Capítulo 19
"Você me faz brilhar
Mas eu disfarço
Não vou demonstrar
Então estou armando minhas defesas
Porque não quero me apaixonar
Se alguma vez fizesse isso
Acho que teria um ataque cardíaco."
-Heart Atack
Demi Lovato
Desde o momento em que cheguei nessa bendita festa, não consegui parar de pensar em Jhonny e em como ele estava malditamente confortável ao lado daquela garota.
O que mais me deixa irritada, é que não posso sequer ficar brava com ele, afinal de contas, eu mesma pedi por isso.
Eu mesma cometi o erro de querer continuar sendo sua amiga para tentar me proteger e acabei me ferrando.
A imagem dele sorrindo tranquilamente não sai da minha cabeça. É como se alguém tivesse colocado um filme para se repetir uma e outra vez por trás dos meus olhos e simplesmente estou ficando de saco cheio disso.
Por sorte, Julieta não se afastou de mim durante um segundo sequer, como prometeu, e cada vez que eu tentava olhar disfarçadamente na direção de Jhonny, ela se colocava na minha frente com um enorme sorriso no rosto.
Só gostaria de entender porque ele não veio me cumprimentar.
Quero dizer, não sei nem mesmo se ele deveria fazer isso, o garoto provavelmente está curtindo a noite e com nenhum interesse em uma boba como eu.
Tento dançar e me esquecer de tudo, principalmente do fato de que Jhonny se encontra a alguns passos quem sabe flertando com a loira que poderia facilmente ser uma modelo famosa.
Será que nessa cidade só são permitidas pessoas bonitas?
— Vamos, Ava, desfaz essa cara. -Julieta segura minhas mãos e chacoalha meu corpo ao ritmo da música contagiante. — Vai lá conversar com ele, deixe que te explique o que você viu, e se não gostar do que ouvir, eu te ajudo a chutar as suas bolas. -Ela completa séria e solto uma risadinha nervosa.
— Não irei atrás de ninguém, Juli -suspiro desanimada. — Já fiz isso muitas vezes... -Lembro de como eu procurava Beto para me desculpar pelas brigas que nem eram causadas por mim e como ele me fazia acreditar que tudo era minha culpa.
— Tudo bem. De todas maneiras, não acho que eles dois estejam saindo. É nítido como Jhonatan te olha, dá para ver que ele está maluquinho por essa sua cabecinha teimosa. Só você não percebe isso.
Julieta bebe um gole de refrigerante lentamente depois de falar e reviro os olhos diante da sua afirmação.
— Sabe, por mais que você não queira admitir, dá para ver que está morrendo de ciúmes do garoto tatuado. -Levanto uma sobrancelha para a morena sorridente parada bem na minha frente.
— Eu não... -Ela levanta um dedo em riste me interrompendo de imediato.
— Nem vem com essa balela, Ava. Você não parou de olhar para ele desde que chegou. E tenho certeza que está se controlando para não ir lá conversar com o seu amigo, só não vai porque é muito orgulhosa. -Seus olhos se estreitam sabendo que está completamente certa.
Sim, eu estou com ciúmes.
Sim, eu quero ir lá falar com Jhonny, perguntar que diabos ele está pensando e porque não veio falar comigo.
Mas eu não vou fazer isso porque eu sou uma covarde.
Me apavoro só de pensar em chegar lá e descobrir que ele não está mais interessado em mim.
E odeio isso.
Odeio essa indecisão e insegurança geradas pelas atitudes de Beto. Odeio não ser confiante o suficiente para dizer a Jhonny que gostei tanto do seu beijo, que não consigo parar de imaginar nós dois repetindo-o até o cansaço.
Odeio ter me transformado em uma Ava que prefere ficar sozinha em vez de arriscar e ganhar algo que valha a pena.
Isso é o que um maldito relacionamento abusivo provoca.
E não quero mais essa merda para a minha vida. Estou cansada de tudo isso.
Continuamos dançando como duas malucas e faço um esforço enorme para controlar meus olhos.
É como se Jhonatan tivesse um imã gigante colado no seu corpo que me atrai e não me deixa em paz.
Droga, se pelo menos eu pudesse beber alguma coisa.
Não.
Não vou me arriscar dessa maneira. Não outra vez.
— Amiga, preciso ir ao banheiro, bebi quase um litro de refrigerante... quer me acompanhar? -Julieta pergunta de repente e pisco os olhos voltando para a realidade.
