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Fogovivo: Parte I - Acendendo o fogo

(Conto vencedor do desafio Pote de Ouro II - Tema: Fogo vivo)

Conto dividido em três capítulos.

1993 - 1994 - Conto Baseado em fatos reais

Lembro que fiquei vendo a paisagem passar rápido na janela do ônibus e me afligi por saber que ainda faltavam dez horas de viagem. Senti tonturas de angústia pelo que me esperava: uma linda garota. Nem acreditava que iria reencontrá-la. "Amor de praia não sobe serra." "Amor de praia é fogo de palha." Era o que me diziam. Sentia algo queimando em mim. Camões parecia ter razão: "Amor é fogo que arde sem se ver." Fazia onze meses que nos conhecíamos. "É Pouco tempo para amar." Disse minha mãe. Eu não sabia quem tinha razão, mas o fogo estava acesso. "Fogo pode ser amor e ódio, como diferenciar? Acho que pelo material combustível, pela cor das labaredas." Isso foi eu que escrevi em algum rompante reflexivo, algo sem nexo para mim, mas deixei escrito no meu caderninho de notas, que abandonei frustrado.

Foi na praia, litoral do Paraná. Minha família possui uma casa em frente ao mar. Todo ano ficamos no mínimo um mês curtindo a brisa, a areia, o sol, a água e o calor. Eu especialmente estava lá curtindo os biquínis, as curvas, os sorrisos e os cabelos ao vento que se espalhavam pela areia. A casa estava cheia: pai, mãe, irmão, irmã, primos, primas e amigos, sim cabia um punhado de gente, quartos com beliches, uma ampla sala e uma varanda com um gigantesco sete-copas faziam as principais acomodações. A casa estava ali antes mesmo de existir asfalto, foi herdada por minha mãe.

Não fazia muito tempo que havia conseguido meu primeiro beijo. Geralmente quando fazem muita propaganda de algo, quando vou ver acabo por não achar tão especial, no caso do beijo foi bem diferente. Que experiência sensacional. Caramba! Os lábios macios, nossas salivas, o toque entre as línguas, foi demais. Queria repetir. Para minha sorte meu grande tutor amoroso estava comigo. Meu melhor amigo Gustavo. Pensa num cara que entende de mulher. Ele era um ano mais velho, sabia as manhas.

Nosso dia começava cedo e ia até a madrugada. De manhã o surf dominava, não conseguíamos propriamente ficar em pé nas ondas, mas fazer pose de surfista já valia a pena. De tarde era vôlei e caminhada com as primas. De noite íamos a bares próximos onde a mulherada se concentrava.

Foi em uma dessas noites que o lance começou. Eu e Gustavo estávamos sentados em uma mesa bebendo "fogovivo", uma bebida exclusiva daquele bar, vinha em chamas que só se apagavam quando o drink terminava. Soprei, tampei o copo com a mão, joguei gelo e água, nada adiantou, tive que tomar até o final para o fogo sumir. Gustavo fez o mesmo e uivou no sabor. Pedimos mais dois copos e ficamos a bebericar observando nossas possíveis presas.

"Aquela de vestido vermelho é uma gostosa." Disse Gustavo salivando.

"É, mas a amiga dela é um cramunha total."

"Amigo que é amigo enfrenta pro outro se dar bem." Falou o garanhão com um sorriso largo.

"Eu ajudo, mas só marcando presença, você sabe que sou ruim de papo."

"Esquece a timidez Bernardo, bebe esse fogovivo de um gole só."

Segui as instruções de Gustavo, entornei a bebida caliente. Confiava nas dicas dele, foram elas que me levaram ao meu primeiro beijo, provavelmente levariam para o segundo. Gustavo de certa forma me fez abandonar meus escritos, meus livros de poesia, para me concentrar em esportes e na arte de paquerar.

"Olha quem tá ali."

"Quem?"

"Aquelas vizinhas. A família do Paraguai."

"As paraguaias?"

"A mais velha tá querendo algo, não para de olhar pra cá."

"Nem quero olhar para amiga, deve ser outro cramunhão."

"Acho que são primas, tenho certeza que você vai curtir."

Lembro que olhei discretamente e me surpreendi. Tinha visto a menina de longe na praia, uma bela silhueta com longos cabelos loiros. Olhando da mesa pude ver o rosto delicado e expressivos olhos verdes.

