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Abro a porta e por pouco Alex não bate na minha cara, nos encaramos por um momento e acabamos por rir da situação
— Eu ia bater na porta.
— Achei que não vinha mais — saio trancando a porta.
Começo a andar e então aumento a velocidade até estar correndo pela trilha, o cascalho faz barulho com cada passo meu e de Alex, é relaxante mas ele não escuta, sempre com fones de ouvido sem falar nada, corremos juntos há meses e sempre foi assim, ele coloca os fones e corre sem prestar atenção em mim, as vezes ele me olha e sorri de lado mas acho que faz isso só para fingir que está gostando da minha companhia.
Aumento a velocidade da corrida até que minhas pernas começam a doer então eu mantenho a velocidade, ele me acompanha como se estivesse andando normalmente enquanto eu me acabo de correr, as pernas dele são maiores que as minhas o que torna tudo mais fácil para ele. eu odeio minhas pernas pequenas, prefiro quando estou no lago mas não posso viver para sempre no lago, tenho que ser uma adolescente normal.
Chegamos no fim da trilha onde não tem nada, somente o lago, Alex se aproxima do lago enquanto eu me sento no chão onde a terra da floresta se encontra com o cascalho branco da trilha, ele tira a blusa e começa a entrar no lago.
— Não vem? — Ele me olha por cima do ombo.
— Sabe quem se eu odeio essa merda de lago — mantenho meu olhar firme para sustentar minha mentira.
Eu iria adorar entrar no lago agora e descansar minhas pernas na água mas não posso, não na frente dele, não posso estragar tudo pelo que minha mãe lutou, não agora.
Após alguns minutos ele volta e veste sua blusa, me levanto e começo a correr de volta junto dele, ao todo são 8 km 4 pra vir e 4 pra voltar, faço esse percurso todos os dias, bom quase todos os dias, quando Alex não está junto eu volto para casa pelo lago mas esse não é o caso hoje.
— Hey! — Alex Fala quando já estou na porta de casa.
— O que? — Me viro olhando para ele.
— Vou dar uma festa amanhã, minha irmã vai fazer 17 e sei lá, pensei que você talvez podesse aparecer.
— Ah...obrigada pelo convite mas eu não sei se vou poder ir — esfrego minhas mãos umas nas outras para tentar diminuir o suor que está se formando nas palmas.
— Pensa bem, vai começar as nove...
— Não posso — falo rápido fazendo com que ele se assuste.
— Tudo bem se não quiser — ele sorri meio triste e começa a andar.
— Desculpa — falo baixo e entro em casa.
Não posso sair a noite, é uma regra que sigo bem rigidamente, encontro minha mãe na cozinha preparando o jantar, hoje teremos peixe como sempre, ando até meu quarto e abro as janelas me deitando na cama, apesar de eu quase nunca dormir aqui essa cama está bem bagunçada.
Me levanto e troco de roupas, visto uma calça jeans e um casaco de lã branco por cima da blusa fina que já estava usando, minha mãe anuncia que o almoço tá pronto.
Vou até a sala de jantar e me sento na mesa de frente para um prato com peixe cortado e empilhado, minha mãe ataca o peixe como se nunca tivesse comido algo, já eu como normalmente, mesmo depois de tantos anos minha mãe ainda não dominou a arte de usar os talheres, eu me acostumei rápido mas eu também treinei muito.
Termino de comer minha parte é volto para o quarto, saio pela janela que fica a 1 metrô do chão e entro nas árvores que tem, são mais de 50 metros de floresta que separa minha casa da de Alex, claro que eu poderia seguir pelo cascalho mas não é muito minha praia, me abaixo perto da segunda fileira de árvores e vejo Alex abotoando sua camisa social azul, ele dobra as mangas e vem na direção da janela abrindo e olhando envolta.
— Eu sei que você está aqui — Alex se apoia na janela.
