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Luz da Noite - 22


Embora pensasse tanto em Steven, a memória de Jamie permanecia colada em mim como um parasita. O encontrei novamente em um sonho, em um local inusitado: Eu estava indo resolver um assunto relacionado à minha carteira de motorista. Do meu lado, havia uma fila enorme, e era quase a vez de Jamie ser atendido. Me dirigi a um dos balcões e falei com o homem que atendia:

– Vim recolher a minha CNH.

Não me lembro o que me responderam, mas provavelmente, que eu estava no lugar errado.

Chegou a vez do Jamie. O vi sendo atendido e me dirigi a ele. Nessa realidade, ele era mais alto do que eu, quando na vida real tínhamos quase a mesma altura. Devagar, aproximei meu rosto do seu e me ergui, de modo que a ponta do meu nariz quase lhe tocava a bochecha. Ele não reagiu, apenas permaneceu sério e sequer olhou para mim.

– E aí – falei, em um leve tom provocativo. – Tudo bem?

Jamie esperou um segundo.

– Te mandei um e-mail – falou, ainda sério e sem me dirigir o olhar, já se afastando.

Na quele momento, explodi de felicidade, mas, estranhamente sem esforço, me mantive com uma pose completamente indiferente, apenas fingindo que não estava super feliz.

– Ok – respondi. – Vou ler.

Ele foi embora, eu fiquei onde estava... e não me lembro de mais nada. Quando acordei, refleti: que sonho mais estranho (como se todos os meus sonhos não fossem), mas aquele em especial... para começar, por quê nos encontramos em uma fila num lugar público e o que tinha a ver a minha carteira de motorista? Embora tenha sido um sonho curto (ou curta era a parte da qual me recordava), eu sabia exatamente o contexto e o impacto que ele me gerava: Jamie e eu estávamos vivendo a realidade atual. Embora estivesse zangada com ele, sonhava com o dia em que ele entrasse em contato e implorasse o meu perdão, assim como sonhava com o dia em que nos cruzássemos em algum lugar e eu pudesse jogar na cara dele tudo o que eu sentia. Ali, no entanto, não tinha a intenção de fazê-lo, o enfrentei sem escândalos, apenas com provocações. Quando me aproximei dele e quase sussurrei em seu ouvido, tinha a intenção de provocá-lo. Tinha o conhecimento de que ele não iria gostar de me encontrar por acaso e iria gostar muito menos que eu me aproximasse e o cumprimentasse. O desafiei, e a reação dele foi oposta a que era esperada: ele não reagiu bem e nem reagiu mal, apenas se mostrou indiferente. E então, me avisou que tinha me mandado um e-mail, e nesse momento me dei conta de que iríamos nos reconciliar. Se ele entrou em contato depois de tanto tempo, com certeza era para pedir para desculpas. Mas a verdade era que não me importava tanto o assunto do e-mail: se Jamie entrasse em contato comigo, seja por qual motivo que fosse, meu coração já daria um pulo de felicidade. Quando acordo, já não estou no meu quarto acolhedor e familiar, senão no quarto gelado e escuro da tia Irena. A casa era bonitinha por fora, toda feita de tijolos, pequenininha e térrea, cercada de arbustos. Visitei a ilha uma vez apenas, quando ainda era criança, e era pior do que me lembrava: um museo, uma igreja, um farol, algumas casas... não havia mais nada. O que os poucos moradores faziam quando ficavam entediados em tardes de domingo? A ilha é árida e suas praias são constituídas de rochas. Na verdade não importava se fossem de areia - o frio não me permitiria aproveitá-las. A casa da tia Irena ficava isolada das demais (será que John levou isso em conta na hora de tomar a decisão?), era escura e não contava com calefação (como que uma casa na Europa não tem calefação, achei que todas por obrigação tinham), apenas lareira. No dia da minha chegada, olhei para a janela do meu quarto enquanto terminava de desarrumar a mala, sentada sobre a cama. Tinha vista para um bosque, mas não se podia ver nada por conta do vidro embaçado. Tirei o penúltimo ítem de dentro da mala - um porta retrato com uma foto minha e da Amy, relativamente recente. Estávamos no jardim de casa, ela me abraçava com um sorriso fechado e sereno, enquanto eu sorria alegre mostrando todos os dentes. Dei um sorriso triste e coloquei o porta retrato sobre o criado mudo ao lado da cama. Por fim, tirei o último ítem, outro porta retrato com uma foto da família inteira, quando fomos passar as férias de verão no México, poucos meses antes de Amy engravidar de Melody. O coloquei ao lado do outro. Poderia ter trazido mais fotos, mas eu ainda tinha o meu computador. Já que não tinha internet e a casa também não tinha TV, ficar olhando fotos teria de ser um dos meus passatempos. Não tinha nenhuma foto física de Melody, mas havia muitas no computador. Cansada da viagem, me deitei na cama e dormi o resto do dia. No meu primeiro dia, fui dar uma caminhada de manhã aproveitando para matar a saudade da neve. A última vez - e a primera - que vi neve foi aos meus treze anos, em uma viagem que fizemos ao Colorado. Essa viagem me marcou, não apenas pelo fato de ser a minha primeira vez na neve, mas a primeira vez em que me senti, como dizia Amy, uma "mocinha". Tive o meu primeiro beijo? Antes fosse. John e Hudson haviam ido ao supermercado, não pensei duas vezes antes de chamar por Amy. Ela me encontrou sentada na beirada da cama do meu quarto (do aconchegante chalé que haviam alugado), com o olhar baixo.