"É bonita pra caralho!" Entoei.

"Vamos chegar nelas." Afirmou Gustavo me olhando firme.

"Não sei. O que vamos dizer? O que eu faço?"

"Eu puxo a conversa e você vai no embalo, mas lembre-se: a morena é minha. Quero mulher mais velha, pra chegar em outro nível. Sacou?"

"Entendi, mas a loira é bonita demais. Vou levar um fora absurdo."

"Confia no seu taco, para de se rebaixar. Parece um idiota." Ele dizia isso sempre.

Ficamos trocando olhares com as paraguaias até que Gustavo não se aguentou.

"Vamos lá." Disse ele levantando-se.

"Calma, calma! Espera, tenho que pensar melhor."

"Vem logo, levanta caralho."

Levantei, senti o efeito do "fogovivo" inflar minhas veias e alterar meus sentidos e segui Gustavo. Ele caminhou com todo seu gingado, atravessando as mesas sorrindo sem tirar os olhos da sua vítima. As meninas perceberam nossa aproximação e trocaram fuxicos e sorrisos. Gustavo parou diante da morena paraguaia e falou:

"Olá, acho que vocês são nossas vizinhas. Estão naquela casa grande da esquina do balneário Florida, certo?" Sorriu simpático.

"Si, si. Não hablo bem o português." Disse a morena cheia de curvas e voz melosa.

"Vocês são de onde?" Continuou Gustavo enquanto eu olhava sem graça para as moças.

"Somos del Paraguay, de Asuncion."

"Eu me chamo Gustavo, esse é o Bernardo. Estamos naquela casa na beira mar, com uma enorme árvore na frente, sabe?"

"Sí, sei, vimos vocês por lá. Me llamo Gláucia e esta é Marielle." O portunhol dela era bom.

Sentamos na mesa. Gustavo fez as meninas rirem e se desarmarem. Cheguei a pensar que talvez fosse o contrário. Troquei olhares e sorrisos com Marielle e fiz perguntas bobas, que ela não entendia completamente.

"Yo no hablo português, pero entiendo un poco. " Disse ela carinhosa.

Tinha timidez no olhar e era cordial. Gustavo as fez experimentarem o "fogovivo" e ficamos com o riso fácil. Pequenos empurrões e leves toques de mão foram aumentando a intimidade entre nós. Observei Gustavo dizendo algo no ouvido de Gláucia e logo os dois saíram gargalhando e dizendo que voltariam rápido. Como ele fazia aquilo?

"Donde van?" Perguntou Marielle.

"Eu não sei."

Os minutos seguintes foram torturantes, não sabia o que falar e percebia os olhos dela buscando a amiga no meio da multidão. A brisa do mar se uniu com o relento e a menina cruzou os braços com frio. Da mesa eu podia ver as espumas das ondas que as luzes dos postes iluminavam e a lua cheia refletindo no mar. As vozes ao redor estavam distorcidas, minhas pálpebras desciam e meu corpo parecia que iria desabar.

"Los buscamos?" Disse ela com os lábios levemente arroxeados.

"O quê?"

Ela se levantou e me estendeu a mão. Perambulamos pelo local em busca de Gustavo e Gláucia, mas não havia vestígio deles. Ela não largava a minha mão. Tive a impressão que todos me olhavam admirados. Ela que direcionava o caminho, eu não me sentia em condições. Paramos na calçada a beira mar e vimos dois vultos que se beijavam na praia. Sem dúvida eram eles. Ela me olhou com certa luxúria. Senti um arder tão forte que instintivamente puxei-a com força, enlaçando meus braços em sua cintura e alavancando seu corpo para mim. Foi brusco e provavelmente engraçado para quem assistia, mas funcionou. Meu segundo beijo e foi ainda melhor que o primeiro. O "fogovivo" estava
queimando dentro de mim.

Daquele dia em diante nossos corpos adquiriram a tendência de ficarem juntos. Foi uma temporada de beijos e amassos. Laura Pausini não parava de tocar no rádio, era o máximo sentir aquela menina ao som de "La Solitudine":

Marco se n'è andato e non ritorna piùIl treno delle sette e trenta senza luiÈ un cuore di metallo senza l'animaNel freddo del matino grigio di città

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