— Pode ir tranquila, vou ficar aqui te esperando. -Afirmo puxando uma longa respiração.
Preciso começar a me acostumar com ter pessoas ao meu redor. Eles não me conhecem, não estão interessados em mim, portanto não me farão nenhum mal.
— Tem certeza? -Minha amiga insiste e balanço a cabeça para cima e para baixo.
— Sim Juli, não precisa se preocupar. -Assevero com as mãos levantadas em um sinal positivo e Julieta me observa por alguns segundos antes de decidir que estou segura e caminhar na direção de um corredor ocupado por uma dúzia de garotas fazendo fila.
Como estou praticamente no meio da pista, dou alguns passos para trás até encostar em uma das paredes e cruzo os braços observando as outras pessoas dançando desengonçadas, movidas pela grande quantidade de álcool nos seus organismos lotados de hormônios a ponto de explodir.
O clima hoje está quente e úmido, então já perdi até a conta de quantos refrigerantes bebi desde que cheguei. E quando finalizo mais um, procuro uma lata de lixo entre as várias espalhadas pelo lugar e caminho alguns passos para descartar a latinha vazia.
Sinto os olhares de algumas pessoas sobre mim e tento não surtar com toda essa atenção repentina rezando para que Julieta volte logo e possa estar acompanhada novamente.
Uma vez que descarto a lata de refrigerante, me viro para regressar para o mesmo lugar para que Juli não me perca de vista, no entanto, não dou nem dois passos, quando sinto dedos frios puxando meu cotovelo para trás e de repente minha respiração falha e é como se eu tivesse voltado no tempo.
"— Onde pensa que vai, garota? Eu não te disse que era hora de ir embora.
— Me d-desculpe, Beto, mas é que estou cansada e...
— Estou pouco me fodendo para isso, Ava. Preciso conversar com alguns amigos e depois tenho planos para nós dois.
— Me solta, Beto.
— Você pensa mesmo que manda em alguma coisa? Você é minha, Ava, entendeu? Minha.
— Por favor, me solta..."
— Ok, não precisa ficar assim, gata. Só queria te oferecer uma bebida. -Uma voz estranha ressoa por cima de todo o barulho estridente da música eletrônica e olho para o lado dando de cara com um garoto que nunca vi na vida.
— E-eu... -penteio o cabelo solto com as mãos. — Não estou bebendo hoje, mas obrigada mesmo assim. -Começo a me afastar para tentar achar Julieta e dar o fora daqui, no entanto, o desconhecido parece não ter os mesmos planos que eu e se aproxima outra vez com o semblante alterado típico de uma pessoa embriagada.
— Ei, calma... vamos conversar, nos conhecermos melhor. Te achei muito bonita e tenho certeza de que podemos nos divertir muito. -Ele sussurra no meu ouvido e empurro seu corpo de leve, sentindo o seu hálito de cerveja golpeando meu rosto.
— Eu tenho certeza que não.
Meu coração bate perigosamente rápido e de repente minha vista começa a ficar nublada outra vez.
Novamente as memórias de Beto me invadem e faço o possível para não me entregar a elas e me manter aqui no presente.
Não posso baixar a guarda.
— Me dê só uma chance, pelo menos um beijo. -O garoto aproxima o rosto do meu em uma tentativa de me beijar e dou alguns passos para trás completamente assustada com a sua abordagem. Meus dedos estão tremendo tanto que sequer consigo pegar o celular para ligar para Julieta.
Não enxergo nada a um palmo de distância e meus pulmões parecem pesar duas toneladas.
E tudo piora quando ele segura meu pulso para que eu não escape das suas investidas e me puxa para perto de si.
Droga. Droga. Droga.
Começo a sentir minhas pernas cedendo e o medo de cair me invade.
Eu sabia que não deveria ter vindo. Sabia que a noite acabaria assim e mais uma vez, estou indefesa diante de um idiota.
Aperto minhas pálpebras pensando em como sou uma idiota por permitir que esse tipo de situações aconteça ao mesmo tempo em que tento encontrar uma maneira de me livrar desse cara.
Então de repente sinto a presença de alguém mais ao meu lado e o perfume que conheço muito bem, invade as minhas narinas e respiro fundo rezando para que não esteja enganada.
Abro os olhos pouco a pouco e a figura de Jhonatan se forma bem ali na minha frente. Graças aos céus.
