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🐍capítulo I: o fim e o começo 🐍

SINOPSE:

Clara é uma mulher casada com o demônio em forma de homem: bêbado, motoqueiro e irremediável, Luvo é seu martírio, mas também o dono de todos os seus pecados. Quando não aguenta mais a situação, ela decide fugir, se divorciar, mas quebrar um contrato de anos com o próprio diabo não é algo assim tão fácil de se fazer.

"Essa história é sobre o que poderia ter sido, e também sobre tudo que não aconteceu. Espero que você nunca leia isso, seu maldito, porque além de elevar sua autoestima já grande demais, vai te fazer pensar que nunca parei de pensar em você.

Eu paro, às vezes, até esqueço da sua existência, mas de fato acho que nunca vou parar de me lembrar de pensar em você.

Porque gosto disso: o gostinho da ansiedade e da dor de me sujeitar ao estranhamento que foi o que senti contigo a todo momento. Não era afeto, não era amizade, muito menos amor, era pura ansiedade, frenesi, poder, liberdade, como se o mundo pudesse ser dominado por mim ao estar ao seu lado, e de fato eu acho que o dominei, mas poderia ter dominado mais se tivesse domado você.

Uma pena, espero nunca mais te ver".

🐍🐍🐍

"Respirando
Mágoas de uma outra dor
Do nosso caso imoral
Desse amor, desse amor marginal, eu vou"— Amor Marginal (Johnny Hooker).

Acordei exausta sentindo que o mundo pesava em meus ombros. A noite anterior foi insana, para dizer o mínimo. Foi um domingo, mas não como qualquer outro, em que a gente fica triste sabendo que a semana vai ser a mesma e a melancolia invade o peito. Não, pelo contrário: foi rodeado de bebidas, maconha e beijos com tantos homens diferentes de uma forma que nunca tinha feito na vida.

Foi bom saborear a liberdade, ela tem um gosto diferente na boca quando se passa muito tempo sem saboreá-la, dá um frenesi estranho, como se fôssemos crianças de novo, adolescentes de novo, a sensação de experimentar algo pela primeira vez. Pode ser até viciante. O que eu quero ainda não tem nome.

Olhei ao redor a pequena sala, estava no sofá, por mais que minha melhor amiga, Bianca, tenha relutado para eu dormir no quarto de hóspedes. Somente por essa noite, comentei, não vou ficar aqui por mais tempo. E ela seguiu a empática e altruísta pessoa que sempre foi, não importasse quem, falando: fique quanto tempo precisar.

Eu tinha chego ontem de tarde e nem tinha ficado muito com ela, minha mala ainda estava fechada no canto do cômodo, levei as duas mãos até a cabeça sentindo a ressaca chegar, encarei o relógio do meu celular: faltavam cinco minutos para as seis, maldito relógio biológico que me faz acordar antes, peguei o aparelho e desliguei o alarme, respirei fundo e até levei um susto quando vi Bianca sair do quarto com os cabelos bagunçados e o rosto inchado, as mechas finas, mas onduladas, o rosto obtuso, quase cavérico, mas o corpo violão.

Sempre pensei que Luvo pudesse ter uma queda por ela, mas ele preferia pessoas como eu: ruivas tingidas com olhos âmbar e quadris largos com peitos pequenos.

— Bom dia — ela disse bocejando, meu celular tocou, juntei as sobrancelhas, achando estranho porque tinha acabado de desligar o alarme, mas notei que era uma ligação. De novo. Ele está me ligando de novo. Ele não entende mesmo o significado da palavra não e acabou. Desliguei a chamada e suspirei.

— Bom dia — me levantei e fui até ela, do lado esquerdo tinha uma pequena cozinha, separada somente por um balcão de mármore cinza, Bianca começou a fazer o café na sua máquina chique cheia de botões e opções, me esgueirei para perto dela e abracei de costas — já falei que você é a pessoa mais incrível do mundo? — comentei ouvindo seu risinho baixo.

— Hoje não — disse segurando meus braços e sorrindo.

— Você é a pessoa mais incrível do mundo — e a soltei devagar.

— Que horas precisa estar na editora? — ela perguntou com o som da máquina de café ao fundo, bocejei mais um pouco.

— Somente às oito, mas hoje quero entrar sete e meia para me acostumar com a ideia de estar lá sem estar casada — coloquei o celular na bancada de mármore e me sentei em um dos bancos altos dali. Bia revirou os olhos e pegou o caneco despejando em uma xícara o café.

