrega até o piso gelado de mármore e o relógio marca pouco mais de uma da manhã. Meus olhos estão cansados, mas não consigo deixar de observar a claridade de fora entrando pelas grandes janelas. A decoração minimalista, alguns poucos detalhes que pude impor ao meu próprio espaço, ironicamente. Tudo de minha posse, nada efetivamente meu.
Se tivesse que me mudar amanhã não recolheria mais que meia dúzia de objetos decorativos e encheria a mala de roupas. Mas eu não vou me mudar, acabei de chegar, na verdade. Há poucos meses brincando de me esconder nessa solidão, algumas madrugadas em claro para a conta. Como o contraste entre luz e sombra, penso como era antes e agora. Pode parecer ingratidão, mas há coisas que meu cartão de crédito sem limite não passa no débito. E agora, em meio a metáforas chulas, as minhas memórias custam caro.
Nostálgico desde que me lembrei em como já fui luz, ouro brilhante, para outro alguém sem um centavo no bolso. A vida e suas ironias.
Não sei onde você imagina que eu esteja nesse universo agora, mas estou entre sombras buscando por uma fresta de luz, como uma mão estendida. Seria melhor se fosse a sua, os dedos delicados, as unhas compridas pintadas naquela cor nude, os anéis de prata, a pulseirinha com o pingente de sol. Certamente, se fosse a sua mão, você a estenderia oferecendo uma xícara de chá de capim limão e um sorriso complacente, sempre à ouvidos para as palavras que nunca tive coragem de dizer.
Essa é a você do nosso passado, quem boia comigo na imensidão escura.
Minha memória está à deriva de todos os planos que fizemos. O sofá menta que nunca compramos, naquelas tardes em que não tínhamos dinheiro para gastar em lojas de decoração caras, mas nos divertimos fingindo uma vida que queríamos juntos. Hoje tenho o dinheiro para os móveis, cifrões que superam o que preciso e nenhum sofá menta nessa sala grande.
Eu não moro em uma das casinhas da rua bonitinha onde gostávamos de sentar na calçada para que eu roubasse beijos de uma boca antes ocupada em verbalizar sonhos para o futuro que teríamos, mas espero ainda poder morar em suas memórias. Aquele pensamento insistente que te acorda de madrugada como eu estou agora, seja onde estiver. No apartamento decorado por você, o sofá cor de menta, a porta que pintamos de amarelo juntos trancada à chave, enquanto você dorme abraçada com outro alguém. Um livro na mesa de cabeceira que você tentou ler antes de pegar fatalmente no sono, a luminária que você esqueceu de apagar. Bem, espero que ele apague-a para você, beije sua testa e ajeite o edredom florido para que você não fique descoberta.
Meus desejos são contraditórios, não quero visualizá-la com outro alguém, fazendo o que deveria ter feito comigo, mas sinceramente espero que outro sol. tenha sido capaz de secar as lágrimas que fiz chover em você.
Não consigo deixar de me perguntar.
E você, será que realizou os nossos sonhos? Fez luz desse breu de memórias?
Será que?
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hello amores!
Obrigada por estar aqui!
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Se cuidem!
Nos vemos em breve!
Beijos da Maria ❤️
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