— Você está bem? -Ele pergunta preocupado sem deixar de me encarar.
Tento dizer algo, mas simplesmente não consigo. É como se minha voz tivesse sumido juntamente com a minha vontade de continuar aqui.
— Vá procurar outra garota para você, cara. -O desconhecido reclama ao perceber o que está acontecendo e arregalo os olhos com medo de que Jhonny pense que estou com esse idiota, no entanto, quando ele olha para baixo e nota os seus dedos enroscados no meu pulsos, sua expressão é de pura raiva e tenho certeza de que se ele soltasse raios pelos olhos, o desconhecido já teria virado pó.
Nesse momento, Jhonny segura meus braços e me puxa para o seu lado em um gesto protetor e meu corpo inteiro se arrepia ao sentir seu toque sobre mim.
Mas o que mais me surpreende, é a frase que ele diz com tanta fúria contida.
— Toque-a mais uma vez e vou arrancar seus dedos um por um. -O desconhecido arregala os olhos e posso ver o medo na sua face, contudo, ele se recupera rapidamente e outra vez aquele sorriso presunçoso se faz presente.
— Qual é, Cross, não consegue encontrar uma garota por si só? Sempre tem que estar roubando as minhas? -Arfo indignada com o que acabo de escutar e posso jurar que Jhonatan chega a rosnar ao meu lado.
— Escuta aqui, seu imbecil, eu sei muito bem quem você é, e o que está acostumado a fazer. -Seus dedos se enroscam nos meus enquanto ele cospe as palavras como se fossem adagas. — Então, se quiser continuar com todos os seus dentes dentro da boca, dê o fora daqui e não volte mais.
Os olhos de Jhonny não se desviam do desconhecido em nenhum momento e sinto que ele só está se controlando por minha causa. Repasso o que ele acabou de falar dentro da minha cabeça e as coisas ficam ainda mais obscuras.
"Eu sei quem você é, e o que está acostumado a fazer."
Quem é esse cara afinal de contas? E o que diabos ele faz?
O desconhecido fica em silêncio por alguns minutos, talvez decidindo se vale a pena comprar a briga com alguém tão conhecido e quando ele parece chegar à conclusão de que provavelmente sairia perdendo, seus olhos se reviram dentro das órbitas.
— Quer saber? Fique com essa aí para você, de todas formas ela parece ser um tédio na cama.
Não consigo acreditar no que acabo de escutar. E ao que parece, tampouco Jhonny.
Ele até chega a dar alguns passos na direção do idiota, mas seguro firme sua mão e praticamente puxo seu corpo para trás, de volta para mim.
— Por favor, me tira daqui. -Imploro em um sussurro sem forças para manter a fachada de sempre e Jhonatan fica em alerta.
— Onde está a sua amiga? -Ele pergunta olhando para os lados em busca de Julieta.
— Ela foi ao banheiro, mas até agora não voltou... de todas formas, lhe mandarei uma mensagem avisando onde estou, só preciso sair daqui. -Insisto me controlando para não chorar e fazer uma cena diante de todos.
— Tudo bem, vamos. -Jhonny sussurra preocupado e me mantém firme ao seu lado enquanto desviamos dos bêbados que dançam desajeitados e em alguns casos, nos empurram fazendo-nos perder o equilíbrio algumas vezes.
Depois de vários minutos tentando passar pela pequena multidão, chegamos a uma espécie de jardim pouco iluminado afastado da casa.
Para a minha sorte, não há ninguém por perto e aproveito para soltar uma longa respiração aliviada. Começo a sentir que estou a ponto de desabar, então sou levada até um banquinho de cimento em uma das esquinas do jardim.
— Aquele babaca te deu algo para beber? -A pergunta me deixa curiosa, mas ao mesmo tempo tremendo de medo.
Nego com a cabeça e Jhonny suspira parecendo aliviado.
Ele me puxa para perto de si e passa o braço sobre os meus ombros me abraçando de lado. Me apoio nele sentindo o seu calor corporal me aquecendo e a ansiedade se esvaindo pouco a pouco, até que meu amigo resolve falar.
— O que está acontecendo com você, Ava?
NOTA DO AUTOR
Pensaram q nao ia ter cap hoje, né?
Pois pensaram errado kkkkk
Espero que tenham gostado,
não se esqueçam de votar e comentar.
Amo vcs,🥰
Bjinhossss BF🖤🖤🖤
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