Me procurando na floresta, eu sempre fico observando atrás das árvores, boa parte das vezes ninguém me vê, na verdade eles nunca me vêem eu saio, como agora que me levantei e fui na direção da janela de Alex.
— Eu sabia — ele me puxa para dentro.
Eu tropeço na janela e Caio por cima dele no chão, nos encaramos por um segundo antes de seus olhos oscilarem entre minha boca e meus olhos então eu me levanto do chão me sentando na cama, ele fica mais alguns segundos no chão antes de levantar, ele anda pelo quarto e ajeitar as roupas antes de se virar para mim.
— Quer ir a um lugar divertido?
— Por que eu iria a um lugar com você? — tento manter a seriedade.
— Vamos logo — ele me puxa pelo braço até a porta da casa e praticamente me joga no banco do carona de seu carro.
— ainda não sei por que tanta vontade de me levar a um lugar segundo você divertido — afivelo o cinto
— só acredita em mim tá legal?— ele da partida no carro.
— minha mãe não sabe que estou aqui — falo assim que passamos pela minha casa e entramos na rua.
— não vai demorar, te trago de volta até anoitecer — ele pisca para mim sorrindo.
— tenho que estar em casa antes de anoitecer.
— por que?
— eu simplesmente tenho que chegar antes de anoitecer, não pergunta por favor.
— ok então — ele entra no estacionamento da delegacia.
— seu local de trabalho, essa é sua ideia de um local divertido? — pergunto quando saio do carro.
— você ainda vai ver — ele segura a porta para que eu entre.
Entro e sinto um enorme choque térmico, lá fora deve estar há uns 10 graus enquanto aqui dentro está por volta dos 25, Alex segura minha mão e me guia para outra parte da delegacia, as pessoas não notam nossa presença, até por que todos estão fazendo algo, passamos por um longo corredor cheio de salas e entramos em uma no final.
— toma — Alex me estende um fone que acho que serve pra bloquear ruídos e pega outro para ele.
— para quê precisamos disso?
— só coloca isso nos ouvidos — ele puxa da minha mão e põe nos meus ouvidos antes que eu possa protestar.
Passamos pela salas entramos em outra onde tem várias divisões, Alex pega uma arma e se posiciona atrás de mim me ajudando a segurar.
— Tenta acertar o alvo — ele tira um dos lados do meu fone e sussurra no meu ouvido — segura firme, quando quiser pode ir — ele coloca o fone novamente.
Respiro fundo e Miro na cabeça do alvo então atiro acertando em cheio, a arma ainda esta carregada então decido por descarregar em pontos estratégicos no alvo, quando termino deixo a arma na bancada e me viro para Alex que me encara com a boca semi aberta, alguns caras observam do outro lado da janela de vidro mas logo voltam a suas rotinas quando me percebem olhando. Alex me guia de volta a sala e guarda nossos fones.
— Já pensou em se tornar uma oficial ? — Um cara me pergunta de trás de uma mesa.
— Não, não quero ser oficial desculpe — sorrio amigavelmente.
— Ok, só não atire contra nós, a mira dos oficiais é horrível.
— Vem — Alex fala puxando levemente minha mão.
Alex me guia até uma sala onde tem duas escrivaninhas e então Fala:
— essa é minha sala, normalmente tem mais papéis e coisas do tipo.
— Alex, um desaparecimento — uma mulher jovem entra falando.
— quanto tempo? — ele pergunta e pega um papelzinho mão dela.
— desde ontem a noite — ela para um momento e olha para mim — estou atrapalhando algo?
— não, ela é só uma amiga que eu trouxe para dar alguns tiros.
— ok, mas hoje não vai ter tempo para amiguinhas — ela sai da sala.
— geralmente ela é um pouco mais legal — ele anda até a porta e faz um sinal para eu ir junto.
Eu realmente não achava que seria tão divertido mas aqui estou eu ajudando a resolver um desaparecimento
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