Capítulo 07
"Agora só tem uma coisa que eu posso fazer
Lutar até o fim, como eu prometi
Desejando que tivesse algo a perder."
-Die for You
Grabbitz
Depois de saber que meus pais estão me procurando e que é bem provável que até mesmo saibam onde estou, me senti tão sufocada que precisei literalmente fugir. De novo.
Vovó ficou um pouco assustada com a minha atitude, mas fiz questão de lhe explicar que eu preciso disso. Que estar sozinha me ajudará a pensar em uma maneira de despistá-los.
É óbvio que eles ligariam para a única parente em quem confio, além de Lana é claro.
Como eu pude ser tão ingênua?
Devo passar pelo menos meia hora zanzando pela cidade sem um destino definido.
As luzes passam como um borrão ao meu lado e as ruas quase vazias me permitem avançar a uma velocidade insana.
Estou certa de que ganhei alguma multa, porém não ligo. O único que quero é escapar da minha realidade nem que seja por alguns minutos.
Avisto de longe um parque urbano e resolvo parar um pouco para respirar.
Estou sendo muito imprudente em pilotar nesse estado e sei que vovó ficaria muito chateada se algo me acontecesse.
Pelo menos alguém se preocupa comigo.
Estaciono de qualquer jeito no lugar estabelecido para motos e ao descer dou um pontapé em uma pedra que encontro no meu caminho.
Sinto uma fisgada pungente nos dedos e o grito que desprendo do mais profundo do meu ser é um misto do sentimento de impotência com a dor que eu mesma provoquei.
Quero chorar, quero gritar ainda mais forte e mandar toda essa merda para bem longe de mim, mas antes mesmo que consiga fazer isso, alguém se aproxima correndo e por alguns segundos fico sem acreditar no que estou vendo.
Jhonatan está parado bem ali na minha frente alternando o olhar entre meu rosto e meus pés cobertos com um tênis surrado que ganhei de aniversário da minha prima.
— Fique por favor. -Peço com o coração batendo tão acelerado que tenho a impressão de que irei desmaiar a qualquer momento.
Jhonatan parece tão confundido quanto eu, mas mesmo assim ele volta a se sentar do meu lado sem dizer absolutamente nada.
Esse garoto é a última pessoa que eu queria ver hoje, contudo, curiosamente me senti mais tranquila ao ouvir sua voz.
Quero dizer, ao ouvir a voz de alguém conhecido.
Eu estava pronta para mandá-lo embora, só que simplesmente não consegui. Por mais que pense que devo estar sozinha, sei que preciso de uma companhia, nem que seja do cara que mais se acha nesta cidade.
Aperto as pálpebras com força para não deixar cair nenhuma lágrima desesperada ao lembrar do porquê estou aqui.
— Tem certeza que não machucou o pé? -Jhonatan pergunta de repente depois de alguns minutos e balanço a cabeça para um lado e depois para o outro. — Se quiser posso dar uma olhada para você. Meu pai é um lutador profissional e aprendi desde cedo a diferença entre uma torção e uma fratura. -Ele insiste.
— Não precisa se preocupar, eu vou ficar bem. -Devolvo com a voz trêmula.
— Olha, o chute foi bem forte, talvez seja bom ver se...
— Já disse que não preciso de ajuda, mas que droga! -Ralho sentindo meu coração pesando dentro do peito. Cometo o erro de olhar para o garoto e dou de cara com uma expressão desapontada.
— Sabe, só gostaria de saber o que tem contra mim! -Ele rebate se levantando outra vez. — Eu não te fiz nada!
Viro o rosto para não ter que continuar vendo a decepção nos seus olhos.
Tinha me esquecido de como era isso. A sensação de não servir para nada.
Às vezes me sinto péssima por tratá-lo dessa maneira. Estou agindo como uma idiota para cima de um garoto que não tem culpa das merdas que aconteceram comigo.
— Me desculpe... eu não... quero dizer, você tem razão. Eu só... me desculpe. -Digo baixinho. Me levanto assim como ele e dou alguns passos da direção contrária.
— Acho melhor eu voltar para casa, está ficando tarde. -Sussurro sem parar de caminhar.
Pensei que seria bom ter alguém para me acompanhar, mesmo que em silêncio, mas vejo que estava errada.
Não tenho coragem de olhar para trás. Não quero saber se o garoto está me seguindo ou ter que ver aquela expressão outra vez.
Não posso me desviar do meu objetivo.
Uma vez que termine a faculdade, Ava Rice vai desaparecer e nunca mais será vista novamente.
Estou quase chegando na minha moto quando sinto seus dedos em volta do meu pulso.
Minha pele inteira se arrepia e fico paralisada com o seu toque.
De repente sou puxada com força até colidir contra o seu corpo musculoso e seus braços me envolvem em um abraço quente carregado de significados implícitos.
