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Cap.7 Casal feiticeiro

Ravena

Começar o dia ouvindo os miados da minha gata não foi uma ótima forma de acordar.

Cocei meus olhos na esperança de espantar o sono enquanto os miados pareciam mais altos.

Sentei e olhei a hora. 05:30. Dei um salto da cama, peguei meu uniforme, minha mochila e apostilas.

Precisava estar pronta antes de meus pais acordarem.

Queria que tivesse sido uma alucinação. Não tivesse saído ontem na chuva, não tivesse andado pelo cemitério sozinha, não tivesse encontrado um menino no meio de uma tempestade.

Porém, mais importante. Não tivesse trazido esse menino para minha casa. Queria muito chegar na sala e não ver o desconhecido.

Precisava ser alucinação

Minha vida de solidão estava um pouco movimentada

Meu mundo pequeno se resumia a ler, desenhar, andar sozinha, ir para o cemitério, estudar

E de repente esse mundo pequeno foi ficando caótico. Mudanças nem vem para facilitar nossa vida.

As vezes vem com objetivo de atrapalhar.

Agora eu sei o que a borboleta verde quis "dizer". A mensagem. Encontrar algo perdido, lugar ou uma pessoa.

Precisava conhecer um menino.

Encontrei ele e o ajudei. Não sem antes brincar, porque podia ser quieta e séria, mas eu também sabia fazer brincadeiras nas horas erradas.

Eu achava divertido e ele com raiva das provocações me fez segurar a risada.

Dica número um se pensa em fugir:
Ande pronto com alguma mochila ou mala. Qualquer coisa para guardar seus alimentos e água.

Dica número dois: Leve uma lanterna. Nunca se sabe quando vai precisar usar uma.

Dica número três Mais Importante:
Leve um guarda chuva. Se for fugir melhor se prevenir.

Dona Vânia serviu para alguma coisa útil

Ela gostava de me aconselhar e um de seus conselhos era sobre se prevenir

Sempre estar pronta se caso der errado ou ter um plano B

Dica número quatro: Tenha um lugar em mente. Uma hora vai se cansar e não aguentar mais andar então é bom saber um lugar de refúgio.

Oliver foi péssimo. Porém, quem era eu para julgar? Se fôssemos manter contato mesmo ia o explicar essas dicas sobre fuga.

Fugir da escola? Até eu fugiria da minha escola se pudesse. Um plano  requer preparação e coragem.

Oliver teve coragem.

Só faltou ter a preparação.

Me olhei no espelho e comecei a trançar o meu cabelo. Adorava fazer tranças. Fiz duas trancinhas, uma de cada lado, e peguei minha mochila.

Analisei meu corpo. As palavras de dona Vânia vinheram como um eco na minha mente.

Seu corpo vai mudar em breve. Não se assuste ela disse.

Todas nós passamos por isso. Vai ser o primeiro passo e vai virar uma mulher

Falou como se fosse pouca coisa. Que se eu me assustasse ia significar que eu era boba.

Como se eu precisasse agir igual todas as mulheres e aceitar as mudanças sem reclamar.

Eu não era boba.

E nunca tive medo.

A gata passeou entre minhas pernas me lembrando da sua presença. Essa gata me amava. Nunca saia de perto de mim.

— Por que isso, Carla Cecília? Vai cansar de tanto miar — peguei a mochila — Só me siga se for ficar calada.

Dava ordens para gata mesmo sem ela entender nada.

Me seguiu sem miar, mas foi correndo passeando entre minhas pernas. Um dia ainda ia cair por causa disso.

Sim. Eram dois nomes próprios.

Ninguém tinha dois nomes próprios no Lugar das Lendas.

Me recusava a ser como eles e meu animal de estimação também não precisava seguir regras.

Encarei Oliver deitado no sofá e o lençol cobria sua cabeça. Suspirei. Chances de ter sido uma alucinação essa noite?

Nenhuma chance.

Coloquei a ração para ela e fui acordar Oliver.

— Precisamos ir logo — sussurrei e ele mexeu o pé — Por favor, Oliver, acorda.

Se levantou com cara de sono. Peguei o lençol, dobrei e deixei em cima do sofá.

Voltei me deparando com seus olhos castanhos e sobrancelha arqueada como se tivesse com sono e curioso ao mesmo tempo.

Seu cabelo castanho era puxado para o loiro. Cabelo meio cacheado.

O escuro da noite anterior escondeu a beleza de Oliver. Ele realmente tinha um encanto.

Tomamos café da manhã. Eu comi pão e ele preferiu torradas. O relógio marcava 06:00. Meu pai não tinha ido trabalhar hoje.