– Querida, o que foi?

Na visão da Amy, não deveriam haver restrições. Conversávamos sobre tudo. Até porque, eu já era bem mais madura do que crianças normais da minha idade. Ela se encarregou de garantir que eu não me assustasse no dia em que me tornasse "mocinha", me explicando tudo com antecedência quando fiz doze anos. Entretanto, não deixei de me impressionar, do jeitinho que acontece quando nos deparamos com algo novo e inesperado. Ela se aproximou e se sentou ao meu lado, e só então virei a cabeça para ela e abri a boca.

– Mãe. Eu acho que... que... eu acho que eu virei mocinha – sussurrei.

– Oh, querida. – Ela parecia surpresa como eu, mas preparada. – Vem aqui. – Me abraçou. – Vai ficar tudo bem. Tudo bem...

Graças a ela, me acalmei. E agora estava ali relembrando aquela viagem... havia mais neve no Colorado. Quando voltei da caminhada, preparei o almoço com os ingredientes que comprei em Gotland e acendi a lareira. Tentei mantê-la acessa naqueles primeiros dias até que tive de me forçar a sair e pegar mais galhos, essenciais para ajudar o fogo a pegar. Coloquei meu casaco mais grosso e uma touca, voltando com uma pilha enorme de galhos e gravetos. Certo dia, quando saiu o sol e tivemos uma tarde ensolarada, voltei com mais e estas me aproximando da porta de entrada quando escorreguei na neve e caí. Por sorte não foi um tombo feio, mas deixei toda a lenha cair e ia dar um trabalhão recolher tudo aquilo sozinha. Xinguei. Enquanto me recompunha e me levantava, escuto uma voz alarmada vindo em minha direção dizendo algo em sueco. Virei a cabeça. Uma senhora, que devia ter uns sessenta anos, se aproximava de mim com pressa. Devia estar dizendo "Eu te ajudo", pois sem cerimônia, pegou o meu braço e me ajudou a levantar. Ergui a cabeça e vi que tinha olhos azuis. O cabelo, ruivo claro, estava preso em um coque elegante, as roupas também eram elegantes. O quão bonita devia ser quando jovem? A senhora tinha um olhar amável, ao mesmo tempo genuinamente preocupado, por mim, uma pessoa que nunca viu na vida e sequer falava seu idioma.

– Hã... obrigada – arrisquei falar em inglês.

– Oh. Americana? – respondeu ela, com um forte sotaque. Assenti.

– Sim. Obrigada pela ajuda, agora pode deixar que...

– Não, não, por favor. Vou ajudá-la a recolher tudo isso. Caso contrário irá congelar antes de poder entrar... – Ela se abaixou para recolher o primeiro galho.

– Não, tudo bem – insisti. Eu não ia deixar uma senhorinha daquela idade me ajudar a recolher tantos galhos... por outro lado, ela devia estar mais acostumada com o frio do que eu e parecia realmente disposta. Segurando o chale azul escuro com uma mão e com o galho na outra, ela olhou para a casa por um instante, sorrindo, e logo olhou para mim.

