Eu confio em você
Chego na porta onde Ellie está e lhe mando mensagem para abrir para mim, pois não quero fazer barulho caso Bernardo esteja dormindo. Logo ela abre, séria.
— Posso? — pergunto, vendo se poderia entrar. Ela abre espaço e anda até a porta de seu quarto, que já não parecia tanto seu quarto, pois suas coisas estavam na nossa casa. — ela já sabe. E eu me sinto muito bem com ela sabendo…
— Você falou? — ela ainda estava de braços cruzados próximo a janela, do outro lado do quarto.
— Bem, não. Ela ouviu nossa conversa, falou que teria adorado que eu tivesse apresentado você como minha namorada. E te chamou para almoçar conosco amanhã.
Ela assente, digerindo as informações.
— Mas não foi você que contou, de qualquer forma.
— Eu ia contar. Ia sim.
— Porque eu deveria acreditar em você? Já que você não confia em mim?
— Isso nunca mais vai acontecer, Ellie. Eu prometo, e não gosto de fazer promessas. Meus traumas não vão mais afetar nosso amor, ok?
— Como você tem tanta certeza?
— Eu confio em você. — digo, a encarando. Ela vem até mim e posso ver que seus olhos estão marejados, mas sei que se eu me aproximar ela vai me jogar para longe. Ela usava uma armadura invisível, contra mim.
— É? Mesmo se eu te dissesse que vou viajar? Que vou passar um mês longe? Na China? — termina, me encarando.
— Você foi escolhida? — ela assente. — parabéns, Ellie.
— Obrigada. Mais duas pessoas vão comigo. — assinto, sem saber o que dizer. Me sento na cama e depois ela também se senta. — isso não pode acontecer de novo, Luna. Se você precisar terminar comigo para se resolver, eu vou entender…
— Nós não vamos terminar, isso não vai mais acontecer, nunca mais. Eu confio em você demais, Ellie. A gente pode ficar bem? Quero te dar um abraço pela viagem.
Ela sorri e me abraça forte.
— A gente pode ficar bem, mas eu não vou conseguir esquecer.
— Entendo. Tudo bem. Quando você vai?
— Próxima semana. Estou nervosa…
— Você com certeza é uma das pessoas mais capazes para estar nessa viajem. Estou dizendo isso como profissional, não como namorada. Vai para qual parte da China?
— A capital, Pequim. Obrigada, Luna. Mesmo. — sorrio e faço menção para beijar ela, mas ela se afasta. — nada disso, você está de castigo. E, aliás, pode ir para sua casa.
— Ah não…
— Vai, vai. Preciso ficar sozinha hoje.
— É sério?
— Sim.
— Amanhã você vai almoçar lá? — pergunto e ela confirma, fechando a porta e me expulsando de seu quarto. — eu te amo! — digo do outro lado e saio sem esperar resposta. Tudo ficaria bem.
No dia seguinte, o almoço ocorre muito bem. Mesmo com as duas mulheres falando mal de mim. Minha mãe ainda está encantada com sua nora e eu dou graças a Deus por isso, era tudo que eu precisava. Minha mãe, uma canceriana, super intuitiva me dizendo que aquela era a garota certa. Ellie foi comigo no aeroporto deixar minha mãe de noite e acabamos passando o restante do domingo juntas assistindo série.
Dormi muito bem. Ela tinha aceitado voltar para casa e dormiu agarradinha em mim. Percebi o quão sortuda eu era por tê-la em meus braços e nunca mais faria nada para machucá-la.
Minha segunda-feira foi bem corrida, a Duma teria um grande evento no próximo final de semana e tudo estava uma grande correria devido a festa que tinha sempre que lançamos algo novo. Desta vez seriam produtos de segurança doméstica de alta tecnologia.
Eu e Dave, todavia, queríamos apenas mais investidores dessa área de imóveis. Eu deixei para ter as reuniões com Dave sobre nosso projeto secreto apenas quando Ellie viajasse. Queria lhe dar atenção nessa semana.
— Sabe quem está na cidade? — pergunto, fazendo suspense para Ellie. Todos os dias nós almoçamos juntas.
— Quem?
— Linn e Anne. O que acha de eu convidar elas para a festa?
— Vai dar um marketing e tanto. Convida sim. — responde, olhando o celular. — é o Brad, olha, esse é o hotel que nós vamos ficar.
— Brad também vai? — pergunto, erguendo a sobrancelha.
— Sim, Julian também.
— Vocês vão ficar em quartos separados, não é?
— É claro. Tô tão ansiosa! — diz, fazendo uma carinha linda. Acaricio sua bochecha e ela segura minha mão, a beijando. Uma mulher, aparentando uns quarenta anos, passa por nós nesse momento.
— Nojentas! Argh!
— Você está falando conosco? — pergunto e Ellie segura meu braço. A mulher não responde, apenas para de andar e ergue a sobrancelha. — você poderia me dizer seu nome?
— Para que?
— Com licença, algum problema? — o gerente do restaurante pergunta. Nós almoçamos todos os dias naquele local.
— Qual o seu nome, senhora?
— Alana Miller, porque?
— Então, Jeff, esta mulher acabou de ser bem preconceituosa conosco. É esse o tipo de pessoa que frequenta o seu restaurante?
— Certamente que não, senhora Miller, por favor, pode me acompanhar até a saída? E por favor, não volte.
— Isso é um ultraje! — reclama, saindo.
— Ah! Pode esperar uma ligação dos meus advogados. Tenha um bom dia. — digo e me sento novamente. Jeff se aproxima e me pede desculpas pelo ocorrido. Digo que está tudo bem, afinal, não era sua culpa. Mas que eu estava com ódio, estava.
— Isso era mesmo necessário? — Ellie pergunta.
— Claro que sim! Qual a necessidade dela de falar algo? Pelo amor, né!
— Eu só acho que foi demais.
— Enfim.
Já tinha perdido a fome e ela já tinha terminado de comer e então fomos embora. A deixo na porta da empresa.
— Não processa, só esquece. Ela já foi banida do restaurante.
Respiro fundo.
— Tá bom. Tá… eu só não gosto de ver pessoas tão escrotas, impunes.
— Eu não quero que faça nada porque só ia dar dor de cabeça. Você sabe.
— Tem razão. — digo.
— É claro que tenho. Tenho que ir.
— Eu vou comprar amanhã uma roupa para ir ao evento, você quer vir comigo?
— Sim, posso te ajudar a escolher. — diz, dando de ombros.
— Como assim me ajudar a escolher? Você também vai comprar algo. — digo. Acho que ela não sabia que iria me acompanhar nessa festa. Bom, achei que fosse meio óbvio. — amor, você vai comigo, como minha namorada. Eu achei que sabia.
— Você tem certeza? Vai estar cheio de fotógrafos e sei lá.
— E? Que bom que terá fotógrafos, pois vamos estar lindas e isso precisa ser registrado.
— Bom, você ficou com receio de apresentar à sua mãe, achei que também ficaria assim para o resto do mundo profissional.
— Você é minha namorada, futura esposa! Vai estar ao meu lado em todos os eventos.
— Futura esposa? — pergunta, sorrindo. Eu a beijo e então a deixo ir.
No caminho, mando mensagem para Linn perguntando se ela recebeu o convite. Ela logo responde e confirma a presença dela e de sua esposa.
— Essa festa vai ser boa…
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E vamos de Crossover?
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