Seu trabalho era de leiteiro.

Mais conhecido como entregador de leite. Ninguém aqui gostava do meu pai e ele ficou excluído de certos trabalhos.

O único que sobrou foi entregar leite.

O motivo de terem medo dos meus pais? Eram vários na verdade.

O principal era o fato de vivermos em uma casa bem afastada das outras.

Dona Vânia e Seu Gilberto viviam na casa estranha, não frequentavam muito a igreja, nunca falavam com os vizinhos, tinham uma vida reservada.

Aqui o frio predominava, porque havia essa ladeira. Subindo a ladeira chegava na nossa casa. Ao redor cheio de árvores e sem nenhum poste.

Dentro de casa havia energia. Lá fora nem se quer tinham colocado poste.

Alguns vizinhos costumavam chamar eles de O Casal das Montanhas ou Casal Feiticeiro.

Montanha por causa dessa ladeira alta.

Feiticeiro porque eles não eram bem vistos na sociedade. Os vizinhos diziam  que meus pais praticavam bruxaria.

Um dia Seu Gilberto fez uma mágica. Depois disso todos começaram a dizer coisas horríveis sobre nossa família.

A nossa fama de estranhos e perigosos era inocente se fosse comparar.

Ser acusados de bruxaria ou feitiçaria foi o ponto chave. Como se tivéssemos aberto uma porta e deixado todos falar o que quisessem da nossa família.

Não bastava ser estranha, esquisita, "falar sozinha", ser solitária. Eu ainda carregava o peso de ser adotada e filha do casal perigoso.

A bruxa

— Obrigado de novo — Oliver falou — Me desculpa por ter te chamado de.... assombração, achado ruim usar roupa de menina e ter te comparado a uma curandeira.

— Salvei sua vida — eu disse e bebi o café — Também te devo desculpas por ter implicado com você. Talvez tenha sido chata.

— Desculpa por ter tocado no assunto — sussurrou e abaixou a cabeça — Sobre amizade. Achei que uma garota esperta estaria rodeada de gente do lado.

— Realmente não conhece minha família — disse distraída puxando uma linha solta da saia.

— O que? Falou muito baixo — gritou e colocou a mão na boca.

— Faça silêncio — o repreendi — Já terminou de comer?

— Se vamos ser amigos então melhor me contar.

Fui implicante com ele e agora esse era o jeito dele se divertir

Descobrir quem era Oliver podia ser comparada com tentar montar um cubo mágico

Um menino mimado, bem sensível, se irritava fácil, muito dramático.

Um cubo mágico era complicado assim como entender ele.

— Em nenhum momento falei de nós sermos amigos — levantei e lavei nossas xícaras de café — Aliás se eu contasse ia te assustar. Ficaria com medo igual ficou ao ouvir a coruja e a tempestade.

— Pode esquecer isso? — resmungou desanimado —  Um acordo. Ignoro o seu mau humor e você me promete que esquece eu ter sido um medroso.

Eu ri de costas para ele.

— Encontrar um garoto mimado é sorte? — falei sozinha lembrando da borboleta verde — Tudo bem. Acordo feito.

— Obrigado. Juro. Sou muito legal — ergueu a mão e eu permaneci parada — Já entendi. Nada de aperto de mãos.

Continuei rindo. A gata estava deitada no chão dormindo. Fazer eu acordar cedo e não perder o horário devia ter sido uma estratégia.

Gatos sentem as coisas

Andou pela sala olhando curioso cada canto desconhecido.

Observou a bíblia, o relógio, a estante, quadros na parede, imagens de gesso dos santos, fotos em porta retrato e...

Ele congelou.

Uma foto velha de meus pais jogada no chão. Um pouco rasgada.

— Oliver, eu posso explicar — eu me adiantei — Imagino o quanto deve estar assustado. Dormiu na casa de...

— Na casa dos feiticeiros — sussurrou — Eles te adotaram? É a tal menina bruxa perigosa?

— Calma. Fiz algum mal para você? — peguei no ombro dele — Te trouxe até minha casa, fiz um chá de hortelã, dormiu aqui despreocupado e nada de ruim aconteceu.

O silêncio nos fez companhia enquanto ele foi voltando aos poucos ao normal.

O medo estava estampado no seu rosto. A pena também. Conseguia perceber.

Talvez sentisse pena por ter confiado. Visto que sou legal apesar de falarem mal de mim.

— Falavam de vocês na escola — disse envergonhado — Um absurdo bem mais doido que o outro. Costumavam contar histórias sobre sua família e acredite... não vai querer saber em detalhes.

— Eu imagino — respirei fundo —  Estou acostumada com tudo. Ninguém gosta de mim por conta deles.

