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III. A Amizade

 Creio poder dizer que um resumo da história da minha vida, passa por chamá-lo resumo da história da minha mãe — talvez até fique repetitivo dizê-lo.

Enfim, tentando falar pouco da mãe, além da grande amiga que ela era, do grande amigo que Jonathan também era, eu tinha uma melhor amiga da minha idade: ela chamava Aline.

Aline e eu contrastávamos demais.

Aos seis, eu ainda podia me dizer meramente uma criança, sem muitos luxos, aprendi a apreciar dos luxos que lia nas histórias, vivendo-os no Sonhar.

Aline tinha uma vida bem diferente.

Morava na rua de trás, num sobrado invejável. Seu quarto era enorme e ela tinha sua própria televisão, seu próprio rádio e uma extensa coleção de bonecas e pelúcias, que ela odiava.

Seu Vagner e dona Neide eram os pais de Aline.

O tio era um pastor, funcionário público. Ralava muito para conseguir oferecer todo o luxo possível para sua família e também para cuidar dos fiéis sob suas asas.

A tia vivia vida de madame. Não precisava fazer absolutamente nada porque o esposo pagava até empregada se ela não estivesse a fim. A típica madame da favela.

Terrivelmente evangélicos, Aline era desgostosa com sua família desde cedo. Eu tentava fazê-la moderar, não brigar, mas nem sempre eu conseguia discordar das reclamações que ela fazia, o que me fazia incentivar indiretamente.

Às vezes, ela só me ouvia por amor, não por querer.

Nossa amizade sempre foi muito forte, mesmo com nossas diferenças. Não éramos mais inseparáveis na infância porque não nos era possível ficarmos mais tempo juntas.

Enquanto o louco vivia, não era confortável receber Aline em minha casa. Sempre ficava constrangida ou chateada e, abusada como era, Aline jamais abaixaria a cabeça para os desaforos dele, nem aceitaria que ele fosse ridículo comigo.

Bastou um dia de barraco, nascido de um bate-boca entre Aline e o louco, para entendermos que a repetição daquela experiência não deveria ser cogitada novamente.

Ainda tínhamos outra possibilidade: o pernoite na casa de Aline, que acabou se tornando um dos principais refúgios da mãe, nos dias que ela achava o louco muito atacado.

Ela não me acompanhava e ficava para suportar sabe-se lá o que ocorria por lá porque ir à casa de Aline poderia significar fugir de uma confusão para outra.

Particularmente, não sei o que seria pior, mas fico muito inclinada a crer as confusões com o louco muito piores!

Enfim, tia Neide era estupidamente intolerante e a mãe sempre foi do tambor. Mesmo tão doce comigo, a mãe podia ser bem ácida e agressiva ao lidar com gente estúpida. Seu pavio era grande, mas já findara com a tia há muito tempo.

Na casa de Aline, tínhamos rígidas regras a seguir.

Éramos crianças e adorávamos brincar, principalmente brincar na rua. Sendo duas das três únicas meninas daquela idade, era difícil evitar o contato com meninos e os pais de Aline repudiavam a existência de meninos conosco.

Literalmente demonizavam ao ponto de algumas brincadeiras se tornarem "satânicas" demais em sua boca quando nos impediam de brincar na rua.

Aline ficava possessa, mas eu tentava fazê-la relevar e, na maioria das vezes, conseguia distraí-la em casa mesmo.

Era bem exótico lidar com aquela forma dos adultos olharem para uma Amarelinha e entenderem-na como um objeto de perversão, meramente porque um menino pisou nela.

Mesmo algumas cantigas de roda acabavam entrando para a "Lista Negra de Cristo", então se pulássemos corda no quintal, não podíamos cantar absolutamente nada para evitar.

Quando a mãe se curou do luto, ela começou a receber pessoas em casa e isso foi ótimo! Dar churrascos e algumas festas para se distrair e voltar a sorrir — algo que gostei muito.

Nessas festividades, o convite era estendido apenas ao pai de Aline — mesmo sabendo que ele não iria e algumas vezes até acataria a ordem da tia de não permitir a ida de Aline.

Era um louco cabo de guerra entre os pais e ela, infelizmente, como a mais frágil na relação, aquilo não tinha a menor chance de impactar positivamente.

Num grande resumo, Aline era a perfeição numa família imperfeita, segundo o meu ver, claro.

O tratamento de seus pais comigo até era bom, eles até tentavam me evangelizar, mas sabiam não haver nenhuma chance de triunfarem.

Não por não gostar da igreja ou da tal Bíblia, mas por lidar com uma face tão raivosa de Deus, manifesta através deles, que eu simplesmente não queria tanto contato.

A morte do louco foi o prenúncio de tempos melhores para nós duas, já que não deveríamos ter mais dificuldades na casa de Aline tendo a minha casa disponível.

Foi uma verdadeira Guerra Mundial conseguir permissão dos pais de Aline para ela dormir na minha casa, contudo, a mãe foi para o front, como pacificadora, e findou a guerra, voltando para casa com a permissão concedida.

Daquele dia em diante, tivemos um gostinho da liberdade — não negarei, foi maravilhoso!

Meu quartinho no Sonhar se tornou nosso refúgio, onde ela poderia também fugir da vida e viver dias melhores, ansiando que eles se manifestassem na realidade.

Meu sonho não morrera e Aline foi a fundadora do meu fã clube. Estava em todos os meus ensaios e um presente de Jonathan mudou completamente a minha vida: um rádio.

Nos meus ensaios, eu usava o toca-discos da mãe, que tinha uma grande coleção de vinis dos grandes nomes do samba — que ela sempre amou.

Ganhar um rádio mudou minha forma de ouvir música e ele se tornou um item necessário para a minha sobrevivência!

Fazia absolutamente tudo com o rádio ligado, não demorando para sentirmos o impacto do rádio na conta de luz, que quase fez a mãe ficar careca. Assim, chegou o ultimato:

— É importante diminuir a frequência em que ouve isso, senão sua mãe vai ser obrigada a pedir para o Jonathan levar de volta para a casa dele.

Eu até teria ficado triste, se uma ideia melhor do que parar de ouvir rádio não surgisse imediatamente em minha cabeça.

Contudo, não a respondi imediatamente para não parecer malcriada. Já eram seis anos, quase sete, eu já me sentia independente o suficiente.

O novo plano era dar início a minha carreira.

Felizmente, eu não tinha contato com os shows de calouros da televisão na época, senão a insana ideia seria me tornar uma paquita — algo que me frustraria muito, pois, eu não tinha o cabelo nem a pele que o cargo exigia.

Nesse caso, a pobreza me foi uma dádiva, me poupando de uma das grandes frustrações que vi tomar a cabeça de muitas adolescentes do meu colégio na época.

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