– Você deve ser a neta da Irena. Prazer em conhecê-la, sou sua vizinha, Olivia.

Dei um leve sorriso e por fim me abaixei para começar a recolher.

– Olá. Sou a Satsuki. Na verdade, sobrinha... mais ou menos.

– Mais ou menos?

Para justificar o meu "mais ou menos", teria de dizer que era adotada. Não me importava contar isso à uma estranha, que de certa forma não era estranha pois conhecia a tia Irena.

– Sou adotada – falei, e logo mudei o foco. – Vizinha?

– É uma ilha pequena. Chamamos a todos de vizinhos. Perdãovo... você disse que seu nome era...?

– Satsuki – repeti. Era muito comum as pessoas não entenderem o meu nome na primeira vez e pedirem para eu repetir.

Mas aquele não parecia ser o caso. A fisionomia de Olivia ficou estranha, como se já tivesse escutado o nome mas não se lembrava bem onde. E também parecia surpresa.

– Oh. Interessante. Só conheci uma Satsuki até hoje. Quero dizer... duas. A segunda vez quando visitei a Ásia...

– Viaja muito?

– Ultimamente não tanto quanto costumava. Quando você fica velho é como... passamos a apreciar uma lareira e um vinho mais do que qualquer outra coisa. Por sorte aqui tenho provavelmente a casa mais aconchegante da ilha inteira. Posso perguntar-lhe, Irena está?

– Na verdade não. Ela me emprestou a casa por um tempinho... então...

– Oh. Está sozinha? Então deveria vir. Lhe faço um chá, você aproveita uma lareira... não vou dizer "curte um vinho" porque não parece ter a idade para isso – brincou. Forcei uma risada.

– Não. Meus pais me matariam.

– Hmmm... realmente a mandaram para passar as férias aqui sozinha? Você tem irmãos, Satsuki?

Mesmo sendo sueca (eu supunha que era), ela pronunciou o meu nome com perfeição, algo também raro.

– Sim, mas... não tem problema, eu queria – menti. – Eles acharam uma boa ideia eu passar um tempo independente e já que a casa da tia Irena estava à disposição... obrigada pela ajuda e pelo convite. Adoraria um pouco de companhia.

Olivia me conta que irá partir em dois dias, mas até lá poderíamos tomar um chá. Ela mora na Noruega, onde nasceu, é escritora e professora de letras, aposentada. Sua casinha em Fårö é seu refugio favorito e o tem há dois anos. Ajuda o fato de ser um lugar perto e isolado e também o fato de que fala sueco fluente. Eu não achava que teria conversas muito interessantes com uma senhora da idade dela, mas não menti quando disse que iria gostar de uma companhia, além disso, a achei simpática e sentia que precisava de alguma forma retribuir o favor. No dia seguinte, ela bateu na minha porta no começo da tarde e caminhamos até sua casa. Diferente da casa da tia Irena, a casa de Olivia era bem iluminada, aconchegante, acolhedora. Era do mesmo tamanho da da tia Irena, talvez um pouco maior. Me sentei um sofá em frente à lareira e ela me serviu chá com biscoitos caseiros, simplesmente deliciosos. Começamos com assuntos básicos, eu a perguntei se vem à ilha com frequência, ela disse que sempre que pode, mas que com certeza viria muito menos se tivesse netos. Ela pareceu triste quando mencionou isso, e não quis se aprofundar no assunto. Me perguntou da onde eu era, respondi que era da Flórida, dando a entender que nasci lá. Por enquanto tampouco quis me aprofundar. Ela me perguntou o que eu estava achando do frio e respondi que para quem nasceu na África e mora na Flórida, era um choque. E então percebi, para uma conversa básica, eu já tinha revelado informação demais. De repente, ela me olha perturbada.

– Então você se chama Satsuki... e nasceu em...

Fiquei preocupada. Olivia parecia que ia ter um troço, e não sabia bem como poderia agir diante de uma situação de emergência, não tinha nem celular. Bom, ela deveria ter um telefone fixo, talvez na cozinha, porque na sala não tinha, não que eu tenha visto.

– Olivia... tudo bem? – arrisquei perguntar.

Olhando para o vazio ainda como se estivesse em choque, ela abandonou a xícara de chá na mesa ao lado da poltrona e encostou-se sobre a mesma.

