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Aceitando o Desafio

- Pelo amor de Deus, João! Para de andar de um lado para o outro!

Almeida bufa e senta ao meu lado. Estamos esperando as mulheres da vida dele, na cozinha que está vazia. Não podemos ficar na ala médica para não levantar suspeitas. Cristiano vai trazer as moças até nós.

- E agora? O que fazer com elas? - ele pergunta.

A preocupação de um pai e marido.

- Cris disse que cuidava do resto. Ele tem contatos no Complexo. Só acho que as duas precisam ficar longe da ala militar. Não pode correr o risco de serem vistos juntos. É só olhar para menina para saber que ela é sua filha.

Almeida olha em meus olhos.
Parece a beira das lágrimas.

- Como conseguiu? Ficar longe do Cristiano, sem poder tocar... Escondidos?

- Não se engane. Eu não disfarcei muito bem... Até nos beijamos no corredor do meu dormitório uma vez. Antes era só amizade mesmo. Eu não tinha coragem de assumir o que sentia e Cris respeitou isso. Mas quando eu resolvi aceitar o que ele me oferecia... foi bem difícil esconder. Tivemos que vir para o quarto dele, porque Oliveira e Souza cercavam meu quarto.

- O que me faz lembrar uma coisa. Quero te perguntar, mas sempre esqueço...

- Pergunta! - endireito a coluna.

- Souza sabia do seu relacionamento com Cristiano. Mesmo como amigos, vocês pareciam ser um casal... Souza nunca te afastou do posto.Quando você pediu a promoção, eu achei que seria seu último dia na Corporação. Mas ao invés de te afastar, ele te promoveu. Não entendo, Lana. O que passa na cabeça daquele homem?

- Também não entendo. Perguntei isso a ele. E a única resposta que tive, foi que ainda tínhamos pendências.

Almeida me olha fixamente. Depois olha em volta, mesmo sozinho comigo e se aproxima ainda mais de mim.

- Eu ouvi umas coisas... - ele cochicha. - Não é só reclamação. Eles querem alguém que tirem Souza do Comando.

Não tenho palavras.
Alguém que tire o homem do Comando.

- Quem? - me atrevo.

- Ouvi nomes... - ele ainda cochicha. - Tem certeza que não sabe? - ele me olha com condescendência.

Engulo em seco e apoio a cabeça nos braços, sobre a mesa.

- É claro! Haverá escudo! - ele dá de ombros. - Foi o que ouvi!

Olho em seus olhos. Ele ainda está ansioso, esperando por sua família.

- Você teria coragem? 

- Nunca! Não agora, que as encontrei. Não, sozinho. Se é que me entende!

Não entendo. Mas não tenho tempo de perguntar.

Cristiano entra na cozinha, com as moças limpas e de roupas novas. Elas vem até onde estamos. A menor delas ainda mancando.

Cristiano beija minha boca e me abraça.

Almeida aperta as duas em um único abraço.

- Conseguimos! - Cris sussurra em meu ouvido.

- Eu te amo! - digo, beijando seu queixo.

Cristiano sorri. O mais lindo dos sorrisos.

- Não limpou esses machucados?

- São superficiais. Posso limpar no banho.

O que Almeida me falou ainda me perturba.

- Onde vamos colocar essas mulheres? Elas precisam de um lugar para dormir e ocupação.

Respiro fundo, observando Almeida encher os rostos das mulheres de beijos molhados pelas lágrimas.

- Acha que pode falar com alguém da ala agrícola? Podemos arrumar um dormitório. Precisam de emprego, mas só depois que estiverem melhores. Ainda não têm condições de trabalho. Estão muito magras!

- Claro Lana. Essa noite, elas podem ficar com a gente. O que acha?

Sorrio, olhando em seus olhos azuis.

- Claro! Estou exausta! Só quero tomar banho e dormir!

Meu amor sorri para mim.

- Eu também, Princesa!

- Você está com uma cara péssima, Lana!

Tetso senta ao meu lado. Analiso o estacionamento, monitorando cada rosto. É só o que tenho feito desde que comecei a trabalhar.

- A noite rendeu, Tetso! Almeida não queria largar as duas! Mal dormi!

Tetso me entrega um envelope.

- Nossa salvação!

Suspiro, abrindo o envelope.

É um pedido de ronda, na data de ontem, nas proximidades dos prédios do Conselho. 

Sim! Eles moram fora do Complexo! Poucos sabem disso.

- Eu tenho um amigo que é bem próximo ao Conselho. Sato não negou um pedido dele.

Por que Sato faria isso?

É claro que ela me recomendou para o posto de capitã. Mas só a indicação levaria a principal governante deste lugar a mentir por mim ou um dos meus? Estranho.

