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Bernardo

Para o meu azar ainda precisava esperar algumas semanas para Ellie folgar. ela falou que a empresa estava passando por muitas mudanças e ela queria estar presente para qualquer coisa. A admiro, mas eu queria ter minha mulher só para mim por um tempinho. É pedir muito? 

Faltava duas semanas para finalmente irmos para Suíça, confesso que eu nem cheguei lá ainda mas já estava pensando se conseguiria convencer Ellie a esticar nossa viagem. 

— Você já reservou o hotel? — ela pergunta. Estamos em minha cama, prontas para dormir. 

— Já, a vista de lá é maravilhosa! Sabe quem mais está nesse hotel? 

— Quem? 

— A dona da Cinnco. Uma das minhas adversárias. 

— Linn Somers, não é? Vocês são brigadas? — pergunta. E a resposta é não, mas bem… nós temos empresas no mesmo ramo. Nossos produtos são sempre comparados. De celulares a calculadoras. 

— Não, mas a mídia nos faz concorrentes. Embora eu ache que ela parece muito ser bem arrogante. Creio que não nos daríamos bem. Ela e a esposa parecem ter o nariz bem levantado. Vi que ela estava lá ontem. 

— A minha gerente conhece a esposa dela. Anne. Ela falou uma vez que ela é bem legal, mas enfim… nem vamos passar muito tempo no hotel para dar tempo de esbarrar com elas. 

— É, enfim… nada vai estragar essa viagem por que é só eu te olhar que tudo melhora. — digo, fazendo carinho em seu cabelo, ela me olha com os olhos brilhando. El abre e fecha a boca várias vezes e então respira fundo. 

— Odeio quando você me deixa sem palavras, Segrini. 

— Desculpa, você me deixa inspirada a ser uma bobona apaixonada. 

Ela ri e diz que me ama. Vamos dormir praticamente coladas. Nada melhor que o amor da sua vida em seu peito, não é? 

Logo caio em um sono profundo, mas sou acordada com El me chacoalhando e ao abrir devagar meus olhos, pronta para brigar com ela por me assustar, a vejo vestindo suas roupas com o celular equilibrado no ombro e no ouvido. 

— Estou chegando, cadê o Ted? Ok, e a bolsa? Respira, Sammy, respira! Fica na ligação comigo enquanto vou até aí. Vou te colocar no alto falante. Luna, a bolsa de Sammy estourou! Levanta, vai. 

Dei um pulo da cama e em alguns segundos já estávamos vestidas saindo da minha casa. Ted já tinha chegado e El desligou a chamada. Já estávamos próximas da casa dela. 

— Nem acredito, meu Deus! — Ela diz, segurando minha mão. A abraço. Estamos abobalhadas. Era duas da manhã, mas o meu sono estava bem longe naquele momento. A porta está destrancada e Sammy está de frente para o espelho, passando batom. Ted estava andando de um lado para o outro com a bolsa do bebê no ombro e pedindo para Sammy ir para o carro. 

— Amor, eu não vou chegar no hospital toda feia! Meninas! Até que fim! 

— Samantha, você está em trabalho de parto, então por favor, entra no carro! — Ellie diz, séria. Ted estava surtando. Sammy parou de se produzir e encarou El. — Vem, Sammy. 

— Tá bom, tá bom. Mas você não pode dirigir. — Sammy fala, olhando para Ted. 

— Eu dirijo, agora vamos. — Digo e nós três saímos. — gente, a Sammy! Esquecemos a Sammy. — digo, dando meia volta e vendo a mulher tendo uma contração. Ted a segura de um lado e El do outro. 

Logo estamos no hospital. As contrações de Sammy estão com um intervalo de oito minutos.  

— Intervalo de oito minutos? Ok. — a obstetra anota. Ted entra na sala com ela e eu e El ficamos na sala de espera. Cinco minutos depois uma enfermeira aparece. 

— Luna e Ellie? — Chama e nos levantamos. — a paciente Sammy está pedindo por vocês, o acompanhante dela desmaiou. Me acompanhem. 

Nós fomos a uma sala onde vestimos umas roupas apropriadas e entramos na sala em que Sammy estava. Ela estava suada. Ted estava deitado num sofá que tinha do lado da cama que ela estava. 

— Ela está com sete centímetros de dilatação, isso pode demorar um pouco. — a médica diz. Ellie se aproxima de Sammy, que agarra sua mão. Eu vou ver se Ted está bem, e ele começa a recuperar a consciência. 

— El, isso dói pra caralho. 

— As contrações estão com quantos minutos de intervalo? 

— Cinco. Eu vejo em alguns minutos olhar a dilatação novamente. — Sammy assente e a médica sai do quarto. 

— Eu não vou conseguir, não vou. — diz, chorando. El se aproxima dela, tentando passar força. — Ted? 

— Amor, desculpe. Estou aqui. — se levanta, indo agarrar a outra mão dela. Eu me aproximo, passando a mão nos cabelos dela. 

Uma hora depois, a médica fala que ela já chegou aos dez centímetros de dilatação. Havia chegado a hora. 

— Respire fundo e empurra. Não para de empurrar. — a médica diz. 

Sammy assente e começa a fazer força, as mãos de El e Ted estavam vermelhas. Sammy começa a chorar e deita a cabeça. 

— Não consigo mais, não dá, não dá… — repete, olhando para El. 

— Só mais um pouco, Sam. Lembra? Daquela série? "Cinco minutos de dor para uma vida inteira de felicidade." Você consegue. Respira fundo e empurra. — Ellie diz, e Sammy assente. 

Após uns minutos de sofrimento, o chorinho de Bernardo invade nossos ouvidos. Eu não aguento e me emociono. Naquele momento estamos os quatro chorando. Após ser limpado, Bernardo é entregue a Sammy, e para de chorar quase que imediatamente. 

— Bem vindo ao mundo, filho. Eu te amo muito, todos nós amamos. — como era possível me apaixonar por uma coisinha tão pequena e inchada?

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