– Eu costumava ter uma neta chamada Satsuki. Ela tinha olhos azuis, cabelos louros... e nasceu na Serra Leoa.

Não dei a ela nenhuma chance. Não deixei que me abraçasse, que me contasse toda a história por trás da minha origem... saí correndo porque a única coisa que queria ficar sozinha para talvez, não sei, terminar com tudo? Talvez fosse uma boa ideia. Para descobrir, teria de ir até Gotland... mas eu simplesmente não tinha energia para isso. Passei em casa, peguei o que precisava e corri para a praia. Não estava nevando, mas o mar estava agitado, o vento forte e o céu nublado, com algumas nuvens cinzas. Me aproximei da água, permanecendo na margem, deixando que as ondas tocassem os meus sapatos. Os encarei por alguns segundos e então ergui a cabeça. Há vários metros, entre os famosos monolitos de pedra, meu ex melhor amigo me esperava.

– Jamie? Eu... eu não acredito.

Me aproximei. Estranhamente, ele usava as roupas de sempre – jeans, uma camiseta e uma jaqueta por cima. E eu, com o meu casaco de frio, quase congelando.

– Acredite. Satsuki... você se lembra o que te falei sobre ser forte?

– Sim?

– Não está fazendo isso agora.

Mudei o peso de um pé para o outro.

– O que espera? Eu tenho uma avó... John e Amy provavelmente sabiam e não me contaram. Eu a encontro aqui, nesse fim de mundo, porque por coincidencia ela é norueguesa e tem uma casa aqui... onde a minha tia também tem casa.

– Satsuki, qual é. – Ele deu alguns passos para frente. – Se você não tinha ideia... como seus pais iriam saber? Tenho certeza de que se soubessem jamais teriam escondido isso de você. O que ela disse?

– Quê?

– Por que ela nunca foi atrás de você, por quê nunca foi encontrada?

Baixei o olhar, deixando cair a primeira lágrima.

– Não a deixei falar muito. Mas... ela não tinha ideia do que tinha acontecido comigo e com o meu pai, nós simplesmente sumimos. Aposto que nem sabia sobre as nossas viagens. Agora... agora eu sei. Aquela mulher ruiva com quem eu me encontrei quando fui conhecer o apartamento do meu pai... e eu era ela. Nos meus sonhos, eu era ela.

– E agora vocês finalmente se encontraram. Isso não é maravilhoso?

Esperei um pouco.

– Acho que sim. Porque não posso voltar para casa.

Jamie deu um suspiro de lamento e deu um passo à frente.

– O que, é o Steven de novo? Satsuki... sei que acha que não tentou o suficiente, mas... desiste desse cara. Ele não serve pra você.

Engoli em seco.

– Não é só o Steven.

– O quê? – ele perguntou confuso.

– Ela está atrás de mim – gemi. – Jamie... Estiquei o braço e comecei a me aproximar dele, e antes que pudesse tocá-lo, tropecei em uma das rochas e caí. Tremendo, de frio e de dor, usei as forças que me restavam para erguer a cabeça. Jamie se foi. Escuto então latidos abafados vindos de longe, familiares aos latidos do nosso pastor alemão. Me levantei e visualizei Whisky, parado no começo da praia, latindo para mim como se estivesse me chamando, me pedindo para segui-lo.

– Whisky – falei. Sem mais demora, cambaleei até ele e comecei a segui-lo. – Aonde quer ir, garoto?

Sabia que para que eu pudesse morrer, teria de tirar as roupas. Não poderia pedir à Whisky que me atacasse, ele era o melhor cachorro que eu conhecia. Ele me levou até um bosque. Quando chegamos, parou e se virou para mim, indicando que aquele era o destino. Comecei a tirar os sapatos, as meias e então as roupas, jogando-as sobre a neve, até ficar completamente nua. E então, peguei no bolso do meu casaco um isqueiro para acender meu último cigarro. Whisky latiu para mim novamente.

– O que quer, garoto?

Comecei a caminhar em sua direção. Até que minhas pernas bambas e meu corpo, já quase paralizado de frio, já não aguentam mais nenhum passo e me despeço: Adeus, John. Amy. Hudson. Jacop. Liv. Melody. Whisky. Vivianne. Steven. Jamie? 

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