- Ela devia um favor a ele. - Tetso explica.

No pedido contém data, hora e local exatos. Tudo conforme estivemos ontem. Verificação de ruídos estranhos nas proximidades dos prédios do Conselho.

Mais perfeito que isso, impossível! Souza não poderá contestar um pedido do Conselho.

Não me punir é outra conversa. Mas Tetso não será punido. E o segredo de Almeida, o verdadeiro motivo para eu ter feito o que fiz, está guardado.

Olho nos olhos do meu parceiro de ronda. Ele sorri e pisca, daquele jeito alegre.

- Eu já disse que te amo, Tetso?

Ele revira os olhos, me fazendo rir.

- Diz de novo! Adoro ouvir!

Rimos juntos. Dou um abraço apertado no meu eterno parceiro de ronda.

- Te amo, Tetso!

Vejo Oliveira se aproximar da minha mesa. Está de folga, sem uniforme.

- Capitã! - ele bate continência.

- À vontade para ir, soldado!

Tetso fica tenso. Se mantém próximo a mim, encarando Oliveira.

- Permissão para falar! - ele pede.

- Desembucha!

- Estou com muitos dias de folga, senhora! Acho que há algo errado com minha escala!

Reviro os olhos. Ele não serve para ser patrulheiro.

- As rondas são feitas por um único homem, por causa da calmaria. Tenho ordens do comandante Souza para não deixar o soldado Oliveira sozinho durante a ronda.

Oliveira parece sem jeito.

- Posso auxiliar em alguma coisa, Senhora?

- Felizmente não, soldado! Já tenho um auxiliar. Procure o Comandante Souza. Ele te dirá o que fazer!

Vejo meu pai se aproximando de nós, meio tímido, mas com o andar firme. Está com um uniforme preto, no mesmo corte que o meu, mas sem colete e sem identificação. Ele vai trabalhar comigo.

Para à minha frente e bate uma continência sem jeito.

- Capitã! Estou apto para o trabalho. Tenho a declaração do médico e a autorização do Tenente Silveira. O Major Souza validou minha ficha. Estou pronto.

Sorrio e levanto, indo até ele. Dou um abraço apertado em meu pai. Percebo que ele fica sem jeito.

- Agora que conhece os andares que correspondem a emissão das documentações da patrulha, precisa organizar os relatórios das rondas e levar pro Comandante Souza assinar. Depois leve para o arquivo, no terceiro andar.

Edgar bate outra continência.

- Sim, senhora! Mas ele é Major ou Comandante?

Reprimo um riso. Edgar faz muitas perguntas, mas vai se acostumar.

- Ele comanda nosso batalhão, então o chamamos de comandante. Mas a patente dele é de Major. Viu o símbolo do uniforme dele?

- Uma estrela, três círculos em volta. A sua estrela só tem um círculo, porque você é capitã.

- É isso mesmo.

Acomodo meu pai em uma cadeira próxima a minha. Percebo Oliveira nos observando.

- Está dispensado, soldado Oliveira!

Oliveira bate continência e me dá as costas, indo em direção a sala do Souza.

- Esse rapaz te olha muito! - meu pai observa.

- Demais para o meu gosto. - concordo.

Tetso me chama, me afastando da mesa.

- Acha que isso vai dar certo? - pergunto.

- Meu amigo é de confiança! - ele cora.

Amigo de confiança. Tetso tem uma relação escondida... Faz todo o sentido. Com alguém próximo ao Conselho.

- Você esconde isso, não é?

Tetso suspira.

Estar apaixonada é uma das melhores sensações do universo. Ainda mais quando o certo alguém retribui o sentimento.

- É uma pessoa importante. Mas com essa merda de regra... Como Almeida vai se virar?

Escoro na parede de aço, olhando em volta. Tetso também monitora quem se aproxima de nós.

- Elas vão ficar no meu quarto da ala médica, enquanto não encontramos um dormitório. Almeida não quis deixar as moças. Dormiu agarrado a elas, no chão do meu quarto. Elas choraram a noite toda. Não dormi nada, pensando nas coisas horríveis que elas passaram do lado de fora.

- A cabeça dele deve estar um turbilhão.

- Dei folga a ele, está com elas no meu quarto. Só que eu sei como é doloroso ficar longe de quem se ama, por tanto tempo.

Tetso me olha nos olhos, com um sorriso torto no rosto, o que fecha ainda mais seus pequenos olhos.

- Diz isso por causa do seu pai?

Olho para o meu pai, trabalhando a minha mesa. Ele já não parece aquele homem selvagem que atacou Cristiano.

- Quando quem se ama está lá fora, a saudade é imensa, mas a preocupação é maior. Eles não comem por dias, não dormem em lugares decentes, vivem com medo de serem atacados. Passam frio. As moças tinham uma a outra. Meu pai estava sozinho.