— Você ainda está casada, Clara — suspirei — foi somente uma briga, se quer mesmo se separar, vai ter que falar com ele sobre e... — meu telefone tocou de novo, alto, interrompendo a fala da minha amiga de infância, conhecia Bia há 20 anos e nada parecia mudar muito entre nós: ela sempre certa me fazendo tomar as atitudes certas, e eu sempre covarde querendo me esquivar dos problemas, desliguei de novo a chamada quando vi o nome, como se nada tivesse acontecido e olhei para ela, Bianca terminava de colocar café na outra xícara, a minha, suponho.

— Você sabe que uma hora vai precisar falar com ele, Clara, por que não atende o telefone? Ele deve estar morto de preocupação e...

— Não quero ouvir seus argumentos manipuladores e controladores — ela suspirou e empurrou a xícara para mim, segurei ela entre as mãos — e possessivos, e tóxicos, e...

— Quando vocês se conheceram, ele já era assim e até melhorou com o tempo.

— Não suporto mais ele — e bebi o café, ela sorriu de nado.

— Mas isso não significa que não vai mais falar com ele, não até convencê-lo a assinar os papéis do divórcio — ela bebeu de sua xícara com as sobrancelhas arqueadas. Nada mudava mesmo, além de Bianca estar certa, ela me irritava porque sempre me deixava a par de realidades que eu fugia sem pensar duas vezes — ele ainda é seu marido.

— Prefiro futuro ex-marido. Se existe um nome para antes de casar, como noivo, por que não existe um nome para quando está para se divorciar? — Perguntei bebendo meu café, minha amiga riu com isso, segurando sem jeito a bebida na boca, e a engolindo em seguida com o seu autocontrole.

— Tem um nome para isso sim.

— Tem? — falei surpresa tirando a xícara dos lábios.

— Sim — ela disse saindo de trás do balcão, indo atrás de mim e seguindo para o quarto — e o nome é Lucas Vosseti.

🐍🐍🐍

Quando conheci ele, há oito anos atrás, estava tão bêbada quanto podia para a idade, o auge dos meus vinte e três anos, e tinha tomado somente dois copos de um drink que tinha mais suco do que qualquer outra coisa — sem mencionar as quatro latinhas de cerveja que tomei na casa de Caio, meu fiel escudeiro para todos os rolês e que era meu motorista alterado mais competente.

Meu amigo, Caio, eu conheci na escola, assim como Bianca, mas a gente só foi se aproximar mesmo na faculdade, mesmo não fazendo o mesmo curso ou estudando na mesma instituição. Foi como se fôssemos acidentes prestes a acontecer: sempre circundando a vida um do outro, desde a infância, como satélites em órbita aguardando o momento que os dois estariam alinhados o suficiente para que o campo gravitacional de algum puxasse o outro e pronto — estávamos unidos e destinados a colapsar, e geralmente o nosso estrondo envolvia festas universitárias e muita fofoca sobre pessoas que mal conhecíamos, mas detestávamos de vista.

Bianca e Caio fizeram o mesmo curso, Economia em uma faculdade bem longe da minha, e eu cursei Letras. Mas como eles acabaram se aproximando, sendo os únicos que se conheciam de vista na sala de aula, eu acabei me aproximando também de Caio, e nós saímos e nos víamos mais do que ele e Bia ou eu e Bia — até porque minha melhor amiga é caseira demais, para ela um cobertor, ou um ventilador, o silêncio da noite cortado somente por uma coruja, um prato de macarrão ao molho branco, uma taça de vinho e um bom livro ou uma boa série são mais do que o suficientes para fazerem do seu final de semana o melhor de todos. E nada disso envolvia sair, ver gente, beijar na boca e beber feito jovens, como eu e Caio gostávamos de fazer.

O problema real foi a ideia mirabolante de Caio de irmos em uma festa universitária (como qualquer outra: gente nova, burra e chata fazendo merda em pouco espaço com um funk estralando ao fundo), mesmo eu e ele já formados há dois anos mais ou menos. Mas Caio me convenceu com a seguinte frase: vamos lá zoar os jovens. E foi com esse pensamento que eu fui, eu só não esperava encontrar o meu maior martírio que se seguiria pelos próximos oito anos: Luvo, Lucas Vossati. E foi assim que o conheci o meu futuro ex-marido.

Uma festa de república representa bem o ponto central de toda mente universitária que saiu da casa dos pais para morar no interior: bagunça, incertezas e muito melodrama com pitadas de sexo à vontade, a sexualidade para ser explorada, os vômitos de bebidas a serem extrapolados, as perguntas que rodeiam uma mente calma até demais para às cinco da manhã em uma rua deserta e fria: como que eu chego em casa com somente cinco reais na conta do banco? Bora no crédito, amanhã me viro com o que meus pais vão perguntar, já que o cartão é dele. Eu sempre fui de uma cidade universitária, mas nunca vivi como uma universitária, eu tinha comida na mesa, roupa limpa e só tinha que me preocupar com estágios, estudos, louças para lavar e faxina para fazer no final de semana. Sem comparação.

