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Jantar

— Olha, saiba que o que você fez não é certo. Você não pode machucar a Ellie. Agora, vamos para a mesa. — Sammy fala, colocando o dedo na minha cara. Estávamos no corredor enquanto minha mãe estava com Bernardo na sala. Ela estava me repreendendo por não contar a minha mãe sobre Ellie.

— Desculpa… eu só não estou pronta. — digo, cabisbaixa. Porra, eu também não estava bem. Eu sei que errei. Agi por impulso e não dá para simplesmente voltar atrás.

— Não é a mim que você tem que dizer isso.

Diz e sai andando. É, pelo visto teria apenas minha mãe indo com a minha cara no jantar.

Estávamos na sala quando a campainha tocou. Vou atender e vejo Ellie, belíssima, à minha frente. Ela usava uma blusa de manga longa preta e uma saia xadrez colada em seu corpo com pequenas fendas dos lados, nos pés ela usava um coturno. Ela pigarreia para chamar minha atenção.

— Porque simplesmente não entrou? — pergunto.

— Entrei no personagem, então, não tenho a chave daqui. Vai me deixar entrar ou não? — pergunta. Dou espaço e ela abre um sorriso para Sammy, que a abraça.

— Você deve ser a Ellie. — minha mãe fala, indo abraçar ela, que se assusta mas é quase imperceptível. — sou a Charlotte.

— É um prazer conhecer a senhora. Luna já te mostrou Nova York? — pergunta, simpática.

— Apenas alguns pontos, não tenho muito tempo aqui, então talvez eu venha em outro momento. Sabe, para conhecer.

— É, é bom vir com tempo mesmo. Cadê o Bernardo? — pergunta a Sammy.

— Acabou de dormir, espero que ele não escute sua voz. — Sammy diz, depois se vira para minha mãe. — é sério, se ele ouvir a voz da Ellie, acorda na hora e chora até ela pegar ele.

Ellie ri.

— Eu sou a madrinha favorita. Eu sei. — diz, convencida e brincalhona.

— Só porque passa mais tempo com ele. — resmungo, as fazendo rir. — vamos jantar?

Minha mãe tinha feito uma comida ótima. Nos sentamos na mesa, minha mãe numa ponta, Ellie e Sammy no lado esquerdo e eu a direita da minha mãe. Comer sob olhares julgadores era como seria minha noite.

Para a minha sorte, as três estavam bem falantes e conversaram bastante, eu tentei participar, mas vê-la tão bem estava me matando e claramente minha mãe a adorou.

— Então vocês meio que trabalham juntas? — Charlotte pergunta.

— Não exatamente. — responde.

— A empresa que eu trabalho fornece alguns produtos de papelaria para a Duma, mas não temos muito contato não.

— Ah, sim.

— Mudando de assunto, sua comida é ótima, como a Luna pode cozinhar tão mal? — Ellie pergunta e eu falo um "ei!" — é verdade, am… — tosse. — é a verdade.

— Bom, eu não faço ideia e olha que tentei até escrever um livro de receitas, mas parece que nem isso ajuda.

Mais alguns minutos de conversa e Ellie diz que tem que ir embora pois tem algo do trabalho.

— Ah, não querida. Fique pelo menos para a sobremesa. — minha mãe pede, tocando sua mão. Ela me olha, como se estivesse pedindo ajuda.

— É, fica, Ellie. — digo, sorrindo.

— Tá bom, acho que posso ficar mais um pouco.

— Eu vou pegar a sobremesa, podem ir para a sala que eu levo.

— Eu te ajudo. — Sammy fala antes de Ellie, que já ia se oferecer. 

— Vou ao banheiro. — Ellie fala, se afastando e quando chega no corredor me chama. — a gente precisa conversar.

— Eu sei. — entramos no nosso quarto e ela cruza os braços. — me desculpa, amor.

— Eu não sou o tipo que trai, ou que machuca alguém, Luna. Eu não sou ela. Eu nunca faria nada para te magoar, e você deveria saber disso!

— Eu sei, eu sei. Eu tenho medo, Ellie. É um medo idiota e irracional, mas é uma insegurança minha que me faz agir como idiota, é uma defesa que eu criei. Eu tive que criar essa armadura, e eu não sei desarmar.

— Então… porque você fez eu me apaixonar se não estava pronta para um relacionamento? — questiona, fazendo menção para sair do quarto, mas eu seguro seu braço e a puxo para um beijo, mas ela segura meus ombros. — não, Luna. — então sai.

Volto para a sala e as três já estão comendo a sobremesa cremosa que minha mãe fez. Estava muito deliciosa, mas eu estava totalmente sem fome naquele momento. Quando El terminou, disse que tinha que ir.

— Foi um prazer te conhecer, espero que você me leve para algum lugar quando eu vier novamente a NY, ok?

— Sim, senhora! Levo sim, depois a Luna te passa o meu número e você pode me ligar quando quiser. — Ellie responde, então elas se abraçam e em seguida ela se despede de Sammy e passa reto por mim e sai. Comecei a ficar um pouco desesperada, pois não sabia se ela iria para casa ou se iria sair, sei lá. Argh! Sammy logo vai embora também e eu vou tomar banho.

Quando saio, minha mãe está sentada na minha cama, de braços cruzados.

— Eu sem querer ouvi a conversa de vocês.

— Foi? — pergunto, não querendo entrar no assunto e indo para o closet.

— Vocês moram juntas, Luna! A Ellie não tem culpa do que você passou, filha. Você não pode magoar alguém assim. — diz, atrás de mim.

— Mãe, eu sei disso.

— Eu iria adorar que você tivesse a apresentado como sua namorada. Eu não me engano com as pessoas, Luna. Pode ir aonde quer que ela esteja e peça desculpas e diga para ela almoçar conosco amanhã. E nunca mais aja dessa forma com ninguém. — me repreende. Eu a encaro, quase com vontade de chorar e ela me abraça.

— Obrigada, dona Charlotte. Eu vou lá.

— Vá.

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