Tetso suspira.

- Eu gosto do que faço, Lana. Apesar de tudo. Sabe o quanto sofremos quando começamos nisso. Sabe dos horrores que vimos lá fora e aqui dentro. E mesmo assim, não desistimos. Mesmo assim, nem o direito de ter família nós temos.

Tetso tem toda a razão.
A calmaria existe, mas passamos por muitos riscos no início.

- Aqui dentro, com essa regra, Souza nos ameaça em silêncio. Depois de todas as mortes que ouço pelos corredores relacionadas a ele, temo que antes mesmo do relacionamento de um soldado se tornar público, ele dará um jeito de tirar as vidas dos nossos parceiros, como faz com quem se opõem a ele.

Um tipo novo de horror se apodera de mim. Penso em Cristiano. A mente mais brilhante deste lugar, totalmente indefeso. Nem mesmo uma arma ele sabe usar.

- Você corre esse risco? Afinal, seu parceiro é próximo do Conselho o suficiente para nós tirar da confusão de ontem.

Tetso sabe que eu deduzi, mas ele não confirma. Se estivéssemos sozinhos, talvez.

- Souza responde somente ao Conselheiro Therence. Nunca se perguntou o motivo?

Eu disse ao Cristiano ontem! Souza e Therence pensam da mesma forma.

- Acha que fazem isso para nos manter aqui? Os voluntários são cada vez mais escassos.

- Para não termos esperança de uma vida melhor, fora daqui. É o que eles querem. Fizeram isso não para nos proteger, mas para proteger a si mesmos. Deixaram a escória para fora dos portões, os úteis para dentro. E treinam nossas crianças para serem dedicados trabalhadores. Acostumados a essa vida de cárcere. Porque é o que vivemos. Você sabe.

Respiro fundo.
Muita informação.

Eu nunca tinha visto minha corporação assim, nem mesmo o Complexo.

Mas nunca me aproximei dos meus colegas como agora. Vivi esse tempo todo, isolada, focada em encontrar minha família. Só estou mais próxima por causa dos últimos acontecimentos.

Acho que eles confiam mais em mim, agora que estou segurando toda a responsabilidade das patrulhas sozinha.

- Dizem por aí que você tem sorte. Enquanto Dr. Matarazzo tiver você e os olhos do Complexo sobre ele, Souza nada pode fazer.

Tetso ameaça se afastar. Seguro seu braço.

- Do que está falando?

- Todos sabem que ele não queria você como Capitã, Lana. Que você foi recomendada pela Conselheira. Por que acha que os tenentes estão te olhando tanto?

Engulo em seco. As coisas estão cada vez piores. Como "todos sabem"? Como as pessoas podem ter acesso a informações tão particulares?

Por que, nesse inferno de lugar, todo mundo sabe dos detalhes da minha vida?

- Tetso...

Souza se aproxima.

Tetso bate continência. Demoro um segundo a mais para registrar que preciso fazer o mesmo.

- Vocês dois, na minha sala. Agora! - ele esbraveja.

Tetso e eu trocamos olhares.
Que Deus nos ajude.

- Que merda vocês fizeram?

Respiro fundo. Nenhum de nós responde. Souza arremessa uma caldeira na parede atrás de nós. Ela quica na parede e cai no chão com as pernas para cima. O barulho ecoa na sala, sem dúvida, ouviram do estacionamento.

Encaro o comandante que acha que está acima de tudo.

- Tem algo para me dizer, Capitã?

- Pode ser mais específico, comandante?

Souza ri da minha petulância.
Ser nenhum no mundo vai me intimidar dessa forma.
Ele já deveria ter entendido isso.

- Sobre os dois estarem de folga e mesmo assim saírem do Complexo para fazer ronda.

Endireito os ombros. Tetso permanece em silêncio.

- Eu recebi...

- Cobra mentirosa! - ele esbraveja.

- Contra fatos não há argumentos, Major. Eu recebi um pedido de ronda em caráter de urgência, do próprio Conselho. O soldado Almeida estava encerrando seu relatório quando o ofício chegou. Ele foi me notificar. Em matéria de ronda, Tetso é quem melhor me conhece.

Souza se aproxima de nós, colocando o indicador no rosto de Tetso.
Isso me deixa em puro ódio.

- Vá buscar a solicitação! Agora! - ele berra.

Tetso sai da sala, fechando a porta.

- Não deveria falar assim com ele. O comandante deve respeitar o soldado como é respeitado. Não é o que diz nosso regulamento, Major?

Os olhos de Souza exalam ódio. Estou bem acostumada a isso.

- Não tem medo de ser punida?