Mas eu amava a sensação de liberdade que uma festa em república me dava: lá eu poderia ser quem eu quisesse, e cada uma delas, depois de formada, eu fui alguém diferente, somente para saborear um tanto alguma vida que eu poderia ter sido, mas nunca fui. Está noite eu seria a engraçada, pensei, e sem filtros, por isso, após o segundo copo de drink, andei cambaleando pelo corredor escuro dos fundos da casa com os braços de Caio entrelaçados aos meus, a forma como a luz vermelha, depois azul, depois roxa e depois amarela reluziam em sua pele retinta faziam dele um Deus grego, ombros largos, cropped no meio da barriga trincada e seus belos dentes brancos quando ria bêbado comigo. Apesar das "más línguas", nunca namoramos, se quer ficamos, mas todos que nos vi falava: são um casal. Como? Um gay e uma surtada só dão certo como melhores amigos, até porque ambos possuem um problema crucial que os liga: pau.

— Senta aí mulher porque você está louca! — ele gritou por cima do som alto vindo de dentro da casa, uma música pop, estava no meio da festa, ri saindo dos braços dele e me sentando na mureta de um canteiro feito somente para uma árvore pequena, ri mais com o que ele havia dito, tateei o chão procurando espaço para me sentar com a minha saia com listas brancas e pretas rente até meus joelhos e minha blusa pequena e preta, a moda da festa era anos 2000, não sei se fiz jus ao pedido.

— Licença — falei meio mole quando me sentava do lado de um garoto curvado que pegava um isqueiro do bolso, nem olhei no rosto dele direito, ele apenas concordou com a cabeça, me virei para cima encarando meu amigo de pé — eu não estou louca não! — falei e ouvi o garoto do meu lado soltando um riso fraco, procurei meus cigarros de tabaco bolado no meu porta óculos, abri ele e fiz uma careta — Caio! — olhei para cima de novo vendo o rosto dele agora vermelho, meu amigo me encarou e ergueu as sobrancelhas em resposta — acabou meu tabaco! Temos que pegar no seu carro!

— Tá louca, mulher? Eles não deixam mais sair não, se sairmos, a gente não entra — bufei com a sua resposta e olhei para meus próprios pés com o maior desânimo do mundo e um desespero começando a crescer, você não tinha a nicotina de um viciado a não ser que ele peça, sentia meus cachos pequenos e curtos nos meus ombros tocando minha pele e suspirei.

— Caio! Por favor! Conversa com o porteiro! Não tenho nada aqui! — falei levantando as mãos — nem tabaco, nem seda, só o isqueiro e os que eu bolei já acabaram.

— É open paiero, pede um por aí — fiz uma careta.

— Credo, eu quero o meu tabaco! Eu esqueci lá e...

— Precisa de tabaco? — o menino ao meu lado perguntou e, então, pela primeira vez olhei para ele.

Estava escuro, mas notei que usava uma espécie de camiseta de república como se fosse um abadá, usava também uma bermuda colorida da mesma estampa da camiseta e seus cabelos eram pretos, ele estava um tanto curvado, sentado com os joelhos dobrados perto do peito, usava um tênis preto da adidas e notei um colar com um símbolo estranho em seu peito, nunca vi igual. Quando encarei seus olhos, a luz azul os percorreu, mas até se fosse outra eu teria certeza que seus olhos eram claros, pois eles brilhavam mais para mim. Suspirei com a visão dele, lembro que pensei: sentei do lado de um gostoso e nem vi? A vida de universitária acabou mesmo para mim.

E acho o fim da picada a primeira fazer que Luvo me dirigiu ter sido: precisa de tabaco? Justamente quando eu, uma necessitada, precisava tanto disso, e ainda por cima saindo de uma boca curta, mas bela, de um rosto bochechudo, mas com uma barba linda e curta em seu maxilar quadrado. Engoli o seco:

— Sim.

— Fuma o meu — ele disse com um cigarro entre os lábios e abriu a pochete tirando o dele com a seda e o filtro.

— Sério?! — ele concordou com a cabeça.

— Sim — e me estendeu o pacote.

— É o homem da minha vida! — falei animada, ele riu, acendeu, tragou e disse:

— Meça suas palavras.

🐍🐍🐍

Bianca tinha saído há meia hora para ir ao escritório trabalhar, deu um beijo carinhoso no topo da minha cabeça enquanto eu escovava os dentes e vi minha amiga pelo espelho usando seu blaser e calça social pretos, sorri para ela, tentei dizer um "bom trabalho" com a escova entre os dentes e ela acenou para mim. Agora, eu estava pegando tudo às pressas e colocando na bolsa, mesmo estando uma hora adiantada, mas quando se é a chefe da redação, em plena segunda-feira, é sempre bom chegar com antecedência. Quando terminei de colocar o carregador e pegar o celular, corri para fora do apartamento e peguei o elevador. Apertei o térreo e meu celular tocou de novo.

— Filho da puta — xinguei entredentes sozinha ali com aquela música instrumental de fundo que de nada me acalmou, olhei a tela, desliguei a chamada de novo, respirei fundo e vi: naquela manhã, doze ligações, trinta mensagens, fora as ligações de ontem: quarenta, e mais cinquenta mensagens, tudo de ontem de noite. Respirei fundo, e andei pelo piso de ladrilhos brilhantes até a saída do prédio, empurrei a porta de vidro preto segurando uma chave reserva nas mãos, o celular na outra e a bolsa nos ombros.

Minha respiração parou quando olhei a rua e meu corpo ficou petrificado.

Como se nada tivesse acontecendo, a moto estava estacionada bem na porta principal do prédio, ele estava encostado em sua motocicleta, que em todos os anos que o conheci deveria amar mais do que a mim — se é que um dia já me amou — os braços cruzados, o rosto encarando a rua de forma despretenciosa, um palito de dente nos lábios, usava isso para evitar fumar, eu já nunca parei. Os cabelos pretos balançando com o vento da manhã um tanto fria e seus ombros largos, mordi as bochechas por dentro da boca. Nos últimos oito anos, em que cinco fomos (ou estamos?) casados, Luvo parecia usar a academia como uma forma de descontar toda a rua raiva de nossas brigas e decepção com nosso relacionamento, assim, de um garoto um tanto magro e com bunda grande, ele virou uma geladeira eletrolux duas portas com dupla repartição no freezer.

Respirei fundo e comecei a descer os degraus até a calçada, evitando olha-lo, mas senti seus olhos em meus rosto e os encarei: azuis do mais gélido e profundo oceano, e sua cara ficou franzida, os cenhos juntos, as rugas em sua testa, os braços mais apertado no cruzar, o corpo estático e aparentemente irritado, o palito parou em sua boca para cima, revirei os olhos e comecei a andar pela calçada. O objetivo era pedir um Uber, mas nem me pagando que eu ficaria parada em sua frente esperando um chegar.

— Esqueceu que é casada e passou a noite fora? — sua voz rouca, intensa, me fez estremecer, ouvi seus passos atrás de mim.

— Não sou uma propriedade sua — falei sem olhar para trás, mas ouvi ele rir.

— Nunca foi, somente minha esposa.

— Futura ex-esposa.

— Desde quando?

— Desde ontem.

— O que fez ontem de noite?

— Não te interessa.

— Clara — e senti ele puxar a manga da minha blusa, parei de andar, virei para trás e o encarei. A jaqueta de couro preto, as calças pretas, a barba preta, tudo preto, um coração preto, uma voz preta, uma sensação.... Estranha.

— O que você quer?! — disse prepotente. Ele suspirou.

— Falar com a minha esposa. — respondeu amuado.

— Não sou mais sua esposa — ele relaxou os ombros.

— Por favor, você saiu ontem de casa meio-dia e eu não tive notícias suas! Sabe como morri de preocupação? — dei de ombros — precisamos conversar.

— Depois, estou atrasada para o trabalho. — comentei com desdém.

— Te levo — falou despreocupado.

— Como sabia que eu estava aqui?! — quase gritei de tão irritada.

— Previsível, você sempre visita Bianca depois de uma briga nossa — voltei a andar e virei de costas — eu te levo! Clara! — ouvi ele andando atrás de mim apressado.

— Precisamos conversar — disse esbaforido nas minhas costas — tudo uso está me deixando louco! Não consigo dormir e...

— Ótimo! — falei irritada me virando de supetão — de noite conversamos, agora vou para o trabalho e você vai parar de me ligar, entendeu? — ele suspirou.

— Pelo menos responda minhas mensagens — falou melancólico.

— Tá, então vai me deixar em paz agora para eu ir trabalhar?

— Eu te levo! — odiava quando levantava a voz comigo.

— Não! Não quero te ver, entendeu? Vai embora, me deixa ir trabalhar em paz! E de noite te mando mensagem para falarmos — ele deixou o peso em somente uma perna e mordeu nervoso o palito entre os dentes.

— Tá, tudo bem, tudo é sempre do jeito que você quer mesmo — revirei os olhos e soltei uma risada forçada.

— Se fosse mesmo, a gente bem teria se casado — e fui embora.

🐍🐍🐍
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