— Discordo. Discordo totalmente — ele se aproximou — Seus pais nunca foram pessoas amigáveis. Não precisa se comparar a sua família, Ravena. Você foi adotada?

Eu concordei.

— Eles já eram esquisitos antes de te adotarem. Quer saber o que achei da sua atitude? O máximo.

— Obrigada — mal terminei de falar e ele chegou me abraçando.

— Sei reconhecer as assombrações do bem — sorriu e revirei os olhos.

As probabilidades de um morador do Lugar das Lendas chegar e me abraçar eram mínimas.

Normalmente os que sabiam sobre a bruxa. Zombavam, riam, jogavam pedra ou excluíam ela.

O contato físico, como abraços, beijos e carinho, nunca fez parte da minha vida.

Infelizmente gostava de abraços, mas quem ia abraçar a bruxa?

— Se seu plano é enganar a bruxa com seu jeitinho de bonzinho — avisei séria — Pode ir desistindo.

Nos afastamos. Oliver pegou nos meus braços.

— Se a bruxa quisesse fazer mal a um pobre garoto indefeso — me soltou — Já teria feito. Eu posso entrar na fila e me candidatar para ser seu primeiro amigo, Ravena?

Ouvir meu nome de uma maneira tão simples, sincera, sem brincadeiras, sem zoações chegava a acalmar até os meus pensamentos ruins.

— Aceita logo.Estou fazendo caridade.

— Aceito. Pode entrar na fila com os participantes invisíveis.

Arqueou as sobrancelhas confuso.

— É o primeiro e último da fila. Essas vagas são limitadas — sorri fraco —
A bruxa é solitária.

— A partir de hoje deixa no passado a solidão — se virou dando uma volta e ajeitando o cabelo.

Minhas roupas ficaram engraçadas em um menino. Difícil ia ser sairmos sem atrair olhares dos moradores. Eles iam reparar as roupas.

— Me chamo Oliver, senhorita, ganhei a vaga de melhor amigo de uma certa garota bruxa — se virou com o cabelo assanhado cheio de cachos — Já estou pronto para essa aventura.

— Uma aventura e tanto. Espero que o meu novo melhor amigo não me faça escolher entre ele ou desenho, porque é uma luta perdida, meu caro. Entre brincar, correr, pular e desenhar. Irei preferir meu caderno de desenhos.

— Estou vendo — fingiu tá chateado — Teria ficado melhor repetir as palavras que eu disse... me chamo Ravena e estou feliz de ter um amigo.

— Sou excêntrica. Quebrar as regras é a minha especialidade — logo peguei a mochila — Vou sentir saudade, Carla Cecília.

— Com quem está falando? — foi até o banheiro e pegou suas roupas.

Fiz carinho nela e a abracei. Apesar de tirar minha paciência eu amava essa gatinha.

— Sua gata se chama Carla Cecília?

— Sim. Usei a criatividade — respondi — Temos uma missão. Convencer a sua mãe. Assim estudaremos juntos.

— Vai mesmo ajudar? Como pensa em convencer minha mãe?

— Não sei. Irei falar a verdade — andei e ele me seguiu — Vou acreditar no meu "poder" de convencer e assim teremos uma longa conversa.

Abri a porta. A névoa cobria árvores e a ladeira. Oliver tomou um susto.

— É a névoa. Vem todas as manhãs cedo. Estamos no inverno — desci a calçada de casa — Verão a névoa vai embora.

— Esse clima me lembra a floresta assombrada — começamos a andar — Também sou excluído, Ravena. Minha mãe diz que na bíblia tem a passagem: Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Como poderia julgar alguém tão parecida comigo?

Eu fiquei em silêncio. Essa passagem bíblica era nova.

— Tudo que tem na bíblia é verdade? — as palavras foram facilmente ditas sem querer. Pensei alto.

— Sim. Todas são verdade. Histórias de muito, muito e muito tempo atrás — estalou os dedos — Minha mãe é devota de Nossa Senhora de Fátima.

— Somos parecidos? — nós descemos a ladeira.

— Em relação a sermos excluídos sim. Vamos apostar corrida?

Parei de andar segurando nas alças da mochila.

— Te peguei. Tá com você — pegou no meu ombro e saiu correndo.

— Oliver, é sério isso? — gritei — Vai cair e sua mãe te mata.

— Estamos em uma corrida, Ravena.

Comecei a correr o procurando na névoa. Sentia a minha vista ficando embaçada.

Passamos pelas casas, o coreto da praça, a escola Padre Aluisio Gomes, o trilha do trem.

Fomos o caminho todo correndo.

— Onde mora? Nesse ritmo vamos sair da cidade — parei tentando recuperar o fôlego.

Meus batimentos cardíacos estavam acelerados e sentia o ar querendo ir embora.

— Vai amarelar, Ravena — provocou andando para trás — Falta passarmos pelo mercadinho. Estamos bem perto.

— Se for estudar em Padre Aluisio — me apoiei na parede — Vai precisar pegar ônibus.

Alcançamos o mercadinho e vimos a rua que ele morava.

Um grupo de gente estava reunido na rua. Estiquei o braço bloqueando a passagem o impedindo de dar um passo.

— É perigoso. Daqui pode seguir sozinho — ajeitei a saia e a blusa do uniforme.

— Se eles te julgarem, Ravena — ficou do meu lado — Terão que acertar as contas com Deus. É feio mentir, mas é mil vezes pior julgar.

— Obrigada. Sei me proteger — adiantei sentindo certo incômodo — Não é como se fossem jogar pedras em mim.

Passamos pelo grupo de gente.

Olhares de espanto e cochicho não me fizeram recuar. Tinha uma missão a cumprir.

A vizinha deles estendia roupa no varal. Deixou o pregador cair quando notou a nossa presença.

Ela ficou em choque e quando se recuperou a vi levantar as mãos agradecendo.

Percebendo minha curiosidade explicou que seu nome era Nazaré.

Bateu na porta de sua casa e eu mantive distância. Uma mulher bonita abriu a porta.

Estava arrumada com um vestido verde de mangas bufantes, sapato e guarda chuva.

— Meu Deus, Nazaré, meu filho voltou — largou o guarda chuva e puxou ele o abraçando forte.

Ela o recebeu feliz e cheia de carinho. Me confortou observar o abraço lindo e as lágrimas representando toda a felicidade por estar junto do filho.

Se eu fugisse meus pais iam querer me matar (só um modo de dizer) e nunca iam me receber assim felizes

Nem sentiriam minha falta

— Desculpa, mamãe, fui desobediente — disse chorando — Aprendi minha lição. Pode me castigar.

— Estou mais preocupada em saber o que aconteceu — beijou a bochecha dele — Quem é essa menina?

— Ravena. Foi a responsável de ter me ajudado — respondeu secando as lágrimas — Graças a ajuda dela usei as roupas.

— Entrem. Fiquei preocupada, filho. Desesperada vendo as horas passar. Rezei o terço a noite inteira.

— Seu filho é corajoso, senhora — falei adiantando o assunto — E fiquei com a responsabilidade de vim te convencer.

— Pode ir embora, criança — disse amigável — Obrigada mesmo.

— Tenho uma missão, senhora. Se eu for o seu filho vai perder a confiança em mim.

— Cuidado com as palavras — avisou entredentes só para eu escutar.

— Oliver odeia a escola. Vou direto ao assunto. Seu filho prefere estudar em Padre Aluisio Gomes que é onde eu estudo.

— Podia ser um pouquinho delicada — sorriu forçado —  Me matricula em Padre Aluisio. Eu fugi por esse motivo, porque não gosto dessa escola.

— Calma, crianças — pediu e buscou água — A rebeldia do meu filho foi por conta da escola? Fugiu querendo se rebelar contra sua mãe?

Tomei a água e deixei o copo em cima da mesa.

— Se me permite, senhora...

— Mariete. Sou Mariete — completou impaciente.

— Oliver merece uma boa educação, Mariete — sentei no sofá — Comentou sim da senhora ter medo de o deixar sozinho. Porém, a coragem e ousadia dele são o suficiente. Sabe pegar um ônibus, corre bastante, se defende.

Mariete fechou a cara demonstrando raiva. Essa mulher ia complicar o nosso plano.

— De que adianta correr bem e pegar ônibus? Precisamos de privacidade e ouvirei tudo que meu filho tem para dizer.

Me despedi de Oliver.

— Mariete vai dar trabalho. Pensarei em algo que possa mudar a mente de um adulto e usarei essa tática com sua mãe.

Mudanças radicais assustavam.
Sair da zona de conforto deixava a gente exposto.

Aprendi com as estações do ano a sempre esperar mudanças.

Seja no verão através do sol quente, os dias longos e as noites curtas.

Seja no outono através das folhas caindo das árvores

Seja no inverno através do frio e a hibernação de alguns animais

Seja na primavera através das flores lindas nascendo.

As mudanças radicais no meu pequeno mundo se resumiam a fazer uma tarefa quase impossível.

Mariete tinha a mente fechada e isso ia mudar em breve.

Prometi a Oliver e ia cumprir ou eu não me chamava Ravena.

Chegamos ao fim de um capítulo lindo. Estão gostando?

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