Dou de ombros.

- Acho que serei punida de qualquer forma.

- Você trouxe duas mulheres para dentro do Complexo! Com a autorização de quem, Lana?

Respiro fundo e me afasto um passo. Souza está perto demais.

Esse é o ponto. O segredo que deve ser guardado. Devo isso a Almeida.

- Elas foram atacadas, estavam machucadas. Isso é motivo suficiente, Senhor! Segundo o treinamento que recebi.

- Sério? Você é a madre Tereza de Calcutá?

- Acho que essa referência é antiquada e fora dos meus padrões, Comandante! Não fiz nada fora do regulamento.

Souza se afasta e senta a sua mesa, sem olhar para mim.

Não vou ceder, ele sabe e vai me punir.

Tetso volta a sala, trazendo os papéis. Ele entrega ao Souza e fica ao meu lado, olhando para a parede. Meus olhos estão no Comandante Souza, que examina os papéis.

- Está correto, Senhor? - questiono.

Souza ri, debochado. Olha para mim com uma expressão horrível.

- Não fizeram nada errado. Tetso está dispensado!

Tetso bate continência e sai da sala, olhando para mim.

- Bom. Pela sua insolência... Vou te proibir de fazer ronda pelo próximo mês! E vai pegar em serviço uma hora mais cedo! Largará uma hora mais tarde! E limpará minhas botas. Todos os dias.

Sorrio e faço uma reverência debochada.

- Se vossa majestade não quer ter um escorpião em cada bota, é bom retirar a última punição!

Saio da sala sem esperar dispensa.

🍃🍃🍃

- Onde elas estão? - Pergunto a Cristiano, assim que entro no quarto.

- Consegui um quarto para elas na têxtil. E trabalho. Elas vão ficar longe da ala militar. Só não sei se Almeida vai ficar longe da têxtil!

A ala têxtil não é tão longe da militar, mas sei que Cris fez o que pôde.
Sorrio e começo a tirar a roupa.

- Finalmente posso tomar banho com meu namorado?

Cristiano sorri e se aproxima, também tirando a roupa.

- Ah, você sempre pode!

Seguimos para o chuveiro. O banho vai ser rápido, estamos exaustos.

- Cris, Tetso e Almeida andaram me falando umas coisas estranhas.

Ele me olha nos olhos, enquanto pega o sabonete.

- O que?

Dou de ombros.

- Coisas sobre a visão do Conselho sobre nós.

Cristiano faz uma expressão estranha de quem sabe exatamente sobre o que vou falar.

- Sobre Therence?

- Sim! Sobre a forma como ele vê nossas vidas! A ideia do seu pai era nos proteger ou nos manter presos aqui?

Cris me abraça.

- A ideia era proteger! Mas meu pai se foi. Poucas pessoas concordavam com as ideias dele. E a maioria também se foi.

- Os que ficaram, como Therence, pensam que somos seus escravos? Treinados para viver nossa vida miserável presos nesse lugar, protegendo e servindo essa elite que só tem, enquanto os nossos mal conseguem manter seus dormitórios?

- Não tenho culpa!

Respiro fundo e o abraço.

- Desculpe! Não estou com raiva de você! Só... Estou com raiva de mim, por nunca ter percebido a gravidade disso!

- Não, Lana. As coisas acalmaram lá fora, mas ainda não é hora de sair. Você viu como a família do Almeida estava. Como seu pai estava.

Eles passaram a pior parte da guerra lá fora, depois passaram fome e frio. Como estariam diferentes?

- Mas vão nos deixar sair algum dia? Já se perguntou isso?

Cristiano suspira.

- Inúmeras vezes! Sinto falta de andar pelas ruas de carro, sair para trabalhar e ver aquele monte de gente se espremendo nos pontos de ônibus. Sinto falta das noites barulhentas da Avenida Paulista e das baladas da Avenida Augusta. Gostaria de ter tudo de volta.

- E não vai lutar por isso?

Ele sorri e beija minha testa.

- Eu faço isso todos os dias, quando trabalho naquele laboratório para salvar e melhorar vidas. Quanto mais chance de sobreviver aqui, mais chance de sobreviver lá fora.

Ele tem razão. Não saberíamos viver sem os recursos do Complexo. Não fomos ensinados, muitos de nós morreriam em pouco tempo.

Não se pode dizer o mesmo dos militares. Somos treinados para situações de guerra e todo o tipo de privações. Poderíamos, sim, viver lá fora. Mas não vou discutir com Cris sobre isso.

- Desculpe.

- Tudo bem. Não se culpe por não perceber antes. Seu foco estava em encontrar sua família. Você não tem culpa.

Não tenho culpa.
Mas sei de quem é a culpa.

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