— O que diabos pensa que está fazendo? -Tento me afastar do seu aperto, mas o garoto é mais forte do que eu pensava e me mantém ali no mesmo lugar.
— Shh... está tudo bem. -Ele sussurra no meu ouvido ao mesmo tempo em que desliza os dedos pelo meu cabelo bagunçado em uma carícia reconfortante.
Envolvo meus próprios braços na sua cintura e encosto a bochecha no seu ombro. O cheiro do seu perfume me embriaga e me impede de pensar com clareza.
— Por favor não faça isso... -Peço sem saber exatamente o que quero.
Talvez queira esquecer toda essa dor. Parar de pensar no quão imatura eu fui ao confiar em quem não deveria. Em como gostaria de me amar por inteiro como costumava fazer.
Ou talvez apenas precise de um abraço e de algumas palavras de conforto, mesmo sabendo que elas provavelmente são da boca para fora.
Eu sou uma maldita confusão.
Minha mente está embaralhada e meu coração tão despedaçado que não sei quando serei capaz de voltar a amar com a intensidade que alguma vez tive coragem. De me entregar por completo sem que o medo me faça retroceder.
— Venha comigo. -Sou levada de volta até o banco e me sento com cuidado.
Jhonatan se ajoelha na minha frente e desliza os dedos pela minha perna até chegar no meu tornozelo, colocando-o em cima da própria perna e me pegando de surpresa.
Não sei quanto tempo vou conseguir prender a respiração antes de perder a consciência.
Ele desfaz o laço que prende o meu tênis e retira o sapato com cuidado. Observo a cena sem ter nenhuma ideia de como reagir ou do que falar para descontrair.
Seus olhos atentos analisam meu tornozelo coberto pela meia antes de escorregar o tecido pela minha pele revelando meu pé.
Meu corpo inteiro treme e estou cem por cento certa de que isso não tem nada a ver com a brisa noturna.
— Parece que você não se machucou feio, não vejo sinais de torção. -Seus dedos apertam meu pé com cautela. — Sente algo? -Chacoalho a cabeça sem perceber que ele não está olhando para mim.
— N-não. -Assevero engolindo em seco e ele solta uma respiração aliviada.
— Isso é um bom sinal. Mas fique de olho caso a zona fique roxa ou sinta alguma dor mais tarde.
— O-ok.
Um sorrisinho escapa do garoto. Ele coloca de volta a meia e o tênis no meu pé antes de se sentar ao meu lado novamente.
— Acho melhor não chutar mais pedras até que saibamos se está tudo realmente bem com o seu pé.
— Poxa, que pena, logo eu que amo sair dando pontapés em objetos inanimados... -Brinco em um sorriso sincero e ele fica sério de repente.
— Deveria fazer isso mais vezes. -Jhonatan diz sem parar de me encarar.
— Fazer o quê?
— Sorrir. Fica muito bonita assim. -Seus dedos acariciam minha bochecha e respiro profundamente afastando seu toque com delicadeza.
— Escuta Jhonatan, o que quer que esteja tentando, não vai funcionar comigo. Eu... estou quebrada e para ser sincera, não valho a pena o esforço, então só...
— Não estou tentando nada, Ava. -Ele me interrompe parecendo verdadeiramente ofendido.
Arregalo os olhos e me endireito no banco com o coração galopando dentro do peito.
— Como sabe meu nome? -Indago em um fio de voz.
Será que ele descobriu algo sobre mim?
Oh não. Não. Não.
— Tenho meus contatos. -Seus olhos se apertam com o sorriso brincalhão que se desfaz pouco ao perceber que não achei nenhuma graça da sua piadinha. — Por que eu tenho a impressão de que você esconde algo? -Ele solta curioso e tento me afastar em um movimento de defesa, mas como das outras vezes, seus braços me prendem no mesmo lugar em um abraço lateral. — Não vou deixar que escape assim tão fácil. -Meu corpo inteiro se arrepia com seu hálito quente no meu pescoço e suspiro agitada.
Se controle pelo amor de Deus, garota.
— Jhonny...
— Pode confiar em mim, Ava. Não vou te machucar. -Seus dedos traçam círculos abstratos no meu ombro por cima da blusa fina. É como se minha pele queimasse por onde ele toca.
— Sequer nos conhecemos direito, garoto. -Murmuro ácida.
Jhonatan não se abala por um segundo sequer, pelo contrário, ele me aperta ainda mais contra o corpo
— Então nesse caso, acho que teremos que dar um jeito nisso.
NOTA DO AUTOR
Nãoooo vcs, não estão malucos!
Como presente de ano novo resolvi deixar
mais um capítulo pra vcs pq eu tô mto mole kkkkkkkk
Espero que tenham gostado.
Não se esqueçam de votar e comentar,
Amo vcs!🥰
Bjinhosssss BF🖤🖤🖤
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro