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013

Só então o sacerdote foi capaz de perceber algo reluzente caído ao lado dela. O formato triangular encaixava-se no suporte com o formato exato dos dedos das mãos, parecia afiado.

— Mas... ela me disse que...

— O senhor não é muito experiente, não é? — perguntou o marido, estendendo a mão direita para o padre. — Anda, levante daí — insistiu, vendo que Rudolph oferecia resistência.

Percebendo que as chances de aquele indivíduo ser verdadeiro em suas palavras eram consideráveis, o padre aceitou a ajuda para se reerguer. Assim que se colocou de pé, ele bateu as mãos nas calças e ajeitou as vestes. Não parava de encarar a imagem desfalecida de Justice.

— O senhor me ajuda a levá-la lá pra cima? 

Rudolph assentiu. Sem muitas cerimônias, levantaram-na do chão. Era notável que o peso daquela moça parecia irreal. Uma mulher franzina, de estatura mediana, não poderia ter todo aquele efeito exercido pela gravidade. Com algum custo, subiram as escadas, e o homem guiou o sacerdote até um quarto no fim do corredor. Tamanha foi a surpresa de Rudolph ao pôr o primeiro pé dentro do cômodo. Os tons de rosa pastel estavam presentes em tudo: nas paredes, nos móveis, nos lençóis. Havia alguns brinquedos jogados pelos cantos e um urso sorridente dava o toque final, pendurado na parede ao lado do guarda-roupa, deixando aquele lugar estranhamente doce e sombrio.

Eles colocaram-na com cuidado sobre o colchão. Apesar de todo o ocorrido, o esposo parecia tranqüilo, como se aquilo fosse comum para ele. O padre temia que fosse.

— Ela sempre fica aqui? — perguntou Rudolph.

O homem, que estava fechando a janela de vidro forçando-a para baixo, balançou a cabeça em afirmação. Em seguida, guiou o padre até o lado de fora e trancou a porta, deixando a moça presa no interior do quarto.

— Venha, padre. Acho que precisamos conversar.

— É claro.

Os dois desceram as escadas em silêncio, então se sentaram no sofá e deixaram a tensão se dissipar aos poucos, antes de começarem um diálogo verdadeiro.

— A filha de vocês, onde está? — Rudolph questionou. — Ela presencia esses acontecimentos com frequência.

— Filha? — O homem contraiu a face. — O senhor fala de Meredith? 

— A menina da fotografia — explicou. 

— O que ela disse? 

— Bom, teoricamente, eu disse. Teci um elogio à família de vocês, e Justice agradeceu.

O silêncio do homem, que até então não dissera o seu nome, foi o suficiente para que o sacerdote compreendesse que havia algo de errado.

— Pode me dizer. Eu não vim para julgá-los — falou o padre. — Vamos começar novamente — Estendeu a mão direita —, eu sou Rudolph.

O marido pousou os olhos sobre os dedos compridos do sacerdote e os apertou, ainda com um pouco de receio.

— Oliver — comunicou enquanto sacudia as mãos dadas.

— Ela o machucou antes de me atender — Rudolph pressupôs em voz alta. 

— Um minuto de distração na hora de alimentá-la, e ela acertou o prato na minha cabeça. — Oliver levou a mão esquerda até a nuca, mostrando o ferimento causado pela louça.

— Precisa de ajuda hospitalar? — indagou o sacerdote.

— Não — O homem sacudiu a cabeça —, estou acostumado. Depois que Meredith se foi, as coisas ficaram muito estranhas aqui.

— Estranhas? — Rudolph não queria ser invasivo, então preferiu ser breve.

— Aquele quarto era dela, fizemos para quando ela viesse passar as férias de verão aqui. 

— Férias? Ela não vivia com vocês? — As linhas de expressão de Rudolph se enrijeceram, sua mente procurava qualquer fio de sentido em tudo o que ouvia.

— Meredith é filha de uma de nossas grandes amigas — começou o homem, com os olhos fixos no chão, visivelmente incomodado com cada palavra que proferia. — Moravam em um vilarejo em Utah. A garota, a mãe e a avó da menina.

— Eram todos próximos?

— Não, conhecíamos apenas a Aleesha. Era uma missionária muito fervorosa.

— Ela...?

— Faleceu — Oliver completou, olhando profundamente nas pupilas escuras do sacerdote. — Um cara bêbado, uma noite de chuva, alta velocidade. Todos morreram.

— E a garotinha? Morreu também no acidente? — Rudolph parecia demasiadamente curioso, mais do que deveria para tal situação.

— Não. — Oliver sacudiu a cabeça, mostrando total aversão à fala do padre. — Meredith está com a família paterna. Se mudaram para o Brasil. — Ele expirou como se uma nuvem densa abandonasse o seu corpo claramente cansado. — Foi quando tudo começou. — Ele olhou para a escada, como se ali pudesse ver tudo o que acontecera uma outra vez...

***

— Justice, o que está fazendo? — O marido, que acabara de adentrar pela porta com algumas sacolas de papel nas mãos, as quais abandonara ao ver a esposa, questionou completamente desnorteado.

Parada no terceiro degrau da escada, com os joelhos apoiados na madeira fria e os pés descalços, a mulher deslizava vagarosamente o dedo indicador sobre a quarta coluna do corrimão de ébano. O cheiro forte de podre propagava-se pelo cômodo, enquanto o líquido rubro que escorria entre os dedos de Justice, brotando por debaixo das unhas claramente sujas com quase invisíveis pedaços de carne infestados de vermes, dançava lentamente pela madeira escura até desabar no piso cor de terra.

— Ela disse que eu deveria fazer...

A mulher parecia em transe.

— Fazer o quê?

— O pacto. Nós vamos ter um filho, Oliver. — Sorriu, tombando a cabeça para o lado. — Ela vai colocar um bebê aqui... — Deu uma gargalhada fraca, que se dissipou aos poucos, até se tornar apenas um gemido.

— Meu amor — disse ele, tentando tirar a esposa tão amada daquele estado de loucura repentina —, sabe que os médicos disseram que apenas por um milagre você poderá engravidar. Quem te disse isso?

— Eu cansei!

O grito de Justice fez com que Oliver escorregasse nos próprios pés e desse um passo para trás, descendo do primeiro degrau, onde se pusera para entender melhor a mulher.

— Cansei de esperar por um milagre — os olhos encheram-se de lágrimas, mesmo parecendo vazios demais para um ser humano —, cansei de rezar e rezar e nada acontecer!

— Justice.

— Ele tirou a minha menina de mim. — Ela juntou as duas mãos frente ao peito e abaixou a cabeça, apenas grunhindo e rangendo os dentes enquanto balançava o corpo de um lado para o outro.

— Ele é o pai. Mais cedo ou mais tarde Meredith terá idade de vir nos visitar por conta própria, não se desespere.

— Não... não... não... não... não... não... não... — repetia em sussurros. — Eu sei... eu sei... eu sei... — Colocou as mãos sobre os ouvidos, como se algo a perturbasse.

— O que foi que fez? — Oliver perscrutou o chão completamente ensanguentado.

— Ela pediu.

— Ela quem?

 ***

— Depois disso nada mais era normal dentro dessa casa. — Oliver olhou para o teto. — De início eu pensei que ela estivesse enlouquecendo, mas então...

— Então... — O padre gesticulou com a cabeça, para que terminasse.

— Eu também comecei a ouvir e ver coisas. Coisas que nenhum homem deveria ver. — Respirou de maneira descompassada, olhando para os lados como se temesse algo súbito.

Rudolph sacou um frasco de seu bolso direito e então respirou profundamente.

— Bom. Por hoje, posso realizar algumas orações de proteção e libertação. Mas para combater esse mal, preciso de mais tempo e mais recursos — afirmou, encarando toda a casa minuciosamente.

— Eu não sei se quero colocar mais alguém em perigo. Já tenho muitos problemas — Oliver estava reticente.

— Escute-me. — Rudolph se ajeitou em seu assento. — Tudo, tudo o que você viu pode ser o indício de algo muito maior. Muito mais perigoso. E é um dever meu — o padre apontou para o rapaz — e seu, não deixar que isso se torne pior.

Oliver, acuado, apenas sacolejou a cabeça em afirmação. Ele não sabia o que deveria fazer, nem mesmo em quem confiar.

E se desse errado?

Não, ele não poderia arriscar, mas também não havia saída.

***

Depois de ungir toda a residência e também Justice, enquanto dormia, Rudolph se despediu de Oliver e, depois de bater os pés três vezes na entrada, retirou-se a passos lentos. Era como se carregasse pedras em seus sapatos cuidadosamente lustrados.

— Você foi um bom garoto! — Alisou a cabeça do cachorro que o aguardava ansioso. — Sim, foi um bom menino.

Então o sacerdote, acompanhado do animal, pôs-se na calçada. Porém, antes de ir embora, decidiu agradecer ao rapaz que lhe dissera sobre a situação de Justice. Havia muita coragem em denunciar o mal.

— Me espere aqui. Eu não demoro. — Seu sorriso confortante parecia um pouco menos vívido. Fora afetado pela presença de Justice e pelo que andava com ela.

Não foi necessário nem mesmo bater à porta. A mulher, de braços avantajados e cabelos loiros penteados para trás, estava sentada em uma poltrona pouco confortável em sua varanda. Ela notou a aproximação do sacerdote e, um tanto confusa, colocou-se de pé.

— Pois não.

— Tudo bem? — questionou ele, estreitando as pálpebras.

— Tenho muito respeito pelo senhor, mas sou uma mulher sozinha. Não me sinto bem em receber visitas.

— Posso ter uma palavra com o seu...

Só então ele se deu conta do que falara a senhora: “sou uma mulher sozinha”.

— Gostaria de ter uma palavra com a senhora, só um instante.

— Pode falar aqui mesmo. — Continuava arredia.

— Sente falta dele, não é mesmo?

— Como? — indagou a senhora, desconsertada.

— Do rapaz... olhar intenso, cabelos encaracolados. Voz doce.

A postura da mulher pendeu e os olhos tremeluziram. Ela molhou os lábios e controlou a respiração.

Rudolph estava certo em sua dedução. Mesmo que sensações sobrenaturais ainda fossem completamente novas para o jovem sacerdote, ele sabia exatamente o que acontecera.

— Ele está bem — disse Rudolph, sorrindo. — Ele a ama muito e, de verdade, mesmo depois de partir, o seu menino têm a missão de ajudar as pessoas. — Ele se aproximou e, por cima do portão, pôs a mão sobre a face da senhora. — Não chore. Vocês irão se reencontrar. Em um lugar mais lindo e melhor que qualquer outro que possa existir na terra.

O sacerdote virou-se sem demora e tomou o caminho da Paróquia.

A imagem de Justice não saía de sua cabeça nem por um instante. Sabia que não era uma real despedida e que voltaria àquele lugar.

Só não sabia em